Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 61
A Casa Precisa Ficar Pronta (Bônus 9)


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal! Tudo bem com vocês? Espero que sim.
Primeiramente, gostaria de me desculpar pela demora em atualizar. Tenho andado muito atarefada e com mil coisas para ler.
Esse capítulo é do ponto de vista do Moacir. Espero que gostem. :)



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O Ricardo e a Sofia devem ter titica na cabeça. Como eles podem me deixar com duas crianças pequenas, uma de 6 anos e o outro de quase 3, enquanto eu tenho que colocar a porcaria da janela na casa? Loucos, literalmente. Se bem que a minha filha não fica muito atrás não.  Ela e o João começaram a construir a casa deles, lentamente, há quase um ano, mas agora desembestaram de vez! Eles estão apressados para que ela fique pronta. Essas duas últimas semanas eu, o Ricardo e o João trabalhamos como escravos para suspender o segundo andar. Agora, o João e o Ricardo foram lá na loja para comprar a fiação para fazer a parte elétrica da casa, a Mariana está no trabalho e a Sofia foi sabe-se lá Deus para onde e me deixou os dois seres extraterrestres dela.  Ou eu bem coloco a armação para a janela ou eu olho os pequenos. Pelo menos, agora sossegaram um pouco. A Bianca está ensinando o alfabeto para o Zé e o obrigou a ficar quieto e prestar atenção. Essa aí puxou a mãe e o Zé ao pai, não tenho dúvidas disso.

—Tio Mo? –A pequena Bianca veio e se agarrou em minhas pernas.

—Que foi, Bianca?

—Bianca não, tio. Eu gosto de Alien! –É louca como os pais! Será que ainda continuará gostando desse apelido quando ficar mais velha e começar a namorar?

—Tá bom, Alien. O que aconteceu? Você não matou o Zé, não é?

—Não, ele dormiu.

—Dormiu?

—É. Eu tentei ensinar a ele como escrever as letras e ele dormiu.

Eu não aguentei e comecei a rir. A Bianca conseguiu cansar o pobre irmão a ponto dele dormir.

—Não ri, tio!

—Desculpa, Bi...Alien. Eu sei que você gosta de ensinar, mas o seu irmão ainda é muito pequeno e perde a atenção rapidamente. Deixe-o dormir um pouco.

—Tá bom. –Ela concordou, um pouco triste.

—O que você tem aprendido de interessante na escola? –Perguntei, para alegrá-la um pouco.

—Nada de diferente. Papai me ensina muito mais que a tia Débora faz. O Pedro que não consegue aprender.

—Pedro é aquele seu amiguinho, não é?

—É. Ele é muito legal, tio. Eu também estava ensinando ele, mas papai falou para mim não fazer mais, que quem tinha que ensinar era a tia da escola.

—Imagino que o seu pai fez. Mas você continua ensinando de qualquer jeito não é?

—Eu ajudo um pouco. A tia Débora sempre diz que é para a gente ajudar aos coleguinhas, mas o papai diz que não. Eu não sei quem eu devo escutar.

—Deve escutar a tia da escola. Seu pai fala isso porque só quer o seu bem, mas ele não entende que você ajudar o seu amiguinho também é um bem.

—Então eu posso continuar ajudando o Pedro?

—Pode e deve. Ele e aos seus outros amiguinhos.

—Não, só ao Pedro. Eu não gosto das outras crianças. –Falou, um pouco emburrada.

Eu apenas acenei com a cabeça e mordi minha língua para não rir. A Bianca é a mistura perfeita do Ricardo e da Sofia. Ela tem a impulsividade da mãe e a rabugice do pai com outras pessoas que ela não gosta. O Ricardo vai pagar sua alma com essa filha que ele tem.

—Tio Mo?

—Sim?

—É difícil prender a janela? –Ela perguntou, se aproximando para ver como eu preenchia o redor da armação com massa.

—Um pouco. É preciso ter atenção para que não fique torto.

—Isso parece chato.

—É um pouco, mas precisa ser feito, não é?

—É. Quando a casa da tia Mari vai ficar pronta?

—Eu não sei, mas acho que não vai demorar muito agora. A pior parte já fizemos.

Realmente nós fizemos o pior trabalho. Se considerar que levantamos o esqueleto de uma casa de dois andares, com dois banheiros, cozinha, sala e 4 quartos em menos de um ano, estamos muito bem.

***

Já havia se passado algum tempo. Eu terminei com a massa que eu estava e aproveitei para preparar um samduba para as crianças antes de virar mais uma para fixar a outra janela. Eles estavam comendo perfeitamente bem até o desvairado do pai deles entrar carregando uma pelúcia enorme de um boi preto e elas largarem tudo para olhar para o novo presente. Eu tenho até medo de perguntar.

—E isso seria? –Eu não aguentei e perguntei.

—É o Café. Gostou, Moacir? –Ele falou mais entusiasmado que as crianças.

—E quem seria o Café?

—O boi da Carla e o namorada da Mimosa.

—Isso é coisa daquela sua história louca de extraterrestres?

—É. Carla é a alienígena passista do Sambódromo que vive no Rio e café é o boi que ela abduziu como animal de estimação. Eles eram solitários como o Marciano e a Mimosa e foram morar com eles.

—Alienígena passista do Sambódromo, jura?

—É. Esqueceu que estamos fazendo uma volta ao mundo dos aliens?

—Impossível esquecer. De que cor é essa?

—Verde com o cabelo amarelo. Homenagem ao nosso país.

—Às vezes ainda me pergunto como você conseguiu casar, é sério, Ricardo, isso não é normal.

—Deixa de ser chato, Moacir. Isso é divertido escrever e desenhar. A Sofia também gosta.

—Outra louca. Tenho até medo de ver o que seus filhos irão virar quando crescerem.

