Consequências de Guerra escrita por CaptainPhasma


Capítulo 3
Hakuna Kanata


Notas iniciais do capítulo

Seguindo o cronograma de um capitulo por mês, posto mais um. Entretanto, talvez o próximo demore um pouco mais. Tempo a mais para estruturar melhor a narrativa e os pontos chaves da transição para o verdadeiro desenrolar da história. Obrigado e continuem dando suas opiniões!



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A água morna relaxava todos os seus músculos tencionados pelos exercícios feitos. Adorava a sensação dos sais aromáticos em contato com sua pele e o cheiro que exalava contaminando tudo ao redor com um aroma exótico e forte. Apenas com a cabeça de fora, encostada na cerâmica fria da borda da banheira, os olhos fechados; algumas coisas ainda mexiam com sua cabeça. Leia tinha um mal pressentimento sobre a investida em Jakku desde que o plano fora colocado na mesa, e agora com a aparição de Rieekan e suas suspeitas, a coceira atrás de sua orelha só aumentava. Ela poderia pensar que fosse apenas sua imaginação, seu cérebro dando uma de Han, ele sempre tinha um mal pressentimento sobre qualquer coisa. Entretanto, aquela sensação era diferente, era muito parecida com quando a segunda Estrela da Morte explodiu em Endor e sabia que Luke estaria a salvo. Seria isso a força? O que Luke sempre diz sobre um distúrbio na força? Era uma Skywalker afinal de contas, então era presumível poder sentir a força. Mas, sem nenhum treinamento? Luke até tentara lhe ensinar algo sobre seus ensinamentos Jedi, entretanto Leia não era das mais pacientes para os discursos filosóficos do irmão, e tinha muitas responsabilidades agora como membro fundadora de uma Nova República. Mesmo assim, Leia até gostava da ideia de poder levitar objetos com a força da mente ou induzir pessoas a fazer suas vontades, seria muito útil. Ela brincava com o cartão, girando entre seus dedos. Seu corpo nu imerso na espuma do sabão.Você parece saber mais do que realmente aparenta, seu pedaço de plástico.

A concepção do que é um dia normal pode ser diferente se estivermos falando de um jedi. Se considerarmos treinamentos intermináveis e batalhas em que o destino do universo estaria em jogo como normal para a classe, então Luke, ultimamente, estava tendo dias anormais. Acordar, tomar um café da manhã reforçado, algumas horas de meditação e de vez em quando um passeio na cidade remetiam aos tempos em que era apenas um garoto inocente da fazenda. Aquele mesmo menino que sonhara um dia entrar para a acadêmia imperial e que acabou por destruí-la. O destino pregava peças, algumas eram até engraçadas e faziam-no rir sem sentido.

— Por que esse sorriso, amor? - Falou Mara ao entrar na cozinha. - Não acredito que a vida nesse deserto seja tão feliz assim. - Ela mesmo riu de sua própria piada. Uma risada tão doce com a melhor canção da primavera para Luke.

— Apenas estava me lembrando de quando morava aqui com meus tios e era apenas um garoto normal. Mas, também fico feliz que isso tenha ficado no passado. Sabe, viver no espaço é muito melhor.

— Luke, temos que concordar com isso. Eu não queria perguntar antes, pois não queria ser impertinente ou algo parecido. Eu só queria saber quando sairemos desse planeta. Sei que foi sua casa por anos, mas eu não gostaria de ver nosso bebê crescendo nesse lugar. Me perdoa?

— Não precisa me pedir perdão. - Luke beijou a parte de cima das mãos de sua esposa e continuou a falar. - Sei que não é um lugar muito fácil de se viver, eu mesmo muitas vezes pensei em fugir. Eu só... só pensei que poderia achar algo na casa de Ben. Algo que me mostrasse um caminho. Eu estou tão perdido. Eu não sei nada sobre os jedi.

— Ben Konobi não pode lhe ensinar? Ou mestre Yoda?

— Perdi contato com eles há muito tempo. Tem algo bloqueando, mas não faço ideia do que seja.

— Ei, amor olhe para mim. - As mãos macias de Mara levantaram o rosto de Luke, uma barba rala começava a nascer. - Eu... nós estamos aqui sempre com você. Talvez, seja apenas estresse demais que esteja sofrendo, isso pode estar lhe bloqueando. Tente relaxar. Ok? - Mara deu-lhe um beijo morno e macio em seu lábios. - Mudando de assunto, poderia buscar comida na cidade? Nosso estoque já está no fim.

— Claro, talvez uma ida a cidade até me faça para de pensar nisso.

