Teenage Dream escrita por LelahBallu


Capítulo 3
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

Gente estou com tanto sono que não posso falar nada agora, prometo responder os comentários desse capítulo para agradecer direito. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/663543/chapter/3

 

Desci as escadas ainda um pouco sonolenta.  Minha cabeça ainda estava tão leve que eu demorei alguns segundos a assimilar e compreender a presença de Oliver na cozinha. Ele estava concentrado em beber seu suco que não havia me percebido ainda. Ele vestia nada mais do que uma calça folgada, o torso despido e coberto de suor deixando-me completamente distraída. Eu não sei, talvez eu ainda estivesse dormindo, mais precisamente sonhando, por que mais minha primeira visão do dia seria Oliver parcialmente despido?

— Bom dia? – Murmurei hesitante e ainda incerta se eu não estava no meio de um sonho. Ele girou seu corpo me encarando de frente, seus olhos me avaliando antes do seu costumeiro sorriso aparecer.

— Bom dia. – Sussurrou. – Eu estava fazendo alguns exercícios. – Explicou notando minha confusão.

— Eu posso ver. – Falei apressadamente e engolindo em seco. Eu poderia me chutar mentalmente pelo deslize que teve o poder apenas de me dar mais um de seus sorrisos, aqueles que eram especialmente para momentos como esse, em que minha boca era rápida demais. – Então, você viu Tommy? – Perguntei tentando mudar sua atenção. Até por que eu não conseguia seguir um raciocínio rápido, a chave era manter ele falando, por que assim eu poderia observa-lo sem parecer uma completa idiota, apenas metade.

— Sim. – Respondeu se afastando e indo até a cadeira que estava próxima, observei ele pegar sua camisa que estava jogada sobre ela e vesti-la, provavelmente havia trazido consigo. Robert tinha uma “pequena” academia aqui na casa, Oliver deve ter feito seus exercícios lá. Era isso ou ele queria queimar meu cérebro com a possibilidade de acordar e encontra-lo em meio a um exercício no meio da cozinha.

— Graças a Deus. – Para a minha surpresa eu disse a frase em voz alta, por que ele se virou encarando-me com confusão. – Que você o encontrou.

— Ele não estava perdido, Felicity. – Provocou-me. – E eu sei que vocês se veem bastante.

— Claro. Eu acho que certo alguém fez com que ele me mantivesse sobre vigília. – Murmurei em tom repreensivo. Eu amava Tommy, ele é um grande amigo, mas me irrita saber que ele está sempre procurando assumir o papel de irmão substituto, por que Oliver se vê assim e acha necessário deixa-lo me protegendo.

— Não vai começar a discutir e me chamar de super protetor novamente, vai? – Oliver me perguntou me entregando um copo de suco, eu sequer havia percebido ele encher.

— Oh não. – Neguei dando-me por vencida e me sentando diante a mesa. – Eu guardo minha energia para momentos mais críticos.

— Momentos mais críticos? – Murmurou erguendo uma sobrancelha.

— Sim. – Afirmei sem hesitar.

— Diga-me apenas um. – Desafiou-me.

— Ok. – Sorri aceitando o desafio.  – Eu tinha o quê? 17 anos, prestes a fazer dezoito. Depois de ter passado um fim de semana aqui com Tommy e ido embora, você voltou sozinho poucas semanas depois. – Eu tinha conhecido Tommy naquele fim de semana, nosso primeiro contato foi meio vago para mim, por que eu não me lembrava muito do que havia acontecido, eu me lembrava de Oliver chegando com o moreno, uma conversa vaga e logo em seguida eu me lembrava de acordar e ir direto para o banheiro, eu vomitei e Oliver estava lá para afastar meu cabelo. Isso era o que eu me lembrava.

— Eu me lembro disso. – Deu de ombros. – Meu apartamento precisou de reforma, o que tem de errado?

