Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 45
Capitulo 44 - Revivendo os momentos bons


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, estamos iniciando a reta final da história. SIM! Espero que gostem do capitulo agora voltamos para o POV do Peeta, como eu falei os proximos caps serão grandes para avançarmos mais rápido na história, espero que gostem e comentem, recomendem e favoritem nessa reta final, vai ser importante, bgs



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Revivendo os momentos bons

Peeta Mellark

Ás vezes nós fazemos escolhas que em primeiro momento achamos que seria a mais correta, eu mesmo acreditava fielmente que estava fazendo bem para Katniss manter-me afastado dela, pois assim era a minha tentativa de ser diferente, parar de pensar só em mim e nas minhas vontades, nos meus sentimentos, eu queria me afastar para permitir que assim Katniss me esquecesse, que ela seguisse em frente e pudesse ser feliz.

Mas eu confesso que eu cometi um erro. As coisas não foram bem assim, Katniss em vez de seguir em frente, começou a mudar, e pouco a pouco fui observando de camarote ela se perdendo, deixando aquela Katniss boa, prestativa, inocente se perder para entrar no lugar aquela garota que ela sempre criticou, e ainda fui vendo que ela fazia tudo isso apenas para me machucar, para me magoar e isso eu não podia permitir. Não queria que Katniss se perdesse por minha culpa.

Eu tenho que confessar que o fim da linha foi no momento de nossa discussão, Katniss jogou na minha cara coisas que não eram reais, eu sabia que dei motivos para ela pensar o pior de mim, mas, chegou o momento que não dava mais para aguentar, as coisas não estavam fazendo mais sentido, e vi que a minha única escolha era contar a verdade.

Mas não era algo fácil a se fazer, ainda mais quando você não sabe como será a reação da outra pessoa, depois da nossa briga, eu fiquei a noite toda pensando em como me aproximar de Katniss, em como explicar a ela a verdade, até que depois de muito pensar eu acabei tendo a ideia de dar uma rosa a ela, mas não pessoalmente, deixei-a em frente á porta de seu dormitório e junto com a rosa uma pequena mensagem em seu caule, escrito: "Katniss nunca deixe de ser o que você é", eu sabia que com a mensagem, Katniss logo sacaria de que a rosa é minha. 

Eu sabia que era um gesto meio arriscado, pois ela poderia odiar e pensar o pior de mim, mas também existia a possibilidade dela também ficar confusa e querer conversar comigo.

O que eu sabia é que de qualquer forma Katniss iria me procurar, ou para me xingar ou para tentar entender o porque eu dei a rosa a ela.

E foi isso mesmo que aconteceu, pouco tempo depois de deixar a rosa na porta do dormitório dela, Katniss e eu nos encontramos, foi por acaso, eu estava no jardim, no local exato onde ela e eu costumávamos observar as estrelas, eu gostava de ir até lá, não apenas porque me fazia me lembrar de momentos bons, mas também para observar a paisagem e principalmente o sol se pondo, antes não era algo que eu me importava, mas depois que eu estive com Katniss eu comecei a ver tudo de outra forma e aprender novos hábitos.

Já era fim da tarde, quando ela e eu nos encontramos, ela se aproximou bem devagar, não precisava nem olhar para ela para notar o quanto ela estava receosa, mas depois de alguns minutos ela sentou-se do meu lado e então me perguntou:

— Está recordando os velhos tempos?

— Estou recordando os tempos bons... – respondi, tentando disfarçar o nervosismo, mas na verdade meu coração estava prestes a explodir.

— Se para você era tão bom por que você não o quis mais? – ela perguntou e aquela pergunta foi como uma facada no estomago, eu sabia que era o momento de eu falar, de eu dizer que eu nunca quis que aquilo acabasse, e que fomos vitimas de diversos maus entendidos, mas as palavras não conseguiam ser soltas, eu parecia ter travado. — Tá legal, eu não vou invadir o seu espaço só me fala uma coisa foi você que me enviou essa rosa? – ela perguntou.

Eu olhei para ela, ainda com o coração disparando, meus olhos desceram em direção a rosa, só então notei que ela estava segurando-a e vê-la com a rosa que eu lhe dei, me fez sentir um nó na garganta, e não posso negar que fiquei feliz, pois parecia que ela havia gostado dela.

— Sim... – eu respondi, e notei que ela sorriu.

