Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 31
Capitulo 30 - A terrível semana II


Notas iniciais do capítulo

OLÁ GENTE! Eu quero primeiro pedir desculpas pela demora, bem eu fiquei sem att a duas semanas porque tive que dar esse tempo para estudar para minha semana de provas, as minhas provas acabaram ontem, e bem, a boa noticia é que eu estou de ferias, então poderei me dedicar mais esse mes e até dia 10 de maio a att as fics, tentarei adiantar essa como venho falando nos caps anteriores. Bom, espero que gostem do cap. tentarei postar um novo antes do feriado, não deixem de comentar, recomendar, nesse periodo tão legal que estamos, encaminhando a uma nova fase na vida de Katniss Everdeen, não deixem de acompanhar, já que muitos estavam esperando esse momento, bom ai vai o capitulo espero ver vocês nas reviews!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/660172/chapter/31

 

A terrível semana II

Esperar. Ser paciente. É uma coisa difícil de fazer, principalmente quando tem algo te incomodando, uma duvida está a ponto de explodir dentro de si. Ela consegue mexer com sua cabeça de um jeito, que faz você ser até mesmo de uma forma que você não é.

Começa a nascer uma raiva que antes você nunca havia sentido, começa a nascer desejos que antes nunca tinha passado por sua cabeça, você começa a pensar em coisas, que antes, nunca imaginaria que poderia pensar. Coisas começam a fazer sentido.

Com os dias se arrastando, eu fui vendo que não conseguia mais ser a mesma Katniss, e o pior, ninguém parecia querer esquecer o que aconteceu. Era uma semana terrível e parecia que nunca chegaria ao fim.

Embora os alunos continuassem rindo, continuassem zombando e eu continuasse sendo o centro das atenções da pior forma possível, nada doía tanto do que a indiferença de Peeta. Ele via, ele ouvia tudo e sempre permanecia calado, aceitava tudo com aquela expressão de derrotado. Ele novamente estava sendo um fraco, e a cada momento que eu o via daquela forma, algo quente estava começando a me consumir, até chegar a minha garganta, querendo sair de qualquer forma para fora. Eu queria gritar, eu queria bater nele, perguntar o por que de tudo isso. O que ele ganhou? Duzentos dólares? Será que isso havia valido a pena?

Minha vontade por muitas vezes era de não sair mais de dentro do dormitório, eu queria ficar ali, jogada naquela cama, até que tudo que tenha acontecido se torne tão velho que ninguém mais se lembre. Mas era apenas um desejo estupido, pois eu sabia que isso não iria acontecer. Ninguém iria esquecer, principalmente eu não iria esquecer, com os dias se arrastando eu fui comprovando que aquele papo de que com os dias tudo começa a doer menos é uma baita de uma mentira. Não doía menos. Podia passar horas, podia passar dias, semanas, continuaria a doer, e o pior, não era uma simples dor, a dor estava transformando-se em magoa, a magoa estava se transformando em raiva. E eu olhava para Peeta, e começava a sentir uma mistura de amor e ódio, e isso doía, queimava, tanto, que estava tornando-se insuportável.

Eu não queria olhar para ele, era doloroso demais, porém, eu não conseguia, era só estarmos no mesmo ambiente que os meus olhos já procuravam os dele, ele pelo contrario parecia não querer me encarar, sempre desviava os olhos, com aquele jeito de culpa, de vergonha, de receio. E eu estava cansada disso, extremamente cansada.

 Era uma quinta-feira, estava finalmente acabando aquela maldita semana, porém eu não conseguia ser positiva, eu não acreditava que a próxima semana poderia ser melhor. Eu só queria que as aulas terminassem, para que eu finalmente pudesse ficar confinada em meu dormitório e só saísse dali quando estivesse com muita fome.

Estávamos na biblioteca, na verdade estávamos ali obrigados pela professora substituta de Literatura Inglesa, ela havia passado um trabalho, só para enrolar até o retorno da professora titular que está doente.

Eu estava fazendo sozinha, na mesa mais afastada possível de todos os alunos, mas ainda não era tão longe da mesa em que Peeta estava sentado, dava para vê-lo perfeitamente, os olhos dele estavam presos em um livro que ele folheava, ele estava sentado ao lado de Thomas, que estava com a mão em seu queixo e seus olhos fechavam e abriam, ele parecia querer dormir.

Peeta não levantava o olhar, não encarava ninguém, nem um aluno e muito menos eu. Mesmo passando os dias, ele parecia continuar desconcertado.

Apertei com força o livro que eu segurava, imaginei-me qual seria a minha expressão encarando-o, deveria estar com uma expressão de raiva, ódio ou tristeza. Não sei, pois eu sentia essa mistura dentro do meu peito.