— Bem, você ficou por mais tempo dessa vez e conheceu Roy. – Falei. Um lampejo de reconhecimento brilhou em seus olhos. – Você perdeu sua cabeça. – O acusei.

— Você precisa levar em conta a maneira como o conheci. – Retrucou.

— Você poderia ter virado as costas e fingido que não tinha nos visto. – Falei. – Ou ter subido as escadas e nos ignorado.

— Não. – Meneou a cabeça. – Você precisa dar um desconto nisso. – Bateu na mesa e apontou para mim. – Ele estava nu!

— Ele não estava nu. – Neguei envergonhada. – Ainda. – Seu olhar me advertiu de que havia me pegado no meio de um deslize. A situação que ele havia me encontrado era no mínimo constrangedora apenas pelo fato dele nos ter flagrado no meio de algo íntimo, a coisa toda se tornou mil vezes pior com sua reação e em seguida a minha.

Flashback on

A casa estava silenciosa com a exceção de um ou outro gemido. Oliver havia saído com Laurel que havia rapidamente se tornado sua namorada nas breves semanas que ele estava morando ao seu lado. Como eu sabia disso? Ela muito radiante me informou ao me chamar de cunhada, colocando na frase uma dose de ironia e malícia da qual eu não gostei. Na verdade eu odiei a notícia, mas com Oliver fora e nossos pais em uma festa beneficente oferecida pela Queen Consolidated, eu tinha a casa apenas para mim.

Então eu chamei Roy. Estávamos em uma espécie de rolo ou amizade colorida há pelo menos três meses, estudávamos juntos, eu ia a algumas de suas festas, ele não me tratava com uma nerd esquisita como seu grupo de populares fazia, então a gente se dava bem. O filme que havíamos começado a assistir foi deixado de lado tão logo seu rosto se aproximou do meu e nossos fôlegos se mesclaram, em questão de instantes nos beijávamos com euforia. Eu gostava dos seus beijos, meu corpo respondia ao seu quando seus lábios passeavam pelo meu pescoço, e por alguns momentos, os que eu estavam em seus braços eu pude esquecer minha paixonite por Oliver.

As coisas rapidamente esquentaram, estar sozinhos nos deixou a vontade para ir além, então quando me dei conta eu estava embaixo do seu corpo vestido apenas com cueca enquanto eu já me encontrava livre de minha blusa. Roy me beijava com fervor enquanto eu acariciava seus cabelos, quando sua boca voltou a descer pelo meu pescoço eu fechei meus olhos sentindo a carícia em todo o meu corpo. Demorou menos de um segundo para eu perceber que seu corpo não estava mais em cima do meu. Quando abri meus olhos ainda peguei o momento em que Roy caia no chão, Oliver poucos metros diante dele, implicando que havia sido Oliver que tinha o arrancado de cima de mim e o jogado no chão.

— Saia daqui. – Murmurou. Seu tom era ameaçador, um que eu nunca tinha ouvido antes. – Agora!

— O que está acontecendo? – Roy perguntou me encarando em um misto de confusão e medo.

— É Oliver. - Falei rapidamente enquanto sustentava minha blusa contra meus seios.

— Seu irmão. – Murmurou com ainda mais receio.

— Ele não é meu irmão. – Neguei enquanto Oliver voltava a avançar até Roy e erguê-lo o arrastando.

— Eu disse para você sair daqui. – Repetiu.

—Calma cara. Nós só estávamos tendo um momento juntos. – Roy tentou argumentar. – Você é um homem, você me entende.

— Eu sou um homem. – Oliver falou o virando para encara-lo. – Você não.

— Ei! – Roy protestou.

— Você é um garoto. – Oliver continuou. – Se você fosse um homem, você entenderia que garotas como Felicity não são para ter um momento! – Gritou antes de abrir a porta voltando a empurra-lo porta a fora.

— Espere! Minhas roupas! – Roy gritou antes de ter a porta fechada contra seu rosto. – Você é louco! – A voz de Roy se fez ouvida mesmo através da porta. – Completamente louco, eu não posso ir para minha casa assim!

