Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Fala, gente. Mais um capítulo e espero que gostem.



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Eu estou uma pilha de nervos. Além da preocupação da minha cunhada estar dando a luz, ainda tenho que cuidar do meu sobrinho. O pior é que não sei como o Animal reagirá quando ele descobrir o Fabinho. Esse garoto é meio encapetado. Eu preciso fazer o jantar e, sinceramente, não o quero rodando a cozinha. Isso não é lugar para criança. Eu arrumei umas folhas e umas canetas e o deixei na sala, desenhando. Espero que o moleque tenha bom senso e não tenha puxado minha curiosidade e se contente em ficar ali e não vasculhar nada.

–Até que é um bom garoto. –O Moacir comentou.

–Isso aí é propaganda enganosa. Nem sei o porquê dessa criatura estar quieta assim.

–Deve estar estranhando a casa.

–Espero que sim. Não quero nem imaginar se ele cismar de sair por aí vasculhando e queb...

Tarde demais. Escutamos um grande estrondo vindo da sala. Larguei a panela de qualquer maneira no fogo e corri o mais rápido que pude. O Moacir veio logo atrás. O que vi, porém, foi mais assustador do que se ele tivesse quebrado alguma coisa: O Animal no chão, com os olhos arregalados, e o meu sobrinho tentando o fazer levantar.

–O que é isso? –O Animal perguntou, com a voz meio desesperada, e olhando para o Fabinho.

–É meu sobrinho, patrão. Desculpa, mas minha cunhada está dando a luz e não tinham com quem deixa-lo.

Ele olhou para o garoto que ainda tentava puxar aquele Animal pelo braço e, finalmente, se levantou.

–Eu vou para o meu quarto. –Falou, com o olhar perdido e se dirigindo para a escada.

–Acalma o Fabinho que eu vou falar com ele. –O Moacir sussurrou, antes de sair.

Eu fui na cozinha, apaguei os fogos, voltei para a sala e peguei o moleque no colo. Acho que estava tão assustado quanto o Animal.

–Quem é esse moço, tia?

–É meu patrão, Fabinho. Deixa ele em paz, tá bom? Ele não gosta muito de conversar.

–Tá.

–O que aconteceu aqui?

–Ele caiu no chão.

–Caiu assim, sem mais nem menos?

–Caiu.

–Tá bom. Mas, se ele voltar aqui, não encha o saco dele. Continue com seu desenho, querido, está maravilhoso.

Dei um beijo nele, que ele limpou na hora, e o deixei continuar com o desenho dele. Não era mentira, realmente desenhava bem para uma criança. Envergonho-me de admitir, mas ele desenha melhor que eu.

***

A casa ficou meio silenciosa e o Moacir disse que o Animal tinha ido tomar um banho. Isso manteve o Fabinho longe de confusões enquanto eu terminei o jantar. Ao menos foi o que achei. Quando olhei na sala, ele não estava mais lá. Desobedeceu minha ordem e foi para biblioteca. Tamanha minha surpresa ao ver que ele e o Animal estavam no maior papo e desenhando. Quando foi que enlouqueci e não sabia?

–Tia!

O garoto correu até mim para mostrar o desenho de um cavalo, e que desenho, diga-se de passagem, feito pelo Animal e que ele pintou da melhor maneira que conseguiu por ser uma criança.

–Que lindo, Fabinho! –Falei, ainda espantada.

–O tio Rick que fez pra mim. –falou, apontando para o Animal que tinha um leve sorriso no rosto. Não acredito que ele sorri. Isso é novidade para mim.

–Obrigada. –Falei, ainda olhando para o desenho.

–Por nada, Sofia. O jantar está pronto? O Fabinho reclamou que está com fome, não é garoto? –Falou com certo divertimento e o moleque assentiu.

–Está. Vou colocar a mesa.

–Coloque também um prato para você e para ele. –Ordenou.

Eu sai de lá abismada. Além de ser gentil, ainda mandou que jantássemos na mesma mesa que ele. Meu sobrinho, aquele pequeno traidor, voltou lá para continuar desenhando com o “tio Rick”. Por sorte, o Moacir já estava se ocupando e preparando a mesa.

–O Ricardo vai jantar?

–Vai. O que falou com ele?

–Expliquei que era seu sobrinho e que, talvez, passasse a noite aqui. Por quê?

–Porque o traidor do Fabinho está lá, todo feliz, desenhando com o “tio Rick”.

O Moacir até parou o que estava fazendo e me olhou com um sorriso, antes de falar:

–Finalmente!

–Finalmente o quê?

–Nada. Coisa minha. Vamos arrumar logo essa mesa.

–Falta mais dois pratos. Ele mandou que eu e o Fabinho comêssemos com vocês.

–Vou buscar. –Falou, rindo.

Eu não entendia o divertimento do Moacir, mas não adiantaria perguntar. Ele não me dirá mesmo.

Mesa arrumada, jantar pronto, nos sentamos. O pestinha do Fabinho cismou de se sentar ao lado do “tio Rick”. Trocou sua tia por um animal, eu mereço. O Ricardo, ao contrário dos outros dias, estava até feliz. Brincava com o garoto e tentava ensina-lo como desenhar em um pedaço de papel. Do jeito que os dois estavam, eu estava imaginando que errariam o garfo e enfiariam a caneta na boca, mas não aconteceu. Teria sido divertido. Comiam, mas mal se ligavam na comida. A atenção era nos desenhinhos do novo “titio”. Eu e o Moacir fomos totalmente ignorados pelos dois.

O jantar acabou, retirei a mesa, lavei as louças e aqueles dois ainda estavam lá. Mas já era demais. Eram quase 11 da noite e o pestinha já era pra ter apagado na cama. Se o chato do meu irmão souber que eu o deixei ficar acordado tão tarde, ele vai me encher o saco.

–Fabinho, está na hora de dormir, não é? –Falei.

–Só mais um pouco, tia. O tio Rick é tão legal!

–Sua tia está certa, Fabinho. Já passou da hora de você dormir. –Ele concordou comigo.

–Só mais 5 minutos. –Pediu.

–Mas você precisa dormir. Como quer ficar acordado amanhã para conhecer sua irmã? Você não me contou que queria ser o primeiro a dar oi para ela? –O Animal falou com uma voz tão mansa que me assustou.

–Quero. –O Fabinho concordou.

–Então vá dormir. Amanhã será um dia longo. Pode ser?

–Pode.

–Boa noite, garoto.

–Boa noite, tio Rick.

O moleque se jogou nos braços do Animal e o abraçou. Como? Esse pestinha nunca me abraçou assim, pelo contrário, até reclama quando eu o aperto. O pior foi ver que o Animal retribuiu o abraço com a maior delicadeza e ainda o pegou no colo antes de me entrega-lo.

Eu peguei o garoto e ele ainda foi acenando para o Animal até sair de vista. O Fábio precisará ensinar uns modos pro filho dele. Esse moleque está muito dado.

Assim que ele dormiu, liguei para o meu irmão e, graças a Deus, minha sobrinha nasceu saudável. Ele disse que amanhã cedo vem pegar o filho. Menos mal. Mais um dia sendo ignorado e trocada por um falso tio eu não resistirei. Tudo bem que não sou a melhor tia, mas se deixar comprar por uns desenhos? Mostra mesmo que é filho do meu irmão. Garoto interesseiro.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que estejam acompanhando a história e lendo até aqui.
Se quiserem, deixem comentários, críticas e sugestões. Isso sempre me ajuda a melhorar.
Forte abraço e até o próximo!



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