Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 60
Um Pai Ciumento (Bônus 8)


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal! Espero que estejam todos bem.
Uma festa de aniversário e um Animal descontente e ciumento. hehe
Espero que gostem. :)



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Faz pouco mais que 8 meses que a Alien está na escola. Ela se adaptou bem, mas o único amigo que ela fez, para o desespero do Animal, foi o pequeno Pedro. Eu levo e busco ela todos os dias e o Ricardo costuma vir junto, salvo raras ocasiões. Hoje, graças a Deus, foi uma dessas ocasiões. Eu estranhei assim que cheguei à escola. A Alien é sempre a primeira a sair, mas ela não foi. Aquilo já havia me alertado, fiquei ainda mais em pânico quando a professora dela veio andado até mim com ela atrás.

—Senhora Bittencourt? –Ela perguntou.

—Sim. A Bianca fez alguma coisa indevida? –Perguntei, olhando para a pequena que estava agarrando minhas pernas.

—Não, sua filha é um doce de criança. Ela não dá trabalho algum.

—Então há alguma coisa errada?

—Não, mas eu gostaria de ter uma palavrinha, se me permitir. Poderia me acompanhar?

—Claro.

Eu fui com ela até uma salinha, acho que da diretora dado o tanto de papel. A Alien ficou no parquinho, brincando com um garoto que, Desconfio eu, seja o Pedro.

—Você deve ser a mãe da Alien? –Uma mulher loira, devia ter seus 30, 30 e poucos anos, perguntou.

—Sou eu sim. –Falei.

—Eu vou olhar as crianças. –A professora falou antes de sair e me deixar sozinha com aquela mulher.

—Eu me chamo Jéssica, sou a mãe do Pedro. Ele fala muito da sua filha.

—Prazer, Jéssica. Eu sou a Sofia. Poderia ajudar em algo? A verdade é que ainda não entendo por que estamos aqui.

—Culpa minha. Eu pedi para a Débora para falar com a mãe da Alien. O meu Pedro é um garoto muito tímido. Ele não tem nenhum amigo além da sua filha. Ele tem problemas para interagir com as outras crianças.

—Até onde sei, minha filha também só tem ele de amigo.

—É por isso que eu queria falar com você. Amanhã ele faz 5 anos e esse fim de semana eu e o meu marido iremos fazer uma festinha, coisa simples para ele, como a sua filha é a única amiga que ele tem, eu pensei em convidá-la. Vai ser uma coisa simples. Alugamos um lugarzinho com cama elástica e umas mesinhas. Realmente não terá muitas crianças, apenas o Pedro e alguns primos dele. Seria bom se você pudesse ir e levar a Alien. –Ela falou, me entregando um envelope.

—Eu realmente agradeço pela oferta, mas preciso conversar com o meu marido primeiro. Não posso prometer nada.

—Claro, eu entendo. Eu também não falei com isso para as crianças para não criar falsas esperanças para eles. De todas as formas, nós ficaríamos felizes se vocês pudessem aparecer.

—Eu farei o possível para ir.

Nos despedimos, rapidamente e eu peguei a Alien e fomos para casa. Eu pensei em mil maneiras de como poderia falar isso para o Ricardo. Eu já imagino que a resposta dele seja não, mas seria legal ver a pequena com um amiguinho para interagir.

Assim que chegamos, ela correu e abraçou o pai e foi brincar com a Titília e o irmão. O Ricardo logo veio falar comigo.

—Muito trânsito hoje? Vocês chegaram 15 minutos mais tarde. –Comentou, depois de me dar um beijo de boas vindas.

—Não. A professora queria falar comigo.

Tá, escolhi as palavras erradas. Ele quase deixou cair o livro que estava segurando e ficou mais branco que o normal.

—Aconteceu alguma coisa? –Ele perguntou, assustado.

—Não exatamente.

—Sofia...

