Premonição Chronicles 3 escrita por PW, VinnieCamargo, Felipe Chemim, MV, superieronic, Jamie PineTree, PornScooby


Capítulo 11
Capítulo 11: A Abelha e o Ferrão


Notas iniciais do capítulo

Escrito por PornScooby.



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“Os homens devem ser adulados ou destruídos, pois podem vingar-se das ofensas leves, não das graves; de modo que a ofensa que se faz ao homem deve ser de tal ordem que não se tema a vingança.” 

— Nicolau Maquiavel

30/12/2015 – Cabo da Praga, 08:13pm

Tudo que Marcela mais temia aconteceu. Um segundo a mais e tudo estaria bem. Por que isso estava acontecendo? Mais uma vez seu carma feriu outra pessoa. O ciclo continua.

Muitos anos antes.

E agora não dá mais, você me conquistou Finalmente! A alegria era nítida nos olhos de Marcela, seu sorriso vinha de orelha a orelha encantando a qualquer um que a visse daquela maneira. A moça usava uma blusa branca sob um macacão jeans branco e com pequenas flores pintadas ao longo da peça, seu cabelo estava solto, mas uma pequena travessa de capim dourado controlava-o. O sentimento de extrema felicidade se dava pelo fato de finalmente ter chegado o dia em que iria comemorar seu primeiro mês de namoro com Ricardo, um rapaz muito bonito e bem-humorado, e que tinha uma loja de CD’s ao lado da loja onde ela trabalhava.

O caminho até a casa do pequeno empresário era intimidador para Marcela, sentia-se deslocada com as casas grandiosas e super-refinadas. Fazia pouco tempo que mudara-se para a cidade e devido a sua difícil condição financeira o único lugar que conseguiu para morar fora um cubículo próximo ao camelódromo.

Marcela chegou até a casa de Ricardo e por um segundo ficou sem ar, estava impressionada com a magnitude da... -Chamar aquilo de casa seria um verdadeiro sacrilégio a arquitetura – mansão. Algo tão impressionante como aquela residência, Marcela só havia visto em filmes norte-americanos. Parecia como um templo grego, com duas grandes pilastras próximas a porta e um caminho de pedra branca – mármore ou algo muito similar – levava até a entrada, o caminho era cercado por uma grama tão verde que parecia artificial, mas pelo cheiro de natureza que Marcela sentiu ao respirar fundo - antes de caminhar até a porta – com certeza era natural. 

A moça se aproximou da porta e notou que estava entreaberta, como quando alguém está de saída e volta para buscar algo que fora esquecido. Apesar de abafados, Marcela pôde ouvir gritos, provavelmente vindos do andar de cima.

“Eu não quero saber o que você pensa de mim ou dela!”, berrou alguém. Provavelmente era o Ricardo, pensava consigo mesma e então aproximou mais o ouvido da porta.

“Ela é uma interesseira, isso sim!! Você acha que ela está... Saindo com você por causa dos seus lindos olhos?” dizia uma voz rouca em tom de deboche.

A discussão continuou por mais algum tempo e muitas ofensas foram proferidas. Apesar de ter ouvido apenas uma parte da briga, Marcela já conhecia o motivo: namoro com a 

Vendedora. Já havia ouvido falar na fama de carrasco que o pai de seu namorado tinha,

Augusto Falcão era um tipo de pessoa que sempre consegue o que quer, mas tudo que conseguia imaginar era um pai severo e exigente com o futuro do filho, e não um... Monstro.

When I was younger

I saw my daddy cry

And curse at the wind

He broke his own heart

And I watched

As he tried to reassemble it

As lágrimas começaram a brotar nos olhos de Marcela, os gritos dentro da casa deram lugar ao som de passos descendo a escada, deveria ser Ricardo, ela não queria que ele a visse ali e talvez em nenhum outro lugar. Marcela nunca se interessou pelo seu namorado por causa do dinheiro, ela o amava, mas agora tinha a sensação – e a certeza – de que não era o melhor pra ele.

Antes que alguém pudesse vê-la, Marcela começou a correr o caminho de volta, pensou ter ouvido alguém chamar seu nome, mas estava aflita de mais para dar atenção. Sentiu seu corpo ficar molhado e o frio chegar, tinha começado a chover. Marcela correu sem rumo e agora não sabia onde estava, parou no meio da rua e fitou a chuva cair enquanto suas lágrimas se camuflavam entre as gotas da tempestade.

—MARCELA – a moça se espantou com o grito de alguém chamando o seu nome, virou-se e viu que Ricardo estava ali, tinha vindo atrás dela.

—Ricardo? O que você tá fazendo aqui? – perguntou tentando inutilmente não parecer triste.

—Eu vim atrás de você – o rapaz se aproximou e a puxou para si, com Marcela em seus braços a beijou.

And my momma swore that

She would never let herself forget

And that was the day that I promised

I'd never sing of love

If it does not exist

But darling

You are the only exception

28/12/2015 - 04:18pm

—Meu filho, me diga que você nunca mais vai me levar a um hospital. Aquele lugar é horrivelmente sombrio e ainda mais com essa onda de violência... Se você me levar novamente eu te deserdo. – Sua mãe falou bruscamente para Gustavo – E você não teve nem a consideração de passar a noite comigo. – Gustavo percebera que sua mãe lançara um olhar de reprovação para Diana que estava indo a cozinha.

—Eu sei. Eu errei Mãe, mas... – ele tomou cuidado para falar baixo o suficiente para que 

Diana não ouvisse. – Ela foi atacada por um infectado, foi terrível. 

—Pobre menina. – sua mãe lamentou– Por isso ela vai passar essa semana aqui na nossa casa? –Questionou.

—É isso mesmo. 