— Você é louco! – Falei finalmente a vergonha sendo substituída por raiva. – Que merda você estava pensando Oliver? – Ele me encarou seus olhos me avaliando. Notei que tomava uma respiração profunda. Ele ainda estava com raiva. Bem, éramos dois.

— Vista-se. – Murmurou em tom baixo, mas que não podia ser outra coisa se não uma ordem. Sua ordem poderia ter sido gritada e não teria o mesmo tom ameaçador como teve pronunciada como foi. Ainda me sentindo irritada e um pouco humilhada vesti a blusa com mãos trementes, em um gesto de rebeldia eu queria ignorar sua ordem, mas eu não podia discutir com ele dessa forma, e inferno como eu iria discutir. – Que merda você tinha na cabeça? – Devolveu minha pergunta quando eu cumpri seu “pedido”.

— Você não vai virar isso contra mim. – Neguei. – Você completamente perdeu sua cabeça aqui, você não tinha o direito de expulsar meu... – Demorei alguns segundos para procurar uma palavra que descrevesse Roy. – Amigo, não podia ter expulsado Roy.

— Seu amigo? – Perguntou com rispidez. – Amigo? Você ia transar com ele no sofá de casa, e ele é seu amigo?

— O que eu faço não é da sua conta. – Falei entredentes.

— Largue esse tom petulante por que você não está falando com seus pais. – Falou se aproximando e fazendo-me recuar apenas para ele se aproximar ainda mais.

— Então para de agir como fosse! – Falei. – Não é de sua conta com que eu transo ou deixo de transar, eu posso muito bem ser a promíscua do bairro e ainda assim não será de sua conta. – Eu queria que fosse, mas não é. – Se eu quiser perder minha virgindade com Roy, será com Roy. – Falei antes que pudesse conter minha língua. Sua expressão se tornou ainda mais sombria.

— Você é virgem. – Murmurou sombriamente.

— De novo, não é de sua conta. – Falei passando por ele e indo até as escadas, logo senti que me seguia e exalei um suspiro cansado. – Se eu estou me afastando é por que não quero ficar perto de você, Oliver. – Falei sem me dar o trabalho de me virar e encarar o seu rosto. Eu tinha certeza que estava tão alegre quanto antes. – Pare de me seguir. – Falei entrando em meu quarto e me virando para ele, ergui minha mão espalmando em seu peito o impedindo que ele entrasse no meu quarto também.

— Você é virgem. – Repetiu mantendo-se fora. – E ainda assim ia permitir que sua primeira vez fosse com um garoto que apenas queria uma rapidinha no sofá. Qual o seu problema?

— Neste momento? Você. – Falei sincera. Ele não entenderia quão longe ia minha resposta, ele pensava que era apenas por ter me flagrado, mas ele era meu problema. – Agora, saia. – Falei.

— Você está com raiva de mim por que impedi que esse palhaço fodesse com você na sala dos nossos pais. – Murmurou entredentes. – Que merda você queria, Felicity?

— Talvez eu só quisesse um orgasmo. – Retruquei com raiva. Seus olhos me encararam em choque, dentro deles algo mais tomando um pequeno brilho, ele estava furioso.

— Você quer um orgasmo? – Perguntou voltando ao seu tom baixo de voz. Algo em sua voz fez com que eu ficasse em alerta, ele deu um passo se aproximando mais de mim até que o que quer que seja que fez com que seus olhos tornarem-se mais vívidos tivesse ido, ele piscou e recuou, fazendo com que eu soltasse a respiração que não sabia ter segurado. – Use suas próprias mãos. – Concluiu fazendo com que toda minha raiva retornasse.

— Estúpido! – Falei antes de fechar a porta em sua cara. Eu o odiava, nesse momento eu o odiava. Quando minutos depois escutei pancadas na porta eu quis ignorar, quando sua voz surgiu por trás da porta em tom mais calmo pedindo que eu abrisse eu joguei um travesseiro, mas quando ele disse que não sairia de lá até que eu abrisse e que provavelmente isso chamaria a atenção de nossos pais quando eles chegassem, eu me forcei a me levantar da cama e ir até a porta.

