Stay With Me escrita por Baby Boomer


Capítulo 3
Verdadeiro ou falso?


Notas iniciais do capítulo

HEY OU! Um capítulo para descontrair. Esses dois devem aproveitar enquanto os Jogos não começam...



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POV Katniss

Os bestantes me perseguiam por todo lugar. De soslaio, pude ver a cabeça de Finnick sendo arrancada e o holo sendo explodido. No outro canto, a onda de óleo preto afogava alguns membros do esquadrão. O cenário mudou rapidamente e pude ver Cato sendo devorado pelos bestantes, Clove sendo morta por Thresh e a névoa venenosa que matou Mags vindo atrás de mim. Corri o máximo que pude, mas não achava Peeta em lugar algum. Ouvi o tic-tac de algum relógio e, de repente, ali estava eu. Parada em um pedestal com muitos outros jovens ao meu redor, todos bem vestidos, as roupas afetadas e coloridas. Antes mesmo de a contagem regressiva começar, casulos começavam a dizimar os participantes. Minha última visão foi um casulo jogando uma bola de fogo em minha direção.

– Katniss! Calma! Katniss! – Peeta me sacudia.

Eu estava suada, minha respiração afetada e o coração a mil por segundo. Senti-me aliviada por um instante, até constatar que eu real e provavelmente presenciaria mais uma edição de Jogos Vorazes.

– Foi só um pesadelo. – Ele falou, enxugando o suor de minha testa com a ponta do cobertor.

– Você estava aqui o tempo todo? – Questionei.

Peeta me olhava preocupado, um semblante que eu já me acostumara a ver. Com o cenho franzido, respondeu:

– Não. Eu ouvi seus gritos e vim o mais rápido que pude. – Ele coçou a ponta do nariz. – Você quer que eu fique com você?

– Sempre.

Ele deslizou para dentro do cobertor e me puxou mais para perto, pondo seu ombro embaixo da minha cabeça e ficando de conchinha com meu corpo, aconchegando-me de modo reconfortante e aquecedor. Meu tremor passou rapidamente, mas eu sabia que, mesmo com Peeta ali comigo, voltar a dormir não era uma opção.

Senti o braço de Peeta me entrelaçar e agarrei sua mão como um gesto de que bom que você está aqui, não saia. O pensamento de ter Peeta fora de meu quarto naquele momento me abominava.

Às vezes era eu quem tinha de ir para o quarto dele, buscar-lhe um copo de água e tentar acalmá-lo. Os pesadelos dele deviam ser piores do que os meus, mas mesmo assim ele agüentava calado, à medida do possível.

Virei-me de frente para ele, podendo sentir sua respiração quente em minha testa e afundando minha cabeça em seu pescoço, o nariz perto de seu peito, inalando uma fragrância de aneto, canela e pães que eu adorava. Passei meu braço por cima dele e o forcei a me abraçar mais. Ficamos assim por horas e horas, até eu ter a coragem de levantar a cara e encará-lo. Fiquei observando seu rosto e ele observando o meu. Um ato mútuo, cômodo e esclarecedor que demorou uma eternidade. Eu queria memorizar cada traço de Peeta.

Minha mão tirou os cabelos loiros de sua testa, pondo-os para trás, e vi um pequeno sorriso começar a se formar em seus lábios.

– Você me olha como se eu pudesse sumir a qualquer momento, como se fosse a última vez que me visse. – Ele sussurrou.

Ouvi Buttercup derrubar alguma coisa no andar de baixo, mas ignorei, pois isso só me faria ficar mais enfezada com ele.

– Eu fui condicionada a pensar isso por muito tempo, Peeta, você já me escapou demais. – Sussurrei de volta.

– Mas eu estou aqui com você, não estou?

Sorri, porque eu sabia que estava, sabia que isso era uma certeza. Por isso o fato era tão estranho.

– E é por isso que eu acho esquisito. Não corro o risco de perdê-lo. Não parece real.

– Mas é real. Vou fazer você ver. – Olhou-me sapeca.

E, antes que eu pudesse pensar nas possibilidades de coisas que Peeta podia fazer, recebi uma enxurrada de cócegas na barriga e no pescoço. Gritei de susto e comecei a rir que nem uma galinha engasgada. Só Peeta mesmo para me fazer rir em um momento desses. O clima denunciava um provável beijo, não um momento como esse. Ele sabia me surpreender…

Contorci-me e fiz de tudo para escapar das cócegas dele, mas Peeta me prendeu de tal modo na cama que ficou impossível de locomover. Ele me prendeu embaixo de seu corpo, dificultando minha respiração já muito acelerada devido aos risos. Com a mão segurando meus pulsos acima da cabeça, Peeta quase me matou de rir quando sua outra mão cutucou minha barriga de um jeito que me fez começar a urinar.