Diana voltou da cozinha trazendo uma caneca de chá para sua mãe. Ela lançou-lhe um sorriso em agradecimento.

—Gustavo, Muito Obrigado por me convidar pra passar esses dias aqui na sua casa – a jovem ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha. – Eu não conseguiria ficar lá depois do que aconteceu, é bizarro demais pra mim.

 - Não tem problema, Pode ficar o tempo que for preciso – Respondeu Gustavo tentando esconder o sorriso por ter Diana ali na sua casa.

—Ah, eu trouxe a Tina, deixei ela na sua garagem, tudo bem? 

—Quem é Tina? – Perguntou sua mãe, mas antes que Diana respondesse, Gustavo pôs-se a falar. – Tina é a Bicicleta de Diana, é seu "xodózinho amarelo". 

29/12/2015 – Cabo da Praga, 09:33am.

I should've seen the signs way back then

When she told me that you were her best friend

Mesmo em quarentena, a cidade ainda estava movimentada, Alguém precisava noticiar o que estava acontecendo - e com a maioria dos jornais fechando, Marcela resolveu que a Falcon Magazine ia continuar imprimindo, em menor proporção e com noticias mais relevantes. Amy utilizou de vários argumentos com Marcela, mas a morena não voltou atrás e seis dias após o acidente na entrada da cidade lá estava Amy, tendo que treinar uma estagiaria.

—Quem em sã consciência usa uma blusa neon? – a secretária estava visivelmente aborrecida - Você tem alguma deficiência? 

Emily - a moça que teve seu currículo escolhido por Marcela – Até pensou em argumentar, mas foi logo interrompida.

—Não responda! – A ruiva analisou a moça minuciosamente, o cabelo castanho repicado era realmente bonito, admitiu Amy para si mesma, o rosto fino e de traços delicados. – Me diz garota, como você conseguiu ser selecionada? – bufou.

—Acho que me destaquei?! – disse insegura – Eu até pensei que não seria selecionada. 

Por engano acabei mandando dois currículos pra cá  e pensei que vocês iriam me achar...ah, sabe como é. Desesperada. – a garota esboçou um sorriso, mas logo o recolheu com o olhar fulminante que acabara de receber de sua coach.

Amy bufou e engoliu a seco, pois Marcela acabara de chegar.

—Bom dia, meninas. – Marcela vestia um elegante macacão branco de tecido, frente única. Retirou seus grandes óculos escuros e sorriu calorosamente para as meninas. 

—Prazer, meu nome é Marcela Falcão – disse estendendo sua mão para cumprimentar Emily.

A estagiária estava em choque absoluto, sua boca se abrira sozinha e seus olhos brilhavam. Demorou alguns segundos para perceber que Marcela estava falando com ela.

—Santa Donatella Versace! – exclamou e segurou a mão de Marcela.

— Amém – disse Marcela rindo. - Mas querida, qual é mesmo o seu nome?

—É a Marcela Falcão!! – Emily soltou um gritinho de euforia. – É um grande prazer...! Meu nome? – perguntou para si mesmo, parecendo muito atordoada – É 

Emily... Emily Fagundes. – completou sorrindo e só então percebeu que ainda estava segurando a mão de Marcela. 

—É um prazer conhece-la, Emily. Seja bem-vinda a família Falcon. A Amélia vai continuar seu treinamento depois. – a Ruiva tirou os olhos do celular e encarou Marcela 

— Nesse momento ela vai pro meu escritório, Vamos lá, Amy.

Marcela seguiu para dentro de sua sala sendo seguida pela secretária.

She started dressing like me and talking like me

It freaked me out

She started calling you up in the middle of the night

What's that about?

***

—Mas...

Marcela interrompeu a ruiva antes que ela pudesse contestar. – Amélia, eu não quero saber! A revista vai precisar de uma repórter extra, já que muitos saíram da cidade. Você é uma das poucas pessoas na nossa equipe com experiência. 

Amy sabia que aquele seria um grande “upgrade” na sua função e que receberia um extra pelo trabalho, mas todas as ondas de violência estavam lhe deixando preocupada, será que valeria a pena sair pelas ruas em um pré-apocalipse zumbi apenas por dinheiro?

—Eu topo... – disse Amy, fazendo sua chefa abrir um sorriso. -...mas eu não quero sair por ai sozinha. Quero alguém que me acompanhe.

Marcela tirou seus óculos de grau, da PRADA e pensou por alguns segundos. -Victor! – lembrou-se – Amy, você vai chamar o Victor da fotografia, ele tem experiência com situações de risco.

Amy disfarçou o mau-humor com um sorriso.

— Ok! – disse e então perguntou – Mais alguma coisa, Marcy?

—Eu preciso que você confirme uma nova reunião com os investidores essa tarde e depois disso...- pensou por algum tempo – ah... Meu jantar com a Helena. Ligue pra ela confirmando e depois disso quero que saia atrás de noticias, ok? – disse dando um sorriso incentivador à moça.

—Tudo bem – Amy respondeu-lhe lançando um sorriso falso.

—Ótimo, agora me deixe a sós, preciso fazer uma ligação.

A secretária – e agora repórter – obedecera, mas ao notar a expressão de seriedade no rosto da empresária, correu para a outra linha, com o intuito de ouvir a conversa. 

Esperou alguns minutos e colocou o telefone ao ouvido, tampando-o para que não fosse ouvida.

***

29/12/2015 09:32pm – A Bela e Fera – Bar e restaurante. 

—É incrível como hoje em dia as coisas estão, não é mesmo, Ferrer ?! – Dona Rosa falou em tom de reprovação.

