Guardians of Tomorrow escrita por Aurora Boreal, Duki, Ponciano


Capítulo 5
TRÊS - Brasil: A Terra… dos Super-humanos?!


Notas iniciais do capítulo

Eai galera, beleza? Aqui é o Dio de novo :D ... Como prometido a vocês, aqui está o cap. 3. Só relembrando o que eu disse no cap. anterior, esse aqui se passa após o cap. 2 e o cap. bônus se passa num período mais a frente do tempo, em que a equipe já estará estabelecida. Pensamos que montar essa dinâmica entre o presente/passado e o futuro vai ser uma coisa bem legal, pois assim vocês terão uma profundidade maior de seus próprios personagens :D

Ainda sobre esse cap., como vocês viram o Diego falando pela ordem que ele e a Blaire foram atrás dos membros, quem aparecerá agora será o Kenai. Nesse capítulo, ainda estaremos visualizando que a equipe ainda vai estar se formando, e aqui já vemos um pouco do Kenai. Como o desenvolvimento vai ser gradual, a tendência é que cada vez mais que os personagens das fichas, que fizeram uma breve aparição no cap. bônus, ganhem mais e mais destaque e vocês se identifiquem com ele :D ... Aqui teremos um pouco de luta e comédia (Sério, acho que ficou até um pouco no nível da Marvel de colocar a comédia em suas histórias, e sabemos como ela é quanto a isso heuheuheuhue). Enfim, aqui vai o cap. fresquinho para vocês e a melhor parte vai ser essa: Dependendo do tempo em que atrasarmos, vão acabar sempre vindo dois caps. ao invés de um só para vocês xD ... Então, sem mais delongas, uma boa leitura para vocês :D

— Kenai Nimble, brasileiro, 20 anos. Ator escolhido: Shemar Moore. Criado por: Sayume N: http://cdn.sptndigital.com/sites/br.axn/files/season-7-promo-shemar-moore-25507192-1200-1600.jpg



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Dia Seguinte - Centro de Brasília (BRA)

08:46 A.M

“Lar doce lar…” Falava Diego com um ar saudosista, que estava encostado em seu carro, com seu típico terno na cor cinza, com a camisa branca, gravata e sapatos pretos. Desta vez ele observava uma das ruas da cidade da capital de seu país de origem. Estava com óculos escuros de lente azul, procurando alguém em específico. “Não precisa se preocupar Velma, tenho o controle da situação aqui.” Dizia o agente discretamente a Blaire, que estava ao seu lado no veículo. Ele havia localizado o seu contato citado na última conversa.

“Ah, tecnicamente eu não tô preocupada.” A voz de Blaire estava animada, demonstrando completa empolgação com a cidade brasileira. Ela usava apenas um short e uma camiseta, e segurava um guia turístico da cidade. “Acredito nas suas habilidades ninjas. Não é você que diz ser bom?”

 “Eu acredito nas minhas habilidades… Mas se você insiste em dizer que sou bom, quem sou para duvidar?” Dio tinha um sorriso soberbo no rosto, fazendo a garota revirar seus olhos. Logo depois, ele saiu de seu carro e lhe deu um breve aviso. “Não precisa vir caso não esteja com vontade. Mas caso venha, fique atrás de mim e não faça nenhum movimento brusco ou impulsivo”. O rapaz ia andando com cautela em direção ao beco, onde havia visualizado o seu alvo, e a garota ia andando logo atrás dele.

 

Com uma calma surpreendente, Diego chegava ao local, notando que estava havendo uma confusão entre alguns jovens. Ele notou uma briga entre cinco pessoas, sendo que um estava no meio, em posição defensiva, enquanto os outros o agrediam sem parar, três deles com chutes e o restante usando barras de ferro que eram oriundas dali por perto onde estavam.

 

“Isso é pra você aprender a não nos desafiar de novo seu idiota!” Dizia o que parecia ser o líder dos agressores ao jovem que estava no meio. “Me fala de novo Kenai, você vai ousar mexer comigo de novo?” Questionava com fúria.

 “Não Jonathan… Da próxima vez, eu mexo com a sua irmã… E do jeito como foi da última vez, ela vai gostar bastante do que eu vou fazer e ela não vai querer que eu pare até… Bem, eu acho que você já deve saber...” Kenai tinha um sorriso zombeteiro no rosto, conseguindo irritar o líder, que instintivamente tomou uma das barras de um dos comparsas, e passou a bater com ainda mais violência. Tal ato fez com que todos os seus ajudantes parassem para observar seu descontrole.

