Vizinhos... escrita por Senhorita Pato


Capítulo 3
Vizinho Monstro


Notas iniciais do capítulo

Esse vizinho foi sugerido pelo meu friend Júlio.
Ele me lembra um pouco o velho do filme Casa Monstro. Não sei por quê (o vizinho, não o Júlio :v).



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Você acorda e vê que hoje é um ótimo dia pra convidar suas amiguinhas para virem brincar aqui em casa. Você ganhou uma bola de futebol nova e muito bonita, e quer jogar futebol com suas melhores amigas, que também gostam do esporte.

Sua mãe deixou, oba! Ela te manda ligar para cada uma das meninas, mas avisa que elas só poderão vir depois do almoço.

Depois do almoço, cada uma das suas amiguinhas vem chegando. Você mostra a cada uma delas a bola novinha que ganhou e elas ficam empolgadas, querem muito jogar logo.

Vocês vão para o quintal gramado e começam a jogar, marcando o gol com sapatos. Ah, só mais um pequeno detalhe: você mora em um país desenvolvido cujas cercas entre as casas são de madeira e têm de um a dois metros de altura, sem cerca elétrica.

Mas infelizmente, uma das menininhas chutou a bola forte demais e caiu no quintal do vizinho de trás, um velho rabugento que odeia tudo que cai em seu quintal, tanto brinquedos quanto passarinhos filhotes. Se ele devolver o seu brinquedo, ele voltará inútil ou mutilado, jogado de volta no quintal do dono. Parece até que a maior diversão dele é examinar os brinquedos que caem lá e ver o que deveria fazer com eles. Você já ouviu boatos das crianças da vizinhança que ele tem uma oficina só para isso e uma roleta que decide o castigo do objeto que cair lá. Disseram até que às vezes ele devolve com um bilhete ameaçador.

A amiguinha que fez isso está se desculpando sem parar. Ela é da vizinhança, então sabe como o velho é. Vocês se sentam e discutem o que fazer. Vocês devem recuperar a bola antes que o velho a pegue. Mas como? Não se pode pedir. Vocês terão que pular a cerca, então você começa a procurar na garagem algo que ajude vocês e suas amigas a pular a cerca. Por fim, acham um banquinho de plástico com tamanho suficiente para pular a cerca sem problemas.

Vocês se sentam na garagem e começam a planejar. Discutem cada mísero detalhe.

Mas antes de partir, sua mãe fez um lanche para vocês quatro, porque está na hora do lanche. Vocês não vão partir sem tomar o lanche, vão?

Não, vocês não vão.

De barriga cheia, você pega o banquinho na garagem e leva até a cerca no quintal. Uma das meninas pega uma corda para vocês escalarem de volta. Vocês torcem para que não seja tarde demais. O vizinho não deve estar em casa, mas vocês não tem certeza. E se ele estiver? O que fará com três garotinhas inocentes que invadiram sua casa e uma cúmplice?

Mas uma das suas amigas não deixa o grupo se desanimar. Ela diz que como vocês são mais jovens, conseguirão lutar contra o velho, recuperar a bola e escalar a cerca rapidamente. É essa quem vai ficar de vigia, esperando as outras três voltarem.

Não é tão difícil passar a cerca. Milagrosamente, a bola está lá, onde sua amiguinha chutou. Você corre na frente de todas e pega a bola e quando vai jogar para a sua casa, um grito feito por uma voz idosa penetra seus ouvidos. “Vocês ai!” ela berra, “devolvam isso!”. Você berra de volta, dizendo que a bola é sua e não dele, um velho fedido que estraga as coisas dos outros. Ele fica bravo. Ele está muito bravo. “Suas menininhas insolentes! Eu vou pegar vocês!”. Então ele começa a correr/mancar em sua direção. Suas duas amigas que vieram com você já estão escalando a cerca. O velho vem vindo, mas ele vai chegar antes que todas voltem para casa.

Você tem uma ideia. Distrair o velho, afinal é você que está com a bola. Você corre pelo quintal, na esperança que ele venha atrás de você, mas ele não vem. Ele está se aproximando da cerca e de suas amigas que acabaram de pular. Elas acabaram! Você já pode ir em segurança. Joga a bola através da cerca e puxa a corda para escalar. O velho está a um metro de você. Ele parece lerdo como um zumbi. Você escala com todas as forças, toda a velocidade que te resta e se joga na grama do outro lado, pulando de um metro e meio de altura.

Acabou, você pensa. Mas não: o velho está berrando para a sua mãe vir aqui. Eles começam a discutir e sua mãe manda vocês saírem e iram brincar na rua, onde nenhum velho caduco vai roubar os seus brinquedos. Enquanto se afastam, vocês e suas amigas ouvem os dois discutindo lá atrás, o velho reclamando e sua mãe o xingando. Por fim, ela o manda para o inferno e vocês quatro vão brincar felizes na rua tranquila, contando para as outras crianças como invadiram e escaparam da casa do velho levando a bola que ele não teve tempo de furar.

Um ano depois, você ouve dizer que ele morreu de depressão. Você fica pensando se ele realmente foi para o inferno, como sua mãe o mandou ir.


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Notas finais do capítulo

Também fico imaginando se o velho entrou em depressão por não ter furado a bola. :v



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