Especial de Ano Novo escrita por Doctor Alice Kingsley


Capítulo 3
A bela e a fera - versão bruxa


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a todos que comentaram nos capítulos anteriores. Esse cap. é sobre um dos meus shippes favoritos, foi por causa de Dramione que comeceia escrever,então não poderia deixá-los de fora. Espero que estejam gostando e nos vemos lá embaixo. Beijos com gosto de cupcakes azuis.



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Estamos no fim do sexto ano, meus amigos vão para A Toca. Eu decidi ficar na escola esse ano, pois preciso pensar sobre o que vai acontecer no ano que vem, uma batalha está a caminho.

— Mi, você não vai mesmo dessa vez? – Harry implorou com os olhos para que eu mudasse de ideia.

— Não Harry, sabe que não posso ir com vocês. Preciso pensar em tudo. Me desculpa. – disse abraçando Harry e em seguida o Ron.

— De qualquer maneira nos vemos nas férias, certo? – meu ruivo favorito indagou.

— Nos vemos antes. Vão voltar para terminar o sexto ano, não vão? – olhei sorrindo, pois não queria chorar.

— Vamos. – ambos responderam.

— Então isso não é um adeus, sem drama. – sorri mais ainda.

Eles foram embora e eu fui para meu dormitório, tenho que pensar nas estratégias para a batalha, especialmente sobre meus pais. Não posso contar nada do que está acontecendo, eles não entenderiam.

Chegando em meu dormitório deitei em minha cama, peguei meu exemplar de Romeu e Julieta, coloquei uma roupa mais confortável e comecei a ler meu escritor clássico favorito, William Shakespeare.

Depois de duas horas lendo para me acalmar e me distrair, desci para o Salão Principal, pois o jantar seria servido. Estranhei o fato de Draco também estar aqui, normalmente ele vai embora. Algo muito grave deve ter acontecido para estar aqui.

Para com isso Hermione, me bronqueei. Você sabe melhor do que ninguém que ele não pode ser ajudado, muito menos por uma “sujeitinha de sangue-ruim”. Ele que se dane sozinho, não vai mais chorar por causa daquela doninha albina. Balancei minha cabeça tentando me livrar desses pensamentos.

Assim que termino de comer, sinto alguém se aproximando e sentando ao meu lado. No início achei que fosse a Luna, talvez alguma colega de quarto, mas quando me viro minha surpresa é ainda maior. Levo minha mão a boca para não gritar, tem poucas pessoas e não preciso de mais atenção do que já estou recebendo nesse momento.

— Draco? – estou incrédula.

— Não, não Hermione. O Pirraça, é claro que sou eu. – fala de forma irônica.

— Pode ir direto ao ponto? Estou cansada demais para ficar discutindo. – tento fazer um sinal de redenção.

— Claro, mas não pode ser aqui. Me siga. – agarrou minha mão e me levou para a Sala Precisa.

Durante todo o percurso, fiquei quieta. Era estranho ter seu inimigo segurando sua mão de forma tão suave, no começo ele foi brusco, mas ao longo do caminho ele foi suavizando o aperto. Também era estranho ter ele me guiando para a sala que eu descobri e que usei como esconderijo no ano anterior.

Fico pensando em como seria se eu tivesse ido para a Sonserina ou se ele não tivesse ido para aquela casa. Se ele fosse da Grifinória será que seria como o Pedro Petigrew ou seria como o Sirius Black? Acho que ele teve escolhas no começo, mas errou. E por causa desse pequeno erro, agora não tem mais escolhas.

Isso é triste, saber que ele nasceu em uma família importante e que foi amado por sua mãe, mas no final ele fez as escolhas por pressão do pai e por ter medo de confrontá-lo. Por isso fico pensando que se ele tivesse dito não; teria ido para qualquer casa, menos a Sonserina. Será que Harry está bem? E o Ron? São muitos problemas para me preocupar.

Chegando na entrada desejei um lugar para conversar, aparentemente Draco desejou o mesmo, pois a porta se materializou em nossa frente e ele girou a maçaneta. Se tivéssemos desejado coisas diferentes a culpa seria dele por não ter avisado quem ia pedir para a Sala Precisa aparecer.