 “Eu juro que hoje eu mato você Kenai! Você nunca mais vai tirar onda comigo seu imbecil de merda!” Quando ia dar o que parecia ser o golpe de misericórdia, Jonathan sentiu seu movimento sendo interrompido. Ele não estava conseguindo mover o pedaço de metal de lugar e quando olhou para trás, viu um homem bem arrumado que segurava a sua arma, encarando-o e sorrindo ironicamente com o que estava acontecendo.

 “Hmm… Então para você vencer alguém, você precisa de ajuda, além de estar armado?” O homem que havia interrompido seu golpe era Diego. “Porque você e seus amigos não vem lidar com alguém de seu tamanho… Ou você vai precisar chamar mais reforço para lidar comigo?” O agente larga o objeto, deixando assim Jonathan livre para usá-lo novamente. Ele e seus comparsas agora olhavam para o mais velho, com cara de poucos amigos.

 

Kenai encarou Diego e sorriu, pois o conhecia e sabia do que ele era capaz. O mais novo sabia que o homem estava ganhando tempo para que ele se levantasse e saísse dali, ou até mesmo para que ficasse e tivesse a sua revanche.

 

“Dio…” Blaire, que estava encolhida atrás do homem, toca seu braço em um movimento cauteloso. Observava ao grupo de forma hesitante, focando seu olhar nos adolescentes irritados que agora mantinham toda sua atenção em Diego. “Não acha que…”

 “Relaxa gata… Diego sabe se virar.” Kenai havia chamado a sua atenção com o seu comentário.  “É melhor você se afastar pra acabar não se machucando.” O moreno agora estava em pé, apenas recuperando o fôlego. Se seu salvador precisasse, ele daria qualquer apoio. Porém, devido a situação, o jovem estava completamente tranquilo.

 

Diego, que permanecia parado, somente lança um olhar de alerta sobre o ombro para Blaire. A mesma dá alguns passos para trás, e o agente volta a encarar os adolescentes. Jonathan, segurando a barra, é o primeiro a investir, rotacionando o objeto na tentativa falha de atingir o agente. Ele somente se esquiva com elegância, deixando seu oponente tonto devido ao movimento brusco. Nesse exato momento, outros dois se aproximam rapidamente, os punhos fechados para atingir o rosto do homem. Ele desvia facilmente, usando o impulso dos garotos para desnorteá-los momentaneamente, levando assim os mesmos a se socarem. O quarto, e último, olha ao redor, procurando qualquer objeto que possa usar como arma, mas ali, com Kenai em seu encalço, só lhe restava suas habilidades, coisa que Diego duvidava que tivesse. Diferente dos outros, esse tenta um chute lateral, sendo impedido pela mão do agente, que ameaça o derrubar no chão, mas desiste do movimento após ver a expressão de terror que o garoto exibia. Ele então solta sua perna, e olha ao redor.

 

“Querem tentar novamente?” Não havia sinais de cansaço na forma que falava, demonstrando apenas calma e satisfação por ver seus oponentes recuando. “Da próxima vez que virem um ‘engomadinho’ por aí, cuidado… ele pode acabar com a raça de vocês.” Os garotos se encararam e correram dali o mais rápido que podiam.

 “Tudo sobre controle…” Falava olhando para Blaire, que havia assistido a cena sem acreditar na facilidade com a qual o mesmo havia vencido o grupinho. Só depois, Diego percebeu que havia lutado com seus óculos escuros, então ele os tirou de seu rosto e guardou no bolso interno de seu paletó.

 “Pra variar, sempre se esbanjando de novo, né ‘James Bond’?” Kenai ficou feliz por ver seu amigo, que se mostrava da mesma forma. Os dois então bateram punho contra punho, como se faziam para se cumprimentar, e depois se abraçaram.

 “Você sabe muito bem o quanto odeio que me chame assim… “Já solto do abraço, o jovem riu por causa do comentário e a hacker ficou sem entender o motivo de não gostar desse apelido. Dio continuou e ela então pôde compreender a razão disso.

 “James Bond não corresponde a realidade que vivemos… Além disso… Diferente da outra vez, essa não teve tanta graça… Foi uma luta injusta. Eram quatro adolescentes que não tinham qualquer treinamento ou poderes contra mim. Esse resultado era esperado.” Os dois riam e Blaire continuava completamente de fora do clima amistoso, só os observando.  

