Stay With Me escrita por Baby Boomer


Capítulo 2
76º edição dos Jogos Vorazes


Notas iniciais do capítulo

Oi, miguxos meus! Espero que gostem do chapter.



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POV Katniss

Consegui vender 4 esquilos hoje, apesar de a cidade estar mais abastecida de carne ultimamente. Para Peeta, Haymitch e eu consegui apanhar três bagres médios, suficientes para umas duas refeições. É claro que não faltava comida no Distrito 12, mas velhos hábitos – como a minha caça – se tornam essenciais para a saúde mental de uma pessoa, e isso era definitivamente algo de minha necessidade.

Peeta fora rever alguns ajustes da padaria e provavelmente só voltaria para o jantar. Já Haymitch, certamente estava procurando aguardente na cidade – com certeza sem sucesso, pois as cargas que chegavam eram lotadas apenas com alimentos, medicamentos e materiais de construção, nada de desperdícios de espaço com aguardente.

Quando entrei em casa, vi que havia chegado uma carta de Annie e outra de Effie. Peeta com certeza gostaria de ouvir comigo, mas não me contive.

“Querida Katniss e Peeta,

O bebê está a coisa mais linda, espero que em breve vocês possam vê-lo. Mandei uma nova foto para atualizá-los. Bem, ele já está começando a engatinhar e é a única coisa em minha vida que me faz conseguir seguir em frente, pelo menos por ora.

Ouvi dizer que Gale arranjou uma namorada no 2 e que a mãe de Katniss foi promovida no hospital novamente. Estão todos bem, não se preocupem.

E vocês? Precisam mandar notícias, estou curiosa para saber como Haymitch está lidando com a abstinência e como você e Peeta estão se dando um com o outro. Deve estar sendo muito difícil para vocês, foram os que mais sofreram com essa guerra. Sinceramente, desejo que fiquem bem e exijo notícias.

Beijos, Annie.”

Não tive pressa de ler a carta de Effie, preferi esperar Peeta chegar, já que já abrira uma das correspondências. Em vez disso, comecei a escrever uma carta para Annie, respondendo aos seus requisitos.

“Oi, Annie.

Aqui é a Katniss. Fico feliz em saber que seu filho está crescendo saudável, ele está muito parecido com Finnick. Sinto falta dele. Nem imagino a dor que você esteja sentindo, mas sei que ficará bem, você é mais forte do que imagina. Haymitch está sob os eixos, na medida do possível. Eu e Peeta temos feito um bom trabalho à respeito dele.

Sobre nós dois, não creio que eu tenha muito a dizer. A padaria está quase completamente construída e falta pouco até Peeta começar a se ausentar de casa. Já eu, além de entediada, não estou conseguindo caçar muito bem ultimamente devido à falta de prática em caçar animais – fui forçada a me acostumar a mirar em humanos nos últimos meses. Creio que seja isso; se não for, não sei o que é então.

Nós estamos lidando muito bem um com o outro. Quando temos pesadelos agressivos – quase toda noite – vamos para a cama um do outro para conseguir voltar a dormir de novo. É uma cumplicidade que funciona muito bem. Ele ainda tem certos momentos de crise e é necessário se apoiar em algo para não desfalecer no chão, mas se recupera incrivelmente rápido agora. Continuamos com o jogo do verdadeiro o falso, porque certas coisas ainda não ficaram muito claras na mente dele.

Apesar de tudo, sei que o tenho de volta e isso é mais do que reconfortante. Ele é o Peeta gentil e bondoso que eu conheci. Sinto que há algo crescendo entre nós dois, mas não posso me precipitar em confirmar isso, pois acontece de um jeito tão natural que é quase imperceptível.

Esperando que fiquem bem, Katniss.”

Botei os peixes de molho em tempero já que não tinha nada para fazer além disso e de ler algum livro que Effie nos mandara recentemente. Romances que, pelo amor de Deus, eram depressivos. Infelizmente, eu não tinha muito mais o que fazer. Ah, também liguei para o doutor Aurelius para mais uma sessão psicológica, em que os exercícios foram os triviais e repetidos de sempre. Minha lista de coisas boas agora se resumia a minha amizade com Annie, à inauguração da nova padaria e a Peeta. Nesses últimos tempos, ele tem sido a melhor coisa que acontecera na minha vida. Sim, acontecer. Peeta me faz bem ao ponto de ser considerado um fato, não apenas uma pessoa, porque pessoas não são feitas de acontecimentos, e ele fez muita coisa boa acontecer em minha vida. Ele melhorara vários fatores que nenhum remédio conseguia melhorar.