Quando entrei me deparei com uma sala muito confortável, havia uma lareira e de frente para ela havia um sofá e duas poltronas. O tapete era branco, mas tinha uns tons de dourado no meio. O contorno das poltronas e do sofá era prata e o tecido era preto. Nossos pensamentos transformam a sala em um ambiente com cores opostas, mas ao mesmo tempo harmoniosas. Combinavam até demais.

— Não achou estranho a Sala ser dessa cor? Eu estava pensando na sala da minha casa. – Draco deixou escapar.

— E eu na sala da minha. – respondi.

— Por isso que ela está assim. Se fosse somente a minha seria escura demais. A lareira seria preta e o tapete estaria desgastado. Mas vamos ao que interessa. – falou sacudindo a cabeça.

— Sei que não posso falar sobre sua vida pessoal porque nunca conversei direito com você até agora. Então vou falar no que reparei e sinta-se à vontade para me cortar a qualquer momento, só não me xingue como sempre faz ou eu não responderei por mim. Pelo que percebi você fez as escolhas erradas no começo e agora não pode voltar atrás, porque não tem mais escolhas. Está errado, ainda dá tempo de dizer não, ainda dá tempo de mudar de lado, só basta querer. Se você mudar saiba que eu vou estar, literalmente, do outro lado te esperando. Mesmo que não acreditem em você eu estarei lá. Não vai ser fácil, mas vai ser o certo. Uma vez um sábio disso a um amigo meu: vai chegar em um momento de sua vida em que vai ter que decidir entre o que é certo e o que é fácil. – desabafei e o aconselhei.

Quando olho para o lado, vejo que Draco está sentando no sofá com os joelhos dobrados e o rosto entre as pernas, isso só poderia significar uma coisa. Ele está chorando, fico na mesma posição que ele quando choro. Tento me abraçar numa tentativa frustrada de sentir que tudo vai ficar bem e que tenho apoio.

Me sentei ao seu lado, ele percebeu, esticou as pernas e apoio a cabeça em meu ombro. Agora ele chorava em mim e me abraçava cada vez mais apertado. Eu retribuo, porque sei que vai demorar para receber outro ato de afeto vindo do loiro de olhos acinzentados. Com uma mão o abracei e com a outra fiquei fazendo cafuné em seus fios. Talvez ele se levantasse e brigasse comigo, mas não posso o deixar desamparado, não depois de tudo o que falei.

— Obrigado. Não me peça para repetir eu sei que você me ouviu, mas eu não tenho mais escolha. Se não fizer o que me foi designado minha mãe vai morrer e eu vou ser torturado até o final de minha vida. Sinto muito te desapontar, entretanto você não será capaz de me mudar Granger. Eu gostaria que pudesse fazer algo, mas não posso te pedir para me proteger. Isso seria pedir para se sacrificar por mim e eu sei que não faria isso. – se lamentou.

— Draco Malfoy, olhe para mim. – disse pegando seu rosto e o virando em minha direção de modo que pudesse ver meus olhos. — Eu juro que nós vamos achar uma solução para isso ou eu não me chamo Hermione Granger. Mas o que queria me dizer que é tão importante? – minha curiosidade fora maior.

— Espero que sim, eu não quero ser um Comensal da Morte e não quero ter que carregar a Marca Negra para o resto de minha vida. Sobre amanhã, vai ser dia 31 e talvez tenha uma festa no salão da Sonserina. Eu e Blás estamos organizando tudo e vamos chamar quase todos os alunos que ficaram aqui. Quer ir? – convidou.

Aquele convite me surpreendeu, na verdade toda aquela situação me deixou surpresa. Talvez Draco Malfoy não fosse de todo ruim e soubesse amar. Talvez eu só tivesse que ter paciência para enxergar a beleza através da máscara que ele usa. E por que não aceitar o convite dele?

— Eu vou sim. Preciso ir agora, já está muito tarde. Nos vemos amanhã. – me despedi e beijei sua bochecha.

— Vou estar te esperando então. – piscou com um olho só e sorriu. – Boa noite e até amanhã. – também beijou minha bochecha.

Segui para meu dormitório e comecei a separar a roupa que vou usar no dia seguinte, escolhi meu vestido preferido, é branco, longo e tem apenas uma manga. É simples, mas ressalta minhas curvas e eu nunca me importei muito com o que os outros vão pensar sobre mim. Não vai ser agora que vou começar a me preocupar com isso. Para eles eu vou sempre ser a rata de biblioteca.