 “Mas me diga meu caro…  Sei muito bem que você poderia se virar sozinho por aqui. Eles não eram nada perto de você." O comentário vinha, pois apesar de estarem em maior número, Kenai possuía a aparência de alguém mais velho e isso era graças a todo o treinamento marcial que tinha. 

"O que houve para você estar esperando tanto para revidar?” O agente secreto perguntava curioso ao mais jovem, que apontou na direção de um dos lados do corredor, que dava a um beco sem saída.

 

Kenai os guia até o lugar sem saída, buscando privacidade da rua movimentada. Dio encara Blaire, esperando da mesma a iniciativa de seguir o moreno. Enquanto caminhavam em direção ao local, deixa o papel que segurava de lado, percebendo que seus planos turísticos não iriam acontecer. O homem então a acompanha, ambos chegando a área indicada praticamente ao mesmo tempo. Kenai estava parado ali, encostado em uma parede e limpando um filete de sangue que escorria de sua boca. Parecia esgotado, mas ainda mantinha a expressão divertida no rosto.

 

“Esses caras não fazem ideia com quem ou o quê estão lidando. Como você mesmo disse, não era uma ‘luta justa’, já que…” Ele então encara Blaire, que apenas observava a conversa com uma expressão perdida. Diego acena positivamente com a cabeça, indicando que ele devesse continuar, e então suspira. “Eu poderia machucar muito eles em dois tempos. Ainda não tenho controle.” O mais velho acena com a cabeça, compreensivo. Entretanto, ele não pôde deixar de dar um conselho ao jovem a sua frente.

 “Da próxima vez que te ameaçarem ou te atacarem, não se prenda por esse medo. Você não tem só os seus poderes para se defender. Seu enorme conhecimento de artes marciais é o bastante para isso. Sua vida é mais importante do que qualquer medo ou orgulho que você tenha…” Diego vendo que Kenai havia assimilado suas palavras, olha então para Blaire, que estava com vontade de falar.

 “Então, posso saber como vocês se conheceram?” Ela mantinha curiosidade no olhar, que logo desaparece. A expressão de Diego a indicava de que aquela seria mais um dos inúmeros questionários que vinha fazendo que ficariam sem resposta. “Okay então, eu nem queria saber.” Seu tom era de pura ironia, o que arrancou outra gargalhada de Kenai.

 “E quem seria essa daí? Uma ‘amiga’?” Havia malícia em seu tom. Ele encarava o outro homem a espera de uma resposta. “Não posso acreditar que Diego deixou de ser um lobo solitário.” Ele sorria para ela, que o ignorava completamente.

 “Blaire, esse é Kenai Nimble, um velho amigo… Kenai, essa é Blaire Campbell, minha parceira de equipe.” Diego permanecia impassível mediante a provocação. Apenas diria o necessário para tocar no assunto que vieram tratar.

 “Uma equipe?” O moreno parecia surpreso. “Pra quê?

 “Temos enfrentado alguns problemas.” Kenai parecia interessado na conversa, até perceber aonde ela chegaria. “O que me trás aqui. Quero você nela.” O agente parecia confiante ao fazer o convite. Mantinha uma pose relaxada, com as mãos nos bolsos da calça, mas seu tom sério confirmava que aquilo não era uma brincadeira.

 “Certo… Como você veio pessoalmente até aqui e de tão longe, só pra vir me fazer tal pedido… Eu vou aceitar” O brasileiro tinha um sorriso largo no rosto, o que deixou Diego e Blaire contentes com a resposta. “Mas antes… teremos uma pequena coisa a fazer…” O tom misterioso do garoto deixou os outros dois com uma dúvida no ar sobre o que seria essa ‘pequena coisa’.

•••▽•••

Algumas horas depois - Casa dos Nimble - Brasília (BRA)

10:06 A.M

 

“Meu Deus… Eu não posso acreditar…” Falava uma senhora de maneira incrédula. “Finalmente, um dos Vingadores veio pessoalmente visitar a nossa casa… Mas que honra!” Falava ela dando um abraço em Diego, que estava sem reação, inicialmente procurando a melhor forma de dizer que o que estava acontecendo.

 “Mãe! Pela amor de Deus… Para de me fazer passar vergonha!” Kenai estava com a palma da mão na testa, sem acreditar que na maneira como a sua responsável agia… Parecendo uma daquelas meninas que fazia parte de algum fã-clube dos maiores heróis da Terra.

 “Sua mãe é uma fofa.” Blaire sussurra para Kenai com um sorriso bobo no rosto, recebendo um gemido de raiva em resposta.