—O que a senhora quer dizer? – Mia tinha seu cabelo preso em um rabo de cavalo volumoso. A jovem já estava vestida com o seu habitual uniforme de trabalho,  uma blusa de botão preta com uma saia que ia até um pouco acima dos joelhos e um avental branco que estava amarrado em sua cintura.

—Uma infecçãozinha dessa e todo mundo transforma a cidade em um verdadeiro furdunço. –reclamou.

Mia desconfiava que Dona Rosa sabia que a situação era um pouco mais séria do que dizia, mas sabia que a mulher tinha que culpar alguma coisa pela fraca movimentação em seu bar.

—Sabe, Dona Rosa, Eu acho que prefiro zumbis àqueles bêbados nojentos. – A garçonete falou fazendo uma cara de nojo e arrancando um sorriso do rosto da patroa. 

—Você tem razão, Ferrer.

Havia apenas um casal sentado em uma das mesas no fundo do bar e uma senhora estava próxima a elas sentada no bar, tomando uma Martine sem azeitona. Mia notou certa semelhança com a sua amiga Elly, mas a garota não disse nada, essas coincidências são tão rotineiras quanto pessoas que caiem de penhascos.

A porta se abriu e Mia notou com estranheza outra senhora muito bem vestida adentrar 

o bar. “Apocalipse zumbi, a burguesia frequentando tabernas... O que diabos está acontecendo?” pensou consigo mesma. 

—Moça, a senhora pode trazer a conta? – falou o rapaz que estava acompanhado de uma jovem usando uma extravagante boina verde neon.

Mia foi até a mesa do casal e entregou-lhes a conta.

***

Marcela acabara de chegar até ao Bar “A Bela e a Fera” - um nome gozado para um bar -

mas a empresária resolveu não bater cabeça com isso, tinha problemas maiores para que o seu cérebro resolvesse. 

Ao entrar no recinto viu que sua amiga de longa data já estava a sua espera.

—Helena Menezes!! – Exclamou se aproximando da amiga. – Quanto tempo...

—Ai meus deuses, Marcela, você está maravilhosa – cumprimentou-a dando-lhe um longo abraço. – Venha, sente-se temos muita coisa para conversar. 

—Temos mesmo. – disse Marcela sorrindo. 

—Eu soube o que aconteceu com a sua filha. Meus pêsames... Ela era um encanto de menina. – disse colocando a mão sobre a da amiga para confortá-la.

Na mente de Marcela o sorriso de Lis apareceu radiante, seus olhos se encheram de lágrimas ao lembrar-se da risada da filha, mas ela se controlou e engoliu o choro que estava por vir.

—Ela está em um lugar melhor agora. – forçou um sorriso – Mas e os seus filhos, como estão?

—Estão bem – Marcela notou que a amiga se controlou para não parecer empolgada demais falando dos filhos, ela a agradeceu mentalmente por isso.

Helena puxou sua carteira e mostrou a foto de seu filho. Marcela segurou a foto e pensou por alguns segundos.

**FLASHBACK 1 ON **

—Me procure. Aqui. – insistiu a editora-chefe apontando para sua empresa. Pegou um cartão em sua bolsa e entregou ao jovem. – Meu nome é Marcela Falcão.

 

—Ok – O rapaz respondeu observando o pequeno cartão Azul-Tiffany – Meu nome é Erick Menezes.

**FLASHBACK 2 ON**

—Erick? – um rapaz alto de cabelo escuro e olhos claros aproximou-se de Erick e abraçou-o. Erick retribuiu o abraço e ambos ficaram ali em silencio por um tempo. 

**FLASHBACK OFF**

—Marcy, Tá tudo bem? 

—Helena, Eu já conheci o seu filho – Marcela disse alarmada. – Encontrei com ele no dia do acidente na ponte Teodoro.

—Ele estava no acidente? Mas ele não me disse nada...eu não acr...-Helena foi surpreendida com Marcela que agora segurava a sua mão fortemente.

—O Seu filho sobreviveu ao acidente e assim como eu ele está correndo perigo. – a editora-chefe estava tentando se controlar, precisava passar as informações de maneira em que sua amiga acreditasse nela e não pensasse que tudo aquilo era loucura de sua cabeça.

—Esperem ai – A garçonete se aproximou – Me desculpem a intromissão, eu não pude deixar de ouvir. –Desculpou-se e continuou. – Você mencionou que correm perigo porque sobreviveram ao acidente da Ponte Teodoro? Por que correm perigo? – Marcela analisou a expressão da moça e a reconheceu, ela estava lá naquele cubículo que salvou sua vida. Ela deve ser um dos outros sobreviventes.  

—Eu também quero saber, Marcela. – disse Helena visivelmente nervosa.

A editora-chefe respirou fundo e pensou nas palavras certas para alertá-las.

—Existe uma maldição, nós não fomos salvos desse acidente por obra do destino, se dependesse dele, nós deveríamos ter morrido lá com todas aquelas pessoas – Sua miga e a garçonete encaravam-na seriamente – Ouve uma falha nos planos da morte, uma pessoa conseguiu ver o que ia acontecer, antes mesmo de acontecer...

—Uma premonição? – questionou Helena.

—Exatamente. –continuou – No dia do acidente, um rapaz viu o que iria acontecer, ele tentou tirar todos de lá, mas só algumas pessoas o ouviram.

—O Motoqueiro! –Exclamou Mia – Eu me lembro dele, mas eu não entendo você diz que é uma maldição, mas nós estamos vivos, o que tem de horrível nisso?!

—A morte planeja tudo com muito cuidado, nós deveríamos ter morrido naquele acidente – disse Marcela, fazendo a moça ficar pálida. – Nossa sobrevivência enfureceu a morte e agora ela precisa recolher as almas trapaceiras. 

—O que você quer dizer com isso? –perguntou a garçonete.

