Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 32
Capitulo 31 - Transformação


Notas iniciais do capítulo

Olá gente vai começar as postagens rapidas, dei uma pequena sumida do cap passado para esse para adiantar capitulos, tanto dessa fanfic quanto de outras da saga crepusculo que praticamente abandonei em hiatus, bom essa é att de hoje e o cap. de amanhã já tá pronto e vou postar, até domingo farei att diariamente, preciso adiantar o máximo possivel essa fanfic, espero que gostem e deixem comentários se puder recomendem, ajudem a divulgar, pois suas opiniões são importantes para mim, beijos e espero que gostem.



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Transformação

Olhar-me no espelho e ver algo desconhecido, era assim que eu me senti quando me encarei no espelho pela primeira vez. Era tão estranho me encarar sem os meus óculos que me acompanhou por tanto tempo, me ver com essas roupas tão apertadas, que me deixava completamente desconfortável, e essa maquiagem, quanta maquiagem, ela parecia tão desnecessária e me deixava com o rosto tão diferente. Quando eu me olhava, eu me perguntava. Essa é mesmo a Katniss Everdeen? A Katniss que eu acredito que eu sou? E o pior, será que eu queria mesmo mostrar isso ao mundo todo?

Annie insistia dizendo que eu iria me acostumar, eu só precisava de um tempo repetindo esse comportamento. Uma hora eu vou me acostumar a acordar uma hora mais cedo para me maquiar, para vestir essas roupas apertadas, e claro para escovar o cabelo toda vez que lavá-lo. Eu iria acostumar-me a ser que nem todas as outras garotas da escola. Eu ia ser mais uma, apenas isso.

Porém, estava claro para mim mesma que eu estava com medo, enquanto eu me encarava no espelho eu via que eu estava bonita, eu sabia que não estava parecendo nenhuma palhaça, Annie tinha feito um bom trabalho, eu não podia negar. Porém, eu estava com medo de me perder nessa nova Katniss, embora uma parte de mim queria se perder, queria se transformar em uma pessoa da qual ninguém mais pudesse machucar, pisar, magoar. Mas a outra parte gritava e dizia, não, não se transforme em uma Gabbe, não se transforme nessas garotas que tanto te humilhou.

Sim, era uma luta interna, perturbadora. Porém eu sabia que a magoa, que a raiva, que o ódio estava quase vencendo.

— Katniss, não tenha medo, você está linda! – Annie me elogiou pela décima vez.

Eu suspirei e olhei para ela, coitada da Annie teve dias pesados, teve que ir comigo comprar lentes de contato, uniformes e roupas novas, precisou escovar meu cabelo que não é nada fácil, e ainda me maquiar além de me ensinar a me maquiar para as próximas vezes é claro, e ainda ela precisou me consolar, pois estava difícil fazer tudo isso e ainda eu não conseguia tirar Peeta da cabeça. É ela havia sido uma ótima amiga. Eu teria que agradecer ela o resto da minha vida.

— Eu já te agradeci hoje pelo que você está fazendo? – eu perguntei a ela, Annie aproximou-se e sorriu para mim, pegando as minhas duas mãos.

— Você já me agradeceu ontem, antes de ontem... – ela disse.

— Mas hoje não, preciso fazer isso todos os dias! – eu disse, Annie sorriu e me abraçou fortemente.

— Que isso, você sabe que há muito tempo eu queria dar um jeitinho em você! – ela disse, ainda abraçada comigo.

Encostei meu queixo no ombro dela e soltei um longo suspiro, novamente meus olhos pararam no espelho. Eu não podia negar, eu estava com medo de sair do dormitório.

Annie me soltou e encarou-me com um leve sorriso nos lábios.

— E então amiga, está preparada? – ela me perguntou.

— Se eu disser que não, eu me livro de sair daqui de dentro? – perguntei, arqueando as sobrancelhas.

Annie riu e discordou com a cabeça, parecia inconformada.

— Qual é? Você deveria é estar ansiosa para sair daqui de dentro, para todos verem você, ver como você está linda... – ela respondeu.

Eu suspirei e desviei o olhar para o chão, imaginei a expressão de raiva de Gabbe, o olhar impressionado de todos aqueles idiotas que foram ao dormitório de Peeta nos zombar no dia em que dormimos juntos, e principalmente, eu imaginei a expressão de Peeta, com certeza ele irá se arrepender de ter me ignorado todo esse tempo. Ele irá ver que agora ele não teria porque ter vergonha de mim, porém, agora é tarde. E isso eu estava disposta a falar isso para ele, na cara dele. É eu devera estar ansiosa, mas no fundo eu tinha um pouco de medo, e eu sabia disso.

