Teenage Dream escrita por LelahBallu


Capítulo 2
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!

Demorei, eu sei que demorei, tudo o que posso fazer é pedir desculpas pela demora e dizer que estou fazendo o que posso, e agradecer pelos comentários positivos no prólogo.

Essa fic será uma short fic, ela ficará apenas entre o hiatus de Felicitys Secrets para a que será sua sequência: Looking For Felicity.

Espero que gostem.



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 Seis anos Depois

Abri a porta do meu guarda roupas uma última vez antes de desistir de encontrar o maldito casaco e buscar meu celular que estava em cima da cama, suspirei antes de clicar na última chamada e retornar, demorou apenas alguns segundos antes que Sara atendesse.

— Do que você precisa? – Perguntou em tom de cumprimento.  – Perfume, bala de menta, batom, camisinha... – Revirei os olhos com seu humor.

— Eu preferia cancelar esse encontro que você arranjou. – Escutei o começo de um protesto vindo do seu lado da linha. – Mas como sei que você me encherá com isso por toda eternidade...

— Exato.

— Eu quero saber se você está com meu casaco. – Murmurei a ignorando. – Eu te emprestei tem o quê... Um mês?

— Eu fui até sua casa lhe devolver semana passada. – Explicou. – Mas sua mãe disse que eu podia ficar.

— Ela o quê?

— Ela disse que eu uso mais do que você. – Continuou.

— O quê? – Repeti incrédula. – Eu amo esse casaco.

— Não. – Negou prontamente. – Oliver te deu e você jogou em sua cara.

— Por que eu pensei que era de uma de suas namoradas. – Retruquei.

— Você não gosta Felicity, você o quer de volta por que sente saudades. – Argumentou.

— Isso não é...

— E por que está indo em um encontro que na verdade não quer ir. – Continuou me ignorando. – O cara é legal, juro. Não precisa ficar se agarrando a Oliver ainda que inconscientemente.

— Isso é ridículo. – Protestei. – Você precisa parar de falar dele como se eu...

— Fosse louca por ele desde seus 16 anos? – Interrompeu-me.

— Sara...

— Você pode fingir com os outros. – Continuou. – Mas não tente o mesmo comigo, eu te conheço, Oliver está em sua cabeça desde que o conheceu. Eu sei que todos agem como se ele fosse seu irmão, mas ele não é. É normal que você se sinta dessa forma, afinal você o conheceu muito nova, mas ainda assim já com a mente feita e Oliver, bem Oliver era e ainda é o sonho de toda adolescente.

— Por que você está me falando isso agora? – Perguntei me sentando pesadamente a cama.

— Por que não há nada de errado em sonhar, às vezes, mas a realidade nos chama. – Respondeu. – Eu sei que eu fui a que mais te provocou e instigou a tentar algo com ele, mas se passaram seis anos de convivência, vocês sempre namoraram outras pessoas e Oliver nunca a olhou...

— Como algo diferente de irmã. – Assenti ainda sabendo que ela não estava me vendo.

— E é por isso que você precisa dar uma chance de verdade ao cara de hoje. – Argumentou. – Para de fazer ideais em que apenas Oliver irá se encaixar. – Pediu.

— Onde você está? – Perguntei com esperanças de que isso fizesse com que ela pegasse a dica e mudasse de assunto.

— Fora. – Se limitou a responder. – Logo chego em casa, você realmente precisa desse casaco?

— Não. – Apressei-me a murmurar, ela estava certa, estava na hora de deixar paixões de adolescente para trás.  – Eu não preciso.

— Ótimo. – Suspirou com óbvio alívio. – Dê uma chance ao encontro de hoje, você vai gostar dele, eu te prometo. – Jurou enquanto eu ainda duvidava seriamente disso, Sara tinha boas intenções, as melhores, mas eu realmente odiava esses encontros arranjados. Quase sempre... Sempre terminava ruim. – Tchau Lis...

— Tchau Sara. – Murmurei segundos antes de desligar o celular e fitar a tela enquanto pensava em suas palavras. Eu realmente estava fazendo isso? Eu realmente estava me sabotando por Oliver? Eu sei que nunca seremos algo mais, por que Oliver assim como todos outros me via como sua irmã mais nova. Ele sempre faria isso, eu nunca poderia mudar, então estava na hora de mudar meus conceitos, parar de esperar pelo impossível e ia começar por hoje, o encontro de hoje ia ser incrível, essa era minha promessa para mim mesma.

