Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 33
Capitulo 32 - Tudo de novo


Notas iniciais do capítulo

OLÁ GENTE! Ai tá o capitulo do feriado, agora vocês sabem um pouco da visão do Peeta, a partir desse capitulo, no outro voltaremos um pouquinho para trás da história para sabermos se Peeta fez ou não uma aposta, espero que gostem e gente fiquei bastante feliz com os comentários e vou responder, continuem comentando, gosto de saber a opinião de vocês, se comentarem rapido o próximo sai ainda nesse fds!!! Bgs bgs:)



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Tudo de novo

Peeta Mellark

As coisas estavam acontecendo rápido demais, tanto, que eu ainda não tinha conseguindo entender, quando e como tudo começou a sair do meu controle.

Já fazia alguns dias que eu estava distanciado de Katniss, porém ainda machucava, embora todos falassem que somente o tempo pudesse cicatrizar as feridas e faze-las parar de doer, eu estava começando a acreditar que na prática isso não acontecia. Mesmo as horas se arrastando, os dias passando, continuava doendo como no primeiro dia. Ainda mais quando eu a olhava, quando me deparava com ela no corredor, no refeitório, ou nas aulas. Olhá-la era o pior, e eu tentava evitar isso ao máximo.

Eu sabia que tinha que continuar, só me restava ver os dias se arrastarem e ter a esperança de que uma hora essa dor iria cessar, eu já tinha tomado essa decisão e não tinha mais como voltar atrás. Eu tinha que continuar fingindo que não estava sentindo nada. Era o melhor para ela, e assim mesmo doendo eu sabia que seria também o melhor para mim. Eu tinha cometido um erro e não queria mais errar novamente, pois eu vi com os meus próprios olhos como um erro poderia fazer com que tudo se transformasse em uma tremenda tragédia.

Eu abri os olhos exatamente ás seis e meia da manhã, seria mais um dia como outro qualquer, suspirei nenhum pouco animado enquanto me levantava decidido a tomar um longo banho. Quando entrei no boxe e liguei o chuveiro, eu senti o quanto as minhas costas estavam doendo, deixei com que a agua quente caísse por cima dela, enquanto isso eu fechava os olhos e soltava um longo suspiro. A imagem de Katniss novamente surgiu em minha mente, essa imagem era tão real, era como se ela estivesse bem na minha frente, e isso acontecia com certa frequência, tanto que eu já estava até acostumado em imaginá-la varias vezes por dia, era algo involuntário, instintivo, perturbava, porém pelo menos fazia com que ela estivesse perto de mim, embora sua presença não fosse real.

Desliguei o chuveiro e tentei tirar a imagem dela da minha mente, tentando pensar em qualquer coisa que não fosse ela, puxei a toalha, sequei-me e fui até o meu armário procurar o meu uniforme, o peguei, vesti-o rapidamente, fui ao espelho do banheiro para me olhar, passei a mão no cabelo para ajeitá-los para baixo, depois escovei os dentes, ao secar a boca e olhar-me no espelho, senti-me incomodado com o que vi, observei aquela imagem estranha, na verdade era eu mesmo, porém eu sentia como se fosse um Peeta totalmente diferente do que o Peeta de semanas atrás, este estava sem brilho, acabado, para baixo, talvez fosse o reflexo dessa minha nova vida. Uma vida da qual eu não conseguia me reconhecer.

Desviei o olhar rapidamente e sai do banheiro, em seguida do dormitório, foi só eu pisar no corredor da escola, que senti-me completamente desanimado. Era o mesmo desanimo de ontem, de antes de ontem, de toda a semana. Aqueles dias estavam sendo terríveis, todos iguais, cansativos, tanto, que às vezes eu queria ficar apenas no meu dormitório, jogado na cama, embaixo do cobertor, esperando para ver se algo mudava. Mas como algo iria mudar? Eu não tinha mais esperanças, eu não tinha mais fé de que algo pudesse ser diferente.

