Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal! Tudo bem com vocês?
Dois capítulos em um dia, não é tão mal, hein? hehe
Espero que gostem. :)



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Desde que comecei com o tratamento dentário tenho me sentido mal. Tomei uma carga poderosa de remédios que acabou com o meu estômago. Tenho ficado meio enjoada e sem apetite. O que me consola é que o tratamento já está no final. Tinha três canais para fazer e algumas obturações. Eu também não iria sofrer sozinha e fiz o Ricardo entrar na festa. O desgraçado sortudo só tinha umas pequenas cáries e o tratamento dele durou 3 consultas.  O meu, já perdi a conta. Estou indo ao dentista 2 vezes na semana, praticamente.

Esse mês foi um pouco estressante. O meu pai e o meu irmão ainda estão um pouco cismados com o Animal, mas minha mãe já caiu de amores por ele, tanto é que ele e a coroa estão trocando receitas, eu mereço!

O João e o Moacir estão trabalhando duro na construção da estufa. Eles já montaram o esqueleto e telharam. Agora devem começar a colocar algumas janelas e as telas. Segundo eles, até mês que vem estará pronto. Espero que estejam certos, o Ricardo já está insuportável querendo que aquilo fique pronto logo.

—Que está tão pensativa, Coelhinha? –O Ricardo saiu para a varanda e me perguntou.

—Só pensando.

Ele se sentou ao meu lado, nas escadas, me puxou para o seu colo e me abraçou.

—Me conta, Sofia. Estou te achando estranha esses dias.

 -Não é nada, juro.

—Tem certeza?

—É só um pouco de enjoo.

—O que você comeu?

—Nada de diferente. Acho que são aqueles remédios que tomei que acabaram com o meu estômago.

—Mas você parou de tomar já tem um tempo, não é?

—Já.

—Isso é estranho. Quer ir ao médico?

—Por um estômago enjoado? Sem chance. Queria era saber quando vamos acabar nossa pintura. Estou morta de curiosidade para ver e você não termina.

—Toda vez que vamos lá você me seduz e eu perco o foco.

—Eu que te seduzo, não é? Acho que da última vez foi você que acabou cobrindo o quadro e se atirando para mim.

—O que posso fazer se a modelo é uma tentação?

—Ser profissional e terminar o quadro.

—Na verdade, eu tenho trabalhado nele esses dias que você esteve no dentista. Só mais uma vez, para eu capturar a luz no seu olhar e ajeitar uns pequenos detalhes, e acho que termino.

Eu levantei e o puxei comigo, o arrastando.

—Para onde vamos? –Ele perguntou.

—Acho que temos um quadro para acabar.

***

Passamos o resto da manhã lá na cabana, mesmo com a tentação grande, eu o obrigarei a terminar.

—Como está indo? –Perguntei.

—Quase lá. Só faltam alguns detalhes.

—Já estou cansada de ficar nessa posição.

—Se você tivesse cedido a minha ideia, estaríamos perfeitamente deitados no tapete.

—E o quadro, mais uma vez, inacabado.

—Tá, chata. Agora seja uma boa modelo e fique parada nessa posição, por favor.

Eu fiquei, ou pelo menos tentei, mas meu estômago se revirou e eu corri para a janela para jogar o que tinha na minha barriga para fora. Porra!

—Calma, coloca pra fora. –O Ricardo veio até mim, segurando meu cabelo e esfregando minhas costas.

Eu estava meio tonta, depois de vomitar, e o Ricardo me escorou até a cadeira.

—O que você tem?

—Eu não sei, estou tonta, minha cabeça está girando.

—Deve ser pressão baixa. Há quanto tempo você está sem comer?

—Desde o café. Pra falar a verdade, eu só tomei um gole de café puro.

—Aí está o problema! Se vista e vamos para casa que eu vou preparar um arrozinho com batatas para você.

Ele começou a recolher minha roupa e a me ajudar a me vestir, mas, na hora que eu levantei para vestir a calça, tudo ficou preto.

***

Eu acordei um pouco desnorteada com o Ricardo falando coisas que, sinceramente, eu não entendia.

—O que aconteceu? –Perguntei.

—Você desmaiou. Sofia, isso não pode continuar. Vamos para o hospital agora.

—Eu já estou melhor.

—Não, você não está. Há dias tenho te achado estranha, pálida. Você não tem se alimentado direito, acabou de vomitar e desmaiar. Preciso ver o que está errado com você.

Ele não deu chance para eu protestar e me levantou no colo. Mesmo eu reclamando que já estava bem e poderia caminhar, ele ainda me levou até a fazenda. Chegando lá, ele me colocou no carro e fez um estardalhaço para o Moacir dirigir até o hospital. Ele veio no banco de trás comigo, me abraçando e me olhando como se fosse chorar. Ele é meio melodramático, não é? Como nunca vi isso antes?

Chegamos ao pronto socorro e, depois de umas duas horas de espera, fui atendida por um médico. O Ricardo ficou puto que ele teve que ficar do lado de fora. O médico fez uma série de perguntas, fez um exame rápido e ordenou um exame de sangue. Ele disse que, dentro de umas duas horas, teriam o resultado e, se nada estivesse errado, eu estaria livre para ir para casa. Dessa vez ele permitiu que o Ricardo ficasse comigo.

