Just Another Game - Jogos Vorazes escrita por Brooklyn Baby


Capítulo 12
A entrevista


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo da entrevista.
Boa leitura!



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 A rotina no Centro de Transformação começou no meio da tarde. A equipe de preparação estava mais bajuladora do que o normal. Certamente, mérito da minha nota 9 - um padrão Carreirista - na Avaliação Final dos Gamemakers. Como havia sido antes no dia do Desfile, esperei até que Rose aparecesse e me convidasse para a sala onde o vestido se encontrava. Era inevitável. Minha primeira reação foi a careta. Não pelo motivo premeditado - Achei que o traje teria pano demais, no entanto, o que havia era uma sobreposição de tecidos costurados cuidadosamente num vestido que acabou ficando bastante rente ao meu corpo. 

 Enquanto Rose penteava meus cabelos com os dedos, parecendo bagunçá-los não sei porquê, fiquei analisando as plumas que se derramavam na calda do vestido, as alças dos ombros feitas de um tipo de ferro prateado, o decote não tão revelador. Era elegante, de fato. Sorri para minha imagem, a maquiagem discreta e escura nos olhos, o batom vermelho carmesim nos lábios. 

 Rose retirou-se do espelho e me perguntou:

— Isso te lembra alguma coisa?

 Mirei meu reflexo demoradamente. Meus olhos saltaram. O cabelo bagunçado de repente parecendo fazer sentido. 

— A Colheita. O vestido da Colheita tinha a mesma cor.

— Creio que essa seja a cor perfeita para você. 

— Azul cor de céu.

Ela riu.

— Sim. No entanto, veja toda a evolução.

 Sabia do que ela estava falando. Monto uma imagem de mim mesma do vídeo que vi da reprise da Colheita. Meus lábios estavam meio esbranquiçados, os olhos crus e sem destaque, o vestido amarrotado e os cabelos incontroláveis. O reflexo naquele espelho era a versão melhorada da Kaylee Donner que Panem conheceu naquele dia fatídico. Minhas mãos deslizam pelo tecido macio do vestido e há um pequeno sorriso em meu rosto enquanto imagino o brilho nos olhos de Kriss ao me ver essa noite.

 Algo me ocorre, e olho para Rose como uma criança pidona.

— Meu amuleto! Posso colocá-lo nos cabelos essa noite? Minha irmã... Ela vai vibrar quando ver que não me esqueci da presilha.

 Rose balançou a cabeça para os lados levemente. Meus ombros caíram.

— Seu amuleto ainda está em processo de análise, Kaylee. Não se preocupe. Está linda. Kristy sabe que você não se esqueceu.

 Dou um sorriso de compreensão para ela e analiso mais meu reflexo, enquanto sobra tempo. 

 Quando o show começa, estou numa fila onde todos os vinte e quatro tributos aguardam sua vez de serem chamados. Apenas três minutos...

 Violet aconselhou que eu fosse bastante séria e direta. Sienna disse que eu deveria sorrir largamente sempre que estivesse calada. Decidi que faria do meu jeito, como sempre venho fazendo desde que pus os pés nessa cidade. Fingiria um pouco, mostraria a verdade que julgasse necessária. 

 Emmett trajava um terno azul escuro. Tenho a vaga memória de que talvez fosse a mesma cor da camisa social que ele usou no dia da Colheita, também. Parecia tão tranquilo como só ele era capaz de parecer, e não olhava tanto para os outros tributos como eu fazia. Alguém anunciou para a fila que faltavam cinco minutos.

— Gosto do seu cabelo desse jeito  — Disse meu parceiro de repente.

 Meus olhos voltaram para ele. Estreitei-os brevemente.

— Ah, obrigada. 

 Desde a noite anterior, e desde as palavras que ele havia usado para mim... Havia colocado uma pedra sob o acontecimento no Centro de Treinamento com Trent, até a segunda ordem. Aquilo sobre reviver as memórias... Sobre se sentir bem de novo... Eu sabia, tinham sido para mim. Era sobre mim. E eu não era egoísta ao ponto de deixar uma intriguinha besta afastar Emmett do que o fazia bem (que eu julgava ser a minha companhia) e afastar a mim mesma da única coisa que havia mantido os meus pés no chão, me lembrado de casa e me confortado até ali... Que era ele. 

— Está nervosa, não está?

 Dei uma risada baixa.

— Um pouco, sim, Emmett.