Aproveitei para pensar em alguns penteados que combinam com meu vestido e minha personalidade. A maquiagem já está organizada na pia do banheiro, o bom de ficar no castelo nessa época que eu você tem o dormitório só para você praticamente. Coloquei meu pijama e peguei um aparelho chamado celular que ganhei de meus pais, adoro ouvir música trouxa, afinal cresci ouvindo esses artistas.

Meu pijama nada mais é do que uma calça de moletom e uma blusa antiga de um time de futebol qualquer. Me encostei na cabeceira com os fones em meu ouvido e fico imaginado como será o dia de amanhã. Será que vão me olhar torto? Será que vão tentar me expulsar da sala comunal deles? Será que vou ser bem-vinda? Será que Draco vai falar comigo? Ou será que ele vai me ignorar como sempre fez? Ah minha querida, não seja tola. É obvio que vão te olhar, mas também é obvio que ele vai falar com você.

Se ele fosse me ignorar não teria me chamado, certo? Certo. Preciso me acalmar e só consigo fazer isso com bolo de cenoura e cobertura de chocolate. Já está tarde mesmo e amanhã não tenho hora para acordar, ficar 40 minutos fora não vai ter mal algum. Harry deixou sua capa comigo, ele disse que talvez fosse útil. Acho que é uma boa desculpa para usá-la.

Peguei um casaco qualquer, coloquei a capa e guiei o caminho com uma lanterna que estava na minha mala. Nunca se sabe quando vai precisar de uma lanterna, por isso sempre carrego a minha comigo. Saio do quarto e vou em direção a torre da lufa-lufa, porque a cozinha fica ao lado. Chego no quadro que tem o desenho de uma pera, faço cocegas nela e entro na cozinha.

Ao adentrar o local, separo os ingredientes necessários e começo a misturá-los no liquidificador, em outra travessa a farinha, o açúcar e o fermento já estão peneirados, só esperando para que a massa seja derramada sobre eles. Termino de bater a massa e despejo tudo na forma já untada. Começo a preparar a cobertura quando ouço a porta da cozinha se fechar atrás de mim.

— Não conseguiu dormir também? – alguém indaga.

— Não. – me viro para ver quem é. — Aparentemente depois da nossa conversa nenhum dos dois conseguiu dormir. –sorrio.

— Acontece. Está fazendo o quê? O cheiro está ótimo. – fala se aproximando de mim.

— Bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro, minha sobremesa favorita. Aprendi essa receita quando fui para um país chamado Brasil. – expliquei a ele como se faz um bolo e brigadeiro.

Ficamos conversando até o doce ficar pronto. Quando ouvi o alarme tocar sabia que já estava no ponto. Tiro o bolo do forno, coloco a cobertura por cima e corto um pedaço para mim e outro para Draco. No começo fico apreensiva com o resultado, porque ele foi o primeiro a experimentar e sua feição era indecifrável.

— Por Merlin, isso aqui está muito bom. Nunca comi nada tão bom quanto esse bolo. Pode fazer mais um e levar amanhã na festa? – disse fazendo sua melhor cara de dó.

— Posso, mas vou fazer isso amanhã. Hoje estou cansada demais, já são três da manhã. Vou indo dormir, porque amanhã tenho que assar um bolo e me arrumar para uma festa que vou ter. – falei o fazendo rir.

Ele me acompanhou até o salão comunal da Grifinória e seguiu seu caminho para a torre da Sonserina que fica nas masmorras. Chegando no meu quarto vou me deitar e torço para pegar logo no sono.

Acordo com o sol em meu rosto, olho no relógio e vejo que já são três da tarde, dormi doze horas nessa noite, a parte positiva é que vou aguentar ficar acordada até tarde hoje. Corri para o banheiro, fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa qualquer e fui para a cozinha. Almocei e fiz o bolo, enquanto assava mandei um bilhete para Draco.

“Que horas a festa começa?

