Shikashi!! escrita por Uma Qualquer


Capítulo 13
Hotel California pt. II


Notas iniciais do capítulo

Onde tomamos vários tiros. E a Samara volta!



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— Besteira– o Len dizia. – Deve ter sido ilusão de ótica.
— Mas nós três vimos – eu disse aflita.
— Uma ilusão coletiva, então.
— Deixa de ser palhaço – a Rin bateu a mão na mesa, chamando a atenção das outras pessoas que almoçavam conosco. – Nós vimos aquela coisa, tá?
— Tudo bem – o Gakupo disse em tom conciliador. – Vocês provavelmente viram alguma coisa, só não sabemos o que foi.
— Pois é – a Rin fez biquinho, aborrecida.
Pus os hashis sobre a tigela de arroz e tomei um pouco do suco de morangos.
— Você não comeu nada– a Gumi observou ao meu lado, preocupada. – Tá tudo bem mesmo?
— Tá – eu sorri fracamente.
— Isso é muito estranho – ela remexeu na salada de cenouras em seu prato. – Por que um fantasma ia precisar abrir e fechar a porta pra sair da casa de banhos? Era só desaparecer, certo?
Era estranho, realmente. Mas ninguém além de nós havia visto, de modo que o caso não preocupou o pessoal por muito tempo. Ao voltarmos pro nosso quarto, a Gumi, a Rin e eu jogamos um pouco de sal por cima do ombro antes de entrarmos no recinto.
— Meninas – a Yukari sorriu ao nos ver. Devia ter chegado da casa de banhos havia pouco tempo, pois tinha trocado de roupa e os cabelos lilases estavam úmidos.
— Yukari – Rin exclamou ansiosa. – Você viu alguma coisa estranha lá?
— Não, estava tudo normal.
A Rin e eu respiramos aliviadas, embora a Gumi parecesse bem desapontada. A Yukari avisou que estava saindo para almoçar, e quando abriu a porta, os garotos acabavam de chegar para nos fazer companhia.
— Não entrem agora – gritei, parando os três na porta. – Rin, dá um pouco de sal pra eles.
O Gakupo cumpriu o ritual de bom grado, o Len o fez com os olhos revirados e o Kaito ficou sem entender.
— Como isso pode afastar assombrações?
— Não importa, só faça!


Descobrimos que metade das malas da Rin estavam cheias de doces, salgadinhos e besteiras de comer dos mais diversos tipos - tinha até um cooler cheio de refrigerante e sucos de caixinha - então espalhamos tudo pelo tatame do quarto e fizemos a festa. Tudo bem que foi um garoto com o braço quebrado que trouxe tudo aquilo, por isso eu tratei de encher o Len de caixinhas de Pocky's pra aliviar a consciência da Rin (que na verdade não tava nem aí). Pra variar, o Kaito saiu escolhendo todas as jujubas e balas e outros docinhos que fossem azuis.
Até que foi uma tarde animada, mesmo com a chuva caindo lá fora e a perspectiva de estarmos num lugar assombrado. Ainda que o volume de trabalho fosse maior, desenhar os cenários do mangá do Kaito era algo que eu podia fazer de olhos fechados, de modo que eu podia rabiscar corredores e salas de aula enquanto conversava com a Gumi (que me contava empolgadíssima sobre histórias de casas assombradas que ela pesquisava na net do celular) e via o Len acabar com o Gakupo e o Kaito no Uno, enquanto a Rin tocava num shamisen que havia trazido algumas melodias para espantar maus espíritos. Depois ela cansou, pegou a câmera digital e começou a fazer vídeos curtos e tirar fotos de todos nós.
No canto dela a Yukari continuava a desenhar, ocasionalmente olhando para nós e rindo quando o Len fazia alguma palhaçada. Ninguém diria que ela ou o Len tinham se declarado e levado um não da Gumi pouco tempo atrás, pelo modo como estávamos todos juntos e nos divertindo ali. Eu também, tratava de ser discreta o bastante pra não ficar reparando demais na abertura do quimono do Gakupo, que mostrava o peito dele bem sutilmente, de modo que ninguém podia dizer que eu tinha qualquer interesse a mais nele.
Exceto que, toda vez que eu fazia isso, o Kaito lançava um olharzinho irritante pra mim. Aagh, desgraçado! Eu sei que você sabe, tá!?
