–C-Como assim, Yuma ?
Perguntou Hage confuso.

–Seja sincero...Alguma vez você já esteve em apuros durante um duelo ou precisava de uma carta muito específica de seu deck e ao sacar ela apareceu naquele momento ?
Perguntou Yuma encarando-o.
–Não exatamente como hoje, mas chegou a acontecer ?

–B-Bem...Eu não acho que seja lá uma grande coisa, as vezes temos sorte, né ?
Dizia Hage olhando para todos os lados de nervoso, não conseguindo encarar Yuma.
–Mas sim...Muitas vezes onde para vencer mais facilmente eu precisava de uma ou mais cartas para vencer, elas surgiam na mesma hora.

–Entendo...
Comentou Yuma que por um instante refletiu sobre o que diria.
–Hage, a grande coisa sobre o que você fez dessa vez é que o “Espanador de Penas da Harpia” não fazia parte do Deck que eu lhe entreguei.

–O-O-O QUE ?!!
Exclamou Hage surpreso.
–Como assim ?! Não tem como isso ser verdade, Yuma ! Eu o saquei e...

–Shining Draw.
Disse Yuma interrompendo-o.

–S-Shining Draw ? O QUE DIABOS É ISSO ?!!
Perguntou Hage se exaltando.

– “Quando os sentimentos do Duelista e seu poder se tornam maiores que as forças do destino, até mesmo a próxima carta a ser sacada pode ser escolhida ou trocada.”
Disse Yuma, como quem estivesse recitando.
–Isso é o Shining Draw. Basicamente, caso seu espírito supere os limites humanos, você se torna capaz de sacar a carta que desejar de seu deck e numa situação extrema, pode inclusive fazer coisas impossíveis como substituir uma carta de seu deck por outra que não deveria estar lá. Hage, o Espanador de Penas da Harpia pode até ser uma carta genérica até certo ponto, mas ela não foi posta naquele deck de “Seis Samurais” e eu posso dizer isso porque fui EU quem o montou.

Hage estava tentando absorver as informações novas, sem muito sucesso.

–Escuta, o que você fez é algo que poucos duelistas conseguem e apenas quando atingem o auge de suas habilidades. Duelistas realmente poderosos podem até mesmo escolher a carta que vão sacar se usarem esse poder latente que está adormecido em seus corações.
Continuou Yuma.

–Está me dizendo que eu utilizei esse tal de “Shining Draw” ?
Perguntou Hage ainda confuso.

–Sim e não...Seu poder latente possuí uma origem diferente e que parece ter sido desperta por algo que possuímos aqui, Hage.
Respondeu Yuma.
–Eu irei lhe dar um poder com o qual poderá vencer Mirage e com a ajuda dele, poderá despertar seu poder latente e o ajudará a superar a barreira aparentemente intransponível que Mirage lhe impôs, o Destino.

Hage imediatamente mostrou surpresa e despertou daquele choque inicial.

# Você sempre soube que sua sorte era anormal, inumana...Por que está tão chocado afinal, idiota ?! #
Hage se Questionava.
# Se Yuma pode me ajudar, então...!!! #

–Mas há um porém.
Disse Yuma, como se pudesse ler a mente de Hage.
–Para receber esse poder, você vai sofrer uma dor que fará com que você deseje a morte e talvez o leve a ela de fato. Há ainda a possibilidade de que você enlouqueça por causa da dor e não seja mais capaz de viver, ficará para sempre preso dentro de seu corpo, em estado vegetativo.

Após um momento de desconfortável silêncio, Hage finalmente decide falar.

–Mas, se eu conseguir suportar isso tudo...O que isso fará, Yuma ?!
Perguntou muito sério.

–Você se tornará forte o bastante para driblar os poderes de Mirage e não mais depender apenas de sorte e de seu poder latente, poderá mostrar seu verdadeiro potencial, seu arrebentar !
Respondeu Yuma.
–O que me diz, Hage ?