— Desculpe. – Pediu no instante em que eu abri a porta.

— Não. – Neguei. – Você provavelmente nem sabe por que está pedindo desculpas, só sabe que estou com raiva e que para mudar isso precisa pedir. Você não se arrepende.

— Eu não me arrependo de ter expulsado o garoto. – Assentiu. – Não é por isso que estou pedindo desculpas. E não por que você está com raiva, eu conheço você. Você não fica com raiva por muito tempo.

— Então por que por você está pedindo desculpas? – Perguntei com o cenho franzido.

— Por que de alguma forma eu a magoei. – Falou sincero. – E eu sempre vou lamentar e me arrepender disso, então, me desculpe. – Murmurou novamente.

— Você não é culpado por isso Oliver. – Ninguém realmente é culpado por não corresponder os sentimentos de outra pessoa, e lá no fundo eu sabia que minha raiva e mágoa com ele teve pouco a ver com Roy. – Você não precisa pedir desculpas, agora você pode sair do meu corredor. – Ele assentiu e virou-se para ir, eu já estava fechando a porta novamente quando o escutei chamar meu nome em tom hesitante, o encarei incerta do que ele queria agora.

— Homens não se importam com sexo. – Falou chamando minha atenção. – É só sexo, mas mulheres sim. Principalmente se for sua primeira vez...

— Oliver...

— Apenas não peça algo menos do que você merece. – Falou me surpreendendo. – E uma rapidinha no sofá não é algo que Felicity Smoak mereça. – Concluiu antes de se virar sem me dar chances de retrucar e desaparecer do corredor enquanto eu o observava ainda atônita com o que havia acontecido.

Flashback Off

— Felicity? – Escutei a voz de Oliver soar distante.

— Desculpe. – Pedi percebendo que havia perdido algo que ele havia dito. – O que você disse?

— Apenas reafirmei que nesse caso eu estava certo. – Deu de ombros. – Você vai sair hoje? Talvez com seu namorado de ontem? – Insinuou.

— Ele não é meu namorado. – Neguei. – Foi apenas um encontro arranjado que saiu totalmente errado.

— Então...

— Mas eu vou sair. – Respondi. – Helena vai me carregar para uma recepção aos calouros, como as aulas começam amanhã ela quer tez certeza que eles se sintam algo mais como um lixo na sala.

— Não achei que você gostasse disso.  –Murmurou impressionado.

— Eu odeio, mas com Helena não há argumentos. – Dei de ombros. – E você?

— Tenho certeza que posso encontrar algo. – Falou com um sorriso que me fez questionar a origem dele.

— Tenho certeza que sim. – Concordei. Mulheres não faltavam para Oliver, elas se jogavam aos seus pés, eu me odiava para ser mais uma que não resistia ao seu charme, principalmente por ter sido assim por anos. Mesmo quando eu namorava Cooper eu não estava 100% com ele.  Cooper foi o cara com que eu fiquei a sério, ele foi meu primeiro, e por um tempo eu achei que ele seria o suficiente. Até o idiota me trair, então quem me consolou? Oliver. Eu apenas não conseguia tira-lo do meu sistema.

—Eu vou tomar uma ducha. – Falou se afastando. – Fiz torradas, e cortei algumas frutas.

— Obrigada. – Falei enquanto observava suas costas. Eu tomaria meu café e logo em seguida passaria em Sara para contar as novidades, só então ligaria para Helena para confirmar o programa a noite, quem sabe eu poderia dissuadi-la. Até onde eu sabia a esperança é a última que morre, e eu tinha um monte dela.

[...]