– Peeta! – Tentei buscar fôlego. – Eu estou fazendo xixi nas… ai! Para! Nas calças!

Demorou para me livrar dele, mas consegui isso com uma pequena joelhada nas costas. Não chegou a doer, creio eu. Contudo, na hora não me importei, afinal, eu só pensava em fazer xixi mesmo.

Quando voltei para o quarto, depois de usar o banheiro, deparei-me com um risonho Peeta.

– A gente não consegue terminar uma conversa séria sem uma palhaçada no fim, não é? – Ele perguntou, levantando-se da cama e correndo até mim.

Eu provavelmente estava com uma cara amarrada e a característica carranca.

– Se eu não visse essa carranca, não seria você. – E me abraçou pela cintura depois de se levantar. – Lembra quando eu disse que você não faz ideia do efeito que causa?

Assenti, tentando manter a carranca, apesar daqueles braços em minha cintura terem me feito querer desfazê-la.

– Você ainda não faz ideia do efeito que causa.

– Acho que agora eu faço. Consegui mudar um país, não foi? – Falei com certa rispidez, tudo para tentar não ceder aos encantos que aqueles braços estavam me causando.

Peeta olhou para mim com um sorriso torto.

– Do efeito que causa em mim. – Esclareceu.

Fiquei um pouco absorta com as palavras dele, mesmo esperando que ele me viesse com uma dessas.

– Eu amo você, Garota em Chamas, amo mais do que imagina.

No batente da porta, Peeta e eu observávamos a chuva cair. Suas expressões serenas me lembravam de que eu realmente o tinha de volta. Sei que falo muito isso, mas é um fator que me deixava tão extremamente aliviada que vale a pena ressaltar. Eu precisava dele comigo, precisava do dente-de-leão que me lembrara de ter esperança, precisava da imagem dele em minha cabeça quando olhasse o pôr do sol. Eu não precisava de Gale, e isso ficou claro em minha mente depois de um tempo.

E mesmo ali, olhando aquela chuva de primavera cair tristemente em nossa frente, eu sabia que não precisava me deprimir por isso, porque o sol sairia alguma hora. Eu não precisava do sol, na verdade, Peeta já me dava a luz que eu precisava para viver.

Ele me flagrou o observando, mas não desviei o olhar.

Estávamos nos reconstruindo, aprendendo a levantar das cinzas que nos atolaram durante os últimos tempos. Isso era claro em nossos olhos, e algo em nossos momentos juntos me dizia que conseguiríamos nos recompor rapidamente.

Pus minha cabeça em sua coxa, a que não tinha a prótese, e senti os dedos de padeiro de Peeta entrelaçarem meus cabelos, uma serenidade cômoda e sem palavras, um silêncio de comodidade inexplicável.

As gotas de chuva caíam sobre as prímulas noturnas no jardim. Com o tempo, observá-las se tornou menos doloroso, mas ainda me traziam lembranças que eu não gostaria de relembrar.

Peeta suspirou vagarosamente antes de começar a falar.

– É muito estranho essa calmaria toda. Sei que não devia sentir falta da Turnê da Vitória nem da nossa temporada na Capital com aqueles montes de afazeres, mas acho que sinto. – Ele não parecia acreditar nas próprias palavras. – Quero dizer, era tão mais simples quando não sabíamos toda a influência que tínhamos, quando não éramos importantes o suficiente para mudar o país… Mas ainda assim, sinto um vazio ao nos imaginar nunca mais fazendo nenhuma dessas coisas. Penso se iremos ser esquecidos com o tempo.

Eu não sabia o que dizer em resposta. De fato, era um pouco verdade, apesar de eu achar que essa calmaria não iria durar muito. Logo Paylor iria anunciar – ou não – os Jogos e eu e Peeta seríamos recrutados para ajudar os jovens. Algo em minha mente – a parte que estava condicionada a pensar sobre o fato de eu nunca conseguir ter sossego – me fez crer que ela iria fazê-lo. Fosse qual fosse a decisão, não demoraria muito para chegar aos nossos ouvidos, pois o verão estava chegando e Peeta e eu seríamos, com certeza, alertados com mais antecedência. Pelo menos era o que pensávamos.