— O que te deixa nervosa?

—  As pessoas. Está tão cheio. A platéia parece não ter fim.

— São só pessoas, Kay. Não importa quantas, ou quão ricas e poderosas sejam. São só pessoas.

— Sei. Você está certo. Só que ainda estou assustada.

 Ele riu.

— A adrenalina vai ser sua aliada.

 Olhamos para a tela da TV dos bastidores quando Caesar fez sua entrada. A histeria coletiva começou. As pessoas coloridas da plateia vibravam e pulavam de seus acentos. O jovem e promissor apresentador que assumira o posto fazia uns dois anos, consolidou a marca registrada de combinar a cor do cabelo com a cor das sobrancelhas. Era um verde limão tão ácido e fluorescente que fazia arder os olhos. Emmett estava rindo. A garota do 05 olhava estranho para ele. Comecei a rir junto, porque sabia que estávamos com aquele mesmo pensamento. Era tão bizarro...

 Caesar deu início ao show. Amethyst era a noiva. Ela flutuou pelo palco com um vestido branco que cobria toda sua silhueta esguia. Mangas longas pendendo nos ombros me faziam remeter a uma Era muito antiga. Não fiquei muito entretida com sua entrevista. Definitivamente. Ela gastou metade de seu tempo fazendo um longo discurso sobre sua família de nome renomado e a outra metade fora gasta tecendo elogios sobre a Capital. Percebi o porquê você não conseguia parar de fitá-la. Seus olhos de formato e cor felina eram hipnotizantes. A câmera concordava comigo, porquê seu rosto sempre recebia o foco. 

 Garnet surgiu. Terno branco e sapatos brancos com uma gravata vermelha. Fiquei pensando que sua acompanhante era como Sienna e o tinha instruído a sorrir o tempo inteiro. Acho que funcionou para ele. Ou era melhor que tivesse funcionado. Porque o garoto parecia um tanto quanto robótico sentado ereto na poltrona acolchoada como se fosse feita de um ferro desconfortável, e Caesar tinha sempre de estar preenchendo os espaços para que o silêncio não se instalasse. 

 Ernessa, do 02, enfiada num vestido cor de ouro. Na tela, nem parecia a mesma garota que cochichava sobre nós no refeitório do Centro de Treinamento. Tão aparentemente carismática, gentil e meiga. Está certo que eu não estava na posição de julgar alguém que fingia. Porém fora impossível conter a irritação por toda aquela falsidade derramada aos baldes. Era pessoal para mim.

 Trent sorriu timidamente para a plateia e ergueu os dois braços acenando antes de se juntar a Caesar. Sua conversa com Caesar fluiu bem, onde ele citou dois irmãos e lhes mandou abraços e saudações. Seus elogios não pareceram tão ensaiados quanto os da garota do 01, e a platéia o aplaudiu fervorosamente. 

 A garota do 03 me arrancou risadas. O modo como ela falava naturalmente sobre coisas confusas que só o pessoal do três entenderia deixou Caesar de olhos arregalados e a plateia em gargalhadas. Ela fazia piadas envolvendo matemática e as leis da física que arrancavam algumas risadas longínquas de certos grupos de pessoas da plateia. Depois, mesmo quem não entendia ria também. Caesar a apelidou de “menina gênio”. Arla sorriu e rebateu:

— Qualquer um pode ser um gênio, exercitando constantemente o cérebro e a mente! Se eu posso — Colocou a mão sobre o peito dramaticamente e lançou um olhar conspiratório para a plateia. — Vocês com certeza podem!

 Ela deixou o palco debaixo de uma chuva de palmas.

 O garoto do três estava gaguejando demais. Ver seu nervosismo fez brotar algum tipo de nervosismo em mim também. Eu estava olhando para o chão, sentindo um tremor começar a subir de meus pés para minhas canelas, quando Emmett segurou minha mão.

— Vai dar tudo certo. Você está brilhando  — Sussurrou alto em meu ouvido.

 Dei-lhe um sorriso afetuoso e acreditei verdadeiramente em suas palavras. Ele afastou os cabelos para trás dos meus ombros. Segurei seu queixo e lhe dei um beijo na bochecha. 

— E com vocês, senhoras e senhores, direto do Distrito 4, a mais bela garota dessa edição dos Jogos Vorazes, segundo muitos especialistas. A maravilhosa Kaylee Donner! 

