Coleção de Drabbles escrita por Teffyhart


Capítulo 1
Xícaras




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-Eu não acredito que ele deixou você brincar com ela. - A maga resmungou, o queixo enfiado na mesa de jantar. Elesis continuava impassível, servindo o chá para ambas. - Eu sempre quis brincar com a Soluna, porque é uma espada só que tem egos diferentes, e aquele bobão nunca deixou. - Continuou seu monólogo, tamborilando os dedos na mesa, com os braços bem esticados. - Agora, é só você piscar essas pestanas e jogar o cabelo sobre o ombro e ele deixa tudo! Hnf.

A ruiva riu. Colocou uma das canecas entre os braços da maga, deixando-a ali, em frente ao rosto jovial dela. - Não é só piscar minhas pestanas - Ela resmungou, defendendo-se. Sentou-se na cadeira do outro lado da mesa, cruzando ambas as pernas para não deixar os pés tocarem o chão gelado. - para que ele faça as coisas que eu quero. Eu cordialmente pedi para que ele deixasse. - Explicou.

A maga mexeu-se, sentando-se melhor para pegar sua caneca e soprar o vapor para longe. - 'Tá, tudo bem. Entendi que você ameaçou espancá-lo se você não pudesse usá-la. - Deixou o tópico de lado, como se não fosse nada. A líder encolheu os ombros, sentindo suas orelhas esquentarem. Talvez ela realmente tivesse, a maga chegou a conclusão. De qualquer maneira o tópico foi rapidamente esquecido, enquanto a ruiva tomava grandes goles do líquido quente. - Mas por que você, de todas as coisas, queria brincar justo com a Soluna?

Ela ponderou. Depois de um tempo respondeu. - Você sabia que o aço dela é sempre quente? - Perguntou, a maga atentou os ouvidos, encarando a ruiva como se ela possuísse informações valiosas. De fato possuía. Elesis se inclinou para frente, deixando a caneca sobre a mesa, e fez um sinal para que a outra se aproximasse também; ambas falavam baixo, em um tom de conspiração. - Uma vez, quando a gente estava saindo do campo de batalha, eu sem querer esbarrei nela, estava fervendo!

-Sim, Elesis, como tudo no Sieghart. - A maga não era uma pessoa que xingava, mas ela quis xingar a líder.

-É, eu também achei. Até que eu perguntei pra ele e... - Fez uma pausa dramática. - aparentemente ela é sempre quente! - Arme indicou para que ela continuasse, prontamente ela obedeceu. - Foi aí que pedi para manuseá-la e tal. Eu queria ver se ele não estava mentindo pra me enganar...

A conversa continuou. Ambas praticamente fofocavam sobre as características da arma, em um tom tão baixo que provavelmente ninguém conseguiria ouvi-las. Isso é, até a porta abrir-se de supetão e cada uma pular para um lado da cozinha, praticamente.

No limite da porta, com uma sobrancelha erguida, estava o dono da, então dita, arma. - Se eu não conhecesse vocês duas diria que estão falando sobre garoto--... - Ele não viu a colher de pau que voou na direção dele. Elesis era realmente muito boa em atirar coisas na cabeça do imortal. Talvez ele tenha realmente merecido.

Enquanto acariciava a testa machucada, Arme achou qualquer motivo para fugir dali com as provas - e informações - que havia adquirido sobre a Soluna. Então restou apenas os dois cavaleiros de fogo no recinto. - Era mesmo sobre garotos que vocês estavam falando? - Perguntou, meio jocoso.

A ruiva sentiu o rosto esquentar. Tecnicamente, pensou. - Não, claro que não. O que acha que somos, sua múmia estúpida?

O moreno riu. - Estando tão defensiva assim, até começo a realmente me perguntar se não era. - Ela ameaçou atirar-lhe alguma outra coisa. Ele calou-se. Elesis pegou as duas canecas, vazias, que ficaram esquecidas sobre a mesa e fugiu do olhar do imortal, tentando fingir que nenhum tipo de conversa tinha acontecido.

Depois de um tempo em silêncio, com ele observado-a lavar as canecas, depois a pia, depois a própria esponja, como se ele fosse a encarnação de todo o mau e ela sequer quisesse olhar pra ele, o moreno apenas riu. - Uma coisa, no entanto, é engraçada.

-O que é engraçado? - Ela perguntou, no seu tom autoritário habitual.

-Se você realmente tivesse piscado as pestanas pra mim e jogado sua trança sobre o ombro eu teria deixado você ficar com a Soluna pra você.

Ela quebrou as duas xícaras que tentava secar.


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