Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 13
Capitulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Espero que gostem.
Esse capitulo é especial para RAFARIGGS2002, uma linda, possessiva e muito ciumenta amiga. Te adoro viu sua pequena mimada. Foi a primeira a lembrar do meu aniversário e ficou me dando parabéns vários capitulos hahahaha Obrigada por ser linda comigo. Esse capitulo é seu.



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Pov – Hannah

Depois do reencontro emocionante de Beth e sua família pegamos a estrada. O caminhão de bombeiro não dura mais do que o suficiente para deixar Atlanta. De outro modo não poderíamos deixar aquele covil de zumbis.

Descemos todos, Brook caça Daryl com o olhar. Ele está varrendo os quatro cantos da estrada com os olhos para garantir a segurança. Todos parados em um quase círculo sem direção. Para onde? O que vem agora?

Brook se encosta em minha perna. Agarrada a sua boneca e com Daryl de volta a seu lado tudo parece razoável para ela.

─Temos que tomar uma decisão. – Rick avisa passando a filha para os braços de Beth, eles trocam um sorriso e vejo como ela é querida. Além de linda. Tem um ar doce e quase infantil, não me admira que Daryl tenha movido o mundo para resgata-la.

─Por que não tentamos voltar para a prisão? Limpamos uma vez. Podemos fazer de novo e reerguer as cercas. – Carol propõe. Rick nega.

─O tanque explodiu boa parte das paredes, o prédio com certeza deve estar condenado, se não caiu, pode cair a qualquer momento e não vai ser sobre nossas cabeças. – Rick a avisa. Carol concorda sem discutir.

─Richmond. – Beth diz como se lembrasse de algo. – Noah me explicou como chegar. Era para onde ele gostaria de ir. Onde sua família está. Quando ele deixou o lugar com o pai para procurar um tio eles tinham muros e alguma segurança. Pode ter resistido. Eu gostaria de fazer isso por ele. Encontrar sua família. Contar como ele foi forte e também acabar com a espera. – Os olhos dela entristecem. A irmã aperta sua mão dando força.

─Richmond, Virgínia? Tão longe. – Sasha contemporiza. – E sem qualquer certeza?

─Estávamos indo para Washington. – Glenn olha para Eugene que baixa a cabeça ainda atordoado. Ele passou boa parte da viagem desacordado pela surra que levou de Abraham. – Se podíamos chegar lá podemos chegar a Virgínia.

─O que o Noah fez por nós não pode ser ignorado. Eu também gostaria de ir. – Maggie pede ainda ao lado da irmã que agora beija a cabeça do bebê Judith.

Rick e Daryl trocam um olhar. Sinto como a opinião de Daryl é importante para Rick, os dois são conectados, todos são fortes, mas sinto que as decisões e o peso delas está sempre sobre os ombros deles.

─É pelo menos um foco. Se algo surgir no caminho, se acharmos qualquer coisa que faça valer a pena parar então paramos. – Daryl concorda. Duvido que dissesse não a sua querida Beth. Ganha dela um largo sorriso de gratidão e algo em mim reclama. Desvio meus olhos para minha pequena.

Não me pronuncio. Nenhum deles, nem mesmo Daryl se importa com o que penso, nem mesmo eu. Afinal eu dependo deles para absolutamente tudo. Só posso segui-los calada e rezando para mais tarde não ser muito alto o preço a pagar por isso.

─Bom. Então é isso. Vamos caminhar.

─Caminhar? É esse o plano de vocês? Caminhar atravessando praticamente dois estados? – Eugene parece horrorizado.

─Estávamos atravessando o país por você! – Abraham dá um passo em sua direção. Rosita que como sua mulher parece ser pouco capaz de conte-lo o segura. Brook se encolhe um pouco com o pequeno tumulto. – Agora atravessar dois estados não parece boa ideia?

─Devo dizer que em termos estatísticos não temos chance de caminhar até lá e chegarmos todos vivos. A chance é de...

─Eu quebrar sua cara e dar você como ração de zumbi na primeira chance. – Abraham continua. Agora Brook decide que eu não sou segurança o bastante para a ira do homem e procura a mão de Daryl.