Hage sorriu decidido.
–Então vamos logo com isso, Yuma !
Disse.

Yuma deu um sorriso preocupado e após encaixar ambos os anéis usados por Ryouga e por Rio, Yuma introduziu a Chave do Imperador numa fechadura que surgiu, como um mecanismo escondido. Após girá-la, a porta que sempre estivera trancada se abriu e Hage foi tomado por uma estranha sensação. Algo naquela sala clamava por ele, chamando-o continuamente.

Yuma adentrou o local e fez um sinal para que Hage o seguisse.

Lá dentro haviam estátuas de vários monstros lendários, como o Mago Negro, o Dragão Branco de Olhos Azuis, o Cyber Dragão e o Herói Elementar Neos.

No centro da sala, haviam 7 pedestais. 3 deles nada tinham e 3 deles tinham decks, porém acima destes haviam além de uma redoma de vidro cada um, todos tinham também correntes douradas que envolviam o pedestal desde a base até o topo das redomas de vidro e também diversas tarjas com escritos em kanji que significavam “Selo Caótico”.

–Y-Yuma...O que com aqueles...
Hage ia perguntar, sendo interrompido por Yuma.

–Aquilo é o que viemos buscar, não se importe com o resto.
Yuma apontou para o pedestal mais afastado. Ele tinha as mesmas características dos 3 pedestais que ainda continham decks, tirando por uma peculiar mudança. As tarjas não continham apenas o escrito que as demais tinham. Haviam diversas escritas em rúnico que Hage não entendia.

Hage começou a estudar com os olhos aquele misterioso pedestal e então notou algo que parecia prender as correntes em volta da redoma de vidro. Era como um cadeado, mas sua forma lembrava uma...

–Uma Cruz de Malta ?!
Exclamou Hage enquanto encarava a Cruz que parecia começar a brilhar fracamente com seu aproximar.

Debaixo de tudo aquilo, das correntes, das tarjas e da Cruz de Malta, Hage viu um Deck que brilhava com uma fraca aura escarlate.

–Você ressoou com esse Deck enquanto duelava com Ren, Hage.
Disse Yuma que então uma vez mais empunhava seu pingente, a Chave do Imperador, pronto para usá-la.
–De fato, é seu destino usar este Deck, mas não sei se você irá suportar a pressão...

–Não importa !
Gritou Hage sentindo a oportunidade escapar.
–Eu estou disposto a passar pelo próprio Inferno se for para conseguir recuperar minha força, Yuma !

–Não se esqueça que você mesmo disse isso, Hage...
Disse Yuma com preocupação e seriedade mesclados na voz. Ele encaixou a Chave do Imperador numa fechadura que surgiu na Cruz de Malta e virou a chave. Quando o fez, as correntes se soltaram do pedestal, mas de imediato começaram a flutuar e se alongaram, envolvendo e prendendo Hage com firmeza, começando a apertar e queimar seu corpo em todos os lugares que tocam, mesmo sua cabeça estava envolvida no infernal abraço das correntes.

Seus gritos excruciantes percorreram o Dojo e uma ofuscante luz escarlate iluminou todo o lugar.

–Me perdoe por isso, Hage...
Disse Yuma para seu aprendiz que agora se debatia no chão enquanto as correntes lhe causavam aquela terrível dor.

O homem encapuzado que antes observava o Dojo surgiu na porta do mesmo, sendo recebido por Kenichi que sorridente se aproximou .

–Olá, bom dia, senhor.
Kenichi saldou o desconhecido simpaticamente.
–O que deseja aqui no Dojo do meu pai, hein ?

–Então você é filho do Yuma Tsukumo, hein ?
Perguntou o homem num inglês quase incompreensível por causa de seu sotaque alemão.
–Onde ele está ?!

–Resolvendo coisas que são bem mais importantes do que pessoas mal educadas.
Disse Kenichi ainda num tom calmo e receptivo, porém com um leve tom de repreensão em razão da postura do recém-chegado.
–Meu nome é Kenichi Tsukumo, posso ajudar você, senhor...Hm, percebo agora que ainda não se apresentou...
Disse Kenichi em certo tom de desafio.

