Consequências de Guerra escrita por CaptainPhasma


Capítulo 1
Então a Guerra Voltara




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Leia olhava o horizonte de Coruscant de seu quarto na suíte improvisada no antigo senado. Era estranho ver o sol poente, calmamente baixando entre os enormes prédios da cidade. A luz, um amarelo quase marrom, criava um tom de sépia na paisagem de metal. Podia imaginar, a qualquer momento caças Tie imperiais invadindo a cidade, atirando com seus lasers verdes para todos os lados, pondo a paisagem abaixo. Mesmo depois de anos, nunca se acostumara aos tempos de paz. Acostumada a batalhas, a ideia de calmaria era vista com estranheza e até um pouco de aborrecimento. Coruscant era uma das mais desenvolvidas cidades dos sistemas conhecidos. Antigamente, capital do império e antes mesmo capital da antiga república, ainda conservava muito dessas duas culturas distintas em seus edifícios, ruas e pessoas. Entretanto, não por muito tempo. A ideia da nova república era erradicar com qualquer influência dos tempos imperiais, mantendo apenas sua ideia nos livros de história. Era uma época para ser lembrada apenas para nunca mais existir, para servir de exemplo para outra mente deturbada, que por ventura achasse que o universo precisaria de uma pitada de tirania para manter sua paz, que era uma má ideia. Um droide andando desengonçadamente parou na entrada da porta do quarto de Leia. Sua cobertura polida, brilhante e dourada o fazia ser reconhecido a distância.

– Princesa, o conselho aguarda sua chegada para o início da reunião.

– Estarei lá em um minuto. - Falou Leia sem tirar os olhos da janela, reconhecia o droide apenas pela voz eletrônica e levemente arranhada.

– Entendo princesa, mas pelos meus cálculos, a senhora levaria aproximadamente entre 8 e 10 minutos padrões para chegar até a sala do conselho. A não ser que a senhora …

– Entendi 3PO, era apenas um modo de dizer.

– Ah, entendi. Desculpe, princesa. Meus protocolos são baseados em cálculos matemáticos e esta…

– Tudo bem, eu também já sei dos seus protocolos. - Leia odiava a falta de objetividade do droide e principalmente quando ele falava de seus protocolos, o que acontecia constantemente. - E por favor, pare de me chamar de princesa. - Princesa era um adjetivo o qual Leia não queria mais ser associada. Lembrava um status de realeza, que lembrava impérios que não era algo bom de se lembrar.

– Perfeitamente, prince… senhora.

– Leia já está ótimo. Agora me deixe por um segundo para que eu termine de me arrumar.

3PO desapareceu pelo corredor, deixando Leia em paz. O droide poderia ser inconveniente as vezes, mas Leia gostava de sua companhia, a fazia lembrar-se de seu irmão Luke o qual o emprestara. Onde estaria Luke nesse momento? Fazia anos desde a última vez que vira o irmão. As notícias mais recentes eram de que Luke estava em Tython treinando novos aprendizes nos ensinamentos Jedi, na tentativa de criar uma nova ordem. Talvez depois de cumprido todos os seus deveres, Leia pudesse viajar e ver como o irmão estava se saindo. Se suas tarefas terminassem. A muito tempo Leia aprendera que as tarefas de uma líder não tinham fim. Abriu o guarda-roupa, passou a mão pelos cabides e parou em uma túnica grande creme com detalhes laterais em faixas verticais marrom. Olhou-se uma última vez no espelho enorme ao lado, arrumando seu cabelo em um coque alto. Era heroína de guerra, mas isso não significava que não podia ser vaidosa.