– Vamos entrar, está esfriando. – Ele falou, levantando-se logo após eu ter tirado a cabeça de sua coxa.

Fui acender a lareira por um momento, o que pareceu tempo suficiente para que, quando olhasse para trás, visse Peeta tendo um de seus flashbacks. Ele se encolhia, apoiado na cadeira, tentando não estremecer para não me assustar, forçando sua mente a lutar contra as imagens que via, as lembranças que o torturavam.

Minhas mãos foram imediatamente para seus braços, segurando-os com força, para mostrar a ele que eu estava ali.

– Fique comigo, por favor. – Pedi, implorando para que aquilo passasse logo e ele não se lembrasse do outro Peeta que já existira naquele corpo.

Mais alguns estremeceres e espremidas de olhos, ele conseguia se acalmar. O corpo parou de tremer alguns minutos depois de ele ter se sentado, a respiração começava a voltar ao normal e ele parecia estar cada vez mais aliviado.

– Sempre.

Agora eu fiquei aliviada.

Pude ver uma lágrima cair em sua bochecha.

– Peeta… – Soou mais como um lamento.

Abracei-o firmemente, encostando meus lábios em seu pescoço. Senti Peeta estremecer em meus braços, só que não de medo ou algo do tipo.

Quando desvencilhamos, Peeta me forçou a olhá-lo nos olhos. Ele queria se certificar de que eu estava mesmo ali, como sempre fazia depois de ter aqueles acessos.

– Está tudo bem. – Falei, tentando claramente tranquilizá-lo.

Em um ato de desespero, apesar da delicadeza, Peeta puxou meu rosto para mais próximo e encostou nossos lábios como uma borboleta toca uma flor, de maneira leve. Seu gosto doce invadiu minha boca e, por um triz, não revirei os olhos.

Ficamos na mesa da sala pelo que pareceu ser uns 10 minutos, apreciando as sensações que o beijo proporcionava e, principalmente, um ao outro. Quando paramos para respirar, nossos lábios já estavam inchados.

– Só isso consegue me acalmar. – Ele falou, acariciando meu queixo.

– A mim também. – Concordei.

Nessa mesma noite, quando desci para tomar um copo de água e subi logo em seguida, Peeta estava na porta, afirmando que não conseguia dormir. Seu queixo enrijeceu quando viu que eu não usava sutiã por baixo do pijama. Ele já sabia que eu dormia assim, supunha eu, mas eu não podia culpá-lo, aquelas roupas da Capital eram transparentes demais. Eu não gostava de usar essas peças da Capital, mas, para dormir, a roupa que eu usava realmente não importava.

– Você quer que eu fique com você hoje? – Perguntei, amarrando os cabelos em um coque malfeito.

Ele assentiu, sem dizer nada, e entrei no quarto dele. Dessa vez, fui eu que o consolei e aconcheguei. Entrei debaixo das cobertas, entrelacei minha perna na sua – a que não tinha a prótese – e colei minha testa com a dele, acariciando seu rosto com uma das mãos. Não sei o que deu em mim, se foi algo voluntário ou inconsciente, mas, de uma hora para a outra, flagrei minha mão já em suas costas, desenhando objetos avulsos. Ele começou a se arrepiar.

Nunca fiz esse tipo de contato com Peeta, do tipo que provoca, mas estava gostando da reação dele, por isso não parei. Segui para seu braço, que me envolvia pela cintura, e mais uma onda de arrepios o dominou.

Foi quando senti um pequeno aperto em minha cintura que parei, sobressaltada e absorta com a sensação.

– Ações e reações. – Ele explicou, apertando novamente o local, com uma delicadeza inimaginável, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

Peeta puxou meu corpo mais para perto dele, de modo que meu busto encostasse em seu peito e minha barriga em seu abdômen.

– Desculpe. É que… você é tão…

– Tudo bem. – Afirmei, cedendo ao contato físico que ele fazia.

Ele beijou minha testa, meu nariz e por fim minha boca, dando um selinho doce nela. Como resposta, esfreguei seu nariz no meu, tipo um beijo de esquimó. Eu estava gostando de ter aquele momento com Peeta, estava descobrindo sensações totalmente diferentes das que já senti antes. Aquela delicadeza definitivamente não se aplicava a mim, mas algo em meu peito, uma sensação de preenchimento, aumentava à medida que eu cedia carinhos a Peeta. Eu simplesmente…

Eu real e simplesmente o amava.