H. G”

Tirei o bolo, desinformei e coloquei em um prato específico para aquela sobremesa. Deixei em cima da minha cama e fui para o banho. Me troquei, fiz minha maquiagem e prendi meu cabelo em um coque alto com algumas mexas soltos, igual ao que eu usei no baile de inverno do campeonato torneio tri-bruxo. Quando estava pronta vi que havia um bilhete em minha cama. Abri e li: “Começa às 20:00

D. M”

Estou atrasada, já são 20:30 e não vou conseguir correr de salto, me amaldiçoei por tentar usar aquele sapato que minha avó me deu de aniversário. É prata brilhante, mas é salto agulha e tem 10cm. O jeito é descer devagar e me atrasar um pouco mais, infelizmente é proibido aparatar dentro de Hogwarts.

Maldito Dumbledore por suas regras, maldito seja Draco por não me avisar o horário da festa e maldita seja eu que resolveu fazer dois bolos e não se programou direito. Quero que o mundo se exploda e leve embora com ele todas as pessoas que não explicam as coisas direito para os outros. Olhei novamente em meu relógio e vi que eram 21:00, por sorte já estava na porta do salão comunal.

— Pensei que não viria. – Draco me recebeu. — Vem, deixa que eu te ajudo. – falou tirando o prato de minha mão e colocando em cima da mesa de comes e bebes.

— O que a Granger está fazendo aqui? – Pansy indagou me olhando com cara de poucos amigos.

— Eu a convidei. – Draco interrompeu.

— Seu pai vai ficar sabendo isso Draquito, pode ter certeza.

Revirei os olhos e fui me sentar, andar o castelo inteiro com o sapato que estava usando não é fácil para ninguém e teríamos que ir até o Lago Negro, pois soltariam os fogos lá. Maldito seja o inventor dos fogos de artifício.

— Olá, Granger. – Blás cumprimentou.

— Oi, Zabini. – disse e um silêncio constrangedor se instalou por um momento entre nós.

— Parece que o jogo virou para o Draquito, antigamente ele ameaçava contar tudo para o papai, mas dessa vez foi ameaçado pela cara de buldogue. – Blás quebrou o gelo.

— Não sei o que me surpreende mais. Você odiar ela ou conhecer uma expressão trouxa. – falei dando de ombros.

— O mundo bruxo odeia Pansy Parkinson. E eu conheço vários ditados e várias expressões trouxas, porque moro em um bairro da Londres trouxa. Minha mãe e eu fugimos de casa quando eu ainda era pequeno. Ela sabia que o lorde das trevas estava vivo e não queria que eu fosse influenciado por ele. Por isso sou o sonserino mais legal e engraçado que você vai conhecer. E o mais charmoso também. Não posso dizer o mesmo de Draco, mas é como digo... – o interrompi.

— Ele ainda tem uma escolha, a mais importante da vida dele. Eu também já o avisei e alertei sobre isso. Então quer dizer que teremos o moreno mais engraçado e bem-humorado da Sonserina ao nosso lado? – indaguei arqueando a sobrancelha.

Ficamos conversando até dar 23:30, todos fomos em direção ao Lago Negro e ficamos parados. Eu resolvi encostar em uma árvore que havia ali perto. Malfoy e Zabini fizeram o mesmo, ficando cada um de um lado.

— Sabe, se você fosse da casa das cobras, nós daríamos um belo trio. – Zabini comentou.

— Ou se vocês fizessem parte dos leões. – retruquei.

— Você vai sujar todo seu vestido se continuar encostada na árvore. – Malfoy me repreendeu.

— Não ligo, queria ver se ficassem a noite toda com o salto da altura do meu. Não iam aguentar. O único problema é o frio, sai correndo e esqueci meu casaco em cima da cama. – falei passando as mãos por meus braços na tentativa de me esquentar.

Nenhum dos dois se proferiu, contudo, Malfoy tirou seu blazer e me emprestou. Ainda faltavam 10 minutos para a meia-noite e ficamos conversando. Não sabia o que esperar do ano que começava, não sabia o que esperar das pessoas que conhecia, não sabia o que esperar da batalha e não sabia o que esperar do futuro, entretanto eu tinha uma certeza, nem todo sonserino é mal, a diferença é que alguns deles simplesmente fizeram as escolhas erradas.

— Feliz ano novo. – desejei e abracei os dois, ficamos nessa posição até a queima acabar e seguimos cada um por um caminho diferente, mas no final era o mesmo corredor que nos unia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar, a opinião de vocês é muito importante para mim. Bjs Lice K.



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