Fogo e Água escrita por Mikaeru Senpai, Torcai


Capítulo 4
O despertar.


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei mais o que dizer nessas notas. qq



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A luz perturbou seu sono. Quente, intenso e incômodo, o sol mandou que acordasse, e assim o fez. A dor consumia seu corpo por completo, embora sua intensidade fosse inegavelmente maior em seu tórax. Respirar foi extremamente doloroso, mas esqueceu da dor por um momento quando olhou em volta.

Não sabia onde estava, sabia apenas estar na casa de alguém. Seus pokémons. Olhou em volta tensa até que viu as seis pokébolas ao seu lado na cama. Puxou-as para perto como um pássaro guardando seus ovos e abriu uma virada pra fora da cama. Typlhosion apareceu com suas chamas apagadas e bocejou preguiçosamente, encarando a treinadora com carinho. Abaixou nas quatro patas e deitou a cabeça ao lado dela na cama, soltando um barulho baixo e grave parecido com um ronronar. Um pouco de fumaça saiu de seu focinho.

Lyra sorriu e afegou o companheiro.

– Que bom que você está bem... O que houve? - Ele lamentou e piscou seus olhos vermelhos. - Você sabe tanto quanto eu então, né?

Um novo sorriso seguido de uma pontada de dor. Ty ergueu a cabeça preocupado quando ela abraçou os próprios braços instintivamente. Respirou fundo e olhou em volta, até que viu uma cartela de remédios sobre o criado mudo e um copo d'água.

– Analgésicos...

Apanhou a embalagem e deixou de lado, em nome da sua dor, todos os ensinamentos que já recebera sobre "não tomar coisas desconhecidas". Tomou o remédio e um pouco de água, então colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha.

– ... Quando eu soltei o cabelo?

Olhou em volta procurando seus elásticos, mas não encontrou. Tinha outros em sua bolsa, mas preferia andar com o cabelo preso por ai. Pelo menos seu chapéu estava próximo.

– Ei... Me ajuda?

O Typhlosion levantou e estendeu suas patas macias para ela, erguendo-a. Ela levantou e apoiou no corpo do pokémon, tendo um pouco de apoio e estabilidade. Decidiu ir atrás de quem cuidou dela. Imaginava a sorte que tivera, Silver devia tê-la deixado lá por muito tempo, talvez algum treinador gentil que estivesse de passagem a ajudara. Quem quer que fosse teria sua gratidão.

Abriu a porta e, com certa dificuldade, ela e Ty passaram pelo portal e foram andando para a sala. Lyra ficou surpresa com o lugar. Era bonito e parecia caro morar ali, novamente se perguntou quem a teria trazido para lá. Quando se aproximaram do sofá, Ty rugiu e parou, rosnando irritado encarando a parte de trás do móvel.

Ela estranhou a reação dele, mas não conseguia imaginar por que ele hostilizaria quem a resgatou.

– Vamos, Ty, se acalme.

Tapinhas amigáveis foram dados no peito do pokémon, e ele lamentou por não poder continuar rugindo, mas obedeceu. Voltaram a andar até que pudessem ver quem estava ali deitado. Juntando sua expectativa com a situação, Lyra demorou vários segundos para entender quem estava ali. Reconheceu os lisos cabelos vermelhos, seu rosto, até mesmo sua altura, mas não fazia sentido. Ela esperava uma pessoa gentil, que a resgatou e cuidou dela depois que o garoto no sofá a deixou jogada em Victory Road. Mas ele não a largou lá. Pelo visto ele a levara até ali e cuidara dela. Ele era a pessoa gentil que a resgatou. Isso apenas não fazia sentido.

Silver se mexeu e virou de lado, ainda dormindo. Continuava olhando para ele em silêncio, não sabia mesmo o que fazer, apenas o encarava incrédula. Não sabia se deveria ir embora, mas sabia que isso seria rude depois dele tê-la ajudado e não deixado machucada e sozinha na caverna. Suspirou. Ty a olhava de cima orgulhoso de si mesmo por ter reconhecido o inimigo. Estava tão satisfeito que seu pequeno rabo balançava de um lado para o outro e ele passara a ignorar a presença de sua treinadora.

– Ei. - Ela sussurrou para o pokémon - Você já foi mais humilde.

Ty olhou para ela e ficou sério, com uma expressão de desdém que sempre a divertia. Então ele mostrou a língua para ela e sorriu animado. Ela ergueu a mão e ele abaixou a cabeça, e então afagou-o com carinho. Voltou a olhar para Silver, ainda não sabia o que fazer quanto a ele. Ele parecia diferente em Victory Road, ele parecia disposto a mudar. Talvez por isso ele a tivesse ajudado.