— Para você é importante que eu não mude? Você se importa realmente com isso Peeta? – ela perguntou.

— Você sempre foi uma pessoa boa Katniss, não deixe isso morrer ainda mais por coisas que não valem a pena...

— O que não vale a pena? – ela perguntou.

— Todas as pessoas que te machucaram...

— Inclusive você?

Eu suspirei e desviei o olhar, era difícil pensar o quanto eu já a machuquei. Mesmo não querendo.

— Inclusive eu... – eu finalmente respondi.

Ela suspirou e levantou-se, eu tentei evitar olhá-la, para não ficar mais nervoso, eu ainda não tinha começado a falar o que queria, as frases ainda não tinha se formulado em minha mente.

— Tudo bem Peeta, tenha uma boa tarde... – ela despediu-se, ela se virou, mesmo não olhando eu sei que ela já estava indo embora, eu sentia isso, eu sabia que não tinha muito tempo, instintivamente eu consegui chamar o seu nome. Depois respirei fundo, antes de começar:

— Katniss, eu sei o que você quer saber... Eu sei que a sua maior duvida é o quanto eu fui culpado nessa história toda... – então a olhei e pude constatar pela expressão em seu rosto o quanto ela estava confusa. – Não é?

— Eu acho que eu não tenho duvidas referente a isso, porque você já deixou muito claro que eles estavam falando a verdade, você transou comigo por causa de uma maldita aposta, não foi? – ela perguntou.

— Não! – eu respondi e notei que os lábios dela se entreabriram, ela parecia surpresa com a minha resposta.

— O que? – ela perguntou num tom como se não estivesse escutado direito.

— Katniss, eu não fiquei com você por causa de uma aposta, eu errei sim, eu cometi um erro, mas não esse, na verdade o meu único erro foi não ter admitido a todos o quanto eu amava você! A merda que eu fiz nessa história toda e que me culpo até hoje foi ter escondido o nosso relacionamento por ter tido vergonha de assumi-lo, e acredite se eu pudesse voltar no tempo essa seria a única coisa que eu teria feito de diferente, eu nunca usei você Katniss, eu nunca na minha vida enganaria você, quando eu disse que te amava eu estava dizendo a verdade...  – eu confessei e percebi que algumas lágrimas começaram a cair dos olhos dela e ver aquilo fez o meu coração apertar mais.

— Então, você não apostou? – ela perguntou, num tom baixo, mas mesmo assim eu consegui escutar.

— Não Katniss, se você quiser me culpar por algo, se você quiser me perseguir, me crucificar, você pode, mas não porque eu menti para você porque eu não menti, mas sim por eu ter dito que nós dois juntos enfrentaríamos tudo e quando eu tive que enfrentar eu não enfrentei, eu não lutei, eu não fui forte e por isso sim eu posso te pedir perdão...

— Você não apostou? Era tudo mentira? Seu imbecil, por que você não falou isso antes!

— Eu queria que você me esquecesse Katniss, e se precisasse me odiar para isso tudo bem, eu já havia errado tanto com você, você já havia sofrido tanto por minha causa... Eu posso não ter dormido com você por causa de uma aposta Katniss, mas eu fui o culpado por eles terem entrado no meu quarto e ter te humilhado...

— Como? – ela perguntou.

Eu respirei fundo, eu sabia que aquilo era o mais difícil para falar, pois era o que eu mais me culpava.

— Em um treino eu ouvi Marcus e Lucius falarem sobre apostas, eles estavam discutindo sobre qual garota Marcus iria ter que transar, Lucius teve a ideia de Marcus tentar dormir com você, eu me meti na conversa e tentei convencê-los a parar com aquilo, naquele momento eu tinha que ter falado a verdade, eu tinha que ter admitido que estávamos juntos, mas eu não tive coragem Katniss... – eu apoiei a cabeça em meus joelhos enquanto eu lembrava de tudo, era difícil lembrar-me daquilo, pois fazia eu lembrar de como eu fui idiota. – Em vez disso eu aceitei a aposta, mas não porque eu queria o dinheiro, ou porque eu fiz por maldade, eu só aceitei para eles pararem, para eles esquecerem, quando transamos eu nem estava pensando nisso, eu só não queria que Marcus ficasse atrás de você por causa de uma aposta idiota!

— Como eles descobriram que estávamos juntos no quarto? – ela me perguntou.