Eu sabia o motivo de tanto desanimo, a luz dos meus dias havia acabado, essa luz é o que fazia os meus dias serem melhores, agora não existia mais, só havia sobrado eu, naqueles cansativos dias, onde nada que eu visse e nada que eu fizesse me deixava melhor ou me fazia sentir-me bem, e eu sabia, o pior é que eu sabia que o buraco que eu estava sentindo era a falta dela, da Katniss, ela fazia uma diferença absurda em minha vida. E eu estava pagando por isso.

Essa tortura continuaria, os dias continuariam sendo uma droga até a minha formatura. Eu tinha que estar ciente disso, e só me restava torcer, apenas torcer para que tudo acabasse rápido, o mais rápido possível.

Eu comecei a caminhar pelo corredor lentamente em direção ao refeitório, eu tentaria engolir qualquer coisa para ver se acabava com o embrulho estranho que eu estava sentindo no estomago, eu já estava próximo, foi quando eu deparei-me com a ultima pessoa da qual eu queria deparar-me naquele momento, aquela que eu estava fugindo a semana inteira. Não, não era a Katniss, e sim Gabbe. Ela estava parada na porta dupla do refeitório, e olhou-me com um olhar de expectativa, eu iria ignorá-la e entrar no refeitório, porém isso não foi possível, pois logo ela segurou-me pelo braço, obrigando-me a encará-la com um olhar cansado.

— Gabbe... – eu comecei, suspirando.

— Vai ficar fugindo de mim até quando? – ela perguntou, num tom sério.

— Eu não estou fugindo... – eu menti, na verdade eu estava, mas não iria confirmar isso a ela. – Eu só acho que não temos mais nada para falar um com o outro, não depois de tudo que aconteceu...

 - Você está falando disso por causa dela? Por causa daquela garota? – ela perguntou, perguntou num tom como se Katniss não fosse nem um ser humano, como se ela fosse um ser anormal, sem sentimentos, sem vida, como se qualquer animal, qualquer inseto tivesse mais valor, mais sentimento e fosse mais importante, mais significante do que ela. E claro, aquilo me incomodou, me incomodou completamente.

— É isso mesmo Gabbe, ela é uma garota, ela é uma pessoa, um ser humano, ela tem sentimentos se você não sabe, é eu acho que você não sabe, pela forma que a trata todos os dias, eu notei que parece que você não cansa de tentar perturbá-la, parece que você se sente bem, sente-se feliz incomodando-a, magoando-a, perturbando-a, por que Gabbe? O que você ganha com isso? – eu perguntei, Gabbe encarou-me seriamente, demorou alguns segundos para me responder.

— É claro, Katniss, sempre ela, sempre ela é a vitima, a pobrezinha, porque é feia, porque todos riem dela, mas mesmo assim ela compensa a feiura com os seus bons sentimentos, e esses bons sentimentos amoleceram o seu coração e fez com que você se apaixonasse perdidamente por ela, é isso, não é Peeta? – Gabbe perguntou num tom um tanto insensível, insensível demais até mesmo para ela. Discordei com a cabeça, completamente indignado. Por que ela tem que ser tão cruel? – Mas mesmo que você duvide, eu também tenho sentimentos Peeta, assim como ela eu também sinto dor da rejeição, e foi o que você fez comigo, você me usou, e quis me jogar fora como se eu fosse algo descartável, tudo isso para ficar com ela, como você queria que eu me sentisse?

Eu passei a mão no cabelo num gesto nervoso e discordei com a cabeça, mesmo as vezes ela agindo como um ser sem sentimentos, eu não podia negar que Gabbe tinha mesmo razão, parecia que eu magoei muitas pessoas com os meus erros, e comecei a errar a partir do momento que eu decidi namorar Gabbe, apenas para não assumir que amava Katniss, ai tudo começou, eu não preocupei-me com os sentimentos de Gabbe, não pensei que tudo que ela fazia fosse porque também sentiu-se magoada, e tudo também estava sendo por minha culpa, porém, apesar de tudo ela não tinha o direito de descontar em Katniss a raiva que ela sentia.