Estremeci ao escutar mais um conjunto de gritos vindo de caras bêbados, o lugar estava um caos completo, boa parte do corpo discente do meu curso estava aqui, calouros e veteranos em sua típica confraternização, fora isso haviam também alguns grupos de outros cursos, o que implicava em várias rodadas de cerveja, uma banda qualquer tocando como plano de fundo e alguns casais se agarrando sem sequer saber o primeiro nome um do outro. Uma típica recepção de calouros.

Esse era um bar de estrada, era usado pela galera desde sempre, eu não saberia dizer quando começou. Em meu primeiro semestre fui arrastada por Helena a quem eu tinha acabado de conhecer até aqui e fiquei sabendo que gostavam da localização por que era distante, poucas pessoas se incomodariam com o barulho e qualquer coisa que acontecesse aqui não influenciava em nada em como você era visto na faculdade. Basicamente o que acontecia no Dirk, ficava no Dirk.  Eu achava a ideia um pouco perigosa, um monte de bêbados longe de qualquer intervenção? Tendo apenas o proprietário que ironicamente se chama Dirk como defesa? Soava como o pedido de uma confusão. Por essa razão eu sempre evitava as recepções aos calouros, eu não gostava de barulho, odiava confusão e bebia apenas razoavelmente, a única razão para estar aqui hoje era mais uma vez por culpa de Helena, amanhã começava oficialmente meu último semestre e ela estava indignada por que eu nunca havia passado pelo meu trote como caloura, então ela estava determinada que hoje eu fizesse.

— Isso não vai acontecer Helena. – Murmurei por cima do minha garrafa antes de tomar um gole e fazer uma careta pelo gosto de cerveja barata. – Isso é horrível, está quente.

— Por que faz horas que você está com a mesma cerveja. – Reclamou.

— Eu já estou há horas aqui? – Perguntei divertida. – Está na hora de ir. – Ergui-me apenas para sentir meu braço ser puxado com força forçando-me a sentar novamente.

— É apenas um trote. – Falou persuasiva. – Tudo que você precisa fazer é escolher um cara qualquer, fazer algumas perguntas, você que as escolhe, pode ser desde o mais básico como de onde ele vem a se ele é gay, precisa ser no mínimo quatro perguntas, você volta e tem que nos dizer as perguntas e o que ele respondeu.

— Muito simples. – Concordei com ironia. – Você esqueceu a parte em que eu tenho que estar sentada em seu colo para isso.

— Felicity é um trote, não poderia ser tão fácil. – Suspirou.

— Eu não sou mais caloura, eu não devia passar por isso. – Reclamei, para logo em seguida escutar alguns protestos das garotas que estavam conosco.

— Nós passamos. – Shado argumentou. – Você tem que passar.

— E se vamos passar por isso, você definitivamente tem que passar. – Uma caloura se intrometeu concordando.  Emiti um som de protesto, mas eu sabia que não conseguiria fugir disso. A única razão de ter conseguido da última vez foi por que liguei para Tommy e pedi que ele me tirasse dali o mais rápido possível, para minha surpresa Tommy apareceu com Oliver junto, eu que vivia evitando minha tentação em forma de meio irmão tive que voltar com ele em meio a um silêncio constrangedor, para então ser substituído quando chegamos em casa por um dos maiores sermões que eu já havia escutado, ele sequer morava conosco, mas nossa discussão foi tão longa que quando acordei no dia seguinte ele estava deitado no sofá. Sufoquei minha vontade acorda-lo com pequenos beijos na mandíbula e joguei um travesseiro em sua cara.

— Felicity? – Helena me chamou tirando-me dos meus pensamentos. A encarei distraída. – Você não vai conseguir fugir dessa vez. Dê uma olhada ao redor, escolha um. – Mandou. Assenti sem ânimo, a ideia de sentar no colo de um desses bêbados era completamente revoltante, mas esse era meu último período, então eu daria para elas o que queriam e nunca mais precisaria fazê-lo novamente. – Não se preocupe, se o escolhido avançar em você, temos um exército de mulheres para te defender.