—O que eu quero dizer é que a morte vai vir atrás de cada um dos sobreviventes – respondeu Marcela encarando-a e arrancando um gritinho abafado de Helena.

Helena encarava a foto do filho com tristeza, Marcela colocou a mão envolta do ombro da moça para reconforta-la.

—Não há nenhuma maneira de evitar que isso ocorra? – Perguntou Helena e logo em seguida a garçonete perguntou – E como saberemos quem será o próximo? Marcela respirou fundo novamente e organizou as informações em sua mente.

 -Eu não sei muita coisa a respeito da lista da morte, só quem pode nos dizer é o visionário. Mas existe um padrão, sempre existiu.

Helena voltou a encará-la, agora seu olhar era um misto de curiosidade e tristeza.

—Existem certas regras que podem prolongar a vida dos sobreviventes. – continuou Marcela.

—E quais são essas regras? –Perguntou Helena.

**FLASHBACK READER ON**

Sentiu seu rosto queimar instantaneamente.

 

—O que ta acontecendo?  - Ela gritou incapaz de enxergar agora. – O QUE TA 

 

ACONTECENDO? ME AJUDA!

—A Primeira regra é que a morte vai buscar cada um dos sobreviventes de maneira cruel e seguindo algum tipo de padrão, para descobrir o padrão precisamos do visionário.

O corpo da mulher convulsionava numa poça de sangue, pele e cabelos, derretidos e moídos, cuspidos pelas escovas duras do mecanismo da máquina.

—Mas há uma maneira de interferir, se a pessoa for a próxima a morrer e for salva... Automaticamente ela vai para o final da lista. Salvando-se temporariamente da morte.

— Kátia, ela batalhou até... -Ed começou a dizer quando foi interrompido.

 

—E eu continuo batalhando. – Débora disse, rindo aliviada. Alguém escapou da morte.

—Como assim temporariamente? – perguntou a garçonete para Marcela.

—Como eu disse, ela vai para o final da lista, não para fora dela. É só uma Questão de tempo pra que seja a sua vez novamente.

Helena mantinha uma expressão de puro pânico no rosto – Então, não há uma saída definitiva? 

—Sim, Eu já estive na lista da morte antes e durante o período de sobrevivência pesquisei junto com Ricardo e nosso amigo uma maneira de destruir a lista da morte uma vez por todas – Marcela mantinha os olhos fechados e uma expressão serena em seu rosto.- 

Durante as pesquisas descobrimos três métodos para acabar com a lista.

—O Primeiro método é o único que não envolve assassinato. – Marcela pode ouvir um segundo gritinho abafado de Helena. – Se uma nova vida for colocada no mundo pelas pessoas da lista, então, o esquema da morte se desfaz. 

—Você quer dizer... Um filho? – perguntou Helena. 

—Ou uma filha – respondeu Marcela, respirando fundo. Helena soltou um pequeno “ah!”,como se tivesse entendido que Lis rompera a com a lista.

— O segundo método é terrivelmente cruel e incerto. Se o visionário for morto por um dos sobreviventes, então a maldição é quebrada.

—Que bizarro! –Exclamou Mia – e qual o terceiro método? – perguntou.

—O Terceiro método é o mais egoísta e monstruoso de todos. – um arrepio passou pela nuca de Marcela e ela se lembrara de seu passado. - Uma alma por outra. Se um sobrevivente matar uma pessoa, a alma dessa pessoa será levada no seu lugar e ele escapa da morte.

Gustavo olhava para Diana, radiante. O rapaz segurava um facão que tinha conseguido, roubando da loja de ferramentas abandonada... Ela viu os locais onde 

Gustavo tinha atingido Lucas.

—O que você fez?

—Foi só o facão... Eu não sabia o que estava fazendo, só queria te resgatar, Diana.

**FLASHBACK READER OFF**

30/12/2015 - 09:46am

 

Little darling, it's been a long cold lonely winter

Little darling, it feels like years since it's been here

Here comes the sun, here comes the sun

Diana espantou-se com a música que vinha da televisão. A morena abriu os olhos lentamente até que sua visão ficasse confortável com a luz do sol que adentrava o seu quarto pela janela. Ao abrir os olhos definitivamente, Diana sentou-se na cama e continuou a assistir o filme que estava passando, era Bee Movie – A história de uma abelha. Diana adorava assistir animações infantis, quando era mais nova ela e seu pai deixavam um filme rolando sem som e brincavam de dublagem. Eram bons os velhos tempos.

Toc, toc, toc. Alguém batera na porta.

Diana verificou se estava decentemente vestida.

— Quem é? – seria uma pergunta idiota se estivesse em sua casa, mas estava na casa de um amigo, então não havia nada estranho em perguntar aquilo.

— O bicho-papão é que não é – Diana reconheceu a voz de Gustavo e pediu para que ele entrasse. – Eu só vou poder entrar se você abrir a porta pra mim – a dubladora levantou-se desconfiada, seguiu até a porta e a abriu.

Gustavo estava parado diante dela com uma bandeja.

—Surpresa! – Gustavo tinha preparado um café da manhã para Diana, com direito a frutas, pão de queijo, suco e até mesmo torradas com creme de chocolate com avelã. – 

Espero que você tenha acordado faminta. 

—Nossa! Isso é maravilhoso – Diana estava encantada com o mimo, mas ela sabia que o amigo apesar de ser uma pessoa muito gentil, nunca a tratou dessa maneira. A dubladora ainda tinha um sentimento confuso com tudo que acontecera, mas ela tinha certeza apenas de sua amizade com o loiro. -Guga, acho que a gente precisa conversar - Concluiu.

O sorriso no rosto do universitário vacilou, mas ele manteve a calma e tentou ficar tranquilo.

