Laderland escrita por Rikamaru


Capítulo 6
Capítulo VI: Adeus, irmãos




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O brandir de lâminas era incessante. Roth abdicara de uma luta apenas com seus punhos para começar a manusear a grandiosa espada roubada momentos antes de Kiro. Sua inabilidade era altamente perceptível e Haegar começava a tirar proveito da inexperiência do jovem garoto.
As grandes chamas negras de Haegar começavam a aumentar e em um movimento rápido via-se Haegar partindo em ataque contra Roth em uma estocada ligeira e certeira, mesclando suas chamas a sua poderosa lâmina. Roth defendia-se no mesmo nível e imediatamente sintetizava uma grande camada de energia multicolorida em torno de sua espada interceptando o golpe e com isso começavam a brandir espadas e a trocar golpes em velocidade imensurável tentando achar em seu oponente uma brecha que lhe desse a vitória.
O tempo passava e a experiência em batalhas de Haegar começava a prevalecer. Seus golpes começaram a ser mais precisos e suaves e dessa forma Roth começava a ceder a habilidade de Haegar até que não conseguia mais acompanha-los. As suas grandes chamas negras começavam a agigantar-se sobre as pessoas em volta e em seus olhos apenas via-se a raiva que mantinha pelo garoto que se intrometera em seu caminho. Não media mais esforços para vencer. Seus golpes tornavam-se, cada vez mais, indefensáveis.

O Grande de Ebal possuía visivelmente mais vigor e habilidade no manejo de sua arma e, com suas estocadas, começava a empurrar Roth que já sem conseguir se defender começava a tomar inúmeros cortes e golpes que o fragilizavam. Finalmente, a grande e veloz troca de golpes culminava em uma grande rajada de labaredas negras que atingiam Roth e atiravam-no, finalmente, ao chão.
Haegar parou. Observava o garoto caído, com roupas rasgadas e completamente ferido. Os olhos de Haegar ardiam como suas chamas negras ao olhar para o infame rapaz. Observava todos ao redor. Via-se todos inertes e com suas cabeças baixas, exceto Stella. Eles sabiam que ali começava o caos na Santa Ordem, sabiam que aquele seria o golpe que selaria a vitória da loucura de Haegar sobre a loucura de Roth. Vagarosamente aproximava-se do menino. Seus passos eram duros como pedra e, à medida que se aproximava, erguia sua enorme espada para dar fim a vida de Roth.
– Pare Haegar! - Suplicou Stella aos berros.
Haegar ignorou e parado a frente do corpo de Roth, erguia sua espada ouvindo as súplicas incessante de Stella. Em um instante de segundo via-se a espada caindo sobre o pescoço de Roth e, como em um reflexo ao ato de Haegar, uma imensa explosão acontecia.

Uma grande nuvem de poeira, formada ainda pelos destroços do concreto destruído da antiga mansão dos Kiyohara e pela terra levantada com a explosão, tomava conta do local. Com tempo a poeira começava a baixar e à medida que isso acontecia iam revelando-se as silhuetas dos então Grandes que se enfrentavam.

Via-se Roth atirado ao chão e completamente tomado por sua imensa energia multicolorida segurando a lâmina da espada de Haegar com sua mão direita e, em seu corpo, não se viam mais nenhum tipo de ferimento. Toda a vegetação próxima dali parecia emanar energia para Roth e dessa forma a cada segundo ele fortalecia-se mais.

Em um movimento rápido, Roth afastava a espada de Haegar movimentando-a para seu lado direito e em seguida disferia um poderoso chute no abdômen de seu adversário empurrando-o para longe se si. Sem perder tempo, levantava-se e, coberto por toda a energia que agora revigorava-o, partia velozmente em ataque contra Haegar lhe lançando uma grande rajada concentrada de energia vital contra seu corpo. Haegar defendia-se rapidamente ao colocar sua mão canhota sobre um dos selos de Gehenna e ter seu corpo tomado por grandes escamas prateadas que o defendiam do ataque de Roth à medida que se deterioravam com o impacto.

– Seu verme! Verme! Não irei perecer para você, não, jamais! - Gritava o rapaz tomado por fúria e poder.
Os olhos de Roth pareciam queimar nas chamas que cobriam seu corpo. Em suas costas formavam-se grandiosas asas de uma poderosa chama e pelo ar partia com toda a sua fúria contra o corpo de Haegar visando dilacerá-lo. Já não tinha mais sua espada, agora seu corpo era sua maior arma. Sua energia era gigantesca e provavelmente jamais teria provado de tamanho poder. Haegar investia sem medo contra Roth que vinha em grande velocidade contra si e, em um instante, uma grande explosão ocorria durante a colisão entre os dois guerreiros, destruindo boa parte do que restava do castelo dos Kiyoharas. Observava-se, após a colisão, Haegar ser arremessado ao longe por todo aquele poder e antes de cair ser atingido por um grande golpe de energia de Roth que retirava mais uma parte de sua camada de escamas.
Estava ao chão. Não sabia como podia ter dado tantas brechas para o infame garoto. Observava Roth investindo-lhe em grande velocidade e em um rápido reflexo levantou-se pulando ao lado para desviar do golpe. Sabia que estava em desvantagem. O poder do garoto já era muito superior ao que imaginava que pudesse ser.

