Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 65
Lambisgoia (Bônus 13)


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Espero que estejam bem.
Mais um capítulo. Espero que gostem. :)



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Eu sei que o Ricardo não gosta de sair muito de casa, mas sei que ele gosta menos ainda da ideia de mim e as crianças virmos até a cidade sozinhos e, além do mais, só viemos aqui para comprar as tintas dele. Eu sei que ele sempre gostou de pinturas e que fez questão de pintar um quadro para cada ano das crianças, mas agora ele e a Alien estão demais. Aquela lá mostra mesmo que é filha do pai dela. Ela desenvolveu tanto gosto pela pintura que tem dia que eles passam a tarde inteira na cabana. O Marciano é mais parecido comigo. Ele não liga muito para a pintura, prefere se entreter em coisas mais agitadas como jogar bola ou dançar ou brincar com a Astronauta. Aqueles dois não se desgrudam mais.

Se há 11 anos alguém me falasse que eu iria me casar com o, como minha cunhada costumava dizer, meu coroa, ser feliz e ter dois filhos lindos, eu não acreditaria, mas agora, vendo daqui o Ricardo tomando um sorvete com os filhos, a Alien sobre os ombros dele e o Marciano nos braços, eu não me imagino com outra vida. Demorou um pouco, mas eu domei esse Animal e ele se tornou o mais doce dos bichos. Eu sempre ouvi falar que o casamento com o tempo esfria, que o casal perde o interesse um no outro e tudo mais, mas não o meu. Se é que é possível, eu amo aquele idiota cada dia mais. E o sexo? Não posso falar que já me cansei dele, mas também não nos deixamos cair na rotina e sempre tentamos coisas novas. Nada muito extravagante, mas é sempre bom descobrir alguma outra coisa que eu não conhecia que ele gostava ou descobrir alguma coisa que eu gosto e não sabia que gostava. Somos um casal feliz.

Ou melhor, éramos um casal feliz. Eu estava muito feliz até ver uma puta lambisgoia ir ficar de papinho com o MEU marido. Aquela vaca não tá vendo a enorme aliança no dedo dele e as duas crianças não? O pior é que a vaca ainda parece bem mais nova que ele, dava quase para ser filha dele. Olha lá o descaramento! Segurou no braço dele! Ah, mas isso não vai ficar assim não, não quando aquele idiota ainda tem uma esposa bastante ciumenta.

Me aproximei como quem não quer nada e, só para marcar o meu território, agarrei ele pela nuca e o puxei para um beijo rápido. Foi meio difícil com as crianças no meio de nós, mas não me importa.

—Quem é sua amiga, amor? –Perguntei, enfatizando bem falsamente a palavra amiga.

—É apenas uma moça pedindo informação. É nova na cidade. –Ele falou, encolhendo os ombros um pouco.

—Talvez eu possa ajudar. Que tipo de informação?

A lambisgoia tinha uma voz de taquara rachada e não parava de tagarelar sobre como estava perdida e precisava encontrar a rodoviária, mas o mais “legal” era que ela não falava olhando para mim, mas sim para o meu marido. Eu me coloquei na frente dele e ele, felizmente, se tocou que era para me abraçar. Não foi bem um abraço já que o Zé estava no colo dele e a Alien nos ombros, mas ele apoiou o queixo no meu ombro e isso foi o recado suficiente para ela picar a mula dela para outro trouxa. Esse idiota aqui já tem dona.

—O que foi isso? –Ele sussurrou no meu ouvido, quando a lambisgoia foi embora.

—Preciso mesmo falar?

—Não conhecia esse seu lado, coelhinha. –Falou, me beijando o pescoço. Desgraçado! Isso é golpe baixo, ele sabe que assim me derrete.

—Eu não gostei daquela moça. –A Alien falou.

—E por que não, filha? –Perguntei.

—Não gostei do jeito que ela estava olhando para o papai. Vocês sempre dizem que não podemos conversar e tocar em pessoas que acabamos de conhecer, mas ela estava fazendo isso.

Eu mordi a língua para não rir e vi que o Ricardo também estava segurando o riso. Coitado do Pedro, ele vai sofrer na mão dela quando começarem a namorar. Mesmo o Ricardo negando, tudo indica que aqueles dois serão um casal.

—Posso comer outro sorvete, pai? –O Zé falou, de repente, e nos tirou de nossos devaneios.

—Pode, mas só mais um que ainda precisa caber a janta nessa barriga. Você pode ir comprar um sorvete com o seu irmão, Alien? –O Ricardo perguntou, colocando os dois no chão.

—Posso, pai. Posso pegar outro para mim também?

—Claro que pode, minha querida. –Ele falou, entregando uma nota de 20 para ela.

Ela pegou a na mão do Marciano e foram até o vendedor de sorvetes que estava a uns 20 passos. O Ricardo não parava de me olhar com um sorriso bobo no rosto. Estou com vontade de bater nele.

—Dá pra tirar esse sorriso da cara, garanhão? Não é porque uma merda de uma lambisgoia te deu mole que você precisa ficar se sentindo assim.

—Você sabe que eu só tenho olhos para uma lambisgoia. –Falou, me olhando da cabeça aos pés e, só então, percebi que o filha da puta me chamou de lambisgoia e dei um tapa no braço dele.

—Vou te mostrar quem é a lambisgoia...

—Eu adoraria. –Falou, se aproximando com um sorriso sedutor.

Eu daria uma resposta maldosa, mas as crianças voltaram e eu tive que segurar a língua. Não quero traumatizar muito os meus filhos agora. Então, por esse motivo, apenas me inclinei para ele e sussurrei:

—Espere até chegarmos em casa. Eu vou te fazer esquecer qualquer lambisgoia que possa querer te dar mole.

—Estou contando os minutos. Posso saber qual será o meu castigo?

—Contente-se em saber que será entre quatro paredes.

Ele me abraçou, novamente, me dando um beijo na nuca e correu para frente para ir junto com as crianças. Eu posso falar que não fico feliz com essas piranhas rodeando o meu marido, mas dá um orgulho de saber que é somente a mim que ele ainda deseja e olha como se quisesse comer viva, não que ele não vá comer hoje, mas eu preciso me fazer um pouco de difícil só para mostrar quem é que manda aqui, caso ele ainda tenha alguma dúvida.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem vossa opinião.
Agradeço por lerem.
Um forte abraço e até mais!



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