— Gabbe, isso não justifica tudo que você fez, você foi muito maldosa com a Katniss, e ainda continua sendo... – eu a lembrei, Gabbe continuou encarando-me com um olhar sério e com a cabeça erguida.

— E você Peeta? Quanto maldoso você foi com ela e comigo? – Gabbe perguntou-me, na verdade ela estava retrucando, jogando a culpa para cima de mim.

Encarei-a fixamente, sem saber o certo o que dizer, apesar de tudo ela não estava dizendo nada que não fosse a verdade, e isso era o que mais me perturbava. Não gostamos de ouvir a verdade, quando essa verdade nos machuca.

— Gabbe, qual é? Dá para deixar o Peeta quieto, ele já está mal e você fica ai perturbando-o mais! – Thomas aparecendo de repente se metendo em nossa conversa, ele aproximando-se de nós dois bastante rápido, e naquele momento ele pareceu um salvador para mim, a luz para me tirar daquela situação tão constrangedora.

Gabbe o encarou com um olhar de raiva, cruzou os braços e então se afastou, parecia nada satisfeita com a intromissão de Thomas. Porém eu estava aliviado.

— Valeu Thomas! – agradeci. Thomas sorriu e deu um tapa de leve no meu ombro, entramos juntos no refeitório.

Eu não quis falar muito com Thomas, na verdade naqueles últimos dias eu não estava querendo falar com ninguém, falar sobre o assunto só piorava, então na maior parte do tempo eu somente o escutava falar, ele falava de qualquer assunto idiota e eu ficava ali escutando, pelo menos escutá-lo me distraia um pouco. Embora Thomas sempre me metia em enrascada e era um idiota na maior parte do tempo, ele estava sendo legal nesses últimos dias. Talvez ele tivesse percebido o quanto tudo isso tinha me feito mal. Apesar de tudo éramos melhores amigos, e amigos eram assim, percebia quando um precisava do outro.

Eu não consegui comer muita coisa, o embrulho no estomago continuava, saímos do refeitório, Thomas ainda falando, porém agora eu não conseguia prestar muita atenção no que ele dizia.  Daqui alguns minutos a aula começaria. Paramos no corredor, e só então notei que o assunto da conversa era sobre o treino, teríamos treino mais tarde e Thomas estava um tanto ansioso com os próximos jogos.

Foi então que de repente Thomas olhou em volta do corredor, seus olhos pararam em um ponto especifico, e sua expressão mudou para uma de surpresa, ele voltou a me olhar, parecia chocado.

— Peeta, olha aquilo ali, você não vai acreditar... – Thomas falou, franzi as sobrancelhas então olhei para onde Thomas olhava minutos atrás, meus olhos então pararam-se nela. Era ela, Katniss Everdeen, era ela que estava deixando Thomas completamente incrédulo.

Éu compreendia o motivo para tanta surpresa, Katniss estava diferente, estava completamente diferente, ela não estava mais com aqueles óculos, nem estava com os cabelos presos, o uniforme também era diferente. Agora os seus cabelos estavam soltos e bem arrumados, ela também estava usando maquiagem e o uniforme estava mais apertado, valorizando o seu corpo. É Katniss estava extremamente linda, como eu sempre soube que era.

Isso não me surpreendeu, com o tempo, com a convivência, com os momentos em que passamos juntos eu consegui perceber o quanto Katniss era linda, tanto por dentro quanto por fora, porém era de se impressionar em vê-la mudada.

Olhei-a dos pés a cabeça, eu não podia negar que naquele momento eu estava louco de vontade de ir até ela, abraça-la e beijá-la, mas não porque ela estava bonita, mas sim para compensar a imensa saudade que eu estava sentindo dela, todos esses dias, todos esses dias afastados. Doía, como doía.

Porém, assim que novamente eu fui olhar para o seu rosto, eu observei aqueles olhos, aqueles olhos brilhantes que eu tanto gostava, que eu tanto admirava. Porém agora eles não estavam mais brilhosos, eles pareciam frios, distantes, pareciam outros olhos, não os de Katniss Everdeen, não daquela Katniss que eu conheci.