Esse encontro estava totalmente fadado ao fracasso.

Meu parceiro não parecia encontrar tema melhor para a conversa que não fosse ele mesmo, desde que havia ido me buscar seguia falando no quão maravilhoso ele era em seu emprego, como filho e sem dúvida nenhuma como pessoa. Eu tinha certeza que o cara tinha algumas qualidades, mas seu maior defeito era exalta-las, com toda certeza que ele nunca soube o significado de humildade isso se ele sabia que a palavra e o próprio ato de ser humilde existiam. As poucas vezes em que abri minha boca foi para responder um “Sim” ou “Não” quando ele perguntava algo que terminava com “ Você não acha” e que sempre começava com “Eu”. Apoiei minha cabeça no queixo enquanto imaginava uma forma de dispensar sua carona de volta e ir para casa de Táxi, talvez eu pudesse mandar uma mensagem para Roy e força-lo a me buscar já que eu odiava pegar táxi, vir ambos em seu carro foi uma péssima ideia.

A segunda pior ideia de que já tive, a primeira sem dúvida nenhuma foi aceitar em ir a esse encontro. Pisquei surpresa quando senti meu celular vibrar e observei incrédula foto de Oliver me informar que se tratava dele, ergui meu olhar para meu encontro e voltei a encarar a tela com indecisão, as palavras de Sara voltando em minha mente.

Voltei a encarar meu par, mas ele parecia tão absorto em sua história que sequer percebeu, eu poderia apenas me afastar e atender ao celular, que mal faria?  Contudo a educação falou mais alto e ergui um dedo pedindo um minuto de sua atenção.

— Eu realmente preciso atender essa ligação. – Murmurei notando que finalmente ele tinha calado sua boca por mais do que alguns poucos segundos que levava em levar a comida a boca e mastiga-la. – Desculpe. – Murmurei já me afastando.

Hey. – Escutei sua voz suave soar do outro lado.

— Oliver. – Sussurrei. – Tudo bem?

Sim. – Murmurou em tom firme. – Na verdade eu tenho uma surpresa para te contar.

— Você sabe que não gosto de surpresas. – Murmurei. – Eu odeio surpresa.

Eu acho que essa você pode gostar.— Seria possível escutar um sorriso na voz de alguém? Por que eu jurava que eu podia até mesmo ver seus lábios curvarem em um sorriso mínimo apenas pelo tom da sua voz. – Eu estou na cidade.

— Sério? – Perguntei realmente surpresa. – Por quê?

É por apenas alguns dias, mas estava pensando em passar em casa daqui a alguns minutos, eu só não tinha certeza se você está lá, você está em casa?— Perguntou ansioso. Sorri pelo fato dele sempre chamar a casa que eu dividia com minha mãe e seu pai de casa como se ele também fizesse parte, sequer quando nossos pais casaram Oliver veio morar conosco, ele já era um homem formado, ele tinha seu próprio apartamento e sequer morava na mesma cidade, mas ele sempre nos visitava, todas as férias ele passava conosco e chegou a passar três meses conosco quando seu apartamento estava em reforma, Oliver trabalhava em uma das filiais da QC, empresa de seu pai e não foi nenhum problema ele dirigir a empresa nesse tempo através de vídeo conferências e quando muito necessário viagens rápidas para reuniões presenciais, nunca entendi por que Oliver não alugou um outro apartamento ou até mesmo ficou em algum quarto de hotel, ele é rico, ele pode arcar com isso, ele podia até mesmo ter ido para a casa de sua mãe, também não era na mesma cidade, mas era mais perto do que vim de Coast City para Starling City e ainda assim ele ficou conosco e sempre referiu a nossa casa como sua também, não deveria me prender a isso, mas eu fazia.

— Na verdade... – Murmurei interrompendo meus pensamentos e olhando para meu parceiro apesar da distância que havia imposto, ele encarava o prato a sua frente com grande paciência e pouco entusiasmo. – Que tal você passar em um lugar antes?

[...]

— É uma pena termos que interromper a noite assim. – Josh ou seria Joseph? Murmurou enquanto andávamos juntos até a entrada do restaurante.