Era isso o que eu sentia, acreditei. Sim, o que Finnick dissera a mim era certo, eu realmente o amava. Não apenas como um amigo ou um aliado. Eu o amava de um jeito mais amplo, em um sentido totalmente fora dos meus parâmetros normais. Eu não era do tipo que amava fácil. Se Peeta conseguiu isso, mereceu muito.

Arfei quando senti os lábios dele beijarem meu pescoço, depositando estalidos delicados e sutis na região. Pude sentir cada pelo meu se eriçar, cada centímetro de carinho e amor de Peeta naquele gesto.

– Peeta… – Supliquei. Ele estava me torturando com aqueles toques leves, mas eu sabia que ele não iria parar com isso, estava se divertindo com minha afobação.

Aproveitei o momento em que ele ia para meus ombros para cortá-lo. Olhei para ele com certa raiva. Ele tinha de ser torturado também, não apenas eu. Ainda não sei como tive coragem de fazer isso, mas enquanto minha boca calmamente devorava a dele, forcei minha mão a entrar debaixo de sua camisa. Ao entrar em contado com a pele quente da lateral do tronco, não apenas eu, como também Peeta, se arrepiou. Minha reação à textura de seus músculos do peitoral foi de ficar sem fôlego. Até perdi o compasso do beijo.

Eu já vira Peeta sem camisa, mas nunca tocara naquele peitoral sem um pano por cima. Era duro e firme. Parei o beijo só para ver o que se passava em seus olhos e em sua expressão. À medida que minha mão passava ali, juntamente com as unhas, eu ficava mais satisfeita com a reação dele. O queixo se enrijecia, a respiração ficava mais cadenciada e ele, mais irritado.

Mereci a ação seguinte. A mão de Peeta invadira minha blusa e alcançara minha cintura. Eu estava pegando fogo de tão quente. Ele acariciou ali algumas vezes antes de descer vagarosamente para a coxa. Não repreendi nenhum dos movimentos, eu merecia essa. Ele sorria com meu sobressalto e meus arrepios. Aquela mão hábil demonstrava tamanha doçura e paixão ao me tocar que pensei ser um dos biscoitos de açúcar dele, que se desfaziam facilmente com o tato. A coisa só complicou mesmo quando sua mão alcançou meu bumbum, pois elevei o quadril ao ponto de sentir certo volume em Peeta. Isso, pelo visto, nos levou à perdição.

Não hesitei em agarrar sua boca com a minha e começar uma guerra com nossas línguas. Tudo em Peeta era doce – apesar de um pouco ousado –, os movimentos, o gosto, a paixão. Ele procurava ser respeitoso, delicado e amoroso, o máximo que podia. Eu tentava retribuir com o mesmo. Infelizmente – ou felizmente, para alguns –, não passamos das apalpadas nesse dia. O motivo era simples: estávamos indo rápido demais.

Depois de ir ao banheiro, Peeta retornou para cama e me abraçou. Nossos corações estavam a mil por segundo, a respiração difícil e ainda incrédulos pelo ponto em que chegamos.

– Nunca fomos tão longe assim. – Ele comentou, acomodando seu ombro embaixo da minha cabeça.

– Eu percebi. – Sorri, esbaforida.

Ficamos em silêncio por um tempo, uma meia hora talvez, até ouvir a voz um do outro novamente. Observamos o quarto inteiro, as cortinas e a mobília, as nossas posições e um ao outro. E foi depois de uma dessas observadas que Peeta decidiu soltar:

– Você me ama.

Não tinha som de pergunta.

– Verdadeiro ou falso?

Senti um peso em meu peito, esmagando meus pulmões e assolando meu estômago. Estava na hora de admitir isso a ele. Eu não estaria mentindo nem me sentiria culpada. Dessa vez, o que eu falaria seria algo totalmente verídico.

Olhei para Peeta e para aqueles olhos azuis que eu tanto ansiava ver, examinei aquela face cujo dono já me salvara de inúmeras maneiras. Olhei para ele com uma paixão que eu não sabia que podia sentir por uma pessoa nem em uma vida inteira. O que eu sentia por ele ela algo forte e inexplicável. Eu sentia amor.

Sorri e apertei sua mão com a minha, levantando a cabeça para que ele pudesse me olhar com clareza, antes de responder o óbvio.

– Verdadeiro.


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