Observei Annie caminhando até a porta, ela a abriu e depois se virou para mim e me encarou com um sorriso no rosto.

— Iai, vamos lá? Temos aulas para assistir! – ela disse.

Olhei-me pela ultima vez no espelho, antes de me virar e caminhar em direção a porta, quando passei por ela, dando o primeiro passo para fora daquele dormitório, eu tive a certeza, agora não tinha mais como voltar atrás. Eu tinha que dar espaço para aquela nova Katniss Everdeen.

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Eu sempre odiei fingir, sempre achei que a verdade tinha que ficar acima da mentira independente de tudo. Pois eu sempre acreditei que quando começamos a fingir vamos criando uma mascara e pouco a pouco essa mascara vai ficando mais firme, mais realista, e com o tempo ela começa parecer ser tão real, que chega a certo momento que nem nós mesmos sabemos quem somos nós mesmos, é chega a um momento que não sabemos se estamos fingindo ou se estamos sendo sinceros. A mentira é algo perigoso, principalmente porque ás vezes nós mesmos queremos acreditar na mentira, afinal, a é sempre menos dolorosa. E esse era um dos meus medos, cair em um poço de mentiras, de ilusões, de fingimentos, e não conseguir sair mais de lá, não saber mais o que seria a verdade e o que seria a mentira, eu sabia que isso acontecia com a maioria das pessoas, elas começam a mentir e começam a desconhecer elas mesmas.

Porém naquele momento eu precisava, não tinha outra alternativa, eu tinha que levantar a cabeça e fingir, eu precisava agir como se tudo estivesse bem, embora as coisas não fossem assim, eu estava destruída por dentro, essa era a mais pura e terrível verdade, porém eu não queria colocar isso para fora, eu só queria demonstrar aquilo que me convém, e naquele momento era a raiva e o ódio. Elas eram as únicas que poderiam me ajudar, então, o resto eu tinha que engolir, de inicio era difícil, mas uma hora eu teria que acostumar, uma hora teria que ser menos difícil. Aquele era só o meu primeira dia.

Respirei fundo e então eu levantei a minha cabeça, tentando deixar para lá tudo que acreditei até aquele exato momento, aquela Katniss que acreditava e achava varias coisas tinha que ficar para trás, então, eu, a nova Katniss tentei olhar a minha volta com a maior insignificância possível, como se nada, nada que tivesse ao meu redor significasse grande coisa, eu andei com o mesmo ar de superioridade que eu observei todos aqueles anos nos atletas e nas lideres de torcidas, tentei desfilar que nem eles, corpo erguido, passos controlados, não tão rápido, mas também nem tão devagar, e então eu agi como se eu fosse mais do que todos ao meu redor. Como se o mundo não fosse o bastante para mim, como se fosse muito eles respirarem até mesmo o ar que eu respiro. É, se elas podem agir assim, por que eu não posso?

Por um momento eu fui como elas, como aquelas que eu tanto critiquei. E quando dobrei o corredor, e fui deparando com os primeiros alunos, fui percebendo a diferença, como uma simples atitude conseguia mudar tudo, os olhares foram vindo em minha direção, e então eu não era mais a insignificante Katniss Everdeen, aquela tinha ficado para trás, agora essa, todos paravam para olhar, sorriam para mim impressionados, pareciam gostar, pelo menos foi a primeira impressão que me passou os alunos que não eram grande coisa, aqueles que não eram populares, esses gostavam de pessoas assim, que agiam assim, afinal, era mais um para admirarem e para falar nos cantos dos corredores, eles adoravam ver alguém que se sentia mais do que eles, pobres iludidos.

Porém eu continuei, fingi que eles não existiam e continuei a caminhada, pouco a pouco fui encontrando os primeiros populares, os atletas, esses tiveram uma atitude um pouco diferente, eles olharam para mim dos pés a cabeça, sorriram maliciosamente e logo escutei alguns assobios, revirei os olhos e murmurei: idiotas. Afinal, esses agiam como se não me conhecessem, como se eu não fosse aquela Katniss Everdeen que eles riram e zombavam, achavam que só porque eu me vesti diferente acabei tendo uma amnesia e acabei esquecendo o quanto eu os odiei. Ignorei-os também, e já ia dobrar o corredor, quando um deles, o mais atrevido puxou o meu braço, impedindo-me de continuar.

— Olha só, Katniss Everdeen, uau, o que houve com você? – ele perguntou, sorrindo, olhando-me dos pés a cabeça.  