– Oh... Já sei! Ty! - O pokémon olhou para ela ansioso - Acorde-o. SEM - Interrompeu o pokémon quando labaredas começavam a sair de seu pescoço - Machucar. Seu monstrinho.

Ele mostrou a língua para ela novamente, que apenas sorriu e mostrou a língua de volta. O pokémon então andou até o sofá e parou com a cara sobre a do rapaz. E o lambeu.

Silver acordou e saltou do sofá. Recuou assustado e confuso olhando para Lyra e seu pokémon ainda sem conseguir enxergá-los por ter despertado tão abruptamente. Segurou a camiseta e a ergueu para secar o rosto com o tecido, deixando sua barriga visível. Lyra não esperava por aquilo, demorou um pouco para reagir, com o rosto assumindo um tom avermelhado quando ela parou de olhar para Silver. O garoto secou o rosto e não entendeu por que, quando voltou a enxergar, a menina estava assim. Abaixou a camiseta novamente e passou a mão pelo próprio cabelo, arrumando-o.

– Que ideia foi essa de me acordar? - Perguntou secamente. - Se já está melhor vá embora.

– E-eu... - Lyra pigarreou, recuperando sua seriedade, embora preferisse olhar para o lado. - Eu agradeço por você não ter me deixado lá. - Tirou a franja solta do olho e colocou atrás da orelha. - Não esperava isso de você.

– Legal, que ótimo. Agora vá embora.

– Eu queria te agradecer decentemente. - Murmurou – Eu queria te compensar...

Por algum motivo essa frase chamou a atenção dele. Algumas possibilidades passaram por sua mente, e ele não se orgulhava de nenhuma delas. Apenas suspirou e continuou parado, esforçando-se para não reagir de forma alguma. Lyra sorriu e enfim olhou para ele, sua expressão fria e sonolenta a fez ficar receosa, mas estava decidida.

– Você tinha dito que percebeu o que nos tornava diferentes.

– E daí? - Cruzou os braços. Seu tom de voz era agressivo e seco.

– Eu quero te ensinar. Pra você ficar mais forte.

Ele franziu o cenho, mas não respondeu. Lyra tinha um sorriso no canto dos lábios, um sorriso gentil. Queria mostrar que seu desejo era ajudá-lo e nada mais, que ele podia confiar nela. Silver a encarava quieto e contrariado. Se por um lado ele queria vencê-la, por outro a forma mais fácil de fazê-lo seria aprender o que lhe faltava com quem o tinha. Mas não queria dar o braço a torcer de jeito nenhum, não queria ceder. Bufou.

– Você ainda tem que ir pro hospital. - Resolveu. - Talvez tenha algo quebrado, você mal consegue se manter em pé.

– Hum? Você... - Ela parecia surpresa. - Você tá preocupado comigo?

– Não seja ridícula. - Respondeu ríspido - Só não gosto do trabalho feito pela metade.

– Eu já acordei, você podia não ligar mais, mas ainda liga. Você me carregou?

– Que diferença isso faz?! - Essa pergunta o tirou do sério por lembrá-lo do quanto se preocupara em carregá-la propriamente até sua casa. Não queria falar sobre isso.

– Mas... Como você me trouxe até aqui? Você não tem pokémons voadores... Será que...? - Ela pegou sua pokébola roxa e a abriu – Lulu, o que houve?

Após questionar, o pokémon surgiu magnífico, e abaixado, ao lado dela. Ficou curvado por ser grande demais para aquele lugar, assoviando a resposta. Ela parecia entender perfeitamente tudo o que ele dizia, deixando Silver mais desconfortável e ansioso do que ele estava antes.

– Entendi... - Um sorriso animado foi direcionado ao rival - Você é estranho.

– O que? Me poupe. - Cruzou os braços – Vá embora de uma vez, estou cansado de você.

– Certo, certo. - Suspirou mantendo o sorriso em seus lábios - Mas minha proposta continua em pé. - Recolheu Lugia em sua pokébola e foi até a porta com a ajuda de seu Typhlosion. - Você, aparentemente, sempre sabe onde me encontrar. Até outra hora, Silver.

Ela abriu a porta e deixou o lugar, permitindo que a porta se fechasse sozinha.

– Tsk.


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Notas finais do capítulo

E é isso ai, e ai, o que acharam? :3



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