—Até parece que a Mariana é muito normal.

—Não é, mas a loucura dela é controlada.

—Você reclama, mas não vive sem nós, velho. –Brincou, me abraçando e colocando um beijo na minha cabeça.

—Sai, peste. Eu não sou sua mulher pra você ficar me beijando assim. –Reclamei, empurrando ele.

—Por falar nela, onde está a Sofia?

—Saiu.

—Saiu?! Onde ela foi?

—Sei lá. Ela só falou que iria sair, mas não disse para onde.

—Isso é estranho. Ela nunca sai sem falar o que vai fazer ou para onde vai.

—Daqui a pouco ela chega.

Eu queria brincar com ele e falar que ela saiu para colocar um chifre bem arrumado, mas dado como ele é paranoico, eu mordi minha língua e engoli a piada. Eu teria um minuto de riso e algumas horas de um Animal reclamando e se lamentando no meu ouvido com suas inseguranças.

***

Eu realmente estava estranhando. Já era quase 8 da noite e a Sofia não deu nenhum sinal de vida, não ligou e não apareceu. O Ricardo está tentando parecer calmo para não assustar os pequenos, mas sei que por dentro ele está desesperado. Eu mesmo já estou preocupado. Até o João, que é um dos mais calmos, está agitado. Aí tem coisa.

—Ela não está atendendo, Moacir. Só dá desligado. Aconteceu alguma coisa. –O Ricardo sussurrou.

—Não aconteceu nada. Acalme-se, homem!

 -Ela nunca fez isso antes.

—Eu sei disso. É estranho, mas deve ter alguma boa ex...

Eu nem terminei de falar e a dita cuja entrou pela porta. O Ricardo deu uma de Titília e correu para recepcionar a mulher com um forte abraço que até a tirou do chão. Eu ainda escutava o resmungo dela para não apertar tanto.

—Não me culpe disso e não me pergunte nada. –Ela falou, indo para abraçar os pequenos.

—Sofia, por favor, amor. Eu estava preocupado. Você não pode sair assim sem falar nada.

—Ricardo, querido, não é o meu assunto para falar.

—Sofia...

—Pergunte para a Mariana. Eu estava com ela.

Com o nome da minha filha no meio eu me virei e me meti na conversa.

—O que tem minha filha? –Perguntei.

—Dois agora. –Sussurrou para si. –Olha, gente, eu não sei de nada. Não me comprometam e perguntem para a Mari, tá ok? Antes que me perguntem também, ela está lá no estábulo com o João. Chamem antes de entrar para que não vejam o que não querem ver.

A Sofia pegou os filhos no colo e sumiu para os quartos. Eu troquei um olhar com o Ricardo e concordamos, sem palavras, ir ver o que estava acontecendo. Assim que chegamos ao estábulo, paramos e prestamos atenção para ver se não tinha nenhum som comprometedor. Eu escutei o choro da minha filha, sem pensar duas vezes, corri para dentro e vi o João ajoelhado próximo a ela enquanto ela se debulhava em lágrimas. Ele fez alguma merda. Com esse pensamento, agarrei ele pelo colarinho e o joguei contra a parede. Estava me preparando para dar o soco quando a Mariana gritou:

—Para, pai!

—Não, Mariana. Esse merda te fez chorar. Eu avisei para vocês quando casaram. Ninguém machuca minha garotinha.

Eu fui com força total para dar o soco, mas o Ricardo segurou minha mão e, com esforço, soltou o João e me prendeu com os seus braços.

—Porra, me larga, Ricardo. Eu vou matar esse filha da puta!

—Ouça sua filha primeiro, seu idiota. –Ele falou, mas não me soltou.

Eu me debatia para me soltar, mas minha menina chegou perto de mim e segurou meu rosto entre as mãos. Ela ainda chorava, mas estava com um sorriso na cara. Quer merda está acontecendo?

—Pai, acalme-se e olhe para mim. O senhor vai ficar calmo se o meu tio te soltar?

Eu acenei com a cabeça e o Ricardo afrouxou os braços, mas não me soltou totalmente.

—O que esse filho da puta te fez? –Perguntei.

—Nada de mais, papai.

—Não minta para mim, Mariana.

—Ele fez uma coisa, mas eu acho que não é o que o senhor está esperando ouvir.

Eu virei a cabeça para olhar para o filho da puta, mas ele estava sorrindo e com os olhos cheios de lágrima. A Mariana fez sinal para ele e ele se aproximou e eles se abraçaram. O Ricardo apertou os braços para que eu não voasse no pescoço daquele desgraçado e esganasse ele.

—Papai, nós vamos ter um bebê.

Eu senti o Ricardo me apertar e colocar um beijo na minha cabeça. Eu ainda olhava para o casal sorridente na minha frente. Eu vou ser avô, é isso?

—Eu vou ser avô?

—Vai, velho. –O Ricardo falou e finalmente me soltou.

Eu caminhei para o casal. A Mariana abriu os braços para mim, mas o João se encolheu com medo, talvez, que eu o acertasse um soco. Sem pensar, eu puxei os dois para um abraço meio desajeitado e chorei junto. O Ricardo, em algum momento, foi embora e nos deixou sozinhos.

A Mariana me contou que havia passado mal e ligou para a Sofia, mas pediu para ela não falar nada para ninguém disso. Elas ficaram no hospital até terem a confirmação da gravidez. Agora entendo porque a casa precisa sair tão rápido. A filha da puta da minha filha e o filha da puta do meu genro já estavam desconfiados da gravidez e não contaram nada. Mesmo assim, eu amo esses idiotas.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem um comentário com a vossa opinião.

Agradeço por lerem e espero que tenham gostado.
Um forte abraço e até mais! :)



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