Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Fala gente, mais um capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664666/chapter/11

Já faz uns dias desde que o clima ficou ruim entre o Animal e o Moacir. Eles muito mal se falam. O Moacir até tentou uma reaproximação, mas não adiantou. O Ricardo não tem nem dormido aqui, tem ficado na mata direto. Eu estou com medo de que esses dois se matem quando eu sair. Hoje é minha folga e, se não fosse porque meus pais me pediram para ir falar com eles, ficaria por aqui. Tomei uma decisão que até pode custar o meu emprego, mas que se dane! Não posso ficar quieta, simplesmente.

–João, você viu o Ricardo por aí? –Perguntei ao vê-lo passar para ir ao estábulo.

–Ele acabou de ir pra mata. Acho que ainda está com mau humor. Nem respondeu ao meu bom dia.

–Valeu!

Eu saí correndo e afundei mata adentro. O João até gritou para tentar me fazer desistir, mas não dei ideia. Se eu parar para pensar muito eu desisto. Minha coragem não é tão duradoura assim. Encontrei o Ricardo no meio de uma trilha, depois de correr por uns 5 minutos.

–Patrão! –Gritei, sem fôlego.

Ele virou e me olhou com um ódio mortal. Tá, quebrei a regra de que só ele entra na mata, mas o máximo que ele pode fazer é me mandar embora. Ele é estranho, mas não creio que seja um psicopata que vá me matar e me largar num buraco qualquer.

–O que faz aqui, Sofia? Sabe que está me dando motivos para uma justa causa? –Advertiu, com certo ódio na voz.

–Pode me mandar embora se quiser, mas vai escutar o que tenho pra falar, patrão. –Eu enlouqueci, só pode.

–Fale logo. Não tenho o dia todo. Não sei nem o porquê ainda não te mandei embora.

–Essa situação entre o senhor e o Moacir já deu! Porra, vocês são amigos! Tá, são empregado e patrão, mas sei que também são amigos. Vai me desculpar, mas você não tem muitos amigos e, se fosse você, conservava o Moacir. Ele é uma boa pessoa e se falou algo que não devia, não foi por mal... Vocês são estranhos e não me contam nada, mas já saquei que tem um passado podre nesse meio. É passado! Não perca um futuro por um passado. Já fiz isso e não é bom, não vale a pena.

Eu também tinha um passado podre. Por um maldito que desmanchou um noivado comigo, deixei passar uma chance de ser feliz com um amigo que tinha certa queda por mim. Mas o Ricardo não precisa saber disso. Cada um com seus podres e seus segredos obscuros.

Eu o olhei e ele parecia que ia cuspir os marimbondos em cima de mim, mas soltou um suspiro e falou com a voz até calma demais.

–Suma daqui, Sofia. Vá pra sua folga antes que eu me arrependa.

–Vai falar com ele? –Perguntei.

O Ricardo me lançou um olhar de ódio como que se dissesse para eu desaparecer, mas como não tenho mesmo noção, lancei outra pergunta:

–Aproveitando, o que tanto faz na mata?

Ele me olhou, incrédulo, antes de responder, com rispidez:

–Não lhe devo satisfações e suma daqui. Agora!

–Será que vocês nunca irão responder uma pergunta minha?

–Não e acabei de responder. Agora suma. –Ele ordenou, virando-se e sumindo mata adentro, fora da trilha.

Eu, com o pouco de bom senso que me restava, saí dali. Já era um avanço eu ainda ter o meu emprego depois desse meu abuso.

***

Cheguei à casa dos meus pais já era quase a hora do almoço. Da fazenda até aqui levei quase 4 horas. Trânsito maldito. Depois de almoçar eles me chamaram para conversar. A coisa deve ser séria. Eles nunca me chamaram para uma conversa assim, nem quando era criança.

–Então, filhinha. Temos uma boa notícia para te dar. –Minha mãe disse.

–Não é um novo irmão, né? Já me basta o Fábio. Não, não pode ser, você já passou de sua data de validade, não é, mãe? Não me venha falar que está grávida aos 60...

–Sofia! Sua mãe não passou do prazo de validade, menina! Ela entrou sim na menopausa e você não terá um irmão novo, só o Fábio mesmo. Precisa aprender a pensar mais antes de falar...Deus, não sei de quem puxou essa língua ferina! –Meu pai reclamou.

–E o que é então?

–Já te contamos como nos conhecemos? –Minha mãe perguntou.

–Acho que já, não lembro.

–Eu conheci sua mãe quando tinha 18 anos. Estava num baile do bairro e tocava uma música linda. Lembra, Julia?

–E como esquecer, Wagner?

A cena que se seguiu foi a coisa mais surreal que eu vi meus pais fazerem: Eles se levantarem e, enquanto cantarolavam quero que vá tudo pro inferno, do Roberto Carlos, dançavam. Jura que a música da juventude deles é essa?

–Gente, linda a dança, mas não me traumatizem. Que foi isso que acabei de ver? –Perguntei.

–Essa é a música da nossa vida. Adoramos Roberto Carlos. –Minha mãe falou.

–E, como deve saber, filhinha, mês que vêm é o nosso aniversário de casamento. 30 anos já. Não é pra qualquer um. Decidimos fazer uma viagem.

–E essa é a boa notícia? –Perguntei.

–Quase. A viagem que vamos fazer é o Cruzeiro do Roberto pela costa brasileira. –Minha mãe disse com uma alegria de dar medo. Se eu fosse o meu velho ficava de olho. A velha tá de zóio no cantor...

–E onde eu entro, exatamente? –Perguntei.

–Não entra. Seu irmão que entra. Ele, a esposa e o filho passarão uma semana aqui, para cuidar da casa. Só queríamos te avisar e dividir essa felicidade. –Meu pai informou.

Eu me senti um zero a esquerda. Não entro. Pra que me chamaram com urgência se não farei nada? Meus pais são loucos. Devem achar que venderei a casa se ficar uma semana tomando conta. Enfim, menos mal. Já tenho problemas demais para me preocupar na fazenda. Só queria que eles tivessem mais bom gosto, nada contra, mas ter a música Quero que vá tudo pro inferno de trilha sonora não é nada romântico. Eu nem curto muito Roberto Carlos, mas, gosto não se discute, lamenta-se...

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sei que esse foi curtinho e não abrangeu muito o animal, mas acreditem, não dou ponto sem nó e essa parte da família da Sofia fará sentido nos próximos episódios. Hehe
Se quiserem, comentem e deixem críticas e sugestões. Adoro saber vossa opinião. Me ajuda a melhorar.
Forte abraço e até a próxima! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ainda Vou Domar Esse Animal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.