–Pode me chamar apenas de Joseph.
Disse ele retirando sua capa e se revelando um homem alto de olhos vermelhos com arrepiados cabelos roxos que batiam em seu pescoço.
–Eu vim aqui enviar todos vocês para o reino das trevas em nome de nossa causa ! Mas seria preferível derrotar o Yuma Tsukumo primeiro, sabe ?

–Ah, pois me desculpe...Como eu disse, ele tem coisas melhores a fazer...
Por um momento Joseph foi surpreendido por um intenso brilho dourado que passou pelos olhos de Kenichi enquanto ele falava em um tom cada vez mais sério. Aquele brilho possuía um menos intenso brilho azul claro envolvendo-o e logo se apagou.
–Saia daqui agora ou duele para seguir em frente, Joseph !
Impôs Kenichi.

–Pois então iremos...

–ESPEREM, OS DOIS !
Interrompeu Mariko que surgiu atrás de Kenichi, aparentemente do nada.
–EU irei dar conta dele, Kenichi. Vá deixar Ryouga e Rio cientes dele enquanto eu lhe dou uma lição !

–M-Mari...
Dizia Kenichi relutando em deixar a garota enfrentar o inimigo desconhecido.

–Vá logo, Kenichi ! Não comecem com essa história de defender as mulheres, eu vou esmagar ele !
Disse Mari enquanto colocava seu disco de duelo.

–Ok então.
Disse Kenichi concordando com um novo sorriso no rosto.
–Só não demore, o Ryouga provavelmente irá obrigar você a deixá-lo assumir seu lugar.
Kenichi correu de volta para o Dojo.

–Menina, não sabe onde acabou de se meter...!
Disse Joseph que ao estender seu braço direito materializou um estranho disco de duelo mais cheio de pontas afiadas e de aspecto sobrenatural. Nas costas de sua mão brilhava agora um “E” rúnico.
–Prepare-se para o jogo das trevas, garota !

Os dois foram completamente cercados por uma cúpula de escuridão que fez com que eles deixassem de ver a luz do dia na área onde o duelo ocorreria e logo Joseph voltou a zombar.

–Você de fato irá aprender a lição por achar que pode me vencer, garota ! Irei te enviar ao reino das trevas, onde será devorada pelos monstros que lá habitam !
Dizia ele tentando intimidá-la.

–Acha que é o único que conhece o domínio das trevas, idiota ?!
Questiono ela com um sorriso conhecidos.
–Acredite, fui muito bem criada para lidar com tipinhos como você que usam o Reino das Trevas como arma, Joseph ! Meus pais já tiveram que lidar com essas coisas muito mais vezes do que você deve utilizar o poder das trevas e por isso vou usar a experiência que me foi passada por eles !

Joseph sentiu seu sangue gelar quando olhou nos olhos de Mariko e se deparou com furiosos olhos dourados que brilhavam intensamente, intimidando-o e em seguida ele percebeu que a área em torno de Mariko era mais clara do que o resto do campo criado por seu poder, como se as trevas fossem repelidas por algo.
–Sentirá agora o poder que herdei de meu pai, Joseph ! Sentirá na pele o que é enfrentar Mariko Tenjoin !

–T-T-Tenjoin ?!!
Exclamou Joseph ao se dar conta de quem era sua oponente.
–E-Então esses olhos realmente são...!!!

–Chega de conversa ! VAMOS COMEÇAR LOGO !
Mariko ordenou, causando a reação automática de Joseph de por a mão sobre seu deck para sacar as 5 cartas do início.

–NÃO ME DÊ ORDENS, VADIA !!!
Joseph sacou 5 cartas, assim como Mariko.

–DUELO !!!!
Disseram ambos ao mesmo tempo.

Judai chegou até a filial das ilusões industriais, mas ao pisar dentro do prédio sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

#Algo está errado...!!!#
Pensou ele.