— Olha só... – escutei uma voz feminina e conhecida bem próximo do meu ouvido, fazendo-me acordar dos meus pensamentos. Tá legal, era a ultima voz que eu queria escutar naquele momento. Olhei para ela, e vi que ela estava um pouco abaixada, com o rosto próximo do meu e me encarava com um olhar maldoso e ao mesmo tempo zombador. – Parece mesmo que o seu conto de fadas chegou ao fim... Dá uma pena, pois infelizmente não foi final feliz não é? Mas também, como poderia ser diferente, afinal, se nós formos analisar as princesas dos contos de fadas sempre são tão lindas, desculpa a sinceridade, mas elas não são que nem você, só que eu te disse não disse? Lembra naquela livraria, que eu cheguei em você e te dei um conselho, lembra que eu te falei que garotos como Peeta não ficam com garotas que nem você? Eu até posso admitir que estava um pouco errada, agora, depois do que aconteceu eu tenho outra conclusão, garotos como Peeta, podem até ficar com barangas que nem você, mas quando tem duzentos reais em jogo, não é?

 As palavras de Gabbe foram como uma facada em meu estomago, eu queria responder, mas eu não conseguir dizer uma única palavra, senti meus olhos arderem, eram as lagrimas tentando ser seguradas. Eu não ia chorar na frente dela, não mesmo.

— Hei Gabbe, por que você não deixa essa garota em paz? – eu ouvi uma voz feminina, também próxima de nós. Era conhecida, porém, não me fez recordar nenhum nome, confusa eu olhei para trás, fiquei surpresa ao ver que se tratava de uma das garotas populares da escola, era uma das lideres de torcida, era a Magde Undersee.

Magde sempre fora a queridinha da escola, porém, diferente da maioria das populares, ela nunca me maltratou, mas também nunca havia me defendido ou falado comigo. Magde é loira, bem branca, tem olhos azuis, corpo esbelta e alta, ela é linda, popular, e ainda sempre fora uma garota legal. Embora eu nunca tivesse trocado nem duas palavras com ela. Mas mesmo ela sendo uma garota legal, eu nunca imaginaria que ela poderia me defender.

Por sorte Gabbe afastou o seu rosto e em seguida virou-se para Magde, cruzou os braços e encarou-a seriamente.

— Virou o que? Defensora de feiosas e oprimidas? – Gabbe perguntou, arqueando as sobrancelhas.

Magde ergueu uma das suas sobrancelhas, encarando-a seriamente.

— Não, eu só estou de saco cheio de ver você ser tão covarde, tenha um pouco de sentimentos Gabbe, a garota tá sofrendo, e estão toda hora zombando ela, já chega, não tem graça! – ela respondeu no mesmo tom.

Achei que Gabbe fosse retrucar, xingar Magde, gritar, como ela costuma fazer, mas não, ela apenas se afastou sem dizer mais nenhuma palavra, a observei sentar em uma mesa da biblioteca, distante de Peeta, que continuava sentado com Thomas, ainda evitando olhar para qualquer lugar que não fosse o seu livro.

Depois olhei para Magde surpresa com a atitude dela.

— Obrigada... – eu agradeci.

Magde se aproximou da minha mesa, colocou o livro que segurava em cima dela e me olhou, numa expressão seria.

— Por que você aguenta tudo isso? – ela perguntou.

— O que? Como assim? – perguntei sem entender.

— Ser humilhada por esses ridículos, por que você deixa os outros fazerem isso com você? Por que você faz isso consigo mesma? – ela perguntou.

Eu discordei com a cabeça, sem entender.

— Eu não entendo... – eu falei, num tom baixo.

— Você é bonita, só precisa tirar esses óculos que não te valoriza e essas roupas folgadas, solta esse cabelo e passa uma maquiagem na cara, prova para eles que você não é feia coisa nenhuma, eles que são feios por dentro, afinal, eles só podem ter uma alma podre para agirem da forma que estão agindo! – ela falou firmemente, depois pegou o livro na mão novamente e se afastou, indo sentar com suas amigas, enquanto a observava, eu pensava no que ela havia acabado de falar.

Por que você deixa os outros fazerem isso com você? Por que você faz isso consigo mesma?

E essas perguntas rodaram e rodaram em minha mente, não uma, não duas e não três vezes, mas sim milhares, e logo cheguei a uma conclusão. Magde Undersee tem razão. Sim, pela primeira vez uma garota bonita e popular, do grupo daqueles tipos de garotas que tanto julguei falou algo extremamente útil para mim, falou algo que eu ainda não tinha parado para pensar. Tudo aquilo estava acontecendo comigo, porque eu permiti que isso acontecesse.

Só eu poderia parar aquilo, e eu não ia permitir isso mais. Não mesmo. Respirei fundo, ergui a cabeça e olhei para Peeta, lá continuava ele, cabisbaixo, eu bufei, mexi no bolso de minha blusa do uniforme e tirei algumas notas de dinheiro, apertei-as com força e o olhei por mais alguns segundos.

Eu estava cansada, eu tinha que falar, eu não podia deixar acabar por assim mesmo, sem resposta, sem falar uma única palavra. E então, sem pensar mais eu me levantei, fui até a mesa dele, parei ao seu lado, ele e Thomas demoraram alguns segundos para notar a minha presença.

— Katniss? – ele disse, meio surpreso, quando finalmente me notou.

— Tudo aquilo era verdade não é? – eu perguntei num tom baixo, essa pergunta eu não queria que ninguém escutasse a não ser ele.