— Isso me deixa mais tranquila. – Murmurei sem humor.

— Merda. – Encarei Shado que se levantou. – Meu namorado já chegou. – Falou observando a tela de seu celular, então me encarou. – Escolha um, Helena me passará os detalhes. – Falou antes de sair se despedindo do restante. Nem éramos tão intimas assim, tratava-se apenas daquele coleguismo que fazemos brevemente quando estamos em uma situação social. Eu tinha duas amigas próximas: Sara e Helena, pronto.

Ao perceber o olhar impaciente de Helena e sentir os olhares de censura vindo das demais me apressei a olhar ao redor em busca de algum cara em potencial. Deus tantos bêbados!

— O que acontece se ele me joga do seu colo? – Perguntei considerando seriamente a possibilidade.

— Seria humilhante. – Helena concordou. – Foi o que aconteceu com algumas, mas eles estavam sóbrios. – Sorriu antes de completar. - E você está vestida para matar, duvido que sejam idiotas para te jogar no chão. – Acenei confirmando que havia entendido, mas não tomando o “Vestida para matar” a sério, mas seu comentário chamou minha atenção, eu estava de saia, isso fez com que a ideia de sentar no colo de um desconhecido menos animadora ainda. – Lembre-se, não pode contar sobre o trote, tem que ser autêntico. – Assenti vagamente ainda analisando as opções, mas meu olhar foi rapidamente atraído pelo homem que entrou no bar. Encarei incrédula, Oliver passar entre os estudantes animados. Ele não havia falado nada sobre vir ao Dirk a essa noite, quando ele falou que encontraria algo nunca imaginei que terminaria aqui.

Continuei o observando e o admirando. Sua presença se destacava, tantos garotos perto de um homem. Dei-me conta do que isso significava e encarei Helena, ela tinha seguido meu olhar e sorriu. Inclinei-me em minha cadeira para me aproximar mais da sua e falei em tom baixo, apenas para ela ouvir.

— Eu não posso fazer isso com ele aqui. – Murmurei sincera. – Se eu sentar no colo de algum bêbado com mão boba aqui e ele ver, Oliver vai sair comigo daqui na hora. – Seus olhos se abriram surpresos, ela não tinha ideia do quanto protetor Oliver podia ser, ele geralmente não ligava para os meus encontros, não havia por que ligar, Oliver não se importava, mas sempre foram caras sóbrios que me levaram a lugares mais limpos e menos agitados. Então nessas circunstâncias ele sem dúvida nenhuma faria isso, claro que só depois de arrumar briga com quem quer que fosse o pobre escolhido. – Vamos deixar isso para lá. – Pedi.

— Faça com ele. – Minha boca se abriu em surpresa. Eu estava um pouco chocada com sua sugestão. Ela deu de ombros minimizando minha reação. – As regras são simples, qualquer um aqui dentro.

— Helena eu não posso...

— Você está sempre repetindo que não são irmãos. – Argumentou. – Então não há a nada de errado, as garotas que ficaram não sabem da proximidade entre vocês, aproveite sua chance de concluir o desafio e ter certeza que o cara em quem vai sentar não é um completo idiota.

— Sim, mas as chances de Oliver me jogar no chão são maiores. – Bufei.

— Qual é do cochicho? – Uma ruiva que eu sequer lembrava seu nome perguntou. – Você vai fazer isso ou não?

— Ela já escolheu. – Helena falou antes que eu pudesse falar algo. – Ela estava me contando quem era o escolhido. – Nunca tive tanta vontade de matar Helena com quando ela apontou para Oliver deixando as meninas animadas. Eu tinha Sara, eu podia ficar apenas com Sara, Helena e Sara apenas se aturavam mesmo, Sara me agradeceria.

 Apesar do meu desejo súbito de matar uma amiga eu voltei a olhar em volta procurando agora por Oliver, ele estava sentado sozinho, algumas garotas o olhavam com desejo, mas sua atitude solitária me fez questionar novamente o que Oliver estava fazendo aqui. Com isso em mente me ergui agradecendo a Deus por ele ter escolhido um lugar reservado, passei por entre os corpos suados e impregnados com o odor de cerveja barata e caminhei até sua mesa.