Quando a noite caiu, estávamos todos cheios demais de besteiras pra sair pra jantar. O frio tinha aumentado e o Kaito, que estava coberto com uns trinta casacos além da echarpe, nos disse que estava saindo para rascunhar seus mangás. A Gumi queria ir pra casa de banho, e mesmo que eu estivesse relutante em entrar no lugar de novo,resolvi ir, já que a Yukari-san aparentemente achava que estava ok ela ir junto. Não que eu não confiasse nela... Mas sei lá. Talvez eu só quisesse cumprir o que tinha prometido ao Len, né.
Quanto a Rin, nada a tiraria do quarto naquela noite.
— Podem ir se quiserem – ela resmungou, se encolhendo debaixo dos lençóis no futon dela. – Se o fantasma aparecer, digam pra ele ir assombrar o Len por favor.
Quase perguntei se ela não ia sentir medo se ficasse ali sozinha, mas eu não queria deixar ela mais surtada do que já estava.
De repente eu tinha esquecido o que o Len falou sobre a Yukari. Ela conversava comigo e com a Gumi sobre como poderíamos fazer uma corrida sobrenatural em Cannonball e aquilo tinha me acalmado um pouco, me deixando menos preocupada sobre se a Sadako apareceria ou não. Pra meu alívio, haviam chegado novas hóspedes na pousada e a casa de banho estava cheia.
— Bem, acho que o fantasma não vai voltar agora, não é? – a Yukari sorriu pra mim.
— É mesmo – sorri de volta.
— Bom, ao menos não por enquanto – a Gumi deu um sorrisinho macabro pra nós duas, fazendo todo o meu otimismo morrer.
Olhei para as outras mulheres nas banheiras, todas adultas e algumas bem velhinhas, como as duas senhorinhas que dividiam a banheira conosco. Uma das mulheres mais adiante percebeu que eu a olhava e deu um pequeno sorriso. Me pareceu vagamente familiar.
— Que estranho o Kaito ter ficado acordado a tarde inteira – a Gumi disse do nada, chamando minha atenção.
— É mesmo, geralmente ele dorme em qualquer lugar... Tive que arranjar um futon pra ele na época em que ele estava no clube, lembra?
— Aquele sonso – resmunguei. – Devia estar recolhendo dados de todos nós pra guardar no "arquivos de personalidades" dele.
— Ele parecia estar se divertindo – Gumi franziu o olhar. – Você implica demais com ele, Miku-chan.
— Ora, você mesma sabe como ele pode ser sem noção.
— Todo mundo merece uma segunda chance, não é?
Sacudi a cabeça, sem acreditar em como ela já tinha esquecido o lance do festival. A Gumi às vezes é tão...
Bom, a essa altura vocês sabem como ela é.
— Pelo que entendi o Kaito viveu sozinho por muito tempo – Yukari falou devagar, como se não quisesse impôr a opinião dela na nossa conversa. – Talvez isso explique o porquê de ele ser tão...
— ... Bizarro? – Eu dei uma risada, e a Gumi jogou água na minha cara.
Quando voltamos a Rin não estava mais no quarto. Descobrimos que ela tinha ficado com medo e ido atrás do irmão, a quem apesar de tudo ela sempre recorria nessas horas. Uma pena que o fã-clube Kagamine não estivesse ali, pensei sorrindo.
— Estou indo comer– disse a Gumi e a Yukari. O banho tinha conseguido reabrir meu apetite. – Querem alguma coisa?
Elas recusaram, ainda estavam cheias dos docinhos da Rin. Vi a Gumi pegar os manuscritos do mangá enquanto a Yukari finalizava o tal desenho da planta. Estava tudo bem, resolvi enquanto ia para a sala de refeições da pousada. Yukari era perfeitamente sensata e a Gumi, mais inocente que uma criança. Não havia o menor mal em deixá-las sozinhas. O Len estava se preocupando a tôa.
Havia muito mais gente reunida para o jantar, de modo que a grande mesa da sala estava lotada e bem animada. Havia muitos adultos e velhinhos, eu era provavelmente a pessoa mais jovem ali. Mesmo não conhecendo ninguém, foi ótimo: um velhinho que tinha tomado saquê além da conta resolveu começar a cantar e todos o incentivaram e aplaudiram, foi muito engraçado. Já era por volta das dez da noite quando percebi como estava tarde, então me despedi de todos e passei pelos corredores pra me reunir a minhas amigas.
— ... eu sei querida, eu sinto muito...