 Girei nos tornozelos rapidamente quando meu nome foi chamado, lembrei de respirar, e levei minha figura para debaixo das luzes reluzentes.

 Certo, confesso que o chamado dele me animou um pouco mais. De repente, não tenho mais tanto medo do palco, e ouço o som dos aplausos, das pessoas gritando… As câmeras a me focarem, e o pensamento de todas as pessoas do meu Distrito, torcendo por mim.

 Olhei para as pessoas e a plateia que se estendia e estendia até perder de vista. Todas frenéticas, fazendo um barulho maior ainda quando Caesar repetiu o meu nome. “Eles gostam de mim”, eu pensei enquanto caminhava a passos lentos até o centro do palco. Parecia errado por eles serem quem serem, mas eu me sentia grata por gostarem tanto de mim. Não tinha ouvido tanto barulho nem para Amethyst que antes eu julgara ser uma favorita, nem mesmo Trent foi ovacionado de tal forma no inicio. 

 Caesar pediu para o público se conter. Caminho em linha reta até ele. Aceno e jogo beijos para a audiência durante meu percurso. Quando percebo os olhos do apresentador da Capital sobre minhas vestes, dou uma volta, para que ele possa admirar ainda mais o vestido.

— Adorável senhorita Donner, venha cá  — Pediu o apresentador. Terminei a distancia a passos largos até a frente da poltrona vermelha.

 Trocamos um belo comprimento onde ele da um beijo nas costas de minha mão, e eu começo com a encenação:

— Obrigada pelo “maravilhosa”, Caesar. Devo dizer que você também é… hmm… — “A imagem dos malditos e perturbadores Jogos Vorazes?” — Encantador. E seu cabelo é mais bonito de perto do que quando aparece na TV — emendo.

 Caesar vira a cabeça para trás, e solta uma gargalhada sinistra. Ele me instrui a sentar e eu cuidadosamente obedeço. O tempo estava correndo. São só três minutos e já devo ter desperdiçado dois terços de um.

— Wow! Wow! Nossa, nossa!  — Bradou Caesar.  — Como é sentir isso?  —  Ele apontou com a palma aberta a platéia.

— Não posso explicar com palavras. É só uma coisa maravilhosa de se sentir.

 A plateia tornou a aplaudir e eu murmurei alguns “Obrigadas”. 

— E então Kaylee, o que está achando da Capital? — A primeira questão é lançada.

— A Capital é realmente diferente do Distrito 4. É “estonteante”… Mas eu estou me adaptando bem. Pelo menos, eu acho. E as pessoas...  — “São tão extremamente sádicas e cruéis. De fato, eu as odeio. Mas se elas simpatizam comigo...”  — É tão bom ser tão bem recebida!

 Caesar lança uma piscadela para a plateia que urra. 

— O que está sendo mais difícil nessa sua adaptação?

— Acho que a saudade da minha casa, em acordar na minha cama, meu pai, minha irmã mais nova… Sem contar que é uma pena que a Capital não tenha praias lindas como as do meu Distrito — Faço um bico triste para a câmera.

— Ahh, as praias do Distrito 4 são famosas em toda Panem — Ele profere com uma expressão de muita curiosidade. — Mas Kaylee, uma garota linda como você, não citou nenhum namorado…

 Aquilo foi rápido. Percebi que era algo que tinha de ser perguntado por alguma razão. Talvez por essa minha fama de “bela”. Dou um risinho, olho para baixo, minhas mãos sobre o vestido. Me mexo um pouco na cadeira, desconfortável com o que minha mente sugere. Emmett vem primeiro. Antes de Matt. Ainda quem nenhum dos dois chegue perto de ser um namorado! Ora, nunca tive um namorado de verdade. 

— É porque não tenho nenhum namorado… — Respondo, pura e simplesmente, dando de ombros. 

 A platéia inteira faz um “aaaaahhhh”. Olho para eles, fazendo novamente a expressão chateada fingida. 

— E porque motivo? — Insiste Caesar.

— Porque vim para cá sem nenhum. E acredito que aqui não seja o melhor lugar para se conseguir um, não acha? — Sinto como se estivesse caçoando de mim mesma. Emmett está lá de novo, sugerido pelo meu inconsciente.  

