Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

fala, gente!
Mais um capítulo para vocês. Espero que gostem. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664666/chapter/19

Ontem foi estranho para mim. Não sei e nem pretendo descobrir o que levou o Ricardo a me obrigar a praticar montaria. Ele também não falou nada no jantar e eu fiquei calada. Também tive um pouco de diversão ao ver como o Moacir ficou pegando no pé dele pelo novo visual. Um belo castigo depois que ele me deixou sozinha com o Bolívar.

Espero que o momento loucura dele tenha passado e hoje eu consiga, finalmente, fazer o que tinha preparado para ontem: Limpar os quartos não usados e que estão começando a acumular, novamente, poeira. Tentarei fazer isso assim que descansar do almoço e fofocar um pouco com o Moacir.

—Fala a verdade, Sofia, você amarrou ele na cadeira para conseguir aquele corte, não amarrou? –O Moacir me perguntou, na brincadeira.

—Quase tive que amarrar. Ele é mais teimoso que uma jumento!

—Olha quem fala... Você também é bem teimosa.

—Mas ele é impossível.

—Sofia, vista umas calças. –O Animal passou e me deu uma ordem.

—Oi?! Vai controlar o que visto agora, patrão? –Perguntei, incrédula, enquanto o Moacir segurava o riso.

—Só não acho que será muito confortável e decente montar de saia, mas o gosto é seu. –Falou.

—E quem disse que eu vou montar?

— Trarei os cavalos em 10 minutos, Sofia e não vou te esperar. –Falou, caminhando para o estábulo.

—O que foi isso? –O Moacir, rindo, perguntou.

—Isso foi que esse louco me arrastou ontem para cavalgar e me largou sozinha com o cavalo.

—E você não me disse nada. Que mais aconteceu quando saí? Se é que posso saber...

—Mais nada, Moacir, e tire esse sorrisinho da cara.

—Tá bom. Vá lá se arrumar antes que ele volte.

—Mas que merda! Será que nunca mais terei um tempo de descanso após o almoço?

Eu fui até o meu quarto e vesti a merda de uma calça, a primeira que achei. Que espirito baixou nesse cara para ele dar uma de professor justamente agora? Ele não é bipolar e nem tripolar, é quadripolar passando já para uma quinta personalidade. Merda!

Assim que cheguei na varanda, ele já estava montada e o Bolívar estava lá, limpinho sem sela ou arreio. Custava ele ter feito essa gentileza já que está me arrastando?

—Vamos ver se aprendeu bem, Sofia. Sele-o. –Ordenou.

—Como desejar, patrão. –Falei, entre os dentes.

Eu comecei a selar o bicho sob os olhares do Animal. O Moacir não falava nada, mas se via que estava prendendo o riso. Me atrapalhei um pouco com as fivelas, novamente, mas consegui me virar. Depois de alguns minutos ele estava pronto e, modéstia à parte, eu fiz um bom trabalho.

—Ótimo. Agora suba que hoje vamos acelerar um pouco. –O animal disse, saindo em disparada.

—Vai, mulher. Não quer perder seu patrão de vista, quer? –O Moacir brincou.

—Vai pra merda, Moacir!

Eu subi no bicho o mais rápido que consegui e o fiz andar o mais rápido que seria seguro para mim. Depois de um bom pedaço de caminhada e já bem afastado da casa, o Ricardo diminuiu e me deixou alcança-lo.

—Mas que merda, Ricardo! Pare de fazer isso. Você quer mesmo que eu caia, bata a cabeça e morra. Se não gosta de mim basta me mandar embora! –Reclamei.

—Bom trabalho. Você manteve um ritmo maior que ontem.

—Você não me deu escolha.

—Eu só vou parar quando você conseguir fazer o Bolívar atingir a velocidade que ele está acostumado.

—Aquela velocidade insana que você corre? Sem chance! Não vou mesmo.

—Vai, mas não hoje. Hoje o seu desafio será diferente. Me siga.

—Que desafio? E, desde quando, você decidiu virar instrutor? Achei que não tivesse paciência para me ensinar.

—Ainda não tenho muita, mas você precisa aprender. Venha.

—Senhor, me ajude a não morrer com essas insanidades desse meu patrão louco. –Pedi aos céus.

Eu o segui e mantivemos os cavalos num ritmo agradável. Estranho ele não estar correndo. Andamos durante alguns minutos até chegarmos a uma parte da cerca com um portão que dava para a mata. Ele não está pensando em embrenhar essa cavalgada mato adentro, está?

—Nós não vamos entrar aí, vamos?

—Não estaríamos aqui se não fôssemos entrar. Você só tem andado no plano. Precisa aprender a se equilibrar em terrenos desiguais.