Seus olhos me fitaram com falsa surpresa quando me viu, eu podia perceber enquanto me aproximava dele, eles também desciam pelo meu corpo lentamente, estremeci com a forma com que ele me encarou, mas eu tinha certeza que apenas escutaria alguma reclamação.

— Não fale nada. – Falei quando me aproximei e sua boca se abriu, ele a fechou imediatamente percebendo a ordem por trás das palavras. – E, por favor, não surte. – Pedi antes de espalmar uma mão em seu ombro coberto pela jaqueta e me sentar com as pernas separadas em seu colo, suas mãos fecharam-se imediatamente em minha cintura a apertando, sua expressão era a da mais pura confusão. Agora que eu estava sentada nele de forma tão... Sexual, eu não sabia como explicar o que estava fazendo, seu rosto estava muito próximo, eu podia perceber que ele tinha mil perguntas em sua cabeça, eu estava tensa e ele estava confuso.

— Felicity. – Sua voz soou rouca demais para meus ouvidos, tomada pela surpresa talvez? – O que está acontecendo? Você bebeu? – Havia um quê de repreensão ali.

— Você deve parar de me tratar como criança. – Murmurei aborrecida. – Eu não bebi Oliver. – Falei. – Eu estou em meio a um trote.  – Confessei. Eu sabia que não deveria dizer isso, mas eu ainda considerava a possibilidade dele me jogar no chão, então Helena que me desculpe. – Era você ou sentar no colo de um desconhecido. – Sua mandíbula tencionou ao ouvir isso.

— Por que você está participando disso? – Abri a boca para responder, mas perdi brevemente minha linha de raciocínio ao sentir suas mãos deslizarem da minha cintura para mais em baixo, nas laterais do meu corpo. Ele não parecia consciente do que fazia.

— Eu só preciso ficar aqui tempo o suficiente para elas pensarem que fiz quatro perguntas. – Dei de ombros. – Depois vou embora. – Para minha surpresa um sorriso se estendeu em seus lábios.

— Você está me usando. – Contestou.

— Vai me dizer que Oliver Queen nunca foi usado? – Perguntei também sorrindo, eu conhecia a resposta, Oliver sempre foi o centro das atenções, sempre foi o desejado, ele sempre foi o que usa nunca o contrário.

— O que mais você precisa fazer nesse trote? – Perguntou divertido, ia dizer que nada além do que já estava fazendo, mas parei em meio ao pensamento, talvez tenha sido os círculos que ele continuava fazendo por cima da roupa, talvez o contato íntimo de nossos corpos estivesse nublando minha mente fazendo com que eu considerasse algo de que absolutamente não deveria. Ou tenha sido o fato de que seus olhos baixaram brevemente até a altura dos meus seios e eu peguei isso, mas uma ideia surgiu em minha cabeça. Sempre me neguei a aceitar qualquer ideia de parentesco com Oliver, mesmo sendo mínimo, ele era apenas o filho do meu padrasto e que minha mãe insistia trata-lo como filho, mas não éramos irmãos, há muito tempo me perguntei como seria beija-lo, e agora eu tinha a oportunidade para fazer isso, estávamos no Dirk, eu tinha a desculpa perfeita, tinha o trote ao meu favor, e o que acontecia no Dirk, ficava no Dirk.

— Eu preciso beijar você. – Falei em apenas um fôlego. Sua expressão de quando sentei em seu colo não se comparava com a de agora.

— Isso seria ultrapassar limites. – Murmurou. Eu sabia que ele não era de todo contra a ideia, eu estava sentada nele, eu podia sentir isso.

— Limites foram feitos para serem ultrapassados. – Falei em tom baixo, eu realmente faria isso? Realmente o beijaria? – Se não for você, será outro cara. – Falei fingindo desinteresse, lá estava novamente, sua expressão fechada.