 “Bem senhora… eu gostaria de dizer que sou um membro dos Vingadores, mas infelizmente, eu não faço parte dessa equipe. Eu vim fazer uma outra proposta ao seu filho, para falar a verdade…” A mulher então largou o homem, encarando-o de maneira fria.

 “O que foi então? Você é mais um policial? Veio dizer que o meu filho sai arrumando confusão por aí? Acha que já não sei disso? Estou tentando fazer de tudo para colocar esse menino nos eixos, mas desde essa tal da ‘adolescência’, ele perdeu o rumo na vida…” O garoto ficou ainda mais sem jeito e sem esconder toda a sua vergonha ao escutar a sua mãe falando dessa forma.

 “MÃE! Eu vou falar só mais uma vez… Para de me fazer passar vergonha!” Agora ele tinha as duas mãos cobrindo o rosto, como se aquele gesto fosse fazer tudo o que havia acontecido desaparecer e se resolver magicamente.

 

O agente pigarreou, atraindo a atenção da senhora e de seu filho, que iriam entrar em mais conversa sobre quem fazia quem passar vergonha, e foi direto ao ponto.

 

“O seu filho possui dons. Eu já pude presenciar pessoalmente uma vez… E justamente, por causa disso, eu quero chamá-lo para fazer parte de uma equipe que terá outras pessoas habilidosas e especiais, assim como ele.” Ele agora tinha a atenção dos dois, e com o silêncio, continuou a sua proposta.

 “Eu sou agente da S.H.I.E.L.D., Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão.” Ele tira do bolso direito de dentro do paletó e mostra o seu distintivo, confirmando o seu vínculo com a agência e conclui. “Somos uma super organização secreta que cuida e monitora de diversos assuntos do mundo. Quero convidar o seu filho para fazer parte dela...”

Mas a resposta recebida foi bem… incomum.

 

“Isso por acaso é algum tipo de brincadeira… daqueles programas de televisão que faz aquelas pegadinhas para tentar enganar as pessoas?” Kenai queria desaparecer de tanta vergonha. Blaire teve que colocar a mão na frente do rosto e segurar com toda a sua força a vontade de dar uma risada escandalosa. Já Diego, simplesmente tinha um sorriso controlado, usando de todo o seu autocontrole, para deixar claro a situação era séria.

“Na verdade, senhora Nimble, qualquer um que use o nome dessa instituição para fins difamatórios estará sujeito a uma pena que varia entre três meses e dois anos de prisão, segundo as leis governamentais.” Blaire havia se aproximado da mulher, demonstrando uma seriedade incomum, mesmo com um sorriso simpático no rosto. “Estamos propondo a colaboração do seu filho para fins que buscam melhorar a segurança do nosso planeta.”

“Mas e os Vingadores? Eles já não servem para isso?” Pergunta Iracema inocentemente, a mãe do jovem.

“Na verdade, os Vingadores são representantes públicos de algo muito maior.” A morena tentava não rir, mas era possível ver seu rosto completamente vermelho do esforço que estava fazendo para não fazê-lo.

“Deus?” Continuava a questionar, como se fosse uma criança. Kenai estourou ao ouvir essa resposta.

 “MÃE! Eu já falei para a senhora… Eu não quero me juntar a aqueles imprestáveis! Além disso, será que a senhora não vê que é mais seguro ficar junto de uma organização mundial de espionagem secreta do que um bando de arruaceiros que destroem tudo?!” Havia raiva na tentativa de explicação, devido ao comportamento de sua mãe.

 “Mas será que essa organização ‘super segura’... não fará experimentos com você?” A senhora perguntava com medo em sua voz. “Vocês por acaso vão abrir o meu filho?” Diego tinha um olhar calmo, enquanto Blaire sentia que se ouvisse mais uma dessas pérolas, não conseguiria conter mais a sua vontade de rir. “Como posso saber se posso confiar em vocês, se nunca ouvi falar em vocês?”. Kenai revirou os olhos e desistiu de tentar convencer a sua mãe, e Blaire virou de costas, colocando as suas mãos para abafar o riso.

 “Exatamente… É justamente por isso a senhora pode confiar em nós. Quase ninguém sabe de nossa existência, então a segurança de seu filho está mais que garantida.” O agente passou tanta confiança em sua voz, que a mãe foi finalmente abaixando a sua guarda. “Teremos possivelmente, a oportunidade de ver os Vingadores de perto… O importante é que eu garanto a senhora, o seu filho está em boas mãos… Queremos que ele possa usar os seus dons para o bem comum, um objetivo que possa beneficiar a todos os cidadãos de bem e garantir a sua segurança.” Conclui o homem, conseguindo a confiança da responsável.