— Sim. – Forcei em meu rosto uma expressão de decepção.

— Estava tudo tão certo. – Suspirou. – Eu preciso dizer Felicity este foi um dos melhores encontro as cegas que já me arranjaram...

— Yeahhh. – Emiti sem saber como responder aquilo.

— Bem, eu espero que sua mãe esteja bem. – Murmurou fazendo com que eu me sentisse mal por ter internado minha mãe completamente saudável em um hospital como desculpa.

 - Obrigada. – Sorri sem jeito.

— Você tem certeza que não quer que eu a leve? – Perguntou hesitante.

— Oh não. – Neguei rapidamente. – Oliver, ele já está a caminho, ele não costuma atender o celular enquanto dirigi. – Menti. – Não teria como avisa-lo.

— Eu posso esperar com você até que ele chegue. – Insistiu.

— Não é preciso. – Murmurei temendo que ele continuasse a insistir. – Não quero atrapalhar o restante da sua noite.

— Você tem certeza?

— Claro. – Assenti. – Pode ir, eu estou bem.

— Eu espero que possamos marcar algo novamente. – Sugeriu com um sorriso de canto, ele era bonito, muito bonito, e seu sorriso era algo que uma garota não deixaria de notar, eu tinha quase certeza que se ele não tivesse abrido à boca hoje teríamos nos dado bem, aqueles lábios foram feitos para beijar, não para emitir palavras em um encontro. Eu não respondi a sua sugestão, não com palavras, apenas assenti fracamente, um lampejo de algo a mais brilhou em seus olhos, sem qualquer aviso ele se aproximou invadindo meu espaço pessoal e antes que eu pudesse assimilar suas intenções senti suas mãos envolverem meu rosto e seus lábios se apossarem dos meus, eu tinha que admitir, o tagarela era um bom beijador, pelo menos isso eu poderia lhe dar o crédito, no começo eu havia me sentido desconfortável, mas à medida que seus lábios se moveram sobre os meus eu relaxei, eu não voltaria a encontra-lo e o havia enganado com a história da mãe doente, então era justo com ele corresponder ao seu beijo, não era nenhum sacrifício, sacrifício tinha sido escuta-lo todo o encontro. Quando nos separamos ele exibia um sorriso ainda maior. – Eu tenho que confessar, eu esperei por toda a noite para fazer isso. Fiquei tão nervoso que não conseguia parar de falar. – Murmurou me surpreendendo, antes que eu pudesse dizer algo mais uma buzina nos alertou fazendo com que eu desse um passo atrás tomando distância, olhei para o motorista do carro encontrando os olhos azuis de Oliver.

— É Oliver. – Falei em tom de explicação. Ele assentiu com um sorriso.

— Dê um oi para seu irmão por mim. – Falou antes de se virar, eu não tive sequer o tempo de dizer que Oliver não era meu irmão, com um suspiro entrei no carro, Oliver me encarou com um sorriso.

— Eu pensei que deveria te salvar de um péssimo encontro. – Murmurou ganhando um olhar desconfiado meu. – Você tem certeza de que quer ir?

— Apenas dirija. – Falei em tom duro. Ele riu fazendo com que meu humor piorasse ainda mais. Minha ineficaz vida amorosa o divertia, e isso me irritava, quando eu era mais nova eu tinha esperanças que Oliver tivesse alguma pontinha de ciúmes por mim, pequena que fosse, mas ele sempre me surpreendia ao rir dos meus relacionamentos ou me apoiar quando eu ia a algum encontro, as únicas vezes que Oliver agia de forma diferente era quando ele ativava seu modo protetor e isso nunca teve haver com ciúmes.

— Nenhum “Bem vindo”, “Eu estava com saudades”? – Perguntou me provocando.

— Esquece. – Murmurei o encarando. – Saia do carro, eu vou dirigir.

— Não você não vai. – Meneou a cabeça em negativa. – Até onde eu me lembro, você é uma péssima motorista.

— Eu sou ótima! – Protestei. – De qualquer forma foi você que me ensinou. – Dei de ombros. – Então você pode levar toda a culpa.

— E eu me lembro do quão difícil foi. – Sorriu.