Eu arqueei as sobrancelhas e também o olhei dos pés a cabeça, esse garoto pelo menos não foi nem um dos otários que foi ao dormitório de Peeta nos zombar, também não foi nenhum dos otários que ficou me zombando pelo que aconteceu, mas ele era um idiota, isso eu tinha certeza, eu conseguia ver claramente o olhar malicioso dele, me observando como se eu fosse um pedaço de carne saboroso e que estava ali a disposição dele, para ele saborear quando quisesse, mas não, as coisas não seriam assim.

Ele era popular, porém nunca me interessei por eles, não me recordava direito quem ele era, eu só me lembrava do primeiro nome dele que era Cato.

— Nada, eu estou com algum problema por acaso? Tem algo errado na minha cara? – perguntei, no tom mais grosseiro o possível, não é porque agora estou bonita que vou ficar agindo como uma líder de torcida e dando mole para esses idiotas. Não, pelo contrario, eu já estava com a intenção de agir completamente diferente delas.

— Nossa gata, por que essa raiva toda? – ele perguntou e depois deu uma risada de leve, ele tinha uma risada bonita, porém era irônica, ele não era tão diferente dos outros populares, pelo menos essa foi a primeira impressão que ele me passou. Ele é bonito, isso eu não podia negar. Porém isso para mim não é nenhuma novidade, e também não era algo que me impressionava, ele é branco, de cabelos loiros e olhos pretos, estatura alta e tinha um corpo atlético. Ainda a sua aparência me lembrava um pouco Peeta, e isso só fazia com que eu ficasse com mais raiva dele ainda.

— Eu não estou com raiva... – eu o respondi e olhei a minha volta, notei que os amigos dele nos olhavam com um olhar curioso e sorria, sim agora eles sorriam para mim, não davam aquelas risadas de deboche, e aquilo me deixou um tanto enojada. – Eu só quero continuar a minha caminhada ao refeitório, será que eu posso ir ou vai ser uma missão impossível? Minha amiga está esperando! – eu disse apontando com a cabeça Annie, que estava parada no meio do corredor, esperando.

O sorriso dele se alargou e então ele me soltou, e deu um passo para trás. Sorri de volta para ele.

— Obrigada! – agradeci, então virei-me e fui até Annie, puxando-a e dobrando o corredor o mais rápido possível, ainda cheguei escutar algumas risadas e cochichos entre os populares, eles deveriam estar falando de mim, comentando coisas nojentas e ridículas como eles são acostumados a fazerem.  – Eles são uns ridículos! – falei para Annie.

— Você sabe como eles são, eles não podem ver uma garota bonita, acham que eles tem direito a todas elas só porque são populares... – ela respondeu.

— Então comigo eles vão cair do cavalo, se eles acham que vou cometer o mesmo erro duas vezes eles estão enganado, já me enganei com um popular o Peeta, não vou errar duas vezes, não mesmo... – eu garanti, firmemente.

— Falando nele... – Annie começou, e aquilo foi o suficiente para eu entender o que ela queria dizer, Peeta estava próximo, o meu coração no mesmo momento deu alguns pulos estranhos, e eu senti algo quente querendo voltar pela minha garganta enquanto eu parava de andar para olhar em volta do corredor.

Eu procurava-o com o olhar, e não demorou muito para encontra-lo, ele estava parado no corredor, conversando com Thomas, demorou apenas alguns segundos para  que de repente Thomas olhasse em volta do corredor, até parar o olhar em mim, ele me encarou por alguns segundos até parecer finalmente me reconhecer, notei que ele ficou surpreso e desviou o olhar rapidamente para falar com  Peeta, ele falou poucas palavras, logo os olhos de Peeta desviaram-se em minha direção.

Quando os olhos dele pararam em mim eu senti algo quente dentro por dentro, aquele era o momento que eu tanto esperava, o momento da qual eu sonhei e imaginei, sim eu imaginei varias expressões no rosto de Peeta quando me visse, imaginei que ele ficaria surpreso, que ele me olharia como aqueles outros idiotas, que ele se sentiria arrependido, que ele viria atrás de mim e tentaria reverter a situação, imaginei varias e varias coisas. Menos como foi a realidade. Pois o olhar dele não foi assim. As coisas não foram como tanto eu imaginei que seria.