 

Depois de avaliar a situação por alguns segundos, a mulher finalmente encara o filho, demonstrando orgulho no olhar. Quando o mesmo percebe a reação de sua mãe ao discurso do agente, percebe que sua sentença já estava dada: ele iria com eles querendo ou não. Mesmo se tentasse contra argumentar, estaria fadado a seguir o desejo de sua mãe. Não queria saber o que ela faria se ele ousasse negar a proposta.

 

“Acho que já temos uma resposta.” A mulher, que antes demonstrava total animação, agora estava em uma postura séria, quase profissional. “Kenai com certeza irá ajudá-los. Fora a cooperação de meu filho, precisam de algo a mais?”

 “Na verdade, só que ele possa arrumar as suas coisas e se despedir de seus parentes, antes de irmos” Fala o agente, estranhando a mudança brusca de humor.

 “Ótimo… Me dê duas horas… é tudo que preciso… Vou arrumar tudo para o meu Nai-Nai” Iracema apertava as bochechas de seu filho, e continuou. “Vou reunir todos os parentes aqui em casa para se despedir dele. Passe aqui para buscá-lo daqui a pouco, depois desse período que combinamos” A mulher puxou o filho para dentro de seus aposentos e com um olhar, que apenas um filho entenderia da própria mãe, ele começou a arrumar a sua mala.

 

Diego e Blaire se olharam e simplesmente deram um sorrindo e um aceno combinado até saírem da casa dos Nimble. Assim que escutaram a porta sendo fechada, ouviram os gritos de Iracema mandando o filho arrumar logo as suas coisas, o mais rápido possível. Os dois já estavam no veículo estacionado ali perto, com uma certa hacker muito animada porque teria algum tempo para conhecer a capital brasileira.

 

“Que tal café?” Blaire pergunta, contendo mais um sorriso da mulher. Ela caminhava descontraída em direção ao carro, esperando a resposta de Diego para satisfazer seu desejo de uma boa cafeína.

 “Pode ser” O mais velho também sorria amigavelmente.

•••▽•••

Duas horas depois da Casa dos Nimble - Brasília (BRA)

12:37 A.M

♪ [...]Sete vezes eu me ajoelhei…

Na presença de um ser iluminado…

Como um cego fiquei tão ofuscado…

Ante o brilho dos olhos que olhei […]♪

(Canção Agalopada - Zé Ramalho: https://www.youtube.com/watch?v=KO7lm2Wv_W0)

Os dois estavam sentados numa mesa do lado de fora da cafeteria, no qual tocava uma música de fundo de um artista brasileiro conhecido. Diego terminava sua segunda xícara de café, enquanto Blaire usava seu tablet, em movimentos rápidos e eficazes. A inquietação que a moça demonstrava, balançando uma de suas pernas, atrai momentaneamente a atenção do agente, que logo em seguida ignora o gesto, passando a admirar mais um pouco a capital.

 Porém tal ato não dura muito, já que os raios de sol começam a invadir a parte coberta da ‘varanda’ atingindo a tela do tablet, mandando seus reflexos em cheio nos olhos do homem que  já estava protegido com seus óculos escuros. Ao observar novamente a jovem, percebeu que ela mexia tanto  em seu aparelho tecnológico, que a sua bebida anteriormente quente já não exalava mais o seu vapor natural.

 

“Alguém que devemos procurar?” Questionou tentando tirar o objeto das mãos de Blaire, que não fica muito feliz com isso.

 “Talvez...” Ela puxa o seu tablet para junto de seu corpo. “Mas não é nada confirmado. Somente uma suposição.”

 “Todo e qualquer boato pode servir em nosso trabalho...” Filosofou, aproximando sua cadeira da jovem, curioso por saber o que Blaire tanto olhava na tela do equipamento.

 

Nova e misteriosa aparição de um ser com asas faz com que cientistas, religiosos e fanáticos entrem em mais uma nova discussão sobre a origem dos seres místicos.