─Se vamos andar então vamos andar. – É o discurso pouco articulado de Daryl que dá o primeiro passo pela estrada com os dedos de Brook entrelaçados aos seus. O restante apenas faz o mesmo e a viagem começa.

Fico pensando em como vou lembrar dela algum dia. Se foi o primeiro passo em direção ao inferno ou se foi o começo do fim do calvário. Uns metros depois, olhando Brook segurar ainda a mão de Daryl eu penso que não importa. Ela se sente bem ali, está tranquila como jamais esteve mesmo antes do mundo acabar e condeno mais uma vez minha irmã por ter de algum modo evitado essa amizade quando ainda podia ser apenas algo puro.

O calor está gigantesco, úmido como sempre. Não temos nada para nos alimentar, beber, é apenas os nossos passos constantes encurtando a distância entre o presente e nosso destino, seja ele qual for.

─Ela lembra você e Merle. – Beth diz juntando seus passos aos de Daryl. – Tão linda! – Toca os cabelos de Brook que em resposta dá a volta e troca de mão para se afastar da loura gentil.

─Está assustada. –Daryl se desculpa. Não sei por que. Brook não é obrigada a gostar de todo mundo. Começo a identificar essa leve implicância e temer seu significado. – Noah contou como foi forte. Fiquei orgulhoso.

─Sem aqueles dias todos em que ficamos sozinhos e me ensinou eu não teria conseguido. Quando acordei sem entender direito o que tinha acontecido, a primeira coisa que fiz foi perguntar por você.

─Quando cheguei ao ponto combinado eu vi o carro partindo a toda velocidade. Persegui o carro, persegui o carro por horas, até a estrada se dividir e então eu entendi que tinha perdido você.

─Eu sei que fez o que pode, todos fizeram, eu sabia que fariam. Obrigada.

─É isso, um ajuda o outro e assim chegamos aqui. – Ele diz sem desviar os olhos da estrada a sua frente. Eu logo atrás assisto a conversa sem conseguir desgrudar meus olhos dele.

─E agora você achou um motivo para seguir em frente.

─Achei. – Ele concorda. O bebê que caminha um pouco mais atrás nas costas do irmão resmunga. Um alerta parece despertar em Beth.

─Judy. – Ela diz antes de se voltar e caminhar para a garotinha. Daryl diminui um pouco os passos e parece me esperar, acerto meu passo com o dele. Nenhum dos dois diz nada. Só vamos caminhando lado a lado.

─Aquela igreja ficou cheia de monstros, você não estava lá caçador.

─Eu sei Brook. Agora eu não vou mais ficar muito tempo longe.

─Só pouco tempo?

─Só o bastante para conseguir comida e água. – Ele avisa e eu sei que não posso esperar que ele tenha o tempo todo um olhar sobre nós duas. ─ Michonne me disse que atirou sem medo.

─Não foi sem medo, foi por puro medo.

─Atirou. É o que importa. – Ele olha para mim, os olhos azuis são sempre cheios de mistério. Eu gosto de sua presença. Ela me arrebata de um modo que não consigo explicar. – Beth era considerada fraca, conseguiu mudar isso. Começou por dentro eu acho. Isso você já tem.

─Beth parece a coisa que mais te importa.

─As pessoas, não todas. Essas pessoas são a coisa que mais me importa. – Engulo em seco, se pudesse cortava essa minha enorme língua. De onde eu tirei que posso sair por aí acusando Daryl de gostar de alguém?

─Claro. São sua família.

─São a sua também. É melhor pensar neles assim.

Não respondo, ainda não acredito muito nisso. Não tenho certeza sobre nada dessa gente.

─Pessoal! – Carl chama parando de andar. Olhamos para ele. – Ali por entre as árvores na estradinha. Acho que é uma casa.

Todos buscam enxergar qualquer coisa por entre a vegetação de beira de estrada. Parece mesmo ser uma casa.

─Vamos. Precisamos de um lugar para nos organizarmos. Achar água e comida. Passar a noite e voltar a estrada amanhã.

Rick anuncia seguindo na frente. Toca o ombro do filho ao passar por ele. Carl quase pode sorrir, orgulhoso por seu achado.

─Tia a gente vai sentar? Meu pé está doendo.

─Vamos sim Brook.