A voz, conhecida e meio sussurrada, me chamou a atenção. Vinha de um dos pátios externos, perto de onde ficavam os quartos. Fui passando devagar pelos corredores, as pantufas pisando silenciosas no assoalho. Do lado de fora a noite estava úmida, mas pelo menos a chuva tinha parado.
— Quanto a isso... Eu sei, eu devia ter respeitado sua decisão...
Gakupo estava sentado nos degraus que desciam para o pátio, o celular junto ao ouvido, de costas pra mim. Havia uma nota de melancolia inconfundível na voz dele.
— Eu sei. Mas você também sabe como eu queria isso, o que eu mais queria no mundo, o que eu ainda mais quero... É me casar com você, Luka. Eu te amo demais.
Foi como levar uma bofetada. Me afastei dali o mais rápido possível, antes que as lágrimas viessem. Mas não adiantava.
De todo modo, já sentia o meu coração sangrando.
Quando puxei a porta do quarto, percebi tudo muito quieto no interior. Gumi e Yukari não estavam lá dentro. Eu já ia chamá-las ao ver a silhueta delas no jardim mais adiante, debaixo de uma cerejeira, mas acabei tropeçando num caderno de desenho. A pintura de plantas da Yukari.
Só que não eram plantas coisa nenhuma, eu notei alarmada. A Yukari passou o dia inteiro dsenhando um retrato da Gumi. Estremeci, olhando para o jardim, pensando em chamá-las, mas as palavras simplesmente não saíam.
Então acabei vendo as duas olhando uma pra outra, aparentemente sem me notar. A Gumi tocou no rosto da Yukari suavemente, e então a nossa senpai encostou os lábios dela nos da minha amiga.
Engolindo em seco, saí às pressas do quarto também. Estava tão atordoada que não tinha ideia de pra onde ir, e acabei entrando num quarto que achei ser o dos meninos.
Mas não era.
Apenas a luz das lamparinas nos corredores iluminavam o quarto. A pessoa de branco estava ali de novo, os cabelos negros muito longos. Estava de costas, mas foi se virando devagar assim que percebeu minha presença.
— Hatsune... San?
A voz, baixinha e trêmula, fez os cabelos de minha nuca arrepiarem. Tapei um grito com a mão e saí dali quase correndo, até que me bati com alguém e caí no chão.
— Ei– Kaito exclamou aborrecido. – Olhe por onde anda, por favor!
Tinha se apoiado na parede pra não cair também, mas eu mal percebi. Era tanta coisa acontecendo que eu achava que ia ter um colapso.
— Você está muito pálida– ele estendeu a mão a mim. – O que houve?
— O... – estremeci, apontando para a porta aberta. – O...
Ele se adiantou e deu uma olhada no quarto. – Está vazio, Miku-chan.
— Como!? – Me pus de pé na mesma hora e corri os olhos pelo quarto, desesperada. – Mas ela tava aqui!
— Quem?
— A... A Sadako! Eu vi!
Alguns hóspedes que passavam por ali começavam a reparar em mim, talvez porque eu estivesse praticamente histérica. Kaito me segurou pelo ombro e me puxou pra longe dali.
— Vem, é melhor você voltar pro seu quart...
— Não! – falei desesperada, me agarrando a echarpe no pescoço dele. – Eu não posso voltar pra lá! Por favor Kaito, deixa eu ficar no seu quarto!
Ele tirou minhas mãos da echarpe dele - pelo jeito ele tinha o maior ciúme daquele troço - e me olhou pensativo.
— Tudo bem – disse num suspiro. – Mas promete que não vai gritar.
— Prometo!– exclamei, e baixei a voz assim que ele me olhou feio. – Prometo.
O quarto dos meninos estava bem iluminado, de modo que escrever ou desenhar à noite não era uma tarefa cansativa. Mas logo notei que, dos futons que havia no armário, só um estava estendido.
— Tem lençóis e almofadas ali dentro, caso você queira– Kaito mostrou, enquanto pegava algo na mesinha onde esteve fazendo rascunhos.
Sem perceber eu já tinha me sentado com as pernas dobradas sobre o futon dele, olhando ao redor confusa.
— Cadê o Len e a Rin?
— Não sei. Achei que eles estivessem nos outros quartos.
— Espera... Aqui não é o quarto dos meninos?
— Pensei que você tinha dito que queria vir pro meu quarto – ele se aproximou, me estendendo uma garrafa térmica em inox. – Chá oolong. Vai acalmar seus nervos.
