Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente? Tudo bem com vocês?
Mais um capítulo.
Espero que gostem.



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Tudo bem que o meu irmão disse que chegaria cedo para buscar o Fabinho, só não achei que fosse buzinar e me acordar às 6 da matina. Cacete! Ninguém merece...

Levantei, cambaleando de sono, peguei o moleque, que ainda dormia, no colo e desci. Espero que ele não tenha acordado o Animal.

—Isso são horas, Fábio? –Perguntei.

—Eu ia vir mais cedo, mas achei que era covardia com o Júnior. Essa madrugada estava fria.

—Tá bom, toma teu filho. –Disse, entregando o garoto para ele.

—Ele deu trabalho?

—Não, por incrível que pareça. Como está a Patrícia?

—Bem. O parto adiantou, mas, Graças a Deus, tudo correu bem e a nossa filhota veio firme e forte.

—Eu queria poder ir ver, mas minha folga é só daqui a 4 dias. Depois eu passo lá pra ver minha sobrinha.

—Tá tranquilo. Valeu por ter cuidado do Júnior. Espero que isso não tenha te arrumado problemas com seu chefe.

—Não arrumou. Tá tranquilo.

Nesse momento o Fabinho acabou acordando.

—Pai, minha irmãzinha já nasceu?

—Já, filhote. Vamos passar em casa e depois vamos lá ver ela. Tchau, Sofia e valeu, de novo.

—Tchau, Fábio. Se cuida. E você, Fabinho, se comporte, garoto.

—Tchau, tia. Dá tchau pro tio Rick pra mim?

—Tio Rick? Uh, quem é esse, irmã? –O Fábio me perguntou, com bastante malícia na voz.

—Meu patrão e sem essa de tio Rick. Agora sumam daqui antes que peguem o horário de pico.

—Tchau, Sofia e não esquece do tchau pro tio Rick. –O meu irmão disse rindo e foi embora.

Era só essa que me faltava. Agora o meu irmão vai ficar de zoação com a minha cara. Por que aquele pestinha tinha que abrir a boca?

***

Eu estava preparando o almoço quando o Animal chegou e puxou uma das cadeiras e se sentou. Eu fingi que não vi e nem me virei. O Moacir havia saído para passar no mercado e pagar umas contas.

—Como está sua sobrinha? Ela nasceu bem? –Ele perguntou, não demostrando muito interesse.

—Nasceu. –Respondi, seca.

—E a sua cunhada?

—Está bem também.

E essa agora desse cara? Não se importa comigo vai se importar com a minha família?

—Seu sobrinho é uma boa criança. Estava preocupado com a mãe e a irmã.

—É, estava. Posso te perguntar uma coisa?

—Você vai perguntar mesmo de qualquer maneira.

—Como caiu ontem na sala? Foi o Fabinho que te derrubou?

—Não. Eu me assustei com ele e acabei tropeçando no tapete. Não é todo dia que eu encontro uma criança desconhecida na minha sala.

—Foi mal por isso. Sei que tem regras, mas meu irmão não tinha com quem deixar o filho.

—O Moacir me explicou. Não vou te mandar embora e nem descontar seu salário por isso. Não se preocupe.

—Obrigada.

—Ele foi embora hoje cedo, não é? Eu estava na mata e não vi. O Moacir me contou.

—Foi e também pediu para te dar tchau.

—Queria ter me despedido, mas não achei que ele fosse ir embora tão cedo. Se soubesse, teria ficado aqui.

—Nem eu sabia.

—De todas as formas, da próxima vez que o for ver, queria que entregasse alguns desenhos para ele. Eu prometi, mas não deu tempo de termina-los antes dele ir.

—Tá.

—Estarei na biblioteca. Quando o almoço ficar pronto, me chame.

Ele se retirou e eu continuei disfarçando e mexendo nas panelas. Estava bastante abismada e surpresa com a sua atitude, mas não daria meu braço a torcer, não dessa vez. Ainda estou puta por causa da nossa última discussão em que ele insinuou que eu sou inferior.  E essa agora dos desenhos? Dessa vez meu irmão vai me tirar sarro e serei a piada pro resto do ano. Por que esse animal tinha que inventar essa história de “tio Rick”?