—O que aconteceu? – perguntou Gustavo.

—Nós... Quer dizer... Eu não sei – Diana passava a mão por suas madeixas, estava visivelmente confusa. – Eu não quero que tudo o que a gente construiu se estrague. 

—Diana, você realmente quer que prove o que eu sinto por você?  

—Não é isso, Gustavo, eu quero ter certeza se é exatamente isso o que eu quero, mas antes eu preciso ter certeza que você também quer... Ai, meu Deus, eu nem sei mais o que eu tô falando. – a morena estava sem ideia do que fazer.

— Eu sei que é muita informação pra assimilar, eu também estou confuso com tudo que ta acontecendo, mas eu tenho certeza de uma coisa... – o rapaz segurou a mão da dubladora. - ...eu tenho sentimentos por você, eu não sei o quão forte ele é, mas ele existe.

—Eu só não quero que nossa amizade estremeça se o que acontecer não der certo. – disse 

Diana olhando nos olhos do loiro.

—Eu prometo que vou sempre estar aqui – O rapaz pousou a mão sobre o coração de 

Diana.  – Sempre serei seu amigo. – concluiu sorrindo.

Apesar de se controlar para não chorar, Diana se emocionou com a cena e o abraçou.

***

Diana estava na sala de estar assistindo novela com Dona Lyra e a senhora estava completamente indignada com o fato de todos os personagens indianos falarem português.  

—É simplesmente ridículo, você não acha?! – reclamou – foi a mesma coisa naquela novela com os gregos, todo mundo fala português, todo mundo entende todo mundo. É sem nexo.

 -A senhora tem razão, é logico que eles fazem isso pra não dificultar as coisas, mas até que ponto vai... – Diana ajeitou-se no sofá para argumentar -...você comprometer a sua história por detalhes técnicos? 

—Bom, o trabalho deles é justamente achar esse meio termo. 

—Realmente... – concordou Diana – ...Ter todos os personagens poliglotas não é a melhor solução. –completou.

—Uau, nunca tinha visto duas pessoas discutindo isso tão seriamente. – disse Gustavo entrando no recinto. 

Diana deu de ombros e dona Lyra deu língua para o filho, que deu uma risada.

—Onde você vai todo arrumado?  - perguntou Dona Lyra.

—Comprar comida – respondeu -  precisamos comprar o máximo de coisas antes que tudo saia do controle e comecem a saquear.

—Mas a dispensa está cheia – Questionou.

—De alimentos com duração em longo prazo, estamos precisando de leite, suco e água. -Gustavo respondeu rapidamente.

—Você vai a pé? – Perguntou Diana ao lembrar que o carro de Gustavo havia sido danificado por um infectado. Pela expressão de duvida em seu rosto ela percebeu que o rapaz só tinha se dado conta disso nesse momento.

—É o jeito, né?! – Falou erguendo os ombros. Diana respirou fundo, olhou no fundo dos olhos de Gustavo e abriu um leve sorriso. 

—Vai na Tina. 

—O que? 

—Vai antes que eu mude de ideia. – disse Diana – Ah...Cuidado! Você sabe o quanto vocês significam pra mim. – completou sorrindo.

***

Gustavo pedalava Tina com o maior cuidado do mundo, evitando qualquer tipo de buraco, poça d’água e até mesmo rachaduras na calçada. O rapaz estava voltando pra casa com duas garrafas de leite, um de suco e quatro de água, todos os itens estavam em sua mochila de viagem. O universitário estava se sentindo extremamente feliz, sua situação com Diana estava definitivamente indo bem. Ela lhe emprestara o seu bem mais precioso, seria como se ele pedisse para que ela usasse sua correntinha.

Um arrepio atingiu a nuca do rapaz, ele olhou para trás e não viu a pedra que estava a sua frente.  A Bicicleta tombou para lado, levando consigo Gustavo e sua pesada Mochila.

—Mais que MERDA! Puta que pariu! – esbravejou e levantou se limpando, a roupa do rapaz estava suja de grama e carrapicho.  – A BICICLETA! – Gustavo rapidamente correu para ver o que tinha acontecido com a bicicleta e ficou sem reação. A Correia da bicicleta estava arrebentada, além de vários arranhões da pintura. – O Universitário estava completamente sem noção do que fazer, mas com certeza Diana iria dar-lhe uma leve bronquinha e tudo iria terminar bem.

***

—Emily, por favor, traga-me um analgésico, Por gentileza. – pediu Marcela pelo interfone à nova estagiária. 

Em alguns minutos a moça já estava entrando em seu escritório trazendo uma pequena bandeja contendo um comprimido de analgésico e um copo de água. A garota depositou a bandeja sobre a mesa de Marcela. – Mais alguma coisa, Senhora? – perguntou.

—Sim! Não me chame de “Senhora” ok?! – disse-lhe sorrindo.

A garota pareceu levemente confusa.

—Pode me chamar de Marcela, Marcy, Mama... Menos de “Senhora”, estamos entendidas? 

—Tudo bem, Senh...Marcela – disse Emily.

—Emily, você saber por onde a Amy está? – Marcela estava ligeiramente preocupada com sua funcionaria, afinal, a cidade estava com um clima tenso no ar e mais vazia do que de costume, depois do inicio da quarentena só havia grande movimentação quando ocorria uma onda de ataques.

—Ela me disse que ia entrevistar uns moradores de rua. – respondeu rapidamente.

—Uau, interessante. É uma visão diferente, espero que ela consiga. – a editora-chefe lançou um largo sorriso para Emily. – Lily, por enquanto é só isso, se precisar de mais alguma coisa eu interfono, okay?! 

—Okay.- disse Emily saindo do escritório e voltando ao trabalho.