— Uma última coisa: Deixe a barba crescer, faz você parecer mais responsável.

 

Mos Eisley era a mais próxima cidade no caminho, seu comércio era todo constituído em volta do espaçoporto, sua principal atração. Luke desceu de seu Speeder Biker, estacionando na proximidade da A Cantina. Balançou sua capa, retirando toda a areia, e deixou-a no veículo juntamente com seus óculos e capacete. O bar A Cantina era um estabelecimento muito tradicional de Mos Eisley, o lugar onde Ben Kenobi o levara em sua primeira aventura. Desde que Jabba o Hutt morrera, a clientela do bar decaíra acintosamente, não que fosse ruim, as pessoas que frequentam esse tipo de lugar não são quem você gostaria de ter como companhia em sua casa para jantar, por exemplo. Tatooine constantemente era chamado de “A Fossa da Galáxia” pelo fato de seu ambiente desértico ser tão contrário à vida que ninguém, a não ser as personalidades mais procuradas da galáxia se atreverem a vir. Mas, de certa forma, sentia um pouco de tristeza em ver o lugar onde conhecera Han Solo e Chewie tão abandonado.

Luke seguia em direção ao mercado principal que ficava próximo ao hangar. Notou uma pequena aglomeração em torno de um pequeno alienígena de pele amarelada. Eram quatro cercando o ser que parecia ser uma senhora de idade um pouco mais avançada. Usava lentes enormes que pareciam serem parte de seus olhos. Luke visualizou quando um dos aliens maiores, um verde musculoso empurrou a velhinha contra a parede. Luke interviu, tocando de leve no ombro do verdão.

— Não queria interromper, mas acho que nossa amiga não gosta muito da companhia de vocês.

— Não enche! - Os olhos do alien pararam na cintura de Luke, mais precisamente no objeto que carregava pendurado em seu cinto. - Ei, rapazes! Acho que temos uma coisa mais interessante aqui. Que tal, meu amigo pequenino, me dar esse objeto brilhante em sua cintura e talvez ninguém saia ferido.

Os demais riram, o grandão parecia ser o chefe daquele gangue. Pena para ele, não sabia quem tinha lhe atravessado o caminho.

— Então se eu lhe der isso. - Falou apontando para o sabre metálico. - Você vai embora e não machuca nem eu nem a senhora ali?

— Depende de como estiver meu humor.

O movimento foi rápido, quando deram-se conta, a mão do alien verde voava e caia no chão alguns centímetros de onde estavam. Sem rastro de sangue, a lâmina quente do sabre cortava a cauterizava o ferimento instantaneamente.

— Peguem ele! O que estão esperando? - O grandão segurava a mão, sua voz estava arranhada pela dor.

Os outros rapazes, espantados, deram dois passos para trás, afastando-se do feixe que pulsava com a energia. Luke apontava com a ponta do sabre para o membro arrancado jogado no chão. Os três capangas fugiram correndo, deixando seu chefe para trás.

— Seus... - O líder caiu no chão sem conseguir terminar a frase. Desmaiara pelo excesso de dor.

— Então, essa coisa de membros voando é natural por essas terras? Já tinha ouvi algumas histórias sobre isso. - Ela parecia estranhamente calma para a situação que acabara de presenciar.

— Posso dizer que até já virou uma tradição local. - Ela riu para Luke, sua risada era bastante rouca.

— Venha tome uma bebida comigo, é o mínimo que posso fazer por ter me ajudado. - Falou o pequeno ser.

— Desculpe, agradeço, mas não pode... - Luke mal terminou sua frase, a velhinha já caminhava em direção ao bar.

Mas, que coisa. Exclamou Luke em seus pensamentos. Seguiu de encontro, entrando no bar, mas como uma questão de educação. Algo que seus tios insistiam que ele sempre tivesse. Encontrou a senhorinha sentada no balcão logo a frente. Ela conversava com o barmam como se o conhecesse a milênios, dada as expressões alegres entre os dois. Luke sentou-se na cadeira ao lado.

— Se não se importa, já fiz o pedido. - Ela falou, os olhos enormes através da lentes davam arrepios em Luke.

— Olha, desculpe, eu realmente aprecio muito, mas não posso ficar muito tempo. E, eu nem mesmo sei seu nome.

— Relaxe, será breve. Não se sente a vontade de tomar um drink ao lado de uma velha senhora? E é Maz Kanata, se isso lhe faz sentir-se melhor.