Haegar não tinha mais tempo a perder. O cansaço começava a tomar seu corpo e, aos poucos, percebia que já não conseguiria mais dar continuidade a batalha nesse ritmo acelerado. Decidiu, portanto, dar um fim a grande batalha e finalmente, como seu último recurso, passava a mão sobre a lâmina de sua grande espada Gehenna alcançando o seu terceiro selo.

O fogo negro de Haegar parecia tornar-se infinito. Um ofuscante brilho, como jamais visto, era emanado de Gehenna à medida que se observava o terceiro selo absorver as poderosas labaredas que outrora dominavam o corpo de Haegar. Subsequente à absorção, uma quantidade imensa de energia negra começava a liberar-se. Em Haegar observava-se uma grande marca negra tomando todo seu corpo, seu cabelo tornava-se branco e seu poder elevava-se a níveis extremos.
– Eu vou acabar com você de uma vez por todas, moleque viado!

Roth não se amedrontava. Observava quase inerte o grande poder de Haegar ser revelado e não cedia as ameaças de seu oponente. Estava focado e nada o abalaria. Pensava apenas em matar o prepotente Haegar que havia cuspido em sua face.
Imediatamente via-se Roth partir dos céus e desferir um grande chute no rosto de Haegar, seguido de uma rajada imensa de energia multicolorida. Haegar era atingido e arremessado a uma grande parede do castelo que ainda resistira e que agora havia sido completamente vaporizada.

Não sentia o impacto. Haegar estava tomado pelo grandioso poder negro de Gehenna e as rajadas de poder bruto de Roth não o atingiam mais, sua poderosa marca expelia uma gigantesca energia que parecia consumir tudo a sua volta.

O ebaliano sentia-se impaciente, sabia que, mesmo com todo seu poder, seu físico não aguentaria mais lutar no confronto por muito mais tempo, principalmente levando em conta a enorme velocidade e agilidade de Roth. Então em um rápido movimento erguia seus braços e, observando sua energia tomar conta de todo o terreno onde estavam, viam-se grandes braços de pura energia negra emergirem do solo e quase que instantaneamente segurarem e puxarem Roth ao chão começando assim a consumir toda a sua energia.

Era visível que Roth sentia-se perdido, sua energia começava a ser consumida pelas chamas negras de Haegar e não conseguia recompor-se. Aos poucos, suas asas diminuíam e caía ao chão.
– Que merda é essa? O que você fez?
– Você não pode lutar contra os poderes de Om, rapaz. - Disse Haegar com uma trovejante voz demoníaca.
Roth tentava loucamente recompor-se. Colocava suas mãos na terra e, em uma tentativa fracassada, tentava retirar dali energia vital dos seres para aumentar seu poder. Era inútil, toda a energia existente já havia sido absorvida por ele e agora começava a ser devorado pelas chamas negras. A grande marca de Haegar começava a sumir ao passo que seu corpo retornaria ao normal.
Parou. Apenas observava a agonia do rapaz que queimava nas ardentes chamas negras do inferno de Om. Não sentia remorso, nem mais sequer a raiva de antes, apenas mantinha-se frio e calmo. Olhava ao lado. Observou Stella correndo desesperadamente em sua direção. Seus berros e súplicas eram profundos, sentia em sua voz toda a compaixão daquela mulher.
– Por favor! Em nome da Grande Mãe, Haegar. Poupe a vida dele.
Seu ódio passara. Via em Stella apenas seus grandes seios balançando de um lado ao outro enquanto corria e, virando-se para ela, agarrava-se em seu corpo enquanto as chamas em Roth diminuíam até sumir. Os olhos deles encontravam-se enquanto Haegar tentava novamente beijar Stella e, sem sucesso, observava sua recusa.
– Por que isso?
– Eu não esperava isso de você.
– Pois não posso controlar meu instinto de guerreiro. Sinto que devo ir até o Clero e terminar o serviço.
– Mesmo contra todas as ordens? Mesmo tendo que lutar contra seus irmãos?
– Não obedeço a ordens. Essas coisas não valem nada para mim.
– Nem eu? - Disse ela com uma tremenda decepção na voz.
– Só você.
Beijou-a. O beijo foi longo e duradouro. Não desejava que aquele ali fosse o último beijo deles, mantinha uma certa paixão por Stella e não podia perdê-la, porém seu instinto era mais forte e não podia deixar de seguir seu rumo. Com um olhar determinado, olhou-a fixamente e, largando-a delicadamente de seus braços, virou suas costas e seguiu em frente. Via-se o corpo de Roth completamente deformado e seu rosto em um estado deplorável. O jovem garoto praticamente perdera sua face, mas mantinha-se vivo, porém desacordado.
– Diga ao Mestre que o pupilo dele realmente é bem forte e que sinto muito pela sua face.
– Você sabe que agora não faz mais parte de nós, não é?
– Eu sei.
Proferindo suas palavras de despedida, andava em direção a saída do castelo onde encontraria seu companheiro Nigles e se dirigiria até a sede do Clero de Graphel, no centro da cidade. Nunca gostara do clero e, de fato, não era um homem que desperdiçava oportunidades.


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