— Apenas dirija Oliver. – Repeti, ele me lançou outro olhar brincalhão e fez como eu pedi, eu me limitei a encarar o lado de fora da janela enquanto deixava meus pensamentos me levarem não ao momento em que ele me ensinava, mas no momento em que ele decidiu fazê-lo.

— No que você está pensando? – Perguntou após um momento.

— Em quando você decidiu que me ensinaria a dirigir. – Confessei. – Você se lembra?

— Claro que sim. – Assentiu. – Você estava bêbada.

— Ei!

— Foi você que trouxe velhas lembranças. – Sorriu. – Agora eu não consigo parar de pensar nisso.

— Fico feliz que minha primeira bebedeira o divirta. – Murmurei em tom ácido.

— Bem, eu posso afirmar que naquele dia não me divertia. – Retrucou.

— Eu sei.  – Suspirei. – Sempre o irmão mais velho protetor. – Murmurei tentando esconder a amargura por trás do meu tom, ele me encarou confuso, mas prosseguiu em silêncio, apenas quando paramos em casa que eu voltei a encara-lo. – Nossos pais sabem que você vinha? – Minha mãe tinha forçado seu pai a uma nova lua de mel, eles tinham muitas dessas, eu não saberia dizer em qual número eles estavam.

 Eles haviam partido ontem e isso significava que eu estava sozinha em casa.

— Eu cheguei a falar sobre isso com eles. – Assentiu saindo do carro, estreitei os olhos, a desconfiança dominando minha mente, saí do carro e esperei que ele parasse ao meu lado.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntei cruzando meus braços. Sua mão se ergueu me surpreendendo e acariciando o ponto entre minhas sobrancelhas.

— Você vai criar uma ruga bem aqui. – Sorriu. Bufei. – E você é muito nova para isso. – Completou antes de começar a andar em minha frente.

— Você gosta muito de dizer isso. – Falei em tom alto o seguindo. – Mas sabe para o que não sou muito nova?

— Não. – Murmurou parando na frente da porta e voltando-se. – Mas tenho certeza que você vai me dizer.

— Para perceber quando as pessoas estão me enrolando. – Falei cutucando seu peito. – Responda a pergunta Oliver.

— Eu vou. – Assentiu. – Mas prefiro fazer isso lá dentro. – Inclinou a cabeça apontando para a porta. – Eu esqueci as chaves. – Segurei uma provocação e me adiantei para procurar em minha bolsa a chave, quando finalmente a encontrei passei por ele e abri a porta, com um gesto irônico indiquei que entrasse e o segui, ele esperou que eu me sentasse no sofá para que se jogasse no sofá sem qualquer cerimônia deitasse sua cabeça em meu colo, lancei um olhar descrente para sua postura relaxada, mas não afastei.

— Então? – Perguntei o aguardando. Ele suspirou e largou sua postura relaxada, ergueu-se ficando sentado fazendo com que eu sentisse falta de sua aproximação. Por quanto tempo eu ainda seria tola?

— Então... Que eu vou ficar por uma semana. – Murmurou.

— Sim, mas por quê? – Perguntei confusa, estávamos apenas no começo do ano, as férias já estavam acabando para quem estudava e Oliver havia ido mais cedo do que costume para Coast City, ele não deveria estar aqui. – Aconteceu algo com seu apartamento de novo?

— Não. – Negou. – Papai conversou comigo. – Explicou-me. – Ele disse que estava pensando em se aposentar, para logo e que eu deveria assumir a empresa daqui. – Deu de ombros.

— E como você fará isso estando em Coast City e dirigindo a de lá? – Perguntei confusa.

— Bem, eu vou ter que delegar algumas responsabilidades com meu vice. – Respondeu sem se alterar.

— Lá ou aqui? – Perguntei ainda sem seguir totalmente seu raciocínio. Sua cabeça inclinou, um sorriso quase imperceptível tomando seu rosto.

— Lá Felicity. – Murmurou me surpreendendo. – Eu pretendo me mudar para Starling City, eu quero passar essa semana procurando por um apartamento, mas só volto daqui a alguns meses, então não há tanta pressa assim, mas eu queria quando voltar já ter meu próprio lugar.

— Você está voltando. – Murmurei admirada. – Para ficar.

— Isso. – Assentiu e então ergueu-se. – Agora eu preciso sair.

— Para aonde? – Perguntei curiosa também me erguendo. – Você acabou de chegar.