O prédio tinha uma atmosfera estranha e ao perceber isso, Judai correu até a atendente do lugar.

–Pegasus J. Crawford ! Em que andar ?!
Perguntou Judai.

–O senhor Crawford está com um cliente nesse momento e também há um pequeno problema, pois um importante membro da comunidade duelista está subindo até o escritório dele.
Avisou a atendente.
–Sinto muito, mas o senhor Crawford não poderá atendê-lo.

–Escuta só, senhorita ! Sou Judai Yuki e o Pegasus me chamou aqui !
Disse Judai inquieto.
# Importante membro da comunidade duelista ?! Yugi ?!! #
Se perguntava Judai.

–Desculpe, senhor Yuki. Mas o próprio senhor Crawford pediu que eu não permitisse a subida de mais ninguém.
Dizia a atendente com cuidado.

–Merda !
#Se for realmente o Yugi lá em cima, então está tudo bem...#
Pensou Judai que resolveu sentar e esperar ali no primeiro andar.

No escritório de Pegasus, o atual homem mais rico do mundo, havia um misterioso homem mascarado de pé olhando-o de frente.
Este trajava uma máscara de teatro com 2 metades. A metade da esquerda era negra e possuía um malicioso sorriso desenhado em branco. A metade da direita era branca e em tinta preta estava desenhado uma cara triste.

–Então, meu caro...Você veio aqui e disse que precisava falar algo importante comigo. Por que ainda não disse nada nos últimos 5 minutos ?
Perguntou Pegasus J. Crawford, o criador do “Monstros de Duelo”, CEO da Ilusões Industriais e homem mais rico do mundo moderno. Seus longos cabelos brancos e seu rosto jovem para a idade eram suas marcas. O cabelo era penteado de forma a esconder seu olho esquerdo. Ele trajava roupas predominantemente vermelhas. Um terno e uma calça social, com sapatos negros e por baixo uma camisa branca.
–Até porque, perdão se estou sendo grosseiro, mas tenho uma visita muito importante esperando para entrar, entende ? E ele é bem esquentadinho.

–Pegasus J. Crawford...
Começou o misterioso homem que falava numa voz robótica e que não apresentava nenhum tipo de sotaque, ele apenas falava de forma que Pegasus o compreendesse. Seu corpo era coberto por uma capa e seus cabelos eram arrepiados e de certo modo espalhafatosos, cabelos dourados e longos.

–É meu nome...
Disse Pegasus um tanto incomodado pelo jeito de seu convidado.

–Eu vim aqui para jogar um jogo com você, mas temo que sua visita irá me atrapalhar então precisarei usar de métodos menos ortodoxos.
Prosseguiu o misterioso convidado.

–Entendi...O que exatamente você quer dizer com “Jogar um jogo” e “Métodos menos ortodoxos” ?
Perguntou Pegasus, que já estava ficando tenso.

Um “M” rúnico surgiu na palma da mão do homem mascarado, que a estendeu apontando a palma para Pegasus.
–Significa que eu pretendia envia-lo para o domínio das trevas, porém decidi que vou usar você para dar cabo daquele homem lendário ! Use esse novo poder para você, um poder que meu símbolo é capaz de gerar !
Um projétil de energia atingiu Pegasus no lado esquerdo de seu peito, derrubando-o da cadeira.

Assim que isso aconteceu, a porta do escritório de Pegasus foi escancarada e com uma mala em mãos, semblante frio e sério, cabelos castanho-escuros e olhos azuis, trajando um casaco branco por cima de um colete e calças negras, com um pingente em formato de carta e encarando os dois indivíduos presentes, surgiu o lendário duelista que já possuiu o título de segundo melhor duelista do mundo.

–Pegasus ! CANSEI DE ESPERAR, DESGRAÇADO !!!
Disse a estridente voz de Seto Kaiba.

–Seto Kaiba, né ?
Disse o Mascarado numa voz interessada.