Peeta abriu e fechou a boca varias vezes, mas não conseguiu dizer nada.

— Não tudo bem, não tem que se explicar, eu já entendi tudo, eu não sabia que você estava tão necessitado assim de dinheiro Peeta, eu imagino como deve ter sido tão difícil para você, ter que transar comigo por duzentos dólares? Nossa, você deve estar numa condição financeira terrível! – eu disse num tom raivoso e agora um pouco mais alto, para que os outros pudessem escutar, logo comecei a escutar cochichos de alunos em volta da biblioteca. – Mas como eu fiquei com muita pena de você, toma! – joguei as notas no rosto de Peeta. – Quem sabe assim te ajuda um pouquinho, dá para comprar algumas balas!

Os cochichos aumentaram, escutei até mesmo algumas risadas, porém ignorei todos a minha volta, Peeta ficou me encarando, com o rosto extremamente vermelho, porém não disse nada, eu também não quis mais falar, afinal, aquilo já dizia tudo. Apenas virei-me e sai da biblioteca, a caminho da saída ainda escutei a voz da professora perguntando o que estava acontecendo, as risadas aumentaram, mas ignorei tudo. Apenas sai da biblioteca.

Algumas lágrimas caíram dos meus olhos enquanto eu caminhava em direção ao meu dormitório, entrei nele já decidida que não queria mais chorar. Limpei as lágrimas com força e encostei-me na porta. Eu estava com muita raiva de Peeta Mellark, tanta, que doía, como doía. Novamente ele não tinha falado nada, novamente não tentou se defender, o que confirmava claramente minhas suspeitas. Ele era o culpado.

###

Fiquei algumas horas deitada em minha cama, pensando o que faria da minha vida dali em diante. É, era uma escolha difícil, mas as escolhas é que nos fazem e que pode fazer a maior diferença do mundo, eu poderia simplesmente continuar como estava, ou eu poderia mudar tudo, da mesma forma eu sabia que o sofrimento continuaria, mas talvez se eu mudasse, o sofrimento poderia ser menor. Eu iria descontar, as pessoas pensariam duas vezes antes de falar algo para mim, é, chega de humilhações, chega de ficar por baixo de todo mundo.

Eu suspirei, os meus olhos continuaram presos no teto do meu dormitório, e continuei pensando: Se eu tentasse mudar e acabasse agindo como uma palhaça? Se as pessoas rissem de mim? Será mesmo que eu conseguiria ficar bonita, ou acabaria agindo feito uma idiota?  

Enquanto pensava, a porta do dormitório se abriu, Annie entrou, os seus olhos foram direto em minha direção, enquanto ela fechava a porta.

— Você já está ai caída na cama, completamente deprimida? – ela me perguntou.

— Não tenho como esquecer Annie, na verdade ninguém me deixa esquecer... – respondi.

Annie suspirou, aproximou-se de mim, sentando na cama ao lado, seus olhos permaneceram pregados em mim. Eu também continuei encarando-a.

— Annie, você acha que eu poderia ficar bonita? – perguntei meio receosa.

Ela me encarou com as sobrancelhas franzidas, eu não podia negar que eu estava insegura, muito insegura em pensar na possibilidade de mudança de aparência.

— Sim, claro, você é bonita, você só precisa se arrumar um pouco mais... – ela respondeu, sorrindo para mim.

— Você acha que se eu fizesse isso, as pessoas não iriam rir mais de mim? Eu não poderia ficar, é, sei lá, parecendo uma palhaça? – perguntei, extremamente preocupada com essa possibilidade, eu não queria dar mais motivo para risadas.

Annie discordou com a cabeça, levantou-se da sua cama, e foi até a minha, sentando-se do meu lado. Eu remexi-me na cama, sentando-me e encarei-a fixamente.

— Eu sei que você está insegura, você tem motivos para isso, mas acredite, você não é o que eles dizem, eles não te conhecem Katniss, e tá na hora de você dar uma oportunidade para as pessoas conhecerem essa Katniss que você tanto tenta esconder! – ela respondeu, tirando o meu óculos e soltando o meu cabelo, ela começou a mexer nele, jogando-o para frente, e olhando para o meu rosto, com atenção. – Você é linda, só precisa acreditar nisso! – ela disse, sorrindo para mim, eu sorri de volta para ela. – Bem, eu vou tomar um banho, para nós irmos jantar, mas pense nisso!

O sorriso dela se alargou, e em seguida ela se levantou, virou-se e foi em direção ao banheiro, quando ela fechou a porta, eu soltei um longo suspiro, levantei-me da cama e aproximei-me lentamente do espelho.

E então eu me observei, me observei sem o óculos, com os cabelos soltos, aproximei-me mais meu rosto do espelho, toquei-me nele e pensei por mais alguns segundos. É eu poderia tentar, na verdade eles estavam me obrigando a isso, obrigando-me a tentar.

Ou eu mudo, ou continuo aguentando isso até não sei quando. Não tinha mais saída, e era isso mesmo que eu iria fazer, a partir de amanhã eu começaria a me tornar uma nova Katniss Everdeen.

 Continua..


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Remember me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.