Quando a estagiária saiu de seu escritório, Marcela rapidamente puxou seu celular e mandou um SMS para Julio.

“Encontre-me na alameda da tormenta, Nº618, apartamento 06.”

***

Dona Lyra fora tirar um soneca e deixara Diana assistindo um filme. Ela estava concentrada no filme adolescente que estava passando na Sessão da Tarde. A morena tinha uma verdadeira fascinação em descobrir os erros de dublagem nesses filmes. 

E a dubladora levou um susto quando Gustavo entrou pela porta da frente da casa, trazendo a bicicleta consigo.

—O QUE VOCÊ FEZ? – A Dubladora rapidamente notou os arranhões e a falta da correia em sua bicicleta.

— Não foi culpa minha! – Gustavo defendeu-se

Diana puxou a bicicleta da mão de Gustavo com brutalidade e a analisou minuciosamente.  Vários Arranhões, pneu dianteiro furado e além de – obviamente - o fato de sua bicicleta não ter mais uma correia. 

—CADÊ A MERDA DA CORREIA? – A morena estava completamente enfurecida. 

—Você PODE PARAR DE GRITAR? 

—NÃO!!

—Não grite comigo, está aqui é a MINHA casa, PORRA!! – O loiro falou impensadamente e rapidamente tampou a boca, como quem quisesse impedir que mais alguma palavra fosse proferida, mas era tarde demais, os olhos de Diana estavam irritados e cheios de lágrima.

—Gustavo, eu não quero que você olhe na minha cara NUNCA mais, você ta me ouvindo? – falou com uma voz firme, porém embargada devido ao choro. – Ah...e não se preocupe, eu estou deixando a SUA casa hoje mesmo. – a jovem seguiu até o quarto onde estava e bateu a porta. Gustavo estremeceu.

***

Após sua briga com Diana, Gustavo deixou um pequeno bilhete em cima da bicicleta da moça, pedindo para que ela esperasse a sua volta e que ela não iria se arrepender. O universitário esperava que aquilo fosse funcionar, pois tinha acabado de pegar o metrô para o centro da cidade para consegui uma correia daquele modelo.

Gustavo notou que a cidade realmente estava mais vazia, o metrô nesse horário costuma ser extremamente lotado e desconfortável, mas no dia de hoje ele estava silencioso e sombrio.

***

 30/12/2015 – 8:00pm

O banheiro do apartamento de Lola cheirava a lavanda e hortelã, era sem duvida o cômodo mais extravagante do apartamento. A Jovem gostava de conforto e luxo, portanto, uma banheira com hidromassagem não iria ficar de fora, mesmo ela sendo um presente de um ex-namorado. De vez em quando Lola ria sozinha lembrando-se das loucuras que aconteceram nessa banheira. 

A loira havia acabado de sair de um relaxante banho de espumas, onde deixara seu cabelo preso em uma toca de banho para que ele não molhasse, já que a atriz iria fazer um retoque na sua escova e precisava do cabelo seco para a chapinha. 

Oh oh oh oh oh oh I'm in love with Judas, Judas

 Oh oh oh oh oh oh I'm in love with Judas, Judas

O radio estava tocando um dos CD’s favoritos de Lola, o Born This Way, a atriz rebolava em cada batida da musica, dançar nua era uma de suas maiores paixões, ainda mais quando se tem um espelho indo do chão ao teto para se observar. Lorelai nasceu daquela maneira, exuberante, gloriosa e se orgulhava disso. A jovem se assustou com o toque do celular.

Atendeu e colocou no Viva-voz.

—Alô, Alô, Graças a Deus!! – atendeu já caindo na gargalhada.

—Você é muito besta, Garota – disse o garoto no outro lado da linha.

—Digão, eu acho que finalmente achei a garota certa pra você – falou enquanto analisava suas pernas no comprido espelho a sua frente.

Diego – ou Digão, como Lola gostava de chamar  -  é um grande amigo de Lola, ela o conheceu em uma de suas ultimas peças. A aproximação foi bem repetina  - O que Diego já disse pra Lola ser algo anormal para ele – os dois entraram em sintonia e logo o rapaz a convidou para que ele participasse de sua primeira produção independente, a atriz adorou a ideia e aceitou logo de cara.

—Você não precisa mais procurar ninguém pra mim – disse satisfeito

—Sério? Você finalmente percebeu que tem uma forte libido por mim e vai me chamar pra um motel? 

—Definitivamente, não. – respondeu Diego.

Lola se sentara na beirada da banheira enquanto sua chapinha estava esquentando. As espumas em sua banheira ainda continham um aroma delicioso, Lola respirou profundamente para senti-lo.

— Então, se não sou eu, ou alguém que eu arranjei para você... – Fez uma pausa dramática - Quem é a louca que você sequestrou? 

Seu amigo caiu na gargalhada. - Você pensa que eu não tenho borogodó? 

—Ai, Jesus! – exclamou

—Sabe aquele aplicativo, o Tinder? 

—Aquele que eu já zerei? Sei – disse Lola enquanto verificava se a temperatura da prancha estava adequada. Perfeita, pensou consigo mesma. Pediu para que o amigo continuasse e assim ele fez.

—Pois é, eu tava tranquilo dando likes e deslikes quando vi a menina mais linda do mundo. – Lola pigarreou e Diego se corrigiu. – a SEGUNDA, garota mais linda do mundo. Ela é simplesmente maravilhosa. Nós conversamos uma madrugada inteira. Ela é estudante de moda, estava procurando até um estágio na Falcon Magazine.

—Uau – exclamou Lola.

— O que foi?

—Pra uma pessoa que tem problemas pra se relacionar... Você já sabe de toda a vida da menina. – A loira começou a alisar seus cabelos, penteado e alisando mecha por mecha.