—O que você tem, amor? –Ele perguntou.

—Aparentemente, nada, mas o médico pediu um exame de sangue só para comprovar. Terei que ficar mais um tempo aqui de molho

—Ficaremos o tempo que for necessário. Aqui, o Moacir comprou um biscoito para você.

Ele me entregou um pacote de biscoitos de água e sal. Não estava com fome e nem vontade de comer, mas mastiguei alguns, só para acalmar o Ricardo.

***

Depois de três horas, que eram para ser duas, o médico apareceu com os exames na mão e um olhar meio incerto no rosto. Porra, será que eu estou doente?

—O que eu tenho doutor?

—Nada muito grave para se preocupar, senhora, mas terá que tomar alguns cuidados daqui para frente. Você está grávida de três semanas.

Eu pensei que tivesse ouvido errado e olhei para o Ricardo no momento que ele estava desabando para o chão. Eu não ouvi errado.

Foi uma correria para os enfermeiros levantarem ele e o colocarem na maca que eu estava. Aos poucos ele foi acordando, desnorteado. Eu aproveitei o momento para conversar com o médico em particular. Deve ser um engano, eu não posso estar grávida. Eu me cuido e eu tomo anticoncepcional.

—Doutor, deve haver algum engano. Isso não é possível. Eu não posso estar grávida. Eu tomo anticoncepcional.

—Eles não são 100% eficazes, senhora. Há uma porcentagem de falha.

—Isso nunca me aconteceu antes. Eu me consultei com uma ginecologista e esse que tomo foi receitado especialmente para o meu tipo de organismo.

—Isso é estranho, realmente. A senhora tomou algum antibiótico com eles? Alguns remédios podem interferir na eficácia da pílula.

Porra! A ficha acabou de cair. As bombas dos remédios que eu tomei para o dentista. Um deles era antibiótico.

—Eu tomei.

—Deve ser isso então. Sinto muito se é uma gravidez indesejada.

—Eu ainda não sei se é, não realmente.

—De todas as formas, receitarei mais alguns exames e algumas vitaminas para você.  Acho bom também tentar acalmar seu marido. Ele não parece que recebeu a notícia muito bem.

O Médico saiu e eu fui ver o Ricardo. Ele estava com lágrimas nos olhos e muito pálido.

—Eu não planejei isso, Ricardo. Eu sinto muito. –Falei, me aproximando dele.

—Como? –Ele sussurrou.

—Parece que os antibióticos que tomei cortaram o efeito da pílula. Eu não sabia, me desculpe. Acho que estraguei tudo.

—Não foi sua culpa. Eu devia ter sido mais cuidadoso.

—Também não foi sua culpa. Não foi culpa de ninguém.

—Eu devia ter sido mais cuidadoso. Eu estava pensando, há algum tempo, em fazer uma vasectomia para aliviar você de tomar a pílula. Burro, burro!

Ele enterrou a cabeça em suas mãos e começou a chorar descontroladamente e eu o abracei. Ele passou os braços pela minha cintura e começou a chorar mais forte. Ficamos lá até o médico me entregar as receitas para os próximos exames e para as vitaminas. Ele também deu um calmante para o Ricardo antes de sairmos. Eu o apoiei até o carro.

—O que aconteceu? –O Moacir perguntou, assustado ao ver o estado do Ricardo.

—Eu estou grávida, Moacir.

Ele olhou para mim, sem falar nada. O Ricardo aproveitou a distração e entrou no carro, deixando eu e o Moacir parados lá. O Moacir me acompanhou até o carro e fomos embora. Foi a viagem mais estranha e silenciosa que já fiz. O Ricardo se fechou e evitou me olhar.

Assim que chegamos, o Ricardo saiu do carro e se enfiou na mata. Eu iria atrás dele, mas o Moacir me segurou pelo braço.

—Dê-lhe tempo.

—Ele não está bem, Moacir. Eu não fiz isso de propósito. –Falei, segurando as lágrimas.

—Eu sei. Ele está em choque, mas vai superar. Ele te adora. Depois que ele cair na real, ele vai te adorar como uma deusa, ele beijará o chão que você pisa e será um pai babão para a criança que está carregando aí.

—E se ele fizer alguma besteira antes de cair na real.

—Ele não vai. Eu o conheço.

O Moacir me abraçou e eu chorei quando minha ficha finalmente caiu. Eu vou ser mãe, mãe de um filho do Ricardo, do homem que eu amo. Instintivamente eu coloquei uma mão sobre minha barriga e imaginei o que será daqui para frente, se seria menino ou menina. Mesmo que eu seja uma mãe solteira, que o Ricardo não me queira mais, eu já amo esse ser que ainda não conheço.

Continua.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Acertaram as teorias que pensaram?
Se quiserem, deixem vossa opinião.
Obrigada por lerem. Espero que tenham gostado!
Um forte abraço e até mais!



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