—A mãe do Pedro convidou a gente para o aniversário dele no fim de semana. –soltei a bomba e achei que ele fosse desmaiar. Ele ficou ainda mais pálido.

—E você disse não.

—Eu disse que iria pensar.

—A resposta é não. –Falou, irritado.

—Ricardo, será bom para a Alien ter outras crianças com quem contar.

—E também será ótimo dar entrada para essas pessoas se intrometerem na nossa vida. Se formos, fica implícito convidá-los na próxima festa que fizermos. Começaremos a conversar, começaremos a ir em eventos juntos, as crianças se aproximarão ainda mais e, quando nos dermos conta, eles não sairão de nossa casa e nem a gente da deles. Isso não me agrada nem um pouco. –Desabafou.

—Você mesmo falou, outro dia, que não temos amigos com filhos da idade dos nossos. Pode ser uma oportunidade.

—Seria, se o Pedro fosse uma menina. Eu não confio a minha garotinha perto de um garoto. Ele é quase um ano mais velho que ela.

Agora eu entendi: o idiota está com ciúmes. Senhor, dai-me paciência...

—Ricardo, pelo amor de Deus, não é? A sua filha tem 4 anos e o Pedro vai fazer 5. A única coisa que eles tem na cabeça é brincar. Ainda são novos demais para fazer outras coisas.

—Ainda. Não me agrada que ela seja tão próxima de um garoto.

—Ela ainda está acanhada por ser sua primeira vez na escola. Deixe eles aproveitarem. Talvez, no ano que vem, eles nem se vejam mais. Sabe como é essas coisas de troca de turmas e escola. –Falei, o abraçando por trás e colocando um beijo no pescoço dele como eu sei que ele tanto gosta. Eu sabia que ganhei quando ele suspirou e segurou os meus braços sobre o seu estômago.

***

—Você disse que teria poucas crianças. –Ele sussurrou quando chegamos ao local.

Eu olhei em volta. Era simples, uma mesa, enfeitada com algo que imagino ser a Liga da Justiça, com os docinhos e salgadinhos, algumas mesas e cadeiras dispersas e uma cama elástica. Tinha mais adultos que crianças, mas, mesmo assim, devia ter uns 12 a 15 pequenos, contando com a Alien.

—Sofia, fico feliz que veio! –A Jéssica veio nos recepcionar.

—Olá, Jéssica. Esse aqui é o meu marido, Ricardo, meu filho José Henrique e a pequena Bianca acredito que você já conheça.

—É um prazer conhecê-los. Meu marido, Jorge, é aquele ali perto da cama elástica. Assim que ele tiver um tempo, eu peço para vir aqui falar com vocês. Eu deixei uma mesa reservada, caso viessem.

—Agradecemos. Aqui um presente para o seu filho. –Falei, entregando o pacote embrulhado com o boneco de faroeste que compramos.

Ela agradeceu e nos levou até uma mesa, próxima a mesa dos salgados, e nos acomodamos.

—Eu preciso ir ver os outros convidados, mas, qualquer coisa, basta me chamar.

Assim que ela saiu, a pequena Alien , que não tirava os olhos do Pedro, pediu para ir até ele. O Ricardo fez uma carranca, mas eu lhe lancei um olhar e ele entendeu.

—Só fique onde eu possa te ver, minha querida. –Ele falou para ela.

Ela deu um beijo nele e saiu correndo para brincar com o pequeno e ele a arrastou para a cama elástica.

—Eu não estou gostando disso. –O Animal resmungou.

—Eles estão se divertindo.

—Mas estão em uma maldita cama elástica. A Alien só pulou poucas vezes numa coisa dessas.

—Eles estão bem, olhe para eles. Estão se divertindo lá. Além disso, o pai do Pedro está por perto supervisionando.

—E estão muito próximos um do outro.

—Não seja ciumento. Você vai ser sempre o pai dela, mesmo que ela tenha namorado.

—Ela só vai namorar com 30 anos, se depender de mim.