—Tá ok, agradeço seu esforço, mas isso já é demais para mim.

—Qual o medo? Eu não planto maconha como você pensa.

Eu até engasguei com o comentário. Como ele sabe que eu penso isso?

—Não te entendo. –Fingi.

—Sofia, eu não sou surdo e você fala demais e alto. Já ouvi suas conversas com o João. Será que podemos agora?

—Não acho isso boa ideia não...

—Eu também não acho uma boa ideia você falar por aí que eu planto maconha, mas não falo nada, mesmo podendo lhe processar...

—Está me chantageando?

—Não, nunca pensaria em processar minha boa empregada que nunca me contesta e acata todas minhas ordens...

—Você está sendo irônico.

—Vamos logo?

—Tem horas que te odeio.

—Isso me passa quase o tempo todo, mas não reclamo. É um sentimento que aprendemos a nos acostumar. –Falou, com um falso sorriso.

Eu apenas concordei com a cabeça e ele desceu do cavalo para abrir o portão para que nós passássemos.

—Mantenha um passo constante e sem correr muito. Algumas vezes o seu cavalo pode vacilar um pouco, mas ele não vai cair. Apenas se segure. –Explicou.

—Eu deveria sentir mais confiança?

Ele não falou mais nada, mas continuou andando e desviou da trilha. Ele está me levando pra morte certa? Se ele quiser me matar e me largar nesse mato, não me acham mais. Tentei afastar esses pensamentos psicopatas da minha mente e, depois de alguns minutos que não fiz questão de contar e alguns deslizes que quase me jogaram no chão, chegamos a um pequeno riacho no meio do mato. Não era muito largo e nem muito fundo. Absolutamente lindo. Adoro o barulho e o movimento da água.

—Vamos apear e deixar os cavalos beberem um pouco de água. –Ele comunicou, descendo de seu cavalo.

Eu fiz o mesmo, mas não me contentei em ficar parada como ele, que se sentou em uma pedra. Tirei meus sapatos, arregacei as calças e entrei naquela água gelada. Como queria que fosse mais fundo para um mergulho.

—O que você está fazendo? –Ele perguntou, me olhando estranhamente.

—Será que já não está claro? Estou molhando meus pés.

—Por quê?!

—Porque é agradável e eu sempre fui fascinada pelas águas. Você devia tentar. Quem sabe tira essa sua carranca...

—Não. Eu antes te achava louca, mas agora tenho certeza. Por favor, só não vá fazer a loucura de beber essa água cheia de bactérias para não pegar nenhuma doença.

—Não chego a tanto. Já tentou abraçar árvore? Eu ouvi falar, uma vez, que dá boas vibrações, boas energias. Já que não você não gosta de água.

—Acho que não seria muito saudável e muito são ficar abraçando essas árvores cheias de lodo e insetos, mas esteja à vontade para cometer suas loucuras. Fingirei que não vi.

Preferi ignorar o comentário dele. Sei que ele só está fazendo para me irritar e essa água me deixou calma demais para rebater.

—Isso aqui ainda é sua propriedade? Esse rio?

—Uma parte dele abrange sim.

—Então porque só cercou até uma parte?

—Cerquei até onde queria que meus animais fossem. Não quero eles aqui nesses matos. Você pode não acreditar, mas já vi onças por esses lados.

—Quê?! E você me trás para cá? Tá maluco? Eu não quero virar comida de onça!

—Tem anos que não vejo nenhuma. Elas não vão te atacar assim, especialmente com os cavalos por perto.

—Depois a louca sou eu por gostar de água...

—Não entendo essa sua fixação por água, mas, já que gosta tanto, se subir rio acima, depois de umas duas horas de caminhada, você chega a uma cascata e um rio maior que até dá para nadar.

—Sério?

—Sim, mas a cascata, na maioria das vezes, está seca. É bom ir depois da chuva.

—E você deixaria eu ir lá depois de tantas restrições aos locais que posso ou não me aventurar?

—A minha propriedade é extensa, mas não chega a tanto. A cascata não me pertence.

—Com certeza irei, um dia.

—Como quiser, mas que seja em seu dia de folga. E, se já terminou de brincar aí na água, eu gostaria de ir. Infelizmente não poderei te deixar sozinha dessa vez para que não se perca.

Eu até queria ficar mais, mas não o iria contrariar já que ele estava sendo um pouco “gentil” comigo. Tá, gentil no seu modo grosso de ser, admito.

Voltamos para a fazenda e meu humor era outro. Realmente essa água me fez bem. Ele também estava de bom humor, tanto que se ofereceu para guardar os cavalos. Espero que esse bom humor continue, se ele cismar de cavalgar amanhã.

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ainda Vou Domar Esse Animal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.