            É, parecia que a mudança não havia sido apenas de aparência, e o pior é que eu sabia, eu pressentia que um dos motivos para tudo aquilo, era para me atingir.  E ela tinha motivos para isso.

Eu desviei o olhar rapidamente, sem ter coragem de encará-la novamente, eu estava me sentindo estranho em vê-la daquela forma, pois eu sabia que Katniss não havia mudado de aparência porque simplesmente queria sentir-se mais bonita, eu sabia que tinha muitas coisas por trás daquilo tudo, e aquilo me deixava mal, principalmente, eu sentia-me o maior culpado disso tudo.

— Ela está vindo para cá! – Thomas falou, fazendo com que no mesmo minuto meu coração disparasse acelerado, eu estava nervoso, ela iria falar algo, eu sabia que ela iria falar e definitivamente eu não queria escutar. Mas também eu não tinha como fugir, seria ridículo se simplesmente eu saísse correndo.

Eu a senti parando bem na minha frente, demorou alguns segundos para eu conseguir criar coragem para olhá-la.

— Olá Peeta, por acaso ganhou na loteria para não falar com os antigos amigos? –escutei ela perguntar, só então voltei a olhá-la, o tom dela era diferente, irônico, arrogante. Era um tom de voz que eu nunca tinha escutado ela usar antes. – Iai o que acharam? Me diga Thomas, estou melhor que ontem, não é?

— Sim, completamente... – Thomas respondeu, notei que ele a olhava dos pés a cabeça.

— E você Peeta, me diga... – ela disse dando um passo na minha direção. – Gostou? Agora você não teria mais vergonha de mim, não é?

Aquilo foi como um soco no estomago, era difícil, extremamente difícil ver Katniss jogando na minha cara que eu já senti vergonha de amar ela. Porém uma coisa eu tinha certeza e podia admitir com todas as letras, eu conheci primeiramente a beleza interior de Katniss para depois conhecer a sua beleza exterior. Eu me apaixonei primeiramente pela alma dela, antes mesmo de saber o quanto ela conseguia ser bonita, mas, infelizmente uma coisa eu sabia, tinha uma coisa que eu não podia dizer, que eu não poderia afirmar, pois se não eu estaria mentindo. Eu nunca poderia falar que eu nunca senti vergonha de estar apaixonado por Katniss, afinal, eu sabia como tudo começou e como tudo aconteceu, e sim, eu tinha que abaixar a cabeça e admitir isso, eu já senti vergonha de amá-la, mas isso é algo que eu já estou me arrependendo todos os dias.

— Eu já sabia que você era bonita Katniss, extremamente bonita, quem deve ter se impressionado são os outros que não te conhecia... – respondi tristemente, enquanto ainda encarava-a. Sim, ela estava bonita, porém, o jeito que ela falava, a forma que ela me olhava, e aqueles olhos sem brilhos, não parecia nem um pouco a Katniss pela qual eu me apaixonei e aquilo doía profundamente.. – E respondendo a sua pergunta, não, eu não gostei eu preferia a Katniss de antes! – acrescentei.

Katniss me encarou com a boca entreaberta, pareceu pensar algo, tanto que ficou calada por alguns segundos, antes de continuar.

— Está falando do que? Daquela Katniss que você matou? – ela perguntou, ou melhor, jogou na minha cara. Essa havia sido pior, em vez de soco senti agora como se tivesse levado uma facada – Agora já era Peeta, aquela já está muito bem enterrada, quer que eu te enterre junto com ela?

— Não... – eu disse, e havia saído tão forçado que por um momento achei que não conseguiria falar, então acrescentei a única coisa que apareceu na minha cabeça. – Porém, pelo que estou percebendo a minha opinião não vai fazer diferença nenhuma para você, mas Katniss você está muito bonita, parabéns, eu posso não ter gostado, mas muitos devem estar adorando essa nova Katniss, então tenha um bom proveito! – virei-me, afastei-me com Thomas o mais rápido possível, naquele momento eu só queria sair dali, ir embora, e se possível não vê-la mais tão cedo. Machucava, doía, ver Katniss e ainda mais do jeito agora que ela está, é como ficar cutucando uma ferida que já estava sendo difícil de cicatrizar. Vê-la era tão doloroso, era quase insuportável, e agora então, eu sabia que doeria ainda mais. Foi então, que depois de muito tempo, eu desejei novamente não ver mais Katniss Everdeen na minha vida.