— Gabbe viu, ela sabia sobre a aposta... Quando eu fui atrás de você eu ia contar toda a verdade, mas quando eu fiquei em silencio foi porque eu pensei, pensei em tudo que aconteceu e fiquei com medo, com medo de continuarmos e você continuasse sendo perseguida, você continuasse sofrendo por minha culpa, que eu cometesse mais erros, na verdade eu só queria que você me esquecesse Katniss mesmo que isso me machucasse, era o mínimo que eu podia fazer por você...

— O mínimo que você podia fazer por mim? – ela perguntou, enquanto chorava.

— É... Toda vez que eu ia atrás de você foi pensando em mim, porque eu queria você por perto, mas dessa vez Katniss o que fiz foi pensando em você, porque eu achava que igual ás outras vezes você iria conseguiria seguir em frente, que você conseguiria superar, eu não sabia que tudo isso iria acontecer, eu não sabia que você iria ficar dessa forma... Que você fosse mudar tanto!

Notei que ela arrastou o corpo em minha direção.

— E por que agora você está me contando tudo isso? – ela perguntou e então eu a olhei, enquanto digeria a pergunta dela, mas não foi tão difícil de responder.

— Porque eu não quero que aquela Katniss que eu amo tanto morra...

Os lábios dela se entreabriram e ela ficou algum tempo apenas me olhando, e enquanto eu também a olhava meu coração disparava e disparava, fiquei com medo do que ela poderia dizer, se ela quisesse ela tinha todo direito de me crucificar, mas não, ela não fez isso, da boca dela saiu apenas uma única palavra:

— Obrigada...

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— Eu vou ganhar... – ela disse enquanto ela e eu jogávamos videogame, era incrível como ela era boa no jogo, e não somente em videogame, ela também era incrível no xadrez, eu estou desconfiado de que ela também deve ser muito boa no baralho. Ela iria se da muito bem em Las Vegas.

Estávamos jogando um jogo de corrida, e o carro dela estava bem mais a frente do meu, eu fazia o possível para chegar próximo a ela, mas meu dedo já estava começando a doer.

— Eu ainda vou... Eu vou... – eu disse me levantando do chão e aproximando-me da TV, mesmo meus dedos estando doendo eu apertei os botões do controle com mais força, eu estava me aproximando, me aproximando, mas era tarde demais. – AH DROGA! – eu resmunguei assim que ela passou da linha de chegada. Droga! Perdi para ela de novo — Você tem muita sorte nesses jogos! – eu reclamei, voltando a se sentar na cama ao lado dela. Ela sempre vencia, as vezes era até irritante jogar com ela, mas confesso que o tempo em que ficamos afastados eu cheguei até sentir falta de perder para ela.

Sim, depois de contar a verdade para Katniss, o inevitável havia acontecido, voltamos a ser amigos. Embora, eu amasse Katniss como mulher, embora eu estivesse louco para tocar nela, beijá-la e tê-la nos meus braços, eu tentei resistir o máximo possível.

Tenho que admitir que o motivo para isso é que eu tinha medo, pois cada vez que via Katniss e percebia que pouco a pouco estávamos voltando a ser como eramos, e eu podia vê-la sorrir e ver os seus olhos brilharem. Eu tinha medo de acontecer algo e ela se perder novamente, de nós dois se perdemos novamente. De tudo novamente dar errado. Eu não queria passar por tudo aquilo de novo.

Ela estava feliz e eu estava feliz em tê-la perto de mim, de tê-la novamente como amiga. Eu não queria que entrássemos novamente em uma guerra, e se déssemos um passo adiante, tinha chances disso acontecer.

Katniss também parecia que queria ir devagar, estávamos vivendo um momento legal, estávamos voltando a ser amigos. Lembro-me de como eu senti falta da companhia dela, de assistir filmes com ela, de jogarmos videogame juntos, de ver com ela as estrelas, o pôr do sol. E eu queria poder reviver tudo isso de novo.

E era o que estávamos fazendo. Voltamos a viver a época em que éramos amigos e que passar apenas um bom tempo um com outro, já era o bastante.

Eu sei que no final vai acontecer que nem da ultima vez, uma hora só amizade dela não vai bastar para mim, mas eu estava decidido a esperar, esperar chegar esse momento, para se caso acontecer, eu quero que tudo aconteça naturalmente.