***

Os dias passaram rapidamente e eu fui, finalmente, visitar minha mais nova sobrinha. Ela é uma bebezinha simpática, mas ainda é meio feinha. Tem um cabeção enorme e é careca, mas o Fabinho também era feinho nessa idade e melhorou bastante. Há esperanças. Eu imaginava que o Animal esquecesse os desenhos, mas não esqueceu. Pro meu azar, era um envelope cheio deles. Não cheguei a contar, mas calculo que tinha pra mais de 50. A grande maioria eram animais e paisagens de fazendas. Todos perfeitamente desenhados e prontos para serem pintados. É uma pena que meu sobrinho vá estragar essas obras. O Fabinho ficou muito feliz com o presente do “tio Rick”. Eu que não fiquei. Além do meu irmão, até minha cunhada está de zoação comigo.

—Ele é bonito? –Minha cunhada sussurrou, assim que o meu irmão e o meu sobrinho se afastaram.

—Patrícia, por favor.

—Estou falando sério. Como ele é? Fisicamente.

—Alto. Deve ter, sei lá, 1 e 80 ou algo assim. Cabelo um pouco grisalho e quase nos ombros. Barba bem fechada e quase toda branca. Não é nem gordo e nem magro.

—Esse é o “tio Rick”?

—É.

—Parece estar meio maltratado, mas talvez com uma guaribada... Ele é bonito, de rosto?

—Parece ser, tirando uma cicatriz acima do olho direito. Lembra um pouco o Scar do Rei Leão. Há gosto para tudo.

—E os canicinhos?

—Oi?

As pernas dele. Desculpa, mas tenho uma tara por pernas. Homens precisam ter as pernas definidas e não canicinhos de pombos.

Eu não aguentei e comecei a rir. Tudo bem, cada louco com o seu gosto.

—Nunca vi.

—Como não? Você já trabalha lá há um tempo, deve ter visto ele de samba canção, short ou bermuda. Ao menos nos lanchinhos da noite.

—Ele sempre está de calça jeans e camisa social. Só teve uma vez que o vi com uma camiseta e, assim mesmo, foi porque ele tinha acabado de sair do banho e foi pegar a camisa que ia usar no varal.

—Aquele ser não sente calor não? Já estamos quase no verão e o calor está cada vez pior.

—Eu me pergunto isso todos os dias.

—Esse seu patrão é meio estranho, não me leve a mal.

—Não levo. Ele é estranho mesmo.

—Qual é a idade dele?

—49.

—Meio velhinho já. Pula fora disso que é roubada. Tinha uma amiga que juntou com um coroa e, num desses momento mais íntimos de azulzinho, o velho enfartou.

—Patrícia! Pelo amor de Deus! Ele é apenas meu patrão. Deus que me livre! Não tenho tanto mau gosto assim...

—Só estou te avisando. O velho não aguentou o fogo da mulher não, mas se bem que minha amiga era meio piranha.

—Se fala assim das suas amigas, quem dirá das inimigas.

—Ela mesmo admite que é meio piranha. Mas te falo pro teu bem. Esses coroas não dão certo.

—Olha quem fala. O meu irmão não é mais velho que você?

—Oito anos, apenas. Não é muita diferença. E ele ainda dá no couro.

—Poupe-me desses detalhes.

—Mudando de assunto, chega de falar do seu velhote...

Bufei e a Patrícia riu.

—Como estão os namoricos, Sofia? Desde o ano passado que não te vejo com ninguém.

—É porque não há ninguém.

—Não tem ninguém interessante onde trabalha? Deve haver um, ao menos.

—Não há. A maioria dos empregados são comprometidos e os que não são não fazem o meu tipo.

—Que desânimo! Assim que eu sair desse resguardo, eu vou te catar pra umas baladas. Arrumar alguém.

—Patrícia, com todo o respeito, mas não estou procurando por homens.

—Vai me dizer que ainda não esqueceu do traste do seu ex?

—Aquilo é passado. O que acontece é que não quero foder com a minha vida justamente no momento em que ela está entrando nos eixos.

—Sei... Você está é se guardando pro seu velhote. Libera logo, sem drama. Não espere muito que daqui a pouco ele não funciona mais, hein. Depois é só na base do azulzinho. Aproveita enquanto o velho ainda aguenta.

—Vai pra merda, Patrícia!

Ela começou a rir e eu também não aguentei e engatei na risada. Só mesmo essa louca da minha cunhada pra me fazer rir de um comentário como esse.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos que leram até aqui.
Se desejarem, deixem vossa opinião, sugestões ou críticas. Isso sempre me ajuda a melhorar.
Forte abraço e até o próximo!



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