Fonte: Jornal F. de São Paulo,  14 de fevereiro de 2016

.“Ninguém sabe ao certo do que se trata. Religiosos dizem ser um Anjo de Deus que veio fazer o julgamento aos que não seguem à risca os conceitos religiosos, normalmente pregado pelos cristãos. Cientistas acreditam na possibilidade de um novo mutante ou um dos inumanos originados com as névoas terrígenas. Enquanto por parte dos Vingadores ou dos X-men, não houve qualquer declaração de  ambas. Acredita-se que ele possa estar a procura de bancos, supermercados e lojas para iniciar seus atos criminosos. Apesar disso, a maioria da população afirma que tal “anjo” tenha salvo suas vidas. A aparição desse ser faz as pessoas se questionarem se existiria realmente seres como anjos e demônios, já que  desde que o mundo descobriu a existência desses super seres, isso fez com que novas teorias fossem criadas sobre as criaturas místicas tão comuns em diversas lendas de várias culturas, pudessem ser vistas agora com um olhar menos sobrenatural. Ainda assim, há aqueles que creem firmemente que este possa ser algum tipo de ‘sinal’ de mais um fim dos tempos que estaria se aproximando.“

 

A foto da reportagem mostrava a imagem borrada de algo parecido com um homem adulto, que parecia ter duas asas, voando sobre os prédios de uma cidade. A dupla se entreolha, deixando um sorriso rápido escapar de cada um.

 

“Esse seria o nosso próximo contato?” Havia uma animação contida na voz de Diego. “Tem certeza que não é uma informação errada baseada na existência do filho de Kathryn Worthington e Warren Worthington Jr.?"

 “Tudo indica que sim, que ele é o próximo... E não, o Warren Worthington III está lá no Instituto para Jovens Superdotados do renomado Professor Charles Francis Xavier. A melhor parte é que possivelmente esse ‘anjo’ desconhecido possa ser daqui do Brasil.” A moça não desgrudava os olhos do tablet, procurando confirmar de onde seria exatamente o ser misterioso. “Os dados datam de uma semana atrás, e se pudermos avaliar o plano de fundo da imagem, podemos ver aonde foi tirada.”

 “Isso explica o porquê você estava demorando aí…” O agente concluiu dando o último gole de sua bebida e logo depois, rindo de sua companhia, que fez o mesmo, mas sentiu apenas um gosto frio e amargo em sua boca.

 “Argh! Odeio café frio! Sério, você não deve ser humano… Como você consegue apreciar o gosto de café amargo?” Questionava a jovem que o encarava, como se aquilo fosse uma das coisas mais anormais do mundo.

 “Como as pessoas em geral, você está acostumada com gosto do açúcar na bebida e possivelmente em outras comidas e bebidas. Café é uma bebida amarga, assim é sua natureza, mas ainda assim, a maioria insiste em não sentirem esse sabor e tentam camuflá-lo, enchendo o líquido com açúcar. É preciso experimentar as coisas como elas são de verdade, e não tentar se desviar da realidade de todas as formas possíveis.” O brasileiro fez um gesto com a mão, chamando o garçom para que o mesmo trouxesse a conta.

 “Caramba, eu só perguntei como você gosta de tomar café amargo... Não pedi para que você filosofasse sobre isso.” Retruca impaciente a garota, que tirava uma mecha de seu cabelo que estava na frente do rosto, e pegava um pequeno espelho em sua bolsa para retocar sua leve maquiagem e seu batom.

 “Estou falando isso porque é exatamente o que você está fazendo agora, Blaire…” A hacker olhou para o homem a sua frente, notando que ele a olhava seriamente, mesmo que seus óculos dificultassem um pouco a visão de seus olhos. Ele guardou novamente os mesmos no bolso de seu paletó e continuou. “Você não deve fugir da realidade… Uma das formas que você faz isso é afirmando a si mesma de que é inútil e descartável. Se isso fosse verdade, a S.H.I.E.L.D. não teria vindo atrás de você… Eu não estaria aqui agora se você não fosse importante...” Havia motivação e um pouco de arrogância em sua voz. Talvez até mesmo um pouco de afago, mesmo com a pose séria que mantinha. A morena não conseguiu confirmar esse último detalhe.

 “Ui senhor psicólogo… Desculpe-me, mas pode me lembrar quando começamos a nossa sessão?” O sarcasmo na voz da jovem era evidente, mas Diego não desistiu.

 “Quando você perceber que está mentindo para si mesma, e começar a agir de forma íntegra e útil, você verá que é capaz de muito mais do que imagina.” Finalizou ele, ignorando completamente o que ela disse anteriormente. No mesmo instante, o garçom havia chegado e o brasileiro entregou a cartela que continha o menu e o espaço para o pagamento. Nela ele já havia depositado o dinheiro referente ao que dupla havia consumido. Tudo foi feito em questões de segundos e em uma precisão sutil que não passou despercebida pela garota.