Andamos uns bons minutos por dentro da mata. Saltando galhos e pisando na terra seca por conta do calor. Até que a casa surge. Rodeada por uma varanda de madeira. Com uma cadeira de balanço caída e alguns vidros quebrados.

Sem falar o grupo troca mensagens. Michonne e Sasha vão dar a volta. Rick e Daryl vão invadir pela frente. Daryl me manda ficar. Assinto com um pouco de medo do que pode ter depois daquela porta. Aperto a mão de Brook. Com o dedo indicador na boca peço a ela silencio.

Eles abrem a porta, esperam um momento e depois Daryl entre na frente. Fico com os ouvidos apurados. Atenta a tudo a minha volta e dentro da casa. Logo Rick surge fazendo sinal para entrarmos e me sinto aliviada.

Está tudo empoeirado, mas é uma bonita casa, sofás, piano, livros, uma longa mesa de madeira na cozinha, alguns quartos ao longo do corredor e dois banheiros.

Sigo até a janela da cozinha e dá para ver uma edícula com uma porta de madeira semiaberta.

─Precisamos de algo para fechar um pouco essas janelas. Quem sabe madeira? – Alguém passa por mim comentando. Brook se senta em uma cadeira na cozinha, está esgotada. Carol testa as torneiras, tolice achar que sairia água dali. Maggie remexe armários junto com a irmã.

Quem sabe ali não encontramos madeira para fechar as janelas? Galões para recolher água em algum rio. Ou mesmo um poço? Essas pequenas casas de apoio costumam ter ao menos ferramentas. Não se mora no meio da floresta sem nada disso.

Empurro a porta e saio pelos fundos. Sasha e Michonne acabaram de olhar os fundos, elas devem ter deixado a porta aberta depois de confirmar que está limpo de zumbis.

Atravesso os três ou quatro metros de terreno até a porta. Está forrado de folhas secas e gosto do som que pisar nelas produz. Empurro a porta que range envelhecida. Parece um pouco assustador.

Demoro a me acostumar com a pouca luz. Olho para o telhado e vejo algumas pequenas janelas no alto, a luz que entra por ali não é grande coisa. Tem algumas ferramentas penduradas num canto, um armário, alguns galões pelo chão, com e sem liquido dentro.

Uma mesa no canto ao lado do armário. Olho para o chão e vejo um possível poço, quase posso sorrir. Seria perfeito. Me aproximo da alça da tampa meio encoberta pela terra e algumas teias de aranha que começam a se formar.

Me ajoelho no chão para ganhar força e puxar a alça de ferro. Quando toco a alça fria sinto cheiro de terra e com ele o cheiro que nos impregna a todos, o conhecido cheiro da morte. Um arrepio percorre meu corpo e só então ouço o gruído comum a ele, o cheiro e som surgem junto com a mão podre e cinza que se estica em direção a minha ainda segurando a alça de ferro.

Salto para trás refreando um grito de pavor, me desequilibro caindo sentada quando meus olhos encontram os olhos mortos do corpo a se esticar em minha direção. É ou foi algum dia uma mulher. De perto parece sair de um filme de terror e se arrastar em minha direção faminta e impiedosa.

Me arrasto escorregando no chão de terra batida sem conseguir me colocar de pé. Apalpo minha cintura em busca da faca que trago comigo. Esbarro em qualquer coisa e ferramentas e panelas desabam criando um som estridente que se espalha pelo ambiente e atiça o zumbi. Ela se estica mais em minha direção e vejo sua perna presa sob uma pesada bomba de metal também enferrujada.

A ideia de que ela não pode me alcançar me acalma o bastante para tentar achar a faca presa a mim e agora coberta pela camiseta desgrenhada. Com os olhos encobertos por uma nuvem de horror eu assisto aquele corpo se descolar da parte da perna presa enquanto agora sem obstáculos ele se aproxima de mim.

Sem ter mais para onde me arrastar e com dificuldade de alcançar a faca em meu tremor desesperado eu tateio o chão em busca de algo para me defender. Uma barra de ferro surge entre os objetos espalhados e ergo aquilo sabendo que basta ser forte e acertar aquela face de dentes protuberantes e hálito de morte.