Ele não pareceu surpreso, pelo contrario os seus olhos continuaram tristes, sem mudar nenhum momento a expressão, ele continuou com o mesmo olhar que ele me encarou ontem, antes de ontem, porém dessa vez a tristeza estava um pouco mais visível, por alguns segundos seus olhos desviaram-se para os meus pés e subiram novamente até o meu rosto, ele discordou então com a cabeça e desviou o olhar, parecendo ficar incomodado com minha nova aparência, mas não surpreso, ele só pareceu não gostar.

— Qual é o problema dele? – eu perguntei irritada, aquilo me quebrava por dentro, quanto mais eu achava que Peeta não conseguiria mais me impressionar, mas suas atitudes me impressionavam, me incomodava, me irritava e principalmente me magoava.

Ele sempre conseguia piorar um pouco mais, e aquilo estava sendo insuportável, eu não aguentei, eu não queria que fosse assim, eu não queria me desapontar novamente, aquela era minha ultima carta, se minha aparência não chamasse a atenção dele não teria mais nenhuma carta que eu pudesse jogar e eu não poderia, eu não aguentaria apenas abaixar novamente a cabeça e dizer: Sim Peeta, novamente você venceu, eu continuo sendo a Katniss insignificante e invisível para você. Não, eu não continuaria sendo invisível para Peeta, nem que eu tivesse que incomodá-lo, tortura-lo, infernizá-lo, para chamar a sua atenção.

— O que? – Annie perguntou, parecia não ter entendido, mas eu não a respondi, eu apenas voltei a caminhar em direção a Peeta, varias coisas naquele momento passou em minha mente, todas relacionadas a Peeta, varias imagens dele, lembrei-me de quando ele não me olhava daquela forma, quando por pouco tempo eu achei erroneamente que éramos felizes e que seriamos para sempre, quando por pouco tempo eu acreditei em todas aquelas fantasias românticas, e então eu pensei o quanto eu fui estupida e aquilo me incentivou a parar frente a frente a ele, para que ele pudesse olhar-me mais de perto.

Ele demorou alguns segundos para voltar a me olhar, parecia não querer me encarar, aquilo parecia ser difícil para ele, mas não tanto quanto era para mim.

— Olá Peeta, por acaso ganhou na loteria para não falar com os antigos amigos? – perguntei num tom irônico, enquanto o via subir finalmente o olhar, seus olhos pararam diretamente em seu rosto e novamente eu senti como se tivesse levando uma facada no estomago. Aquele olhar, não era o olhar que eu imaginei que seria. Ele me encarou com os lábios entreabertos e com o rosto levemente vermelho, parecia surpreso, porém não pela minha aparência, mas sim por eu ter tido a coragem de ir falar com ele. – Iai que acharam? Me diga Thomas, estou melhor do que ontem, não é?

— Sim, completamente... – Thomas respondeu, olhando-me dos pés a cabeça, ele sim parecia um tanto surpreso. Talvez ele não achava que nem com banho de loja eu conseguiria ficar bonita assim.

— E você Peeta, me diga... – eu comecei e então dei um passo na direção dele. – Gostou? Agora você não teria mais vergonha de mim, não é?

— Eu já sabia que você era bonita Katniss, extremamente bonita, quem deve ter se impressionado são os outros que não te conhecia... – ele respondeu, seu tom de voz estava triste e fez com que eu sentisse um embrulho estranho no estomago. Raiva. A maldita raiva que nascia através da indiferença dele começava a brotar dentro de mim e queria subir para minha garganta, essa indiferença me tirava fora do serio, eu queria partir para cima dele e lhe dar vários tapas, xingá-lo e dizer como ele poderia ter mudado tanto. Porém eu não consegui, eu parecia em choque. Enquanto encarava-o e pensava, pensava se ele estava sendo sincero ou se estava guardando algo dentro de si. – E respondendo a sua pergunta, não, eu não gostei eu preferia a Katniss de antes! – ele acrescentou, fazendo com que eu o encarasse com a boca entreaberta.

Realmente eu que quis impressioná-lo e eu que sai impressionada, eu não imaginava que Peeta falaria algo parecido, imaginei diversas coisas, menos isso, menos Peeta falar aquela frase. Que preferia a Katniss de antes. Eu também preferia a Katniss de antes, a feia, porém que tinha sonhos, que acreditava no lado bom dos outros, que acreditava em finais felizes, aquela Katniss que todos odiavam e pisavam, porém que era feliz, e que antes, não se importava com nada que não fosse Peeta, a opinião dele era a única que lhe importava, a única que fazia a diferença entre aqueles milhões, e foi graças a ele, que ela é essa agora.

Não era o externo que estava fazendo a diferença, a feia havia morrido, porém o que ela tinha por dentro também. Mas ele teria que se contentar com essa, pois era essa que tinha sobrado.