 “Mas enfim… Não quer saber onde está o nosso contato?” Dizia ela, tentando mudar o rumo da conversa.

 “Estou esperando até agora você me dizer isso.” Diego pegava seus óculos e os colocava novamente, voltando a ficar numa posição confortável na cadeira, já que antes ele estava um pouco encurvado a frente, enquanto a aconselhava.

 “Desculpa, entramos na sessão de autoajuda e eu não quis interrompê-lo…” Respondia ironicamente, mas sabia que agora não era hora de discussão. “O nosso ‘anjo’ possivelmente é do Rio de Janeiro, da cidade capital. Temos como chegar lá bem rápido?” Perguntava curiosa.

 “Em alguns minutos, teremos um veículo aéreo que nos transportará até lá. Mas agora temos que ir…” Ele olhava o relógio e viu que o tempo pedido por Iracema havia se passado. “Vamos buscar Kenai e logo depois vamos até o Rio.”

 

Os dois então se levantaram e foram em direção ao carro. Blaire não admitiu na hora, mas as palavras de Dio penetraram profundamente em sua mente, começando a fazer se questionar sobre sua forma de ver como todo o seu envolvimento com a S.H.I.E.L.D. estava acontecendo e tudo que o agente brasileiro almejava alcançar.

•••▽•••

 Blaire estava na frente da casa dos Nimble, esperando que alguém a atendesse. Ela já havia tocado a campainha duas vezes, e impacientemente, apertou o dispositivo pela terceira vez, deixando o dedo ali por mais tempo, crendo que assim seria atendida. Ela olhou para trás, e viu que o agente continuava sentado no banco do motorista de maneira paciente e ligando para alguém. Provavelmente, para que a organização disponibilizasse o seu transporte.

 

“Finalmente, vocês chegaram!” Exclamou a mãe que só abrira a porta depois de muita insistência.

 

Kenai estava atrás da mulher, sua mala em mãos e uma expressão séria no rosto. Era evidente os sinais de despedida na expressão de todos, principalmente de Iracema, que tentava falsamente esconder as lágrimas que insistiam em sair. Blaire lhe lança um olhar compreensivo, e então se afasta, esperando a despedida da família.

 O primeiro a abraçar o moreno é seu pai, que dá leves tapas em suas costas enquanto se afasta, orgulhoso pelo filho. A próxima é sua irmã, que se solta do homem ao seu lado, e envolve Kenai em seus braços. Ela então encara Blaire esperando a confirmação de que ele ficaria bem. Mesmo sem ter certeza, a hacker se força a acenar com a cabeça. E então, espera que a família termine seu momento. Kenai se aproxima do homem ao lado da irmã, e o abraça rapidamente, até que finalmente chega em sua mãe.

 

“Faça a diferença, querido.” Ela pede, e ele confirma com a cabeça, dando um beijo em sua testa antes de começar a se afastar, ficando ao lado de Blaire. “Até mais Nai-Nai. Não esqueça de nos ligar!” Ela precisa elevar o tom de sua voz, para alcançar os dois que já estavam perto do carro.

 

Kenai coloca sua mala no porta-malas do carro, e então entra no banco traseiro. Diego o cumprimenta acenando com a cabeça pelo retrovisor, e então dá partida no carro, colocando rapidamente distância entre eles e a casa dos Nimble. Com um último olhar, Kenai vê sua família vai ficando para trás. A casa vai perdendo forma, até o momento em que não é mais possível distingui-la no meio de tantas outras.

 

“E pra onde vamos agora?” A voz do moreno quebra o silêncio que se instalara no carro durante os últimos minutos. “Algum outro membro que queira requisitar para sua equipe?”

 

Blaire vira rapidamente para Kenai, lhe entregando o tablet, com a matéria estampada em sua tela. Ele leva alguns segundos para ler, e então eleva o olhar encarando os dois a sua frente. Havia dúvidas em sua expressão.

 

“Sabem que isso é uma teoria, certo?” Mesmo com seus poderes, era difícil de acreditar que alguém havia nascido com asas. “Poderia ser inclusive uma armadura qualquer. Não há confirmações sobre a existência disso daí.”

 “De qualquer forma, é melhor verificarmos.” Falava Diego, insistindo na ideia, acreditando realmente que haveria possibilidade disso ser real.