— Eu acho que não. – Murmurou entredentes. O encarei surpresa, ele realmente estava concordando com isso? Não protestaria ou argumentaria? – O que você está esperando Felicity?  - Vi um leve brilho de desafio em seus olhos antes de no tom baixo que eu já bem conhecia ordenar: - Beije-me. – Pisquei ante a autoridade impregnada na voz, segurei em sua camisa na região do tórax e me curvei mudando deliberadamente a posição, apenas para tirar um pouco do seu controle, suas mãos ainda estavam lá, apertando-me. Eu realmente faria isso, eu o beijaria. Eu ainda poderia recuar, eu tinha certeza que Helena tinha mudado sua cadeira para não perder nada do que estava acontecendo, tinha certeza que todas as garotas nos observavam com expectativa, eu poderia recuar, mas eu não queria.

Pareceu uma eternidade antes de eu finalmente reunir coragem e me inclinar tomando uma última respiração e o beijei.

Eu esperava que ele assumisse que era um beijo pequeno, rápido e casto, mas ele me surpreendeu quando se juntou com entusiasmo, eu comecei o beijo, mas definitivamente foi ele que liderou.

Um beijo de boca aberta, úmido e lento. Justo como o sexo devia ser.

Suas mãos moviam-se inquietas, trazendo calor mesmo por cima das roupas, sua língua jogava com a minha, assumindo total controle, empurrando-a, deslizando, tornando-me maleável a suas vontades, inclinei minha cabeça mudando o ângulo, permitindo que roubasse cada pensamento meu com apenas um beijo, tentei me manter quieta em cima dele, mas era difícil fazê-lo quando seu dedo roçou a borda da saia, fazendo-me questionar se ele realmente iria além, querendo que ele fosse. A esse ponto eu havia esquecido completamente onde estávamos. Eu apenas queria continuar dessa forma, mas o beijo interrompeu-se de forma brusca, não por mim, mas por ele, ele me encarava incrédulo, totalmente surpreso pela intensidade do que havia acontecido. Nossas respirações estavam agitadas, o choque batalhando com o desejo.

Eu não queria escutar um pedido de desculpas vindo dele, eu não poderia, não aguentaria. Então murmurei um trêmulo “obrigada” e me ergui deixando-o atônito, parei em frente a mesa em que eu estava antes ainda abalada pelo beijo.

— Ele é daqui, odeia chocolate, mas ama caramelo. Não tem filhos. – Falei rapidamente. – Ah e não é gay.  – Completei antes de me virar e sair deixando-as em meio a risos, eu estava de carro, e não tinha bebido, eu podia ir muito bem sozinha, mas eu era a carona de Helena que por sua vez havia bebido bastante, então voltei para puxar seu braço e arrasta-la comigo.

— Você o beijou. – Murmurou surpresa quando entramos no carro. – Eu disse para sentar em seu colo e tirar algum proveito, eu nunca disse para beija-lo.

— Você vai me repreender? – Perguntei incrédula. – Agora? Você não pode esperar um pouco mais?

— Repreender? – Riu. – Garota, eu estou te felicitando, eu sou uma mãe orgulhosa.

— Eu também não preciso disso agora. – Murmurei tentando me encontrar na estrada.

— Eu sei que você está surtando agora Felicity, eu posso entender isso. – Falou. – Mas você precisa encarar que depois desse beijo, da formar que vocês se beijaram... Nada será o mesmo.

— Não. – Concordei. – Nada será o mesmo.  – Meneei a cabeça ainda sem acreditar. Eu não conseguiria encara-lo por pelo menos um par de dias. – Tudo vai mudar.

— Definitivamente. – Helena assentir.

— Definitivamente. – Repeti. Tudo iria mudar.

Mas seria para algo bom?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E pronto, espero que tenham gostado e aguardo vocês nos comentários.

Xoxo, LelahBallu.