 Sim, ele é bonito. Sim, eu me sinto bem com ele. Me sinto diferente. Atraída, de fato. Todavia aquilo não importava, não era coisa para se pensar. Qualquer história ou possibilidade que poderia existir caso não estivéssemos nessa armadilha mortal estava selada para sempre com o destino mais cruel de todos. Engulo em seco e sorrio em seguida fazendo que sim com a réplica de Caesar:

— Você tem razão Kaylee, total razão — Ele da uma breve pausa, formulando outra pergunta. — Bom, os tributos do Distrito 4, sempre são famosos por serem favoritos. Por que um patrocinador deveria apostar em você?

 Este é o ponto de que tanto Violet quanto Sienna, e até mesmo Rose vêm me falando desde minha chegada aqui. Claramente não estou decepcionando. E não posso estragar tudo agora, a essa altura do campeonato. 

— Os tributos do 4 são favoritos por serem fortes. Não sou uma exceção, não mesmo — Dou um sorriso pequeno, imitando aqueles que Emmett costuma usar. — Qualquer um que me escolher não será decepcionado. Não é uma promessa ou uma aposta. É um fato. 

 Caesar da outra de suas gargalhadas medonhas, e a platéia me aplaude.

— Você sabe, adoramos ver você e o seu parceiro Emmett Ryver juntos! Vocês tem algo especial...  — Caesar ergue as sobrancelhas verdes e inclina bruscamente o rosto em minha direção. Não consigo conter o riso fraco.  — Conte tudo sobre sua relação nos bastidores!

 Soava estranho, por aquela ter sido a primeira pergunta sobre outro tributo que havia sido direcionada a um entrevistado até ali, mas eu já imaginava algo do tipo a caminho. Penso em Emmett e me recosto calmamente na cadeira, um raro sorriso sincero em meu rosto. Não podia revelar nenhuma coisa pessoal no fim das contas. Diria aquilo que todos eles gostariam de ouvir. 

— Nós somos realmente unidos. Somos parceiros no sentido literal da palavra. Bem, nós viemos do mesmo Distrito e pensamos: “Por que um contra o outro? Viemos do mesmo lugar.” Claro que, eventualmente alianças acabam. Mas antes de aliados somos parceiros e  — Penso antes de falar. O peso da sinceridade. — Amigos  — A palavra sai firme e forte. Estampo outro sorriso especial para as câmeras na continuação do discurso.  — Lutando unidos pela vitória. Lutando unidos por nosso Distrito!

 A plateia vibra histericamente. Caesar aplaude junto.

— Falaremos com seu parceiro em instantes. Antes disso, Kaylee, diga-me: Deseja mandar uma mensagem especial para alguém em casa?

 Kriss. Por mais triste que a situação seja, posso claramente enxergá-la com os olhos brilhantes diante da televisão. A espera para saber que eu ainda penso nela. Ela é tudo o que me motiva. 

— Sim, claro. Existem diversas pessoas que eu amo e que estão torcendo por mim no Distrito 4. Só que há alguém especial. Alguém que sinto que está comigo a cada momento da minha caminhada. É minha irmã, Kristy. 

 Procuro por uma câmera próxima e digo, sabendo que ela está do outro lado a me ouvir:

— Kriss, eu te amo, princesa. Vou voltar pra casa logo.

— Você com certeza vai lutar para isso, não é mesmo pessoal?

 A platéia concorda aos berros.

— Kaylee, muito obrigado! 

— Obrigada você, Caesar.

 Levanto-me graciosamente, e me dirijo à platéia. Seguro o pouco de saia que consigo do meu vestido, e faço uma reverencia para o público. 

— KAYLEE DONNER, DISTRITO 4! — Caesar berra empolgado enquanto estou me retirando. 

 Sienna vem sorridente até mim quando chego aos fundos do estúdio e me agarra pelos ombros, virando-me na direção da grande tela que havia ali. Parecia até prever o que viria a seguir. Dou uma breve olhada para os tributos remanescentes ali das entrevistas anteriores. Ernessa me olha com fúria. Não há sinal de Trent. Garnet sorri sutilmente para mim. Arla está caída num banco junto de seu parceiro. Amethyst tem os olhos fixos na tela. 

— Emmett Ryver!  — Ouço o brado de Caesar junto aos aplausos fervoroso. Me coloco diante da tela.

 Assim como a mim, a recepção de Emmett é uma das mais entusiasmadas. Quando a câmera dá um zoom em seu rosto, meus olhos saltam e meu rosto esquenta em brasa ao perceber a marca vermelha de beijo em sua bochecha. O meu beijo!