— Não é sorte querido é talento... – ela disse num tom convencido fazendo eu acordar dos meus pensamentos, eu sei que ela estava brincando, eu me levantei e me aproximei dela com os braços cruzados, parei bem na sua frente.

— Você vai ficar ai se achando... – eu disse.

— Ou se vou, olha para mim Peeta... – ela disse levantando-se da cama e ficando em pé na minha frente, então deu uma volta e piscou os olhos varias vezes. – Sou linda, sou inteligente, jogo videogame muito bem e não preciso nem falar do xadrez não é? – ela mexeu nos cabelos, eu discordei com a cabeça e escutei ela dar risada.

— Você agora além de ser uma sabe-tudo é convencida! – eu disse, aproximando-se ainda mais dela e então percebi que ela parou de rir.

— Bom... Fazer o que se sou tão maravilhosa assim, deveriam até fazer uma estatua minha, não acha?

— No meio do corredor? – perguntei, umedecendo os lábios.

— Não no pátio mesmo, e embaixo escrito Katniss a talentosa... – ela disse, e enquanto ela brincava, eu continuava analisando-a, por um momento eu até esqueci o que ela estava falando, pois fiquei mais concentrado com a nossa aproximação, eu não consegui deixar de descer os meus olhos para a boca dela. Que boca. A boca que já admirei tantas e tantas vezes. Embora eu já tivesse estado nessa situação antes, parecia que era a primeira vez, eu senti o mesmo desejo, o meu coração disparou da mesma forma, admirei aqueles lábios como se fosse a primeira vez que o via. Como eles são tão perfeitos, eu nunca cansava de admirá-los, como eles são tão bem desenhados, parecem ter sido feitos para mim.

Depois de alguns segundos com o cérebro longe eu consegui finalmente formular uma pergunta para que continuássemos com o assunto:

— A numero um no videogame?

— Bom, essa não é a minha única qualidade... –ela respondeu. Eu suspirei e me virei, tentando esquecer todo esse desejo que eu estava sentindo por ela nesse momento.

— É, terei que falar com diretor... – eu disse, jogando-me na cama. — Como está sendo para você ser uma líder de torcida? – eu perguntei trocando de assunto, ela deitou na minha cama e me olhou.

— Hum... Normal! – ela respondeu, percebi que ela não estava querendo entrar em detalhes, mas eram os detalhes que eu gostaria de saber.

— Normal? É a única palavra que você tem para falar? Normal? – eu perguntei, rindo. – Tá legal, então que tal a gente assistir um filme de terror para lembrarmos os velhos tempos? – eu sugeri, já imaginando que ela não ia gostar muito da ideia, acertei em cheio, pois logo ela sentou na cama e me olhou com um olhar assustado.

— Não, tudo bem, eu falo... – ela disse segurando-me pelo braço, na tentativa de impedir que eu me levantasse e colocasse o filme. – Olha tá sendo terrível tá legal, as pessoas ficam olhando para mim... – ela confessou, só que não entendi qual era a parte terrível para ela..

— Isso é normal, os alunos olham para os populares... – eu expliquei.

— É, mas é estranho, eu fico com aquela impressão de que estou com algo no rosto e por isso todo mundo fica me olhando, porque qual é meu! Não tem porque me olharem...

— Para... Você é linda Katniss... – eu disse, agora sentando-me e olhando-a com os lábios entreabertos, ela ficou levemente vermelha e eu sei que foi devido o meu elogio.

— Você realmente acha? – ela perguntou.

— É lógico que eu acho, eu sempre achei, ainda mais quando você está com esses olhos brilhando e quando sorri com esse sorriso doce que só você tem... – eu confessei sem ao menos perceber, depois que eu dei conta do que eu falei, eu desviei o olhar rapidamente.

— Mas isso não é o motivo deles me olharem como se eu estivesse com uma melancia na cabeça... – ela respondeu, irritada. – Além do mais, tem alguns atletas que são muito idiotas, aquele Cato mesmo ele é muito burro e fica atrás de mim feito um carrapato! – ela acrescentei e esse detalhe eu não gostei, eu já tinha mesmo reparado que Cato ficava atrás dela.

— Concordo com você, ele é um idiota! – eu disse voltando a me deitar.

— Ah e eu não posso esquecer que também estou passando fome, Annie, Madge e Finnick se juntaram para ficar vigiando o que estou comendo, é terrível ficar sem chocolates... Olha as minhas unhas! –ela mostrou as unhas para mim e eu me sentei, peguei a mão dela para olhar. Elas estavam bonitas, só estavam curtas. – Ela está toda roída devido á falta do chocolate, Madge ontem teve quase um treco quando a viu!