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— Qual é teu problema? – escutei Thomas perguntar, eu soltei um suspiro cansado e virei para trás para observá-lo, ele entrava em meu dormitório e fechava a porta atrás de si, em seguida me encarou com um olhar indignado. – Como você teve coragem de falar aquilo para a Everdeen? Cara você disse para ela que prefere ela feia a agora, você por acaso tem algum problema de cabeça ou sente mais tesão por barangas?  - ele perguntou, agora ele me olhava como se eu fosse um louco, que precisava urgentemente ser internado em um hospício.

Eu soltei um novo suspiro e discordei com a cabeça, eu não acreditava que precisaria explicar logo agora para Thomas o porque eu havia falado aquilo.

— Thomas, você não entendeu o que eu quis dizer para ela... – eu expliquei.

— E você também não entendeu o quanto isso é ótimo para você, finalmente aquela garota se tocou que precisava dar um jeito naquela cara, agora meu ela tá uma gata, se você ficasse com ela ninguém mais ia ficar zombando de vocês, você não ia sentir mais vergonha dela...

Eu dei uma risada incrédula e discordei com a cabeça, enquanto passava a mão no cabelo num gesto nervoso.

— Thomas você realmente acha que eu conseguiria ficar com a Katniss de agora? – eu perguntei.

— Se você conseguiu beijar ela quando ela era feia, agora então, acho que você não terá nenhum problema! – ele disse, dando de ombros.

— A questão não é essa Thomas, você quer mesmo que eu chegue na Katniss e fale, Katniss vamos esquecer tudo que aconteceu porque agora eu sei que você está bonita e não precisarei ter mais vergonha de assumir nosso relacionamento, para que vamos ficar se lembrando que por minha culpa te humilharam em publico, e que eu fiquei calado enquanto via todo mundo te zoar, não tem necessidade de lembrarmos que eu me afastei no momento que você mais precisava de mim, vamos simplesmente apagar isso ok, e vamos começar tudo de novo, pois eu sei, que agora, com você gata do jeito que tá, ninguém vai nos zombar, pelo contrario temos ainda chance de ganharmos o rei e rainha do baile de formatura do ano que vem... Realmente Thomas, você acha que eu posso chegar nela e dizer isso? Você acha mesmo que tem alguma possibilidade de Katniss e eu termos alguma coisa depois de tudo que aconteceu? Seria muito fácil não é chegar agora nela por ela ter mudado de aparência...

— Bom... Não precisa falar assim, mas cara, sinceramente ela tem é que te agradecer, pois graças a tudo o que aconteceu, ela finalmente se tocou e deu uma mudada no visual! – ele respondeu.

— Ah tá, então por isso eu mereço ser perdoado! – eu respondi, Thomas concordou com a cabeça.

— Ué, ela era feia e era zoada por todo mundo porque queria, uma coisa é uma pessoa ser feia porque é feia de natureza, outra é porque quer ser...  – ele disse dando de ombros. – Então a culpa não é sua!

— Você é muito animador Thomas, é um incrível conselheiro, não sei o que seria de mim sem esses seus comentários! – eu falei num tom irônico, enquanto sentava em minha cama, e encarava os meus pés. – Cara, eu acabei com ela, você viu como ela estava?

— Sim claro que vi, se aquilo é ser acabada, acho que toda mulher vai querer ser igual a ela... – ele respondeu.

— Não, não estou falando da aparência, eu estou falando dela, da Katniss, será que é tão difícil você se tocar que não existe só o exterior? Você não tem que ver só a parte em que a Katniss estava maquiada, com roupas legais, atraente, você tem que ver o olhar, a voz, a forma dela falar, ela estava...

— Bom, ela estava com raiva de você... – Thomas me interrompeu.

Eu soltei um longo suspiro.