—Ah...é que ela é...

—Maravilhosa?! 

—Exatamente! – o rapaz concordou rindo. – Sai com ela e já marcamos e já marcamos um segundo encontro para sábado.

—Eu estou impressionada com você  - A loira apoiou a chapinha ao seu lado na borda da banheira e bateu palmas. A prancha balançou.

 In the most biblical sense I am beyond repentance

Fame, hooker, prostitute wench vomits her mind

But in the cultural sense I just speak in future tense

Judas kiss me if offenced

Or wear ear condom next time

— Ai! – Lola foi rápida o suficiente para segurá-la antes que ela caísse na água.

O interfone tocou.

— O que foi? – perguntou Diego ao telefone

—Nada, foi só o interfone, ligo pra você mais tarde, beijocas.

—Beijos – despediram-se e a atriz foi atender ao interfone.

***

Marcela estava sozinha no escuro apartamento da rua das tormentas.  Ouviu passos do lado de fora. Ouviu duas batidas em sua porta. 

—Pode entrar – disse Marcela secamente.

Julio abriu a porta e tentou enxergar alguma coisa em meio a escuridão, o homem tateava a parede procurando um interruptor. 

—A luz daqui foi cortada há algum tempo, nem adianta procurar. – Falou Marcela encarando o céu próximo a janela. – Então, Julio, o que você descobriu sobre a lista?

—Você quer mesmo saber? 

—Eu faço questão de saber o real motivo de você voltar com essa história de novo. – 

Marcela virou-se para Julio. A luz da lua deixava seu rosto mais sombrio do que de costume. – Eu também preciso te contar uma coisa depois.

Cork's off, it's on

The party's just begun

I promise this

Drink is my last one

—Sacrifícios – disse Julio bruscamente.

—Como assim? – Marcela olhava-o intrigada.  

—Esse é o motivo pra que várias das listas que apareceram em nossas pesquisas não coincidirem com os relatos. 

—VOCÊ QUER MESMO QUE EU ACREDITE NISSO?? – Marcela berrou, o que surpreendeu o amigo.

—Calma, Marcela. É Verdade! – argumentou Julio – você precisa me ouvir – insistiu.

—Eu já te ouvi por vários anos, mas você enlouqueceu!!! Você me deixou assim, Julio! – A voz de Marcela estava embarcada.  – Eu preciso te contar uma coisa. 

—O Que foi, Marcy? – disse se aproximando.

—Não foi a gravidez da Lis que me tirou da lista, fui eu mesma!! 

—O que você ta dizendo? – Julio estava tentando assimilar as palavras da amiga – Marcy, O que você fez?

—Eu matei uma pessoa.

 **FLASHBACK ON**

O Enquanto prendia o seu cabelo com um perfeito rabo de cavalo, Marcela tinha os olhos cheios de lágrimas e de dores. Os últimos acontecimentos passavam pela sua mente como explosões em um filme do Michael Bay. A Morte de Cassandra, uma de suas melhores amigas, acontecera há algumas horas. Sua amiga não deveria ter morrido. Se tivesse prestado atenção nos sinais... Aquela maldita ponte. Mas a culpa não era da ponte ou de Marcela, havia apenas um único culpado de tudo que estava acontecendo.

***

— O que você está fazendo aqui, garota insolente? – O velho brandou quando viu que Marcela estava parada na porta de seu escritório. 

A Jovem vendedora foi na surdina até a casa da família Falcão. Sabendo que seu namorado não estaria lá e como ele lhe deu uma cópia das chaves para eventuais emergências, Marcela achou que essa era oportunidade perfeita para tirar tudo a limpo com o pai de Ricardo.

—Eu sei que foi você! – Marcela disse sem pestanejar.

—Do que você ta falando, sua louca? 

—O incêndio no camelódromo, foi você, seu MONSTRO!!! – a angustia de Marcela estava transparecendo em seus olhos que começaram a lagrimejar.

—Você não tem provas, menina tola... – o monarca levantou-se com uma arrogância impar e se aproximou de Marcela, de maneira que ela podia sentir sua respiração – Saia da minha casa. AGORA!!

— NÃO!!! -A vendedora sentiu seus pulmões explodirem e a respiração de Augusto ficar mais forte, o homem estava com o rosto vermelho parecendo um tomate.Stap! Marcela sentiu a mão de augusto atingir seu rosto. A moça não aguentou e se pôs a chorar levando a mão ao rosto.

—Quem você pensa que é? – Augusto disse impaciente – Você entra na minha casa pensando que vai falar o que quer? Você quer enfrentar a mim? – completou soltando uma risada quase que maquiavélica.

Marcela se apoiou na escrivaninha, sentiu sua mão pousar sobre um objeto metálico e pontiagudo, mas tudo o que pensava agora era em parar de chorar.

—Eu sou Augusto Falcão, dono de uma das maiores metalúrgicas desse país. O Ricardo já me deu muito problema com essa mania de... –  a palavra segurou-se em sua língua – independência. – conseguiu dizer em tom de deboche. – Mas de todas as coisas que ele inventou – disse rindo. – Você foi sem duvida a mais estupida!

—Foi você, não foi? Você colocou fogo no camelódromo! Eu sei de tudo!! – disse entre soluços.

Augusto soltou uma risada maligna e debochada.

—É claro que fui eu – aproximou-se da jovem e continuou falando ao pé do ouvido – Eu precisava acabar com a caipira que queria usar o meu filho.