O átrio do prédio era um salão gigante, sustentado por pilares grossos, onde quase não conseguia-se ver o teto. O tapete vermelho e dourado lhe guiava caminho a frente até a próxima sala. Parou no meio do caminho, visualizando uma porta grande marrom clara. Tudo em Coruscant tinha tons de marrom ou vermelho. A porta que lhe chamara a atenção dava entrada ao antigo auditório do senado, um domo muito maior que o átrio, onde aconteciam as sessões. Leia lembrava com nostalgia sua antiga cadeira, na extremidade direita ao fundo do auditório, onde por muito tempo atuou como senadora de Alderaan. O local estava interditado para reformas e Leia esperava que em breve pudesse ver novamente todos os sistemas juntos discutindo em prol da democracia no novo senado republicano. Em quanto isso, um pequeno conselho fora formado. Chamado de embrião, esse grupo seria o responsável por fazer essa transição do império para a república. O salão do conselho estava lotado, todas as cadeiras ocupadas, exceto uma no extremo direito da mesa oval, destinada a Conselheira Senadora honorária Leia Organa.

– Finalmente, a conselheira Organa nos brinda com sua presença. - Um ser verde de glóbulos negros ovais enormes, sentado a poucas cadeiras de distância de Leia falou. Seu tom era gentil, mas Leia podia captar uma leve acidez nas palavras proferidas. Cortesia de anos e anos como Senadora e Diplomata, conhecia a política como ninguém.

– Obrigado por me esperarem, excelentíssimos representantes. Espero não ter feito-os esperarem muito.

Leia voltou-se para os participantes na sala, analisou cada rosto, procurando alguém familiar. Conseguiu reconhecer alguns. Mesmo com lotação máxima, ainda faltavam pessoas. Na ponta direita, um alien de cabeça enorme e pele escamosa em tom de vermelho, olhos negros laterais e cara de peixe, era Gial Ackbar de Mon Cala, almirante rebelde. Seguindo na mesma circunferência, duas pessoas a esquerda, Leia viu o ser enorme, coberto de pelos, um Wookie de Khasyyyk que lembrava muito seu amigo Chewbacca, o que lhe dava um certo conforto, mesmo sem conhecê-lo. Um pouco mais distante na mesa, conseguiu ver mais dois rostos confortantes, o General Carlist Rieekan, seu conterrâneo de Alderaan e Airen Craken, comandante da inteligência da Aliança. E no canto central, de frente para a entrada, estava Mon Mothma, ex-senadora de Chandrila, líder da Aliança Rebelde e amiga de seu falecido pai adotivo Bail Organa. Entretanto, as familiaridades paravam por ai, era estranho ver tantas pessoas estranhas onde deveria conhecer todos. Muitos dos antigos senadores e militares, amigos de Leia, leais a Aliança, ou se aposentaram ou foram mortos durante o período imperial; outros tantos se juntaram após a destruição da Estrela da Morte, quando viram que a rebelião não estava mais fadada ao fracasso. Leia não gostava dessa parte, muitos eram burocratas medrosos que nunca sequer pensaram em lutar, apenas queriam um lugar no comando das decisões, seja lá qual lado fosse. Entretanto, esperava com muita esperança, que estivesse errada e que essa nova leva de políticos estivesse a altura dos antigos.

– Senhores, esse é Borsk Fey'lya, para quem não o conhece ainda. - Um ser igual ao um cachorro de barba comprida e de orelhas longas e pontudas levantou assim que Mothma começou a apresentá-lo. - Borsk é o chefe da espionagem bothana e já prestou inúmeros serviços a Aliança na guerra contra o império. Agora, mais uma vez ele vem a nós com informações vitais a Nova República.

No centro da mesa, um holograma colorido surgiu mostrando imagens rápidas. Leia reconheceu a inerte paisagem de Jakku, um tapete de areia de quilômetros e quilômetros, onde nenhum tipo de vida vegetal é capaz de se manter. O espaço aéreo estava tomado de Destróiers Imperiais, porta-aviões do tamanho de uma cidade, flutuando acima do deserto. Ouviam-se explosões e o zunido dos caças Tie passando em rasante próximo a um pequeno vilarejo. A população local corria para todos os lados, protegendo-se dos ataques, mas foram alvos fáceis.