E então eu dei risada, ainda segurando as mãos dela.

— Eu imagino, mas elas ficam bonitas também curtas! Elas estão bem pintadas, ela não tem o que reclamar!

— Ela reclama do mesmo jeito e eu preferia também elas grande sabe, pois caso você se comportasse mal eu poderia te arranhar... – ela disse e no mesmo minuto meu estomago revirou de uma maneira estranha, alguns definem isso como borboletas no estomago, realmente é um pouco parecido, só sei que eu acabei imaginando a cena e no mesmo minuto eu umedeci os meus lábios.

— E aonde você iria me arranhar? – eu acabei soltando, sem ao menos perceber, estava concentrado demais pensando em coisas que eu não deveria pensar no momento.

—Você tem preferencia em algum lugar? – ela perguntou.

— Er... Acho que as costas seriam é bem legal... – eu disse, lembrando-me da primeira e única vez que ela e eu transamos, teve um momento em que ela arranhou minhas costas, e eu havia achado muito bom.

Ficamos algum tempo nos olhando e eu percebi que Katniss mordeu os seus lábios inferiores, fiquei pensando se ela também estaria se lembrando daquela noite, e acabei me perguntando em pensamentos se ela gostaria de repetir aquilo.  

Depois tirei esses pensamentos de minha mente e lembrei-me de uma coisa: Eu tinha comprado algo para ela Levantei-me da cama e fui até o meu guarda-roupa, eu abri a primeira gaveta e tirei umas três barras de chocolate dali de dentro, voltei a olhar para ela e percebi que ela estava boquiaberta.

— Eu comprei para você, eu já imaginava que eles estavam proibindo você de comer chocolate... – eu disse, jogando as barras de chocolate na cama, observei ela pegá-las rapidamente e ela olhava tão fascinada para as barras que senti-me satisfeito por tê-las comprado. – Vê se esconde bem e não me dedura...  – eu pedi, pois eu sabia que se ela abrisse a boca Madge encheria minha paciência por dias.

— Por isso que eu te amo tanto! – ela disse e sua declaração foi suficiente para meu coração bater acelerado – Você nunca julgou o meu desejo por chocolate! – ela acrescentou abrindo a barra e começando a comer.

— Chocolate te faz feliz, por que eu te julgaria? – eu perguntei, sentando-se na cama e olhando-a fixamente.

— Eles dizem que chocolate engorda... – ela explicou enquanto devorava o chocolate.

— Você tem um corpo maravilhoso, não acho que vai ser o chocolate que vai muda-lo! – eu respondi, e então ela sorriu para mim.

— Obrigada! – ela agradeceu e então me deu um abraço, senti como se tivesse levado um choque e logo em seguida meu corpo todo ficou quente, tinha me esquecido de como abraça-la era bom.

Era bom poder repetir tudo de novo, fechei os olhos e fiquei me lembrando do quanto eu senti falta disso e como eu tinha medo de perder tudo de novo. Talvez por isso eu ainda não tinha a agarrado, beijado ela e feito outras coisas que eu desejava tanto fazer, tudo era medo, medo de perder isso, pois eu já tinha visto como era ruim ficar sem ela.

— Bora para um filmezinho de terror? – eu disse logo quando a soltei, eu estava com saudade de vê-la com medo e escondendo o rosto com o edredom.

— Você e esses filmes de terror... – ela reclamou.

— Para de reclamar e encare tudo isso como uma mulher! –eu respondi, ela bufou, pegou o travesseiro e jogou bem no meu rosto. Eu dei risada e segurei o travesseiro. – Olha lá hein que eu vou tomar esse seu chocolate de volta!

— O que é dado não pode ser mais tomado! – ela disse abraçando os chocolates.

— Quem inventou essa regra? – eu perguntei, arqueando as sobrancelhas.

— Eu mesma, Katniss Everdeen, estou dizendo eu sou demais, mereço uma estatua! – ela respondeu num tom brincalhão, deitando na minha cama e se cobrindo com o cobertor.

Eu me levantei, peguei um dos meus DVDS de filmes de terror e o coloquei, notei que ela estava um pouco nervosa e sei que nas próximas uma hora e meia vou me divertir vendo ela morrer de medo.