— Eu vou atormentar Tommy. – Explicou. – Contar a ele as boas novas, mas eu volto logo. – Avisou. – Então tente, por favor, não trazer nenhum namorado nesse meio tempo.

— Você nunca vai esquecer. – Falei meneando a cabeça. – Está bem Oliver, não precisa se preocupar, você pode chegar tranquilo em casa.

— Ótimo. – Sorriu novamente. – Você precisa escolher melhor seus namorados.

— Quando eu precisar de conselhos amorosos de quem não consegue parar com uma namorada, eu mesma vou pedir. – Murmurei com um falso sorriso, era difícil agir assim, como se falar de suas namoradas não me incomodasse, como se ele falando tão livremente dos meus não machucasse. – Até lá...

— Ok. – Piscou. – Eu entendi. Boa noite, Felicity. – Murmurou antes de se virar com o intuito de ir embora, mas o impedi segurando seu braço, ele me encarou surpreso, mas não protestou quando o puxei para um abraço, seus braços rodearam firmemente minha cintura enquanto eu apoiava meu queixo em seu ombro, erguendo-me nas pontas dos pés.

— Bem vindo. – Murmurei sentindo seu calor. – E eu realmente senti saudades. – Seus braços me apertaram ainda mais. – Boa noite, Oliver. – Murmurei antes de solta-lo e finalmente me afastar subindo as escadas.

 

POV OLIVER

A observei subir as escadas e engoli o pedido de que ficasse mais alguns momentos, eu queria conversar mais, eu gostava de provoca-la, de vê-la emburrada até que eu conseguisse finalmente roubar um sorriso seu. Felicity era tão fácil de ler que ela nunca conseguiu disfarçar quando estava com raiva de mim, e sempre que eu percebia eu procurava um jeito de mudar isso. A única razão de eu querer ir atrás de Tommy agora era por que eu percebi que ficar sozinho nessa casa com ela agora não era certo, não agora. Eu passaria apenas uma semana aqui e voltaria definitivamente em alguns meses, se eu agisse por impulso agora tudo o que faria era confundi-la.

Desde que entramos na vida um do outro por causa do casamento dos nossos pais eu assumi diante dela a postura de protetor, seu irmão mais velho, amigo, qualquer coisa o mais platônica possível tal como as pessoas de fora desejavam nos ver. E dando-lhes exatamente o que queriam.

Felicity costumava ser muito transparente, naquela época ela era. Eu seria um tolo se não tivesse percebido seu interesse ao longo dos anos, se não percebesse que ela achava que eu era indiferente, durante todos esses anos eu garanti que ela continuasse pensando assim. Ela tinha 16 anos quando eu a conheci, eu a achava fofa e divertida com seu jeito atrapalhado, até mesmo em sua primeira bebedeira ela havia sido assim, a mera lembrança ainda trazia um sorriso em meus lábios, ainda que como eu havia dito a ela, naquele dia eu não tivesse achado tudo tão divertido.

Flashback on

— Você tem certeza de que está tudo bem eu ficar aqui? – Escutei Tommy perguntar enquanto entrávamos na casa, cada qual carregando uma mala pequena. A casa pertencia ao meu pai e sua nova família: Donna e Felicity Smoak. Eu havia conhecido a ambas pouco mais de um ano antes, apenas poucos meses antes do casamento, e havia ficado encantado com sua personalidade da que eu deveria tratar como irmã.

— Donna é daquelas pessoas que adora visitas.  – Respondi fechando a porta atrás de mim. – De qualquer forma eu acho que ela e meu pai estão em uma viagem esse fim de semana.

— Então a casa está vazia. – Chegou à conclusão se encaminhando até aos porta-retratos.

— Não. – Neguei. – Felicity deve estar dormindo.

— Sua irmã postiça. – Deduziu ainda observando as fotos com atenção. Não respondi ao seu comentário. Eu tinha certeza que se Felicity estivesse acordada ela o interromperia e diria que não é minha irmã, ela odiava quando nos rotulavam dessa maneira e sempre os corrigia, eu apenas me mantinha quieto.

Ela não era minha irmã, mas corrigir isso faria com que eu fosse por outros caminhos, caminhos que um cara de 28 anos não deveria estar pensando sobre uma garota que estava prestes a completar dezoito.