– Há algumas semanas, interceptamos um sinal imperial de Jakku. - Borsk começou a falar no idioma comum, seu sotaque era carregado. - A mensagem falava em uma reorganização de todas as tropas remanescentes em uma última base no planeta, aparentemente planejando um tipo de contraofensiva. Pedi a um de meus contatos no planeta que me mantivesse informado e confirmasse essa notícia. O vídeo chegou em minhas mãos dias atrás, confirmando nossas suspeitas.

– É um alvo fácil, podemos organizar uma investida e esmagar de uma vez por todas os imperiais. - Um rodiano de cabeça verde azulada e antenas de inseto que Leia nunca vira antes, sugeriu.

– A não ser que tivéssemos uma nova Estrela da Morte escondida ou algo com que pudéssemos atacar a uma longa distância, não seria um alvo tão fácil. - Leia falou, projetando-se para frente. Encostou a mão no queixo, pensativa. Não era uma má ideia, mas, ao mesmo tempo, era uma péssima ideia.

– A princesa está certa, nossa frota está enfraquecida desde a última batalha em Endor. Não podemos investir diretamente. Depois desses anos de paz, precisaríamos reavaliar nosso contingente e ver quantos realmente continuam na ativa. - Falou Ackbar.

– A frota imperial também está enfraquecida. - O rodiano retrucou.

– Ainda assim, é muito maior que a nossa. Nos esmagariam facilmente. - Leia falou, cruzando os braços.

– Disseram isso em todas as outras batalhas anteriores. Porque essa deveria ser diferente? - O rodiano falou, inclinando-se para trás, sua expressão era mais séria. Estava decidido a um ataque.

– Ainda assim, devemos ter um plano, se o que o seu contato estiver certo, essa pode ser nossa última batalha. - Leia virou-se para Borsk.

– Meus contatos são de extrema confiança. Devemos atacar e aniquilar com essa resistência enquanto ainda estão fracos e desorganizados, se querem minha sugestão.

– Não podemos concordar com isso, é suicídio. - Leia continuou. Dessa vez olhava diretamente para Mothma.

– E o que a princesa sugere? - O rodiano falou enfatizando a palavra princesa, o que Leia notou como algum tipo de provocação. – Gostaria de enfatizar a senadora Leia Organa que sua cadeira é apenas uma retribuição aos favores que prestara na luta contra o império, visto que seu planeta Alderaan não existe mais e portanto não deveria ter nenhuma representação nesse conselho.

A fala do rodiano irritou Leia. Cerrou seus punhos contra a vontade de afundar aquela cara de inseto. Quem ele pensava que era? – Você fala em favores, eu digo dever. Não quero a alcunha de heroína, mas acredito que mereço um lugar nesse conselho como qualquer outro aqui. Alias, porque você mereceria estar aqui mais do que eu? Em quantas batalhas esteve senhor? Já sacrificou-se por algo ou é apenas mais um seguindo a maré?

Pela expressão do alienígena, Leia conseguiu o que queria. Ele a fuzilou com seus olhos ovais negros saltados e saltou da cadeira, que se caiu no chão. Leia levantou também, encarando o rodiano com um olhar igualmente furioso.

– PAREM! - Mothma gritou.

O olhar de desaprovação de Mothma para ela, a fez baixar a guarda. Agora, sentia-se envergonhada por sua atitude. Era uma Senadora, uma Diplomata, não poderia agir com impulso, assim como ocorrera a poucos segundos.

Vamos resolver isso em voto democrático. A maioria ganha. Levante a mão quem concorda com uma última investida.

Leia sentiu-se diminuta, estando no meio de um mar de mãos levantadas. Seria unânime, se não fosse a única a discordar do plano. Então pelo jeito a guerra voltara. E Respirou fundo.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo está pronto, espero que gostem.



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