— Fala a verdade que você só faz isso porque é muito mal e quer me torturar! – ela disse enquanto eu deitava ao lado dela, e me cobria com o cobertor.

— Eu tenho que confessar que você faz umas caras muito bonitinhas quando assiste filme de terror, e eu já estava com saudades disso... – eu disse e ela me olhou, boquiaberta.

— Ah é? – ela perguntou, virando-se para mim.

— Aham! – eu disse, virando para ela.

Ela suspirou e ficamos nos olhando por alguns segundos, confesso que fiquei tentado a beijar ela, mas me segurei, eu estava com medo de avançar muito rápido e tudo acabar virando um desastre.

— A porta está trancada? – ela me perguntou.

— Sim... – eu disse, franzindo as sobrancelhas.

— Ótimo, não quero sofrer o risco daquele bando de idiotas entrarem aqui e ficarem nos acusando de algo... – ela disse.

— Isso nunca mais vai acontecer Katniss! – eu garanti e ela sorriu para mim. – Eu não iria ser tão idiota de errar na mesma coisa duas vezes... – eu acrescentei e notei que o sorriso dela se alargou.

Ela olhou para TV, e notei que ela já estava ficando com medo.

— Se eu ter pesadelos a culpa vai ser sua! – ela disse a mim.

— Relaxa Katniss, não tenha medo... – eu disse e então a olhei, aproximei-me um pouco e dei um leve beijo na ponta do nariz dela, em seguida coloquei um dos meus braços em volta do seu corpo e puxei-a para um abraço. Como eu gostava de abraça-la, se pudesse eu nunca mais a soltava. — Eu vou cuidar de você... – eu disse e ela sorriu para mim enquanto encostava a sua cabeça em meu ombro.

— Eu acho bom mesmo! – ela disse, e então soltou um suspiro, voltando a olhar para TV, eu também fiz o mesmo, enquanto abafava uma risada, eu já sabia que não demoraria muito para ela ficar morrendo de medo, e logo ela iria esconder o rosto dela com o edredom.

                                                                    ###

Lembro-me da minha ultima férias de verão, ela não me deixou muito animado, foi nela que cometi o maior erro da minha vida, envolvi-me com Gabbe, e ainda é difícil de esquecer que minha viagem para Paris foi terrível.

Dessa vez eu estava decidido a não viajar com os meus pais, eu iria aproveitar para ficar em casa sozinho, e claro, fazer algumas visitas para Katniss, pois eu não iria querer ficar sofrendo de saudades por ficar a férias todas sem vê-la como aconteceu nas ferias anterior.

Eu já tinha começado a fazer os planos, e até mesmo tinha decidido a terminar a leitura da série Vampiratas, quem me vê hoje não imagina como já detestei o mundo dos livros, e essa mudança só tinha um único nome: Katniss.

Depois que nós saímos de férias eu queria demorar um pouco para entrar em contato com Katniss, mas acabou meio que sendo impossível, na primeira semana eu já estava sentindo a falta dela, tanto que nem conseguia mais me concentrar na leitura. Acabei ligando para ela e conversamos pelo telefone, na realidade ficamos mais de uma hora batendo-papo, e acabei a chamando para sair.

Fomos em uma sorveteria, e lá eu pude constatar o quanto Katniss também é apaixonada por sorvetes de chocolate, lá conversamos sobre a infância e ela acabou me contando que nunca aprendeu andar de bicicleta.

— É sério que você nunca aprendeu andar de bicicleta? – eu perguntei, enquanto dava risada.

— Sério o meu pai tentou, tentou e tentou, mas eu sempre voltava para casa toda roxa... – ela me explicou. – Gale também tentou nas férias passada me ensinar, mas sai apenas com o joelho roxo também... – ela disse, deixando-me meio irritado só de imaginar Gale tocando nela.

— Ah, você saiu com o Gale... – eu disse, e o tom saiu mais amargo do que eu gostaria.

— Sim, foram aquelas férias em que você começou a namorar a Gabbe! – ela me lembrou.

— Ah não me lembre dela... – eu disse, revirando os olhos. Eu estava muito feliz em estar já alguns dias sem ver ela e esperava que continuasse assim. – Mas tenho certeza que eu consigo te ensinar a andar de bicicleta...

— Não ensina nada! – ela disse, parecia não acreditar nisso.