 Caesar gargalha sem parar olhando para ele. Emmett lhe lança um olhar confuso. A plateia não para de urrar.

— O seu... Rosto... Eu...  

 Caesar faz graça, tirando um lenço do bolso e estendendo a Emmett. Ele aponta uma tela onde Emmett pode se olhar. Ele estreita os olhos, apertando o lenço nas mãos, e logo gargalha junto de Caesar ao perceber o batom no rosto. 

— Não vai limpar?  — O apresentador questiona.

— Não. Vai me dar boa sorte.

 Caesar gargalha e direciona Emmett até a poltrona. 

— Aposto um botão que Kaylee Donner é a responsável por isso.

— Preferia que tivesse apostado sua gravata  — Emmett replica, desafiador. Caersar e a platéia riem.

— Então, não foi ela?

 Emmett fica sério, apenas piscando por um tempo. Depois da uma risada fraca.

— Estava brincando. Foi de Kaylee sim, de quem mais seria?

 A platéia faz um “Hmmmmmmmmm”.

— Então Kaylee não nos disse toda verdade?  — Caesar questiona sugestivamente.

— Como eu disse, foi só um beijo de boa sorte  — Meu parceiro segue impassivo.

— Se você está dizendo.

 Caesar ergue as sobrancelhas para a platéia, então começa a série de perguntas genéricas do roteiro. Emmett parece em paz e sereno. Ele brinca de novo sobre a gravata de Caesar, dizendo que gostaria de experimentá-la. Caesar se afasta um pouco com a mão sob o pescoço e diz que Emmett poderá comprar uma igual quando sair vitorioso. Num tom sutilmente debochado que talvez só eu percebesse, Emmett disse entusiasmado que aquela era uma boa motivação. Mais risos e risos da platéia. Até que meu nome ressurgiu. No momento mais insperado.

— Emmett, nos dê motivos para que os patrocinadores apostem em você.

— Não acho que deveriam apostar em mim. Não como primeira opção.

 A plateia faz um som de espanto e confusão. Estreito os olhos para a tela.

— Não?!

— Não. Acho que Kaylee merece mais apostas do que eu.

 Caesar estava abismado. Assim como eu.

— Prefere que escolham ela ao invés de você?

— Sim. Exatamente.

— Por que?  — Caesar soou genuinamente curioso.

— Por que eu a conheci e sei o que estou dizendo. Kaylee é uma garota surpreendente. Não é a toa que as pessoas a adorem dessa maneira que você viu hoje aqui. Tem muita força nela, força de vontade e força para lutar. Honestamente, eu apostaria nela ao invés de mim. 

 O modo como Emmett falava, o olhar e a voz que não vacilavam. Ele não deixava margens para dúvidas. Era sério e objetivo. Era fácil acreditar no que ele dizia.

— Que doce. Acaba de cometer suicídio.

 Olhei para Violet, atrás de mim. Primeiro com raiva. Depois com medo. Por que ela estava certa.

 A plateia ainda não havia decidido uma reação sobre aquilo. Caesar parecia ligeiramente impressionado.

— Muito bem então, Emmett. Podemos perceber que o Distrito 4 é um só na luta pela vitória desta Edição dos Jogos Vorazes  — O apresentador se levante e meu parceiro o copia. Caesar ergue seu braço.  — Emmett Ryver, senhoras e senhores, Distrito 4!

 Observo enquanto um Emmett extremamente confiante, convicto e inabalável joga beijos e acenos para a platéia eufórica. 

 Diante de toda Panem, ele havia confessado aquilo. Ele havia se mostrado vulnerável perto de mim. Uma aposta ruim. Todas as pessoas que antes o miravam como um potencial vencedor, agora estariam jogando suas fichas em outros tributos... Ou ouviriam o que ele dissera e apostariam em mim. 

 Talvez eu devesse me sentir contente com aquilo. Pelo menos por um segundo egoísta. Mas eu não senti o mínimo de entusiasmo, em nenhum momento.

 Depois que voltamos ao quarto andar, Emmett me passou um bilhete disfarçadamente enquanto caminhávamos calados lado a lado no corredor de nossos quartos. Assim que bati a porta, eu o desdobrei e li.

“Nem ouse tirar esse vestido lindo. Cobertura, daqui há meia hora. Sienna e Violet estarão dormindo.”


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Notas finais do capítulo

Até a próxima! s2



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