Cada pensamento amargurado e cheio de rancor que Marcela sentira nos últimos meses foi saindo de dentro dela. Sua frustração com todas as humilhações que sofrera na vida, a tristeza com a partida de todos os conhecidos que já haviam morrido e sua fúria com o causador de toda aquela confusão – Todos os sentimentos que reprimia extravasaram-se em uma fracção de segundos. Tudo aconteceu muito rápido. A vendedora sentiu sua mão apertar o que ela viu ser um abridor de cartas e o virou rapidamente contra o velho carrasco. Um jato de sangue lhe atingiu no rosto e só então se deu conta do que fizera. Augusto estava ali, na sua frente, caindo de joelhos no chão e morrendo lentamente. Marcela não se deu nem ao trabalho de se mexer. Observava-o perder a vida sem nem ao menos piscar. Em poucos minutos o velho já estava sem vida, com um olhar de terror e espanto estampado em seu rosto. 

Marcela foi tirada de seu devaneio ao ouvir um barulho vindo da cozinha – Deve ser um dos funcionários – pensou consigo mesma. Rapidamente se dirigiu a porta do escritório, andando com muito cuidado para não pisar na enorme poça de sangue que estava se formando próximo aos seus pés. Antes de sair, Marcela voltou e apanhou o abridor de cartas que estava caído próximo ao corpo. 

—Sem a arma do crime não há provas – sussurrou ao ouvido do velho e esboçou um leve sorriso.  

**FLASHBACK OFF**

Foi você – Julio estava incrédulo. – Você matou o pai do Ricardo! Mas, Marcy, Por quê?

Marcela soltou uma gargalhada. 

—A Culpa foi sua, VOCÊ me mostrou essa opção, VOCÊ me deixou com medo. – 

Marcela abriu a gaveta de uma estante estava próxima a janela e sacou uma GLOCK 18, com um silenciador na ponta. Apontou a arma para o amigo e continuou – Adivinha só uma coisa... Eu estou na lista de novo. Me desculpa, Julio.

 

I know I fucked up again

Cause I lost my only friend

God forgive my sins

A bala saiu silenciosa como a noite e atingiu Julio no lado esquerdo do peito. Marcela guardou a arma em sua bolsa e aproximou-se do corpo do seu amigo.

—Me desculpe, Julio, mas você é a maldição da minha vida. – a morena beijou a testa do amigo e seguiu para a estação de trem. Como não podia ser reconhecida por ali, achou melhor deixar seu carro em outro bairro e seguir de metrô até o apartamento, nesse horário a estação deveria estar vazia, ninguém ira vê-la por ali.

***

Gustavo pegara no sono, o rapaz acordara assustado, olhou o mapa de localização que indicava por meio de luzes sua localização.  Aquela era a ultima estação, duas paradas de onde deveria descer. 

—Merda! – Exclamou em voz alta, havia passado uma estação, teria agora que atravessar a estação e esperar o trem de volta. O Rapaz se levantou e ficou próximo a porta.  O loiro olhou em volta e viu que estava sozinho no vagão. No assento próximo a porta, Gustavo viu uma bela rosa amarela “como ela aparecera ai? “ pensou consigo mesmo. 

O Rapaz pegou a flor e pensou em Diana, talvez fosse o destino querendo lhe dizer alguma coisa.

Quando o veículo chegou e as portas se abriram, Gustavo sentiu um vento frio percorrer sua espinha. Desta vez ele não olhara para trás, respirou fundo e seguiu até o outro lado da estação vazia a espera de outro trem.

Little darling

I feel that ice is slowly melting

Little darling

It seems like years since it's been clear

Gustavo olha impaciente para o túnel, esperando o veículo. Sentiu novamente aquele vento frio e pensou em ter ouvido alguém chamar o seu nome, mas então percebeu que se tratava do zumbido de uma abelha. O rapaz tapeou o ar  tentando livrar-se do inseto, mas não fora suficiente, a abelha parecia determinada a atacá-lo.

O Loiro começou a fazer movimentos que lembravam  um ninja, estava se divertindo com a situação.  Gustavo deu um passo em falso e caíra no trilho do trem.

—Merda! – exclamou de dor, olhou para seu pé, estava em uma posição estranha. Ouviu passos, alguém estava na estação. Tentou mover-se, mas seu pé doía muito, mesmo assim o rapaz forçava-se para ficar de pé, em vão.  Gustavo arrepiou-se, porém seu arrepio não foi causado por um vento frio, mas sim por uma luz. A luz que se movimentava pelo Túnel. –SOCOOOORRO!!! – Gritou e ouviu os passos se apressarem. Uma mulher morena e de olhos claros apareceu.

—Rápido... Segura a minha mão!  - Disse a mulher. Gustavo juntou forças e se pôs de pé.

O trem se aproximava.

15 metros.

Gustavo segurou a mão da morena.

11 metros.

Gustavo tomou impulso para subir.

7 metros.

A mulher o puxava com força.  Seu tronco já estava de volta ao nível superior.

3 metros.

Gustavo soltou um sorriso ao lembra-se de Diana.

Here comes the sun

Here comes the sun

 

And I say

It's all righ

***

30/12/2015 – Cabo da Praga, 08:13pm.

Marcela Puxava-o com força,  o tronco do rapaz já estava no nível superior. Marcela fechou os olhos e o puxou mais uma vez. Conseguiu! Ao abrir os olhos viu o belo sorriso do rapaz e só então se deu conta do que acontecera.

O trem passou levando embora metade do corpo do rapaz.  Olhou em volta e viu que estava coberta de sangue, assim como boa parte do piso a sua volta. Próximo a ela, agora respingada de sangue, estava uma rosa amarela.

Tudo que Marcela mais temia aconteceu. Um segundo a mais e tudo estaria bem. Por que isso estava acontecendo? Mais uma vez seu carma feriu outra pessoa. O ciclo continua.

“Dizem que a vingança é doce; à abelha custa-lhe a vida”. 

— Carmen Sylva


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Notas finais do capítulo

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