— Ela é sua irmã? – Tommy perguntou impressionado, um retrato em suas mãos. – Ollie você nunca me disse que sua irmã era quen...

— Cuidado. – O adverti o encarando sério. Tommy largou o retrato o devolvendo ao lugar.

— Ela é fofa. – Concluiu com um sorriso pálido e caminhando pela sala. – Tão fofa que eu entendo por que você não se muda para cá e só vem em feriados. Tão fofa que eu entendo por que até agora eu não havia a conhecido. Tão fofa que se eu fosse seu “irmão” tomaria cuidado com os garotos que devem estar a cercando. Tão fofa...

— Eu entendi Tommy. – O interrompi pegando a foto que ele havia deixado para trás, estava cansado de escutar ele murmurar fofa quando estava claro que apenas estava substituindo a palavra quente.

— Ela é quente! – Falou fazendo com que eu me virasse com aborrecimento e o encontrasse olhando através da janela da sala.

— Tommy! – O repreendi novamente.

— Não sua Felicity. – Negou me encarando brevemente. Contive o desejo de corrigi-lo – Na verdade ela também. Você não disse que ela estaria dormindo?

— Provavelmente sim, hoje é domingo. – Dei de ombros. – Ela não tem aula e mal passa das 06:00 da manhã. Com você falando desse jeito, eu espero realmente que ela esteja dormindo e não andando pelos cômodos da casa.

— Bem, sua irmã fofa tem um lado travesso. – Murmurou apontando para a janela. Caminhei até está ao seu lado e encarei com surpresa a imagem a minha frente. Felicity encostada a um carro velho, um pé servindo de apoio, óculos escuros, short jeans curto e colete jeans aberto por cima de um top que mostrava sua barriga.

— O que diabos ela está vestindo? – Meu choque estava muito rapidamente se transformando em raiva, ela não deveria estar vestida assim a essa hora da manhã, indicando que provavelmente ela passou a noite fora. Com quem?

— Você tem um grande problema se não notou a garota ao lado dela, pendurada na janela do carro, bunda empinada? – Franzi o cenho desviando meus olhos até a outra figura feminina, metade do seu corpo estava dentro do carro, deixando justamente a parte inferior, mais especificamente seu traseiro exposto a olhares.

— Pare. – Murmurei para Tommy.  – Essa deve ser Sara, melhor amiga de Felicity...

— Por favor, que seja maior... – Murmurou em tom baixinho.

— E menor de idade. – Completei.

— Droga! – Exclamou. – Não chego perto de bebês.

— O que diabos elas estão fazendo a essa hora? – Perguntei me afastando da janela.

— Meu palpite? – Tommy falou alto me acompanhando. – Elas estão chegando de uma festa. E deve ter sido muito boa, do jeito que estão vestidas? Dominaram a festa. – Meneei a cabeça com raiva e indo até a porta. – Ollie? O que você vai fazer?

— Perguntas. – Respondi sem voltar-me para encara-lo, eu sabia que ele continuava me seguindo enquanto eu andava até as garotas. Felicity demostrou ter me visto e endireitou-se dando uma tapa na bunda de sua amiga a alertando de nossa presença. Por que Sara estava pendurada desse jeito?

— Oliver! – Felicity exclamou, sua voz saindo um pouco arrastada, exibiu um sorriso bobo fazendo com que uma suspeita crescesse dentro de mim. – O que você está fazendo aqui?

— Eu que faço as perguntas. – Alertei erguendo um dedo a advertindo, ela apenas sorriu e bateu levemente no meu dedo, ela não notou o quanto eu estava aborrecido, ela não estava assimilando isso, ela estava se divertindo. – Você bebeu?

— Eu?! – Riu. – É claro que não. – Meneou a cabeça voltando a se encostar contra o carro.

— Consegui! – A exclamação veio de Sara antes de ela saltar para trás e finalmente nos encarar, uma chave em sua mão. – Hey você. – Sara murmurou passeando seus olhos por Tommy que havia se colocado ao meu lado.

— Esse é um garoto bonito. – Felicity acenou encarando Tommy.

— Eu não sou um garoto. – Tommy retrucou. – Menina travessa. – Piscou.