Relaxar? Bem, talvez fosse o que Luke precisasse. Não era o que Mara lhe tinha dito mesmo? É. Podia dar um tempo. O barman trouxe uma garrafa minuscula, a qual servia apenas duas doses, uma em cada copo. Luke reconheceu a bebida e logo exclamou.

— Nossa! Isso é uma garrafa de álcool de frutas de Aldeeran!

— Nunca tomou uma?

— Isso é muito mais do que posso pagar. Até pensei que depois da destruição do planeta, não existissem mais nenhuma.

— Não sabe o que estava perdendo. Seu dia de sorte então.

Maz Kanata seguiu rápido, após tomar sua bebida em uma gole, para uma mesa logo mais no canto do salão. Mas eu tenho que voltar … que seja. Era bem ligeira para o tamanho de suas pernas. Luke jogou a bebida para dentro da garganta. Seu gosto era esplendido, ficava entre o doce e o azedo. Realmente, não sabia o que estava perdendo esse tempo todo. Um jogo de cartas rolava no local, pela percepção de Luke, o ser maior, com tentáculos saindo de seu queixo como uma barba bizarra, parecia o atual campeão. As caras que a torcida que o rodeava e o bajulava faziam eram um bom indício de que estava correto.

Diversas cartas foram jogadas na mesa, Maz Kanata escolheu duas para retirar e o “Sr. Tentáculos” mais duas. O objetivo parecia fazer combinações com as cartas nas mãos. Pelo menos, é o que Luke entendera na hora. Jogos nunca foram seu forte, sequer entendia aqueles mais básicos de dados, o qual Lando era viciado. A expressão de Maz era incompreensível, já a de seu adversário era debochada, um sorrisinho lateral. Aquilo parecia ser parte do jogo também.Uma estratégia? Algo para abalar o psicológico do oponente? Quanto mais tentava entender, menos conseguia. O carteador puxou um carta do topo do baralho, colocando-a na mesa, a última. As expressões de ambos permaneciam imutáveis. Ao redor pode perceber a apreensão dos demais seres que assistiam a um jogo que parecia bobo. Maz mexeu em sua carteira, o visor agora mostrava um número relativamente alto para os padrões de Luke. Ficara louca? O que estava fazendo? O alien dos tentáculos riu, parecia ter aceitado a aposta, sua carteira agora mostrava o mesmo valor em fundos na tela.

— Você está louca? Isso é muito dinheiro? - Falou Luke

Maz nem dignou-se a olhar para o jedi. Continuava firme, inexpressiva. O “Tentáculos” mostrou as cartas primeiro, jogando-as na mesa. Sua risada era alta e esganiçada. Parecia uma gralha velha moribunda. Mas, então a risada cessou, sendo substituída por uma exclamação de surpresa. Aparentemente, Maz ganhara de algum jeito. Apontava para a carteira do alien como quem dizia “passa logo”. Ele fez menção de se levantar furioso e avançar contra ela, mas um outro ser magricelo o impediu, colocando o braço em seu peito e fazendo-o sentar-se novamente, a cabeça mexia levemente para os lados em negação para o grandão. O números na carteira de Maz não paravam de subir.

— Como você ganhou? - Perguntou Luke enquanto saiam do estabelecimento.

— Uma jogadora experiente nunca revela seus truques.

— Espere, você sabia quais eram as cartas dele! Você leu a mente dele! Então... você sabe usar a força?

Maz olhou para ele, colocando o dedo indicador entre os lábios. Shh

...

Leia saiu do banheiro, a toalha envolvia seu corpo enquanto passeava entre os cômodos até seu quarto. C3PO assustou-se ao vê-la desse jeito.

— Oh, desculpe. Devo sair imediatamente para a senhora vestir algo.

— Não, pode ficar 3PO, preciso de você aqui. Eu vou voar, preciso que arrume tudo para mim.

— Como quiser. Avisarei o hangar que a senhora vai viajar.

Preciso de outra coisa. – Leia parou por um segundo, pensando em como o droide reagiria. – Preciso que apague sua memória,  de um dia, não precisamos que descubram que Carlist teve uma conversa particular comigo.

— Mas... mas... - C3PO surpreendera-se com o pedido, entretanto era logicamente correto, o que para um cérebro mecânico fazia total sentido. - Providenciarei imediatamente.

 

O cookpit da X-Wing subiu, Leia entrou, ajeitando o macacão branco justo ao corpo. Encaixou o capacete, jogando uma mecha de cabelo para o lado. O Voo foi autorizado e ela seguiu para a imensidão do espaço. Rodeada de estrelas, sozinha a não ser com seus próprios pensamentos. Mataria a saudade de um velho amigo.


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