Quando ergo meu braço perto o bastante para acerta a coisa uma flecha atravessa seu cérebro e a máquina simplesmente para de funcionar caindo com os olhos ainda abertos sobre minha bota. Retiro o pé um tanto enojada. Mãos fortes envolvem meu braço me forçando a ficar de pé e só então reconheço Daryl a me encarar.

Seu assombro apenas reflete o meu e engulo em seco desejando que mais do que meu braço seja envolvido por ele.

─Hannah! Se feriu? O que veio fazer aqui sozinha? – Eu não sei reconhecer se é irritação ou preocupação, apenas sei que está atormentado e eu sem fala. – Está machucada? Mordida?

─Não. Madeira eu pensei em... vi o poço... ali... – Aponto meio descontrolada. Rick surge na porta com um facão de cabo vermelho na mão e parece se acalmar na medida que nos vê de pé. – Queria tentar... achei que não tinha nada. Desculpe, eu achei que estava limpo e quando me abaixei... – Desisto de continuar me explicando.

─Que susto me deu. – Ele ainda mantem uma mão em meu braço, a outra está nas minhas costas e eu não tenho consciência de mais nada além do calor delas sobre mim. Isso é vergonhoso e pisco sem saber como reagir.

─Está tudo bem? – Rick pergunta se aproximando, agora Glenn entra correndo. – Um poço?

─A garotinha está... – Glenn olha para Rick tentando levantar a tampa do poço, pelo seu esforço sem resultado da para ver o quanto fui idiota achando que podia fazer isso sozinha. O corpo da mulher caída ao meu lado com uma flecha atravessando seu cérebro deixa claro que ela também foi bastante idiota. – Eu não vou ser isca de zumbi novamente. – Glenn muda de assunto, Daryl se afasta de mim e depois de olhar em volta se junta ao grupo com uma barra de ferro. Me encolho mais num canto e juntos os três conseguem tirar a tampa.

Glenn tem uma lanterna e quando coloca sob o buraco podemos ver apenas agua limpa e pura. Fico aliviada. Gosto do sorriso nos rostos dos três.

─Ela está chorando. – Glenn me avisa. Brook. Pisco ao imagina-la assustada sem mim.

─Minha pequena. – Olho para Daryl. – Obrigada.

─Você estava dando um jeito. – Ele diz ainda de joelhos diante do poço. – Vai lá com ela. Acho que hoje todo mundo vai ter direito a banho.

Afirmo e corro de volta para casa. Brook soluça sentada ao lado de Beth. Quando me vê corre para meus braços.

─Pensei que tinha morrido tia Hannah! O caçador foi atrás de você e não te achou. Fiquei chorando muito.

─Ele me achou sim querida. Estava com ele agorinha. Desculpe. – Abraço Hannah, meus olhos encontram os de Beth que tem um sorriso leve no rosto. – Obrigada por tentar acalma-la.

─Brooklyn é linda! Achamos algumas latas de sopa, café solúvel e aveia. Vou ajudar a preparar. Vamos ter um pequeno banquete. – Ela se afasta. E penso que é bem difícil ter raiva dela.

─Se vai sumir é melhor levar a menina, ela chorar assim pode colocar todos em risco. – Carol me diz com os olhos um tanto frios. É bem mais fácil ter raiva dela.

─Pessoal água! – Glenn diz alto na porta da cozinha já trazendo um balde. Sorri tanto que me sinto de certo modo responsável por aquela pequena alegria e me faz bem. Tão bem que me distraio das palavras de Carol e me afasto com Brook.

Daryl vem pouco depois com dois baldes de água. Um em cada mão. Parece relaxado e bastante tranquilo. Abraham fechava as janelas com algumas vigas. Tyreese o ajudava.

─Um balde para cada uma. Tomem um banho e vamos comer. Amanhã recomeçamos.

─Obrigada Daryl. – Minha mão esbarra na dele quando tento pegar o balde, ele procura meus olhos, talvez tenha sentido o mesmo que eu. Uma leve tensão se instala. Desvio meus olhos.

─É pesado. Eu levo. – Não discuto, ele me deixa sempre meio atordoada. Sigo Daryl até o banheiro, ele deixa os baldes no chão e se retira rápido.