— É lógico que eu consigo! – eu insisti.

— Tá certo, eu quero só ver, já estou vendo que eu vou ganhar novas cicatrizes no joelho!

— Eu aposto que não!

No outro dia combinamos então de se encontrar para que eu ensinasse ela a andar de bicicleta, para não machuca-la levei protetor para joelhos, cotovelos e até capacete, fomos até um bosque e lá alugamos uma bicicleta. E ensinei-a assim como meu pai me ensinou, eu segurava a bicicleta, ficando ao lado dela e ela tinha a difícil missão de tentar equilibrá-la, depois de um bom tempo eu a soltei e ela foi pedalando, sem se desequilibrar

— AHHH EU TO CONSEGUINDO, EU TO CONSEGUINDO... – ela disse, parecia feliz. – Mas... Como eu paro essa merda! – ela disse logo em seguida, ela desviou de uma criança, mas acabou batendo em uma arvore.

Eu me assustei, com medo dela ter se machucado, então eu fui correndo em direção a ela, agachei-me e logo comecei a ajuda-la a se levantar.

— Está tudo bem? – eu perguntei.

— Sim, está, mas graças ao capacete... – ela disse, e agradeci-me em pensamentos em ter a ideia de ter levado um capacete.

— Você tem que aprender a frear a bicicleta... Vem, vamos de novo! – eu disse e então escutei um gemido dela.

E então eu continuei ensinando-a, tenho que confessar que ela tinha bastante dificuldades, mas depois de algumas horas ela aprendeu a se equilibrar e também a frear a bicicleta sem cair no chão.

— AEEEE! – eu disse todo satisfeito em ver que deu trabalho, mas tive resultados, ela consegui colocar a perna no chão ao parar a bicicleta, sem cair. – Viu eu não te disse que eu ia conseguir te ensinar a andar de bicicleta... – eu disse parando na frente dela. – Pelo menos eu pude te ensinar alguma coisa...

Ela sorriu para mim.

— É você venceu! – ela disse. – Obrigada! – ela falou, dando-me um beijo no rosto, e eu sorri para ela.

— Isso merece um novo sorvete... – eu disse e ela sorriu, pareceu ter gostado da ideia.

E então fomos chupar sorvete e em seguida Katniss me convidou para ir até a casa dela, e claro que eu aceitei depois dela falar que os pais dela não estariam lá. Ela mostrou toda a casa e pude constatar que ela era bem menor que a minha, mas achei bastante legal, como eu imaginei no quarto dela, tinha uma enorme escrivaninha cheia de livros.

— Uau, você tem muitos livros! – eu disse, impressionado. – Você realmente é uma nerd!

— HAHA! – ela fez sem emoção alguma. – Eu gosto de ter bastante livros em casa para ler nas férias, eu não costumo viajar como você... Falando nisso por que você não quis acompanhar os seus pais?

— Porque eu prefiro ficar com a casa toda para mim... – eu disse, jogando-me na cama dela.

— Imagino... Você deve estar até pensando em fazer festas não é? – ela perguntou.

— Se eu pensar em fazer alguma festa eu te garanto que eu vou te chamar... – eu disse, enquanto a observava sentar-se do meu lado. – Mas eu tenho que confessar que tem outro motivo que me fez não ir... – eu respondi agora endireitando-me na cama dela e ficando sentado.

— Ah é? Qual? – ela perguntou, com coração disparando.

— Você... – eu respondi e logo vi um sorriso aparecer no rosto dela. – Eu não queria ficar as férias todas sem te ver...

— Ah é? – ela disse, agora mordendo seus lábios inferiores. – E por que Peeta?

— Eu gosto de estar com você, a sua companhia é melhor do que qualquer viagem... – eu disse, ainda olhando-a nos olhos. Vi que ela tinha gostado do que eu falei, e isso deixou-me mais feliz, estávamos nos aproximando lentamente e isso era bom para pouco a pouco conseguirmos confiar ainda mais um no outro. Eu queria que Katniss conseguisse confiar em mim novamente e acho que eu estava indo pelo caminho certo.

Observei-a por mais alguns segundos, quando um barulho chamou a minha atenção, desviei os olhos de Katniss para olhar para janela do seu quarto, ela também olhou para onde eu olhava, e então vimos que está chovendo.

— Droga! – eu reclamei. – Eu vou me molhar todo!

Ela voltou a me olhar.