Tomei da bebida quentinha devagar, me sentindo um pouco melhor. Ao menos já não tremia como antes.
— Não sabia que você tinha um quarto separado – contei.
— É só pra noite – Kaito sentou ao meu lado, olhando ao redor. – Eu não ia conseguir me concentrar nos rascunhos com o Len ou o Gakupo por perto... Por motivos diferentes.
— Sei...
Tomei mais um pouco do chá, pensando no que tinha me deixado mais abalada naquela noite. O Gakupo, a Gumi e a Yukari ou a Sadako... Era até difícil dizer.
— Por que você não quer voltar pro quarto das meninas?
Ele me olhava com um interesse bem sincero. Mas ainda assim, eu não sabia se podia confiar nele. Devolvi a garrafa a ele e dei um suspiro fundo.
— Coisa de amigas – disse simplesmente – Você não ia entender.
— Certo – ele disse devagar, me encarando enquanto pousava a garrafa no chão. – Então, dessa vez não tem nada a ver com o Gakupo-san?
Ouvir o nome dele fez uma pontada doer no meu peito. Me senti uma idiota – tinha acabado de ver um fantasma, sem falar na minha melhor amiga beijando outra garota... Mas o que realmente mexia comigo, no fim das contas, não era nada daquilo.
— Kaito-kun– baixei a cabeça, escondendo o rosto nas franjas do meu cabelo. – Você não sabe por que a Luka terminou com ele, sabe?
Ele hesitou um pouco antes de responder. – Você sabe...?
— Acho que o Gakupo pediu ela em casamento.
Era muito idiota, eu pensava. Claro que ele ia querer casar com ela. Eu já devia saber disso. Por que ficar tão chateada, como se me sentisse traída? O Gakupo era da Luka, desde o começo.
Então por que aquelas lágrimas estavam teimando em cair?
— Estranho – ouvi o Kaito dizer. – Nos mangás shoujo as garotas jamais deixariam o namorado se ele quisesse casar com elas.
— Pois é– apertei os olhos disfarçadamente. – Você ficaria surpreso em ver quantas coisas do mangá shoujo não são reais.
Ele deu um risinho. – Sei bem disso.
Olhei pra ele, sentindo uma irritação crescente.
— Agora entendo quando você disse que não gostava da Luka desse jeito. Não importa se ela fica com o Gakupo ou não, nada disso te afeta, não é verdade?
— É – ele me encarou friamente. – Eu já tinha dito, se você não quis acreditar, problema seu.
— Alguém já te disse que você é um tremendo babaca? – eu explodi.
Estava tremendo outra vez, mas agora era de raiva.
Não me entendam mal, eu sabia que tava exagerando. Mas deem um desconto. Meu coração tava partido, e o Kaito com aquela frieza toda praticamente implorava pra que eu descontasse nele.
Enquanto eu respirava muito rápido, o Kaito buscou algo no bolso da jaqueta jeans que vestia sobre o pijama. Encontrou e largou no meu colo. Um pequeno lenço de linho azul.
— Terminou? – O tom ainda era frio, mas ao menos ele não parecia irritado comigo. – Você prometeu que não ia gritar.
Senti algo quente em meu rosto. Finalmente as lágrimas tinham saído. Envergonhada, apanhei o lenço e enxuguei meus olhos. Nunca havia um buraco pra me enfiar nessas horas.
— Desculpa– murmurei. – Acho que a Sadako mexeu com meus nervos.
Kaito levantou-se e apanhou um futon no armário. Estendeu-o bem ao lado do dele, e então pegou cobertas e um travesseiro.
— Que foi? – perguntou, diante do meu olhar embasbacado.
— Quer que eu durma aqui?
— Achei que você tinha pedido isso.
— Mas... Bem ao seu lado?
Ele ainda não entendia o problema. – Está com medo da Sadako, não é? Se ela aparecer durante a noite, é só me sacudir e eu acordo.
Aquela explicação acabou me arrancando um risinho. – E o que você vai fazer pra me defender da Sadako?
— Boa pergunta. Seria legal se spray de pimenta funcionasse.
— Você tem um?
— Não, mas acho que ia ser interessante testar em um fantasma.
Eu não sabia se ele estava falando sério ou tirando com a minha cara. Só sei que acabei rindo outra vez.
— Seu idiota.
Ele sorriu, aceitando aquilo como um cumprimento. Enquanto eu me ajeitava debaixo das cobertas ele guardava os manuscritos e apagava as lamparinas, deixando só uma acesa, e então deitou no futon ao lado.