─Tia quero morar aqui. Tem água e comida. – Brook me pede e acaricio seu rosto.

─Vamos achar um lugar muito melhor que esse. Vai ver.

─Um lindo castelo tia? – Ela pergunta enquanto eu vou abrindo armários no banheiro sob a pia. Encontro algumas toalhas limpas, dois sabonetes e condicionador para cabelos. Um tipo de pequeno milagre, eu nem sei quando foi a última vez que estive diante de tais coisas.

─Estamos no paraíso mocinha. Vai ficar linda! – Ela me sorri. Economizo em tudo, todos merecem um pequeno conforto. Usa a toalha úmida de brook para deixar as outras para o resto do grupo. Já a água eu não tenho pena. São dois baldes e uso um todo para mim e o outro para ela. Sai um caldo marrom assombroso de nós duas.

─A gente tá sujona né tia Hannah?

─É querida. Agora vamos ficar bem limpinhas.

─E bem lindas.

Deixo meus cabelos soltos, os de Brook também. Ao menos essa noite tudo vai parecer melhor. Pena não termos roupas limpas. Depois do banho eu decido investigar nos quartos. Encontro uma camiseta azul de menino com um desenho do Batman para Brook. Ela faz careta, coloca mesmo assim, é tudo que encontro ali que sirva nela. Também acho uma camiseta para mim, é simples, verde escura e sem qualquer detalhe. Está limpa e aí reside sua beleza devastadora.

Quando finalmente nos juntamos ao grupo na sala em torno da comida sobre a mesa todos estão limpos, uma ou outra peça de roupas diferentes e quase parecemos outras pessoas.

Daryl ergue os olhos e se surpreende um pouco, eu sinto. Também fico surpresa por sua aparência mais saudável, a pele bronzeada não tem mais aquela camada de terra e sangue seco de corpos e corpos que ele derrubou.

Refreio a vontade de sorrir e apenas encaro a comida. Por alguma razão que desconheço me sinto no direito de comer tanto quanto os outros. Sem medo de ser cobrada por ela. Sem esperar ordem ou convite pela primeira vez desde que deixamos nossa casa fugindo dos mortos eu sirvo Brook sem um pedido.

A ideia me traz a memória o dia em que me rendi, quando aquele prato vazio em minhas mãos e os olhos abatidos de minha menina me obrigaram a ser o prato principal. Um nó surge em minha garganta e engulo a vontade de cair no choro.

Me sento com Brook um pouco mais encolhida. Ela devora a comida como se nada mais existisse. Me sacia apenas olhar para ela. Depois de terminar vejo as pessoas se ajeitando pela sala com cobertas e travesseiros dos quartos.

─Vamos ficar todos juntos. – Daryl surge ao meu lado. – É mais seguro. Nunca se sabe o que pode aparecer.

Ele tem duas cobertas nos braços. Assisto enquanto ele estica uma no chão próximo a uma janela.

─A gente vai dormir aqui caçador Daryl?

─Vão. – Ele avisa fazendo sinal para deitarmos.

─Vem tia, vem caçador. Eu fico no meio. – Brook se arruma no meio abraçada a boneca. Me deito e ele faz o mesmo depois de encostar a besta na parede. Brook se vira para ele de olhos fechados abraçada a boneca. Ficamos frente a frente. A sala escura e silenciosa. Meus olhos presos aos dele.

Perto demais. Intimo demais. Me sinto em família. Sua respiração chega até mim. Eu devia desviar meus olhos, fecha-los ao menos. Não consigo. Fico presa naquele olhar poderoso.

Daryl não diz nada, não me ajuda a superar aquele pequeno momento de fascínio. Mantem firme meus olhos enclausurados nos seus. Engulo em seco. Estou perdida. Me sinto dele.

Daryl Dixon toma algo de mim naquele momento de entrega muda. Algo que nunca mais será meu. O domínio das minhas emoções. A única lanterna que parecia iluminar levemente o ambiente se apaga e seus olhos sobre mim se escondem na escuridão. Eu os sinto, mas não posso vê-los, então com a certeza de que algo mudou eu adormeço.


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Notas finais do capítulo

Beijosssssssssssssssssssssssssssssssssss
Comentem!!!!