— Eu gostei de você. – Ela sorriu dando um passo trôpego para se aproximar dele, interrompi a aproximação puxando seu braço e a guiando a voltar se encostar ao carro.

— O quanto você bebeu? – Perguntei observando seu rosto. Tirei seus óculos escuros o colocando para trás em seu cabelo.

— Nada. – Murmurou.

— Muito. – Sara falou junto a ela, Felicity que a lançou um olhar rabugento até que quebrou sua carranca com uma risada. – Viu? – Sara perguntou me encarando, mas sua atenção voltou-se para Tommy que lhe dirigiu um sorriso. – Quem é você?

— Tommy Merlyn. – Respondeu sem hesitar.  – Aposto que você é quem coloca esse anjinho em problemas. - Queria repreende-lo por está paquerando com Sara e se referir a Felicity como um anjinho, mas antes que eu pudesse murmurar qualquer palavra, Felicity chamou minha atenção, sua mão envolveu meu braço me puxando, a encarei com o cenho franzido.

— Vem aqui. – Chamou. – Vem aqui. – Acenou para que eu me aproximasse apesar de já está bastante próximo. Inclinei-me ainda confuso, ela ergueu-se nas pontas dos pés, seu fôlego atingiu minha bochecha ates de ir até meu ouvido. – Eu bebi. – Murmurou em tom confesso, voltou a se endireitar e sorriu, levou um dedo aos lábios em gesto de silêncio. – Não conte a ninguém.

— Felicity... – Comecei, mas fui interrompido quando o mesmo dedo pairou sobre meus lábios me silenciando.

— Shiuuuuus. – Interrompeu-me. Baixou sua mão e me deu leves tapinhas no peito como se me acalmasse. – Nosso segredo. – Meneei minha cabeça enquanto observava seu sorriso largo, ela estava bêbada demais, encarei Tommy que nos observava e assim como Sara exibia um sorriso divertido. - Deus minha cabeça está doendo! – Falou alto enquanto exibia uma careta, suas mãos voltaram a envolver meus braços deixando-me próximo de si novamente, sua cabeça inclinou para baixo encostando-se ao meu peito fazendo com que tudo que eu pudesse ver fosse apenas o topo de sua cabeça.

— Você está bem? – Perguntei acariciando seus cabelos.

— Muito melhor. – Murmurou, segui com a carícia buscando seu conforto e voltei a encarar Sara.

— Onde vocês estavam? – Sara parecia sóbria, ao menos em comparação a Felicity.

— Uma festa. – Deu de ombros. – Tem um estábulo em um terreno abandonado há alguns km fora da cidade. Roy encontrou e organizou uma festa. Tivemos que limpar tudo antes. – Fez careta.

— Você veio dirigindo bêbada? – Meu tom era de repreensão, mas ela não se abalou com ele.

— Eu praticamente não bebi. – Respondeu calma. – E quando bebi foi no começo da noite. – Apontou Felicity com o queixo. - Ela começou mais tarde, eu percebi que Felicity ia precisar de babá, então ironicamente eu fui a responsável, a festa acabou umas 03:30, mas Felicity ainda estava bebendo e não quis sair de lá. Para completar Roy estava mais bêbado que ela, então ele não podia nos trazer, então esperei clarear um pouco antes de pegar uma estrada desconhecida, eu o deixei em casa e peguei seu carro emprestado.  

— Quem diabos é Roy? – Perguntei não gostando da irresponsabilidade do garoto, pelo o que entendi ele fez a festa, as levou e bebeu tanto que as deixou sem carona.

— Roy é...  – Parou virando seu rosto para Felicity que ainda continuava encostada em mim, Sara me encarou com interesse e só então percebi que estava massageando seu pescoço. Aturdido parei com o que fazia recebendo um gemido de protesto de Felicity. Sara agiu como se não tivesse me flagrado e continuou. – Felicity, Roy já é seu namorado? – Sua pergunta me surpreendeu.

— Hun hun. – Negou fazendo com que eu respirasse om alívio. Convenci-me que era por que o pentelho não passava de um irresponsável.  – Ainda estou trabalhando nisso. – Felicity murmurou erguendo sua cabeça. Seus olhos azuis encontraram os meus. – Eu estou cansada. – Por alguns momentos eu pensei que ela se referia a mim, mas seus olhos fechando pesadamente e seu corpo escorregando contra o meu me fez perceber que ela falava no sentido literal. Sustentei-a e envolvi uma mão em seu pescoço, meu polegar batendo levemente em sua bochecha.