Mas nenhum de nós parecia estar com sono depois de tudo.
— Miku-chan – ele deitou de lado, olhando para mim. – Quero te perguntar uma coisa. O que exatamente você sente pelo Gakupo-san?
Seus olhos me fitavam agudos sob a luz da lamparina. Parecia sinceramente interessado naquele assunto. E naquele momento eu até achava que não tinha nada demais falar sobre aquilo... Se encontrasse as palavras.
Como podia explicar aquela armadilha onde eu tinha me metido, se até hoje eu não via o menor sentido nela?
— Eu fico fantasiando que podíamos ter uma vida juntos – disse devagar. – Mesmo sabendo que é impossível, eu não consigo deixar de sonhar. É isso que o Gakupo é, um sonho impossível e eu sei disso. Estou sempre sonhando, e ao mesmo tempo, estou sempre acordada. Acho que eu sou masoquista, isso sim... Mas, quando o Gakupo diz que ama a Luka, é como se ele próprio estivesse me acordando do meu sonho. Como se dissesse com todas as palavras: 'sai dessa, Miku-chan!' E isso... Bem, isso dói.
Baixei os olhos, sentindo-os úmidos outra vez, e agarrei o lenço de Kaito com força. Não podia chorar na frente dele de novo. Já me sentia deplorável o bastante, obrigada.
— Hm– ele murmurou apenas, os lábios crispados.
— Que, você vai colocar isso em seu arquivo sobre mim?– perguntei desconfiada.
— Não– ele acenou com a mão de leve – não se preocupe. Só fiquei curioso mesmo.
— Por quê?
— Porque sou uma dessas pessoas que escrevem sobre o amor sem nunca ter sentido nada parecido, então, acho interessante ouvir a respeito.
— Bom, eu não sei se sou uma fonte confiável. Nunca amei ninguém pra dizer se é isso o que sinto pelo Gakupo... Talvez seja a coisa mais parecida com amor que eu já senti até hoje.
Ficamos em silêncio por um momento, os olhos dele ainda em mim, mas sem a intensidade de antes. Tive vontade de perguntar qual era a dele com a Luka por um momento, mas sabia que ele não ia me responder.
— Passar o fim de semana com amigos – ele disse suavemente, a voz como se estivesse prestes a adormecer. – Nunca tinha feito isso. Foi estranho.
— É, você não trouxe seu mordomo e passou o dia todo acordado – brinquei. – Quase não te reconheci.
— Ir a um lugar novo, tomar banho com outras pessoas. Passar a tarde jogando Uno. Comendo besteira. Conversando, rindo... Foi tão estranho que eu nem quis dormir, ou ia acabar perdendo tudo isso.
Olhei pra ele, sem saber o que dizer por um momento.
Lembrei do que a Yukari tinha dito mais cedo, sobre ele ter passado a vida toda sozinho. Devia ser estranho mesmo, de repente ter tantos amigos agora, e até passar um fim de semana com eles.
— Mas é um "estranho" bom, certo?
Então percebi que a bateria do Kaito tinha acabado. Não ter tirado nenhum cochilo o dia todo devia ter exaurido as forças dele.
Puxei as cobertas sobre seu ombro e o observei ressonar pesado, os cílios compridos pousados sobre os olhos. Eu já devia estar acostumada a vê-lo dormir, mas nunca tinha reparado em como ele parecia um garotinho naquele momento...
Quando me peguei sorrindo, eu sacudi a cabeça rápido - lembre que ele é o alien analisador de pessoas, Hatsune! - e voltei a me deitar.
— Oyasumi, Kaito-kun – sussurrei

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

HELLOW!! Voltamos com o miniarco assombrado. Como deu pra ver no final ainda ficou coisa em aberto, tipo 'como esses dois terminaram de mãos dadas e quem acabou pegando eles'. Pois é, o capítulo ficou longo demais, então teremos uma terceira parte! Como ela já tá pronta não vamos ter atrasos, então é só aguardar :)
Ah, e me desculpem pela falta de omakes. Trouxe uma imagenzinha do kisekae pra compensar ^^
A você que leu, meu muito obrigada! Se puder deixar um comentário com sua opinião, dúvidas, sugestões, fique à vontade! E se é a sua primeira vez por aqui ou você nunca comentou antes, que tal quebrar a rotina? Deixe suas impressões, vai ser um prazer te responder e trocar umas ideia contigo ^^
Beijas e té maisinho :***



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