Gale estava certo quando disse que eu escolheria o que eu não conseguiria viver sem.

– Tudo bem na padaria? – Falei quando ouvi a porta bater.

– Está quase finalizada, fica pronta em umas duas semanas e meia, creio eu.

Ouvi seus passos se aproximando até conseguir vê-lo adentrar na cozinha, os cabelos loiros caindo sobre a testa. Veio até mim para me dar um beijo na cabeça e examinar os peixes que eu trouxera da floresta.

– Bagres bonitos. – Ele sorriu. – Mas você é mais bonita. – Brincou.

Comparar-me com um peixe… Eu gostava quando conseguíamos fazer alguma brincadeira ou descontração, era saudável para ambos, apesar da péssima comparação do momento.

– Ah é? Quero ver quem fica mais bonito que o bagre agora… – Encostei-me na bancada da cozinha e puxei, por trás das costas, o recipiente onde guardamos farinha de trigo. Não hesitei ao encher a mão e jogar em Peeta.

Boquiaberto, ele, apesar de esperar uma atitude assim, olhou-me com um ar sapeca. Não vi quando ele pegou o ovo, mas senti ele sendo esbagaçado em meu cabelo.

– Você não fez isso… - Falei, incrédula com a ousadia do garoto do pão.

– Acho que fiz sim…

E saí correndo atrás dele para jogar mais farinha, sujando a casa toda, deixando um rastro de pó branco por onde passávamos – daria um trabalhão para limpar depois. Peeta não podia correr muito bem por causa da prótese, mas ainda assim conseguia me despistar. Por fim, acabei ganhando, ou quase. Ele deslizou em um bocado de farinha que tinha no chão da sala e eu não consegui frear a tempo, batendo meus pés em seu corpo e desabando por cima dele.

Um Peeta de cara e cabelos brancos ria insanamente da nossa palhaçada, ou da clara de ovo que entrava em meu ouvido…

– É tão bom te ver sorrir de novo. – Ele comentou, mirando os olhos azuis no cabelo em minha cara e na gororoba que pregava em minha testa, só depois alcançando meus olhos. Pude vê-los refletidos nos de Peeta, que tinham um brilho tão único que chegava a ser impressionante. Não sei se foi efeito da farinha que deixou o resto do rosto opaco, mas senti algo em minhas entranhas se mover.

Uni nossas bocas antes que ele pudesse dizer mais algo. Se tivesse que se expressar, que se expressasse ali. Às vezes cansa ouvir palavras, entendê-las, interpretá-las. De vez em quando é bom apenas senti-las, pois poupa esforços vocais e ainda explica muitas outras coisas que foram outrora deixadas de lado.

Mais uma vez comecei a sentir a sensação em meu peito, aquele calor que brotava tão genuinamente em mim. Senti a língua de Peeta encostar em meus lábios e, como se minha vida dependesse disso, supliquei avidamente por mais. O gosto doce – apesar da farinha – e a maciez dos lábios de Peeta fizeram-me esquecer de tudo ao redor. De repente, nada mais existia além de nós dois e aquela sensação que se espalhava pelo meu corpo, invadia minhas extremidades e lugares que até então eu nem sabia que existiam.

Nossas bocas pareceram acompanhar o ritmo uma da outra e, sem que eu percebesse quando, nossas línguas já estavam brigando. Obriguei meus pulmões a trabalharem contra o calor que parecia querer me queimar por inteira, apesar de ser uma sensação viciante. Eu não conseguia me saciar! Não conseguia parar! Uma vontade extremamente absurda de ter Peeta mais perto de mim fez minhas mãos alcançarem seus cabelos loiros, bagunçá-los e segurá-los, como se forçasse Peeta a não escapar do beijo.

As mãos dele foram delicadamente, mas com urgência, até as minhas costas e foram descendo até a minha cintura, alastrando um ardor que parecia ferver meus pulmões. Tal toque me fez soltar um pequeno gemido. Peeta nunca me tocara daquele jeito antes e, apesar do meu sobressalto, incrivelmente fiquei desejando que ele não parasse com o que fosse lá o que estivesse fazendo. Eu não conseguia entender aquele momento, aquelas sensações, eu estava confusa e surpreendentemente certa do que estava acontecendo.

Mas o barulho da porta escancarando me impediu de concluir o que aquela situação significava para nós dois.

– Depois dizem que a minha casa é bagunçada… - Disse Haymitch.

Eu e Peeta nos sentamos de maneira rápida o suficiente para conseguir ver o sorriso malicioso e irônico na cara de nosso ex-mentor.