—Imagino que para o Zé será mais brando essa idade.

—Também será com 30. Eu vou querer os meus filhos sempre debaixo das minhas asas. E me dá o Marciano aqui. Meus braços estão muito vazios.

Eu ri e passei o nosso garoto para o colo dele. O Marciano está com pouco mais de um ano, mas é mais colento que a Alien foi. Imagino que eu deva essa culpa ao Ricardo. Desde que a Bianca foi para a escola, ele não larga esse garoto. Ele já está mal acostumado.

Eu apenas mordi minha língua para não rir e comecei a observar ao redor enquanto o Ricardo continuava com a sua carranca. Quando ele fica assim, eu sei que ele vai ser caladão ou soltar resmungos que eu não vou e nem pretendo tentar entender. A festa estava animada. Os adultos conversavam nas mesas e as crianças corriam ao redor, devem estar brincando de pique. Os dois únicos afastados eram a Alien e o Pedro. Eles não se desgrudavam. Era como se as outras crianças não existissem para eles. Eu sei que crianças costumam ser egoístas e nunca ou quase nunca dividem as coisas, mas aqueles dois dividiram cada docinho e salgadinho que pegaram e cada vez que faziam isso era um suspiro dolorido que o Ricardo dava.

—Aquele garoto está querendo conquistar minha garotinha. –Ele resmungou.

—Acho que está mais para a Alien conquistar ele. Ela que dividiu o primeiro pedaço do doce.

—Foi uma péssima ideia vir.

—Eu acho que foi uma boa ideia. Já viu como o Pedro não conversa com mais nenhuma criança? Acho que a nossa filha é a única amiga dele.

—Isso ou ele é um Don Juan mirim.

—Não seja ridículo! Ele tem apenas 5 anos.

—As crianças de hoje estão mais avançadas que pensamos.

—Ricardo, eles são apenas crianças e, se quer saber, eu acho que a nossa filha pode ser mais má influência para ele que ele para ela.

—A minha filha não é má influência para ninguém!

—Ela pode ser sim. Se ela me puxar, ela será. Eu era uma verdadeira praga nessa idade. Meu primeiro beijo foi com 6 anos.

—Quê?! –Ele quase gritou e me olhou como se eu fosse de outro planeta.

—Não banque o santo. Aposto que você também teve seus momentos assim.

—Meu primeiro beijo foi com 16 e eu espero, sinceramente, que a nossa filha tenha me puxado.

Depois dessa, calei minha boca. A festa seguiu bem. Cantaram os parabéns e cortaram o bolo. As crianças e os adultos se empanturraram de tanto comer até que estava ficando tarde e o pessoal começou a ir embora. Eu até queria ficar mais pela pequena, mas o Ricardo estava reclamando mais que o habitual e eu concordei em irmos embora.

—Querida, se despeça do seu amigo que precisamos ir. –Falei para a Alien.

—Já, mãe?

—Já. O seu irmãozinho ainda é muito pequeno e já está cansado demais. Precisamos ir para casa para ele dormir.

Ela estava um pouco triste, mas assentiu com a cabeça. Foi até o Pedro e deu um abraço e um beijo na bochecha dele. O Ricardo fez uma expressão que parecia que iria enfartar.

—Você viu aquilo, Sofia? –Perguntou entre os dentes e com uma expressão assassina.

—Vi. Ela puxou a mim.

Ele trancou a mandíbula para não falar mais quando a Alien veio para nós. O assunto na viagem de volta foi a Alien falando de como gostou da festa do Pedro. O Ricardo, fazendo jus ao seu apelido, soltava cada bufo que mais pareciam rosnados e resmungos de animais. Acho que irei escutar por um bom tempo que não deveríamos ter ido a essa festa. Pobre Bianca, ela nem sabe o que espera os futuros namorados dela.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem vossa opinião.
Agradeço por lerem.
Um forte abraço e até mais!



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