— Não cara, era mais do que isso, não era só apenas raiva... – eu disse, depois soltei um suspiro enquanto eu me recordava do momento em que ela veio falar comigo, recordei-me exatamente do momento em que ela me olhou, com aquele olhar frio e sem brilho algum. – Era como ela mesma disse, eu matei a Katniss, essa Katniss, que ela foi agora, que ela foi hoje, ou que ela tá tentando ser, não é a que eu conheci na biblioteca anos atrás, não é a Katniss que eu fugi por tanto tempo e que depois eu me apaixonei, essa não é a minha Katniss, que eu amei perdidamente cara, você não entende? – perguntei, enquanto sentia algo amargo subir pela minha garganta. – Sabe, eu tentei, tentei evitar que acontecesse isso, mas eu tentei tarde demais Thomas... – eu acrescentei, Thomas franziu as sobrancelhas e sentou-se na poltrona que havia em meu quarto, em frente a cama e continuou prestando atenção no que eu dizia, parecia tentar entender. –       Porque eu não te escutei? Eu tinha, eu tinha que ter te escutado quando você me disse que eu estava cometendo um erro e que eu só ia ferrar com a vida dela, pois eu não seria capaz de assumir para todos que estávamos juntos, e sabe Thomas você tinha razão, eu não tive! – acrescentei levantando-me da cama e começando a andar pelo meu dormitório. - Eu tinha que ter me afastado, pois pelo menos assim agora ela não estaria tão ferida como está, se eu tivesse ficado na minha quando ela se afastou por conta própria, agora nada disso teria acontecido, naquela época ela ainda estava bem, tinha feito amizade com Finnick, estava voltada aos protestos deles, mas não, eu fui um completo idiota e egoísta, e estava com ciúmes, ai fui lá e me meti, depois eu fui egoísta novamente e pedi para que ela fosse minha amiga em segredo, apenas para ter ela por perto, e depois novamente lá fui eu, a beijei porque eu já estava cansado de tê-la só como amiga, e todas essas vezes eu não pensei nela o suficiente, não pensei nas consequências desses atos estúpidos, eu só pensei em mim, em me satisfazer porque eu gostava dela e queria ficar perto dela, mas não, eu não tinha que ter me metido nessa não tendo a certeza que seria capaz, que teria a coragem de dar a cara tapa, eu achei que teria coragem, mas eu não tive! – desabafei, parando novamente em frente a minha cama, senti os meus olhos marejarem, enquanto uma raiva começava a tomar conta de mim, era a mesma raiva que eu estava sentindo todos esses últimos dias, o pior era que a raiva era de mim mesmo.

— Meu, você não tem que se culpar assim, você só ficou com vergonha cara, isso é normal, tudo era sei lá, diferente para você, não era algo fácil de assumir, eu também ficaria com vergonha, ela não tem que te crucificar por isso, pois se ela for te crucificar, ela também terá que crucificar todos os outros homens do mundo, que com certeza faria o mesmo!

— Não Thomas, ela pode, ela pode me crucificar, pois eu sou o culpado porque eu disse para ela, eu garanti para ela que iriamos conseguir enfrentar tudo isso juntos, e ela acreditou em mim Thomas, ela estava com medo, mas ela           confiou em mim, e na hora, na hora que eu tinha que fazer isso, que eu tinha que assumi-la, eu não fiz, eu fracassei e por culpa disso aconteceu tudo aquilo, e novamente eu cometi um erro, você entende eu errei não uma, nem duas, nem três vezes, eu errei varias vezes com ela, e quando finalmente eu tento parar de ser um egoísta estupido, quando eu finalmente decido me afastar dela mesmo que me machuque para parar de errar, eu vejo que cometi de novo outro erro porque eu decidi me afastar tarde demais... – eu disse rapidamente e numa voz alterada, sentando novamente na cama, e apoiando a cabeça nos meus braços, novamente fui me recordando de tudo que aconteceu. – Thomas, eu sabia que naquele momento, depois do que aconteceu, ela queria que eu tivesse ficado ao lado dela, eu vi, eu consegui enxergar isso nos olhos dela, ela precisava de mim, só que eu ignorei e fugi porque eu estava com medo, com medo de errar novamente e magoá-la de novo, eu não queria errar mais Thomas, e eu achei que o melhor a se fazer era me afastar, sim eu fui um idiota, fui idiota o suficiente para acreditar que quando eu me afastasse poderia ser como nas outras vezes, ela iria se magoar, mais iria se levantar e iria seguir a vida sem mim, porque ela tem essa força, ela tem essa força que eu não tenho, a diferença é que nas outras vezes que ela fez isso eu não conseguia superar, eu não conseguia ficar sem ela, mais eu estava disposto dessa vez a aguentar e dar um jeito, era o mínimo que eu tinha que fazer por ela, o mínimo, só que o problema é que agora...