Era para eu ter ficado constrangida, mas senti-me irritada.

– Não sabe bater? – Fuzilei-o.

– Em gente, não em portas. Desculpe por interromper o momento dos dois pombinhos. – Ele disse, mais irônico impossível. – Posso voltar em outro momento se quiserem, ou não, para falar a verdade. – E se jogou no sofá azul.

Tanto Peeta quanto eu fomos tomar banho sem dar muita satisfação à Haymitch, o que era até bom, porque evitaríamos de falar sobre o que acabara de acontecer. Será que ele sentira o mesmo que eu?

Quando saí do banho, já vestida, Peeta já estava lá embaixo assando os peixes, terminando de temperá-los e os salgando. Haymitch assistia à TV com uma preguiça grotesca. Lembrei-me de um dia, antes de o Massacre Quaternário ser divulgado por Snow, em que estavam todos ali na sala. Prim, Haymitch, Peeta, minha mãe e até mesmo Gale, todos conversando, rindo e jogando xadrez. Lembro-me da aflição de Peeta ao me ver machucada. Ainda paro para pensar se o beijo que ele me dera naquele momento foi só uma encenação para os pacificadores presentes ou se foi um ato voluntário. Não importa mais, na verdade.

O que quero concluir desse pensamento é que, apesar de eu ter me lascado ao pular da cerca eletrificada naquela noite, pude ver todos felizes. Prim e suas balas de menta, que foram roubadas pelos garotos, a história dissimulada sobre a cabra e um clima de diversão que há muito tempo eu não via. Pode ser que eles só estivessem agindo daquele modo por causa dos pacificadores, mas prefiro pensar que foi por livre e espontânea vontade de cada um.

Eu nunca mais veria aquela cena de novo. Seria possível que dali por diante seria só aquele clima de escuridão entre nós três?

– Annie mandou notícias. – Avisei, dizendo a eles o que ela contava na carta, mostrando a foto e ocultando o que ela perguntara sobre eu e Peeta.

– Você já respondeu? – Haymitch questionou.

– Já, mas se quiserem fazer outra carta eu boto no mesmo envelope. – E peguei a outra carta em cima da lareira. – Effie também mandou uma, mas não a abri ainda.

Peeta leu a carta em voz alta. Como esperado, Effie perguntou se precisávamos de alguma coisa, já que, de acordo com ela, somos Os Vitoriosos. Além disso, perguntou como estávamos e fez uma referência um tanto suspeita à Haymitch, algo que pode ser interpretado como um flerte.

Preocupei-me quando Peeta parou de ler a carta.

– Peeta? – Imaginei a bomba que viria.

–… falei com Plutarch recentemente e ele deixou escapar algo sobre os Jogos Vorazes para crianças da Capital. O assunto está sendo discutido e Paylor não está muito feliz com isso, apesar de os democratas da mansão acreditarem que a prática seja justa. Não tenho certeza de nada que falei, mas não descartem a possibilidade de vocês serem mentores dessas crianças. A última coisa que vocês merecem é isso e tenho certeza de que Paylor vai buscar todas as alternativas para livrar o país do caos que isso irá ocasionar, mas às vezes, na política, ser justo é agir contra vários princípios. Esperando respostas, Effie.

Lágrimas encheram os meus olhos, não de medo, mas de raiva. Claro que eu queria e achava justo tal realização, mas eu não podia negar o fato de que, se realmente acontecesse, isso desmoronaria os princípios que usamos durante a guerra. Chega de Jogos! Estávamos querendo colocar lenha numa fogueira que, apesar de apagada, ainda se encontrava muito quente. Minha vontade de vingar Prim podia ser muito grande, mas sei que ela não iria querer outros Jogos.

– Não podem haver outros Jogos! – Peeta disse, furioso. – Até porque não sobrou quase nenhuma criança viva daquele bombardeio em frente à mansão.

Eu não conseguia falar nada, minha garganta estava totalmente trancada. Peeta e eu como mentores. Nunca teríamos paz? O jogo ainda não acabara para nós, provavelmente nunca iria acabar.

– Os distritos, apesar de condenarem a prática, vão achar justo. O único problema seria com o povo da Capital, mas eles não têm munição nem gente suficiente para fazer um levante que mobilize o país todo. – Haymitch averiguou.

– Senhoras e senhores, bem-vindos à septuagésima sexta edição dos Jogos Vorazes. – Peeta falou, lembrando-me da fala de Finnick imediatamente.


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Notas finais do capítulo

Vi as pessoas acompanhando, mas não comentando. Não custa nada dizer um oizinho, se gostou ou não... HEUHEUEHEU



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