— Você não precisa ir embora agora... – ela disse e então aproximou-se da janela. – Vamos admirar a chuva!

— Admirar a chuva? – eu perguntei e então ela me olhou.

— É... – ela respondeu.

— É incrível, além de admirar as estrelas, admirar as nuvens, você também gosta de admirar a chuva... – eu disse, levantando-me da cama e me aproximando dela.

— Eu adoro a natureza Peeta, são coisas simples, eu sei, mas você nunca ouviu falar que as coisas simples é o que faz a diferença? – ela me perguntou.

Eu parei bem na frente, e olhei-a por alguns segundos, sempre Katniss conseguia me impressionar. E mesmo que eu já a conhecesse a anos, eu ainda conseguia admirar o seu jeito doce, a sua bondade e principalmente a forma em que ela gostava e se importava com coisas que quase ninguém gosta ou se importa. Ela é diferente de todas as garotas que eu conheci em minha vida, e tive muita sorte de ter a oportunidade de conhecê-la.

— É você está certa... Vamos olhar a chuva! – eu disse, e então a abracei por trás, meu coração pareceu que ia explodir só por causa desse pequeno contato físico, era tão bom abraça-la, poder sentir aquele corpo quente colado ao meu, e enquanto observávamos a chuva cair, eu comecei a ver o quanto aquilo era bom, qualquer coisa que eu fizesse com Katniss, no final seria ótimo, pois o que eu adorava era estar ao lado dela.

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Katniss e eu fomos para bastante lugares juntos, mas depois que Thomas voltou da viagem com seus pais, eu arrumei um tempo para sair com ele também, fomos a uma lanchonete que costumávamos frequentar para colocar a conversa em dia. Estávamos no entupindo de cachorro quente e coca-cola enquanto conversávamos:

— Você é um idiota! – ele dizia com a boca toda cheia. Depois bebeu coca-cola para engolir melhor o lanche. – Você sabe que Everdeen sempre foi louca por você, você conseguiu fazer ela te perdoar, e em vez de estar recuperando todo o tempo perdido, dando uns amassos nela, fica é dando uma de amiguinho... – ele disse, e então riu, ele pareceu ter achado realmente isso engraçado.

— Eu estou indo com calma, tá legal, não quero apressar nada, e fazer nada que eu possa me arrepender mais tarde, e está sendo bom porque estamos podendo reviver tudo que vivemos e também estando nos aproximando e podendo confiar um no outro novamente... – eu disse e depois dei uma mordida no meu lanche, não pude deixar de soltar um suspiro ao me lembrar dos momentos bons que estou vivendo novamente ao lado de Katniss.

Thomas olhou para mim com as sobrancelhas franzidas.

— Vocês apaixonados ficam muito esquisitos, e falam de forma muito estranha também! – ele disse, dando de ombros. – Mas, quer saber? Esse ano eu também não vou ficar de bobeira, eu vou arriscar cara e vou com tudo para cima da Madge, é o ultimo ano, se eu não ficar com ela agora eu não fico mais...

— É sério que você vai tentar ficar com a Madge Undersee? – eu perguntei impressionado.

— Sim, claro meu, com aquela garota eu até me casava... – ele disse, enquanto pegava um papel toalha e limpava sua boca que estava cheia de catchup. Eu já ia falar uma coisa, quando os olhos de Thomas desviaram-se de mim para um outro ponto, ele parecia estar olhando para a entrada da lanchonete, os lábios dele se abriram.

— Ah não... Droga! – ele reclamou, então eu virei rapidamente para observar o que ele estava observando, meu estomago revirou-se quando vi duas garotas se aproximando de nós.

Elas pararam na nossa frente, eu engoli um seco, afinal, uma delas eu conhecia muito bem, infelizmente.

— Iai meninos, que ótima coincidência! – ela falou. Gabbe. Ela estava acompanhada com uma garota que nunca tinha visto, provavelmente não é aluna da escola, mas parecia uma barbie, não era muito diferente da Gabbe. Gabbe desviou o olhar em minha direção e sorriu de uma forma estranha para mim, e eu que imaginava que iria conseguir ficar as férias todas sem ver ela.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: Não teve muitas coisas ineditas nesse cap. eu sei, mas o próximo vai ser longo de novo e quase todo inedito, avançaremos muito na história, mas enquanto isso, vão comentando nesse ;) bgs comentem rápido que eu volto rápido!