— Felicity, acorde. – Ela abriu os olhos novamente. – Você precisa dormir.

— Então por que você está a acordando? – Tommy me perguntou apenas com o intuito de me irritar.

— Não. – Felicity protestou endireitando-se, se não fosse por estar entre o carro e meu corpo ela teria caído. – Roy disse que ia me ensinar a dirigir.

— O inferno que ele vai. – Falei duramente.

— Ele disse isso ontem, Lis. – Sara falou carinhosamente com sua amiga. – Ele não pode agora, outro dia quem sabe.

— Eu quero dirigir. – Repetiu.

— Eu ensino você a dirigir. – Prometi. – Mas antes, você precisa dormir. – Ela cutucou meu peito com um dedo.

— Promete? – Seu tom de voz deixava claro que eu não tinha como fugir.

— Você não podia tê-la impedido de beber? – Perguntei lançando a Sara um olhar rabugento.

— Felicity? – Respondeu com uma risada irônica. – Nem mesmo você. – Senti Felicity me cutucando novamente demonstrando que não tinha esquecido sua pergunta.

— Prometo. – Respondi me dando por vencido. Ela sorriu e voltou a colocar sua cabeça contra meu peito, seus olhos fechados.

— Vamos. – Murmurei em tom baixo não esperando por sua resposta, a ergui em meus braços tendo o cuidado em deixar sua cabeça repousar contra meu ombro. – Hora de dormir. – Encarei Tommy que nos observava com interesse. – Eu mostro em que quarto você fica depois.

— Talvez eu deva levar Sara até sua casa. – Tommy murmurou encarando a loira.

— Você vai me levar no colo? – Sara sorriu.

— Você vem comigo Tommy. – Falei não querendo deixar os dois a sós. – Sara ficará bem, ela mora na casa ao lado.

— Exato. – Sara concordou. – Eu preciso ir agora. Preciso entrar em casa antes que meu pai acorde. – Lembrou-se. – Verei Felicity depois, Tchau Tommy. Foi um prazer. – Sara piscou em despedida, Tommy sorriu em resposta e resolvi ignora-los me afastando, Tommy imediatamente me seguiu.

— Agora, ela se parece um anjo. – Escutei-o murmurar.

— Tire os olhos dela. – O alertei. – Delas duas. – Corrigi-me.

— Eu admiro a beleza das duas. – Respondeu em tom descontraído. – E confesso que Sara me conquistou com seu jeito coquete, mas eu te disse: Eu não chego perto de bebês. Eu estou bem com isso e você? – Perguntou abrindo a porta para mim.

— Não entendi. – Murmurei aborrecido, eu havia entendido sua pergunta, apenas não queria lhe dar sua resposta.

— O que você vai fazer agora? – Questionou-me aceitando a mudança de assunto.

— Colocar Felicity na cama. – Falei subindo as escadas e ajustando seu peso. – Sem piadas com isso.

— Não ia.  – Eu podia escutar o riso por trás de suas palavras. – Estarei o esperando aqui na sala.

Não o respondi, concentrei minha atenção em apenas leva-la até seu quarto. Quando finalmente a coloquei em sua cama tirei os óculos que permanecia em sua cabeça, ela moveu-se me dando as costas, em um gesto impulsivo arrastei algumas mexas de cabelos seus, deixando seu rosto e pescoço desnudo. Eu estava bem com isso. Talvez não 100%, mas ela ainda era muito nova para mim.

Flashback off

Naquela época eu estava bem com minha decisão de me manter afastado, eu faria novamente, não me arrependia, mas agora eu não estou exatamente bem com isso. Felicity costumava ser transparente, mas não tanto agora. Será que após todos esses anos negando, agora ela me via como irmão? Depois de tanto tempo interpretando esse papel era assim que ela me via?

Não. Eu não estou bem com isso.

Mas seria certo mudar isso?


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Notas finais do capítulo

Então, a fic sesrá desa forma, estarei alternando entre passado e presente mostrando o desenvolvimento do relacionamento dos dois... O que acharam? estarei aguardando vocês nos comentários.

Xoxo, LelahBallu.