— Agora foi diferente... – Thomas completou, num tom baixo. Eu o olhei, concordando com a cabeça.

— Ela não superou, e eu, e eu muito menos... – murmurei, enquanto sentia uma lágrima cair dos meus olhos, limpei-a rapidamente  e mais uma vez levantei-me da cama e aproximei-me da janela, olhei para o lado de fora, enquanto encostava a testa na janela.

— Cara, vocês tem um amor muito louco pelo outro, meu, vocês tem que ficar juntos, não dá, se não vão endoidar! – escutei ele comentar, eu soltei um novo suspiro e senti mais uma lágrima rolar pelo meu rosto.

— Não Thomas, agora é tarde, Katniss nunca vai me perdoar e eu não tenho nem coragem de pedir perdão a ela, eu errei, sim eu errei, admito e tenho que ser homem suficiente para assumir esse erro e sofrer as consequências, se ela quer jogar isso na minha cara  ela está no direito dela, se assim ela for se sentir melhor, ótimo, eu aguento... – falei, virando-se novamente para Thomas, ele levantou-se da poltrona, e olhou-me, indignado.

— Meu, você viu o jeito dela? Ela vai acabar com você cara, eu vi o quanto ela estava irritada, se você não for falar com ela e tentar reverter essa situação, ela vai se tornar mais perseguidora e louca do que a Gabbe, eu estou te falando, só que a diferença é que a Gabbe queria ficar com você, agora ela, ela vai querer é te trucidar, vai te enlouquecer cara, vai dar uma de garota vingativa e o pior é que ela é inteligente, deve ter já estar planejando um monte de coisas contra você! – Thomas respondeu, parecia realmente preocupado.

— É Thomas, e eu vou ter que dar um jeito, quem sabe eu tenha que ficar fugindo novamente dela que nem quando eu só a queria longe de mim? – eu respondi.

É. Realmente as coisas estavam acontecendo rápido demais. É, mesmo que as vezes a gente deseje tem coisas que não saem da forma que nós desejamos, e o máximo que podemos fazer é continuar vendo as coisas acontecerem. Essas são as ironias da vida, e enquanto eu entrava no banheiro eu pensava em tudo isso, em tudo que já havia acontecido. Comecei a refletir na ironia que estava acontecendo em minha vida, primeiro eu fugia de Katniss porque eu sentia vergonha dela, não gostava do seu jeito perseguidor, e eu só queria que ela me deixasse em paz, depois, eu me apaixonei e quis desesperadamente ela perto de mim, agora, depois de tudo. Novamente eu quero fugir de Katniss, mas agora o motivo era outro, não era vergonha dela, não era vergonha de me verem com ela, agora eu queria fugir de Katniss porque eu estava com vergonha de mim mesmo.

Suspirei e então, tentei afastar pelo menos por alguns segundos esse pensamento da minha mente, tirei a minha roupa, liguei o chuveiro e deixei a agua quente cair em minhas costas, encostei a cabeça na parede, fechando os olhos por alguns segundos, tentei não pensar em nada, porém, mesmo não querendo novamente os pensamentos me traíram e me levaram a como todo esse problema começou.  Eu não queria, eu não queria pensar, mas era incontrolável, e quando dei por mim lá estava eu, revivendo tudo de novo.

Continua...


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