 “Seja quem for, calculando o peso e o tamanho das asas, teria que ter uma mente impressionante para estabelecer um controle de equilíbrio.” Por mais surreal que isso soasse, Blaire se via tentada a acreditar na veracidade daqueles fatos. “Vamos concordar, querendo ou não, faz sentido. Isso pode ser real, e se for, merece um pouco de reconhecimento. Se existem seres de outros planetas, porquê não um cara de asas?”

 “Nem tudo que se vê nos livros ocorre da mesma forma na vida real… Temos que ver para sabermos se existe ou não.” Diego percebeu que já estava perto do local marcado, uma estrada já fora da cidade de Brasília, sem qualquer movimentação. Lá estava uma nave da S.H.I.E.L.D. esperando pelo trio. “Você irá direto para Nova Iorque, atrás de seu contato lá. Eu e Kenai iremos atrás do ‘anjo’ carioca”. Ele guiou o carro até a rampa da nave, já aberta, e estacionou dentro do veículo maior. Seria questão de segundos para que a nave levantasse voo e eles já não estivessem ali.

 “Não acha que deveríamos ir juntos?” Ela os encarava, visivelmente decepcionada por não conhecer a capital do Rio de Janeiro. “Vocês não sobreviveriam sem mim.” Procurava uma forma de convencer o agente a levá-la junto. “Além do mais, eu que descobri sobre o cara.”

 “Concordo… Você merece todo o mérito pela descoberta. Mas não sabemos se esse ‘anjo’ é bom ou mau. Será melhor você ir se encontrar com o Andrew Brooks, já que ele é um conhecido seu. Como não o conheço, não sei se ele recepcionaria bem a mim ou o Kenai.”

 “Sim senhor.” Ela bate continência ironicamente, seguinte seu caminho até o interior da nave.

 “Blaire… Tome cuidado. A namorada dele foi sequestrada. Ela deve ser alguém possivelmente bastante próximo dele… Pode ser que ele aja de forma imprevisível, o que pode te colocar em risco dessa forma.” Havia um tom cuidadoso na voz do homem.

 “Está preocupado agente?” Um sorriso desafiador, mas um tanto satisfeito, brota dos lábios da morena. “Relaxa. Eu mantenho contato. Qualquer coisa é só ligar para minha ‘babá’.”

 “Não sou mais sua babá. Agora somos de uma equipe. Estou apenas cuidando… de um membro de meu time” Diego pensou por alguns poucos segundos, mas logo encontrou a palavra que queria. Ele estava sério todo o tempo em que havia falado, mas decidiu descontrair o clima. “Mas se você continuar agindo como criança, terei que agir como a sua ‘babá’.” Agora era o brasileiro quem tinha um sorriso zombeteiro.

 “Ah, que momento lindo! Agora, que tal nos focarmos no que é importante?” Questionava Kenai, sem conter o tom de brincadeira.

 “Vou conseguir um endereço. Depois… Se virem.” Avisa Blaire, desaparecendo na aeronave.

   “E eu vou me trocar…” Dio se levantara da cadeira da nave, e foi até o seu mini aposento, onde estava o seu uniforme e seus equipamentos. Isso atraiu a atenção dos dois jovens ali.

 “Se trocar?” O mais novo não entendeu o que o agente quis dizer com aquilo.

 “Ora… Não sabemos se vamos enfrentar um ‘diabinho’ disfarçado de anjo. Temos que estar preparados. Além disso, Kenai... Você tem poderes… Eu não.” O agente entrou na sua cabine para poder se preparar para o encontro que aconteceria em breve.


        Blaire levanta as mãos em rendição,indicando que não falaria nada. Kenai, então, apenas confirma com a cabeça, voltando a prender sua atenção na sua casa, que se afasta cada vez mais pela janela.


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Notas finais do capítulo

É jovem Nai-Nai, há pessoas que entendem o que você passa xD kkkkk... Eaí, o que acharam do capítulo? Sugestões, opiniões e críticas construtivas serão bem vindas nos reviews de vocês, tanto dos que tem ficha, quanto daqueles que estão acompanhando a história. Agradecemos a paciência de vocês em esperar ansiosamente por cada capítulo e por cada vez mais buscarem se envolverem na história, isso nos motiva mais e mais para escrevermos. As ideias para GT são grandes e esperamos poder mostrá-las para vocês. Vou procurar responder os reviews já escritos de vocês, não se preocupem xD... Até o próximo capítulo ^^



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