— Está falando do que? Daquela Katniss que você matou? – perguntei num tom amargo, não consegui evitar havia saído sem eu mesma me dar conta, notei que o rosto dele havia ficado um pouco mais vermelho, porém ele continuou me encarando sem quebrar o contato visual. – Agora já era Peeta, aquela já está muito bem enterrada, quer que eu te enterre junto com ela?

— Não... – ele falou num tom baixo, porém o suficiente para eu escutar. – Porém, pelo que estou percebendo a minha opinião não vai fazer diferença nenhuma para você, mas Katniss você está muito bonita, parabéns, eu posso não ter gostado, mas muitos devem estar adorando essa nova Katniss, então tenha um bom proveito! – ele respondeu. Aquilo parecia ter saído forçado demais, após isso ele desviou o olhar rápido, mas ainda assim eu conseguir ver, não foi ilusão, os olhos de Peeta estavam lagrimejando. E assim que ele se afastou com Thomas, aconteceu o mesmo com os meus.

###

Lá estava eu, mais uma vez escondida em meu dormitório, agindo como uma idiota, tola, novamente eu estava sendo fraca, chorando mais uma vez por Peeta Mellark. E a razão era obvia, as palavras dele novamente fizeram diferença para mim, mesmo que ele dissesse que não faria diferença, ele estava enganado, fazia e tanta, que eu estava ali no dormitório, fugindo.

Amor... Essa palavra estupida sempre vai existir no mundo, e hoje percebo que ela combinaria bastante com a palavra estupidez, isso porque elas estão tão juntas, lado a lado, tão misturadas, que dificilmente conseguiríamos diferenciar o que seria o amor, e o que seria a estupidez. Pois todo o amor no final das contas se torna estupido, eu diria.

A estupidez pode ser motivada tanto pelo amor, como pela falta dele, a primeira é estupida por nos tornar burros o suficiente para acreditar nas coisas mais improváveis do universo, e a segunda por fazer nos rebatermos, provocarmos, atingirmos, aquele que nos destruiu, como se assim conseguiremos alcançar a salvação. Ato também inútil e estupido, eu diria...

Confiante eu me encarei no espelho, observando o delineador borrado, o batom vermelho manchado, peguei o lenço, passei em minha boca borrando mais o batom, eu não sentia-me bonita, eu não estava bonita. Embora os meus cabelos estivessem agora no lugar onde todos diziam que deveria estar, embora eu estivesse sem os óculos como todos diziam que eu não deveria usar por serem antiquados, por mais que agora as roupas fossem apertadas da forma que todos achavam que eu deveria usar, pois as antigas escondiam meu corpo. Embora eu estivesse como todos quisessem que eu fosse eu não estava feliz. Pois agora, eu não era mais eu mesma. A Katniss que um dia foi feliz morreu. E só restou essa agora.

Mordi os meus lábios, e com raiva peguei o espelho da parede e joguei-o no chão, o deixando quebrar em milhares de pedaços, minha respiração aumentou, enquanto observava aqueles cacos caídos, com o barulho, Annie abriu a porta do banheiro e olhou-me completamente assustada.

— Katniss... O que houve? – ela perguntou boquiaberta, olhando para o espelho quebrado e depois para mim, eu discordei com a cabeça e encarei-a seria. – Katniss... Você está bem?

Fiquei calada, olhando-a, talvez os meus olhos estivessem gélidos, ele estava assim nos últimos dias. Eles foram endurecendo, até chegar ao ponto que nem eu mesma o reconhecia.

Não eu não estava bem, talvez eu nunca mais fosse ficar bem, porém eu não a respondi, apenas caminhei, passei pelo o lado dela e fui para o banheiro.

— Deixa, depois eu limpo isso! – foi a única coisa que falei, antes de fechar a porta com força.

  Parei em frente a pia do banheiro, e senti algumas lágrimas caírem dos meus olhos, elas doíam demais, mas eu faria o possível para não soltá-las mais. Peeta poderia ter vencido dessa vez, mas eu não iria desistir. Não, até fazê-lo sentir o mesmo que estou sentindo.

Ele não faria mais isso comigo, ele não iria mais mexer com minha cabeça, ele não faria mais essa bagunça dentro de mim, eu não iria descansar enquanto conseguisse agir de igual a igual com ele, poderia ser difícil, extremamente difícil, mas ele iria ser indiferente para mim, pelo menos é o que eu iria demonstrar a ele, assim como ele estava fazendo comigo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: Que acharam da atitude de Peeta? Deixem suas opiniões!