— Será que você pode parar de correr e me falar o que aconteceu?! – Yukine não parava de falar enquanto Yato o carregava pela cidade, totalmente sério e sem respostas – Para onde e o que estamos indo fazer?! E cadê a Hiyori...?!

Yukine parou para pensar e uma expressão de horror cobriu seu rosto ao ter reparado no sangue cobrindo a roupa de Yato.

— Yato... Cadê a Hiyori?

Ele não o respondeu, continuou andando pela cidade em direção ao colégio de Hiyori.

— Por que estamos indo para lá...? Me responde, que droga Yato! – Já totalmente abismado.

Yato entrou na escola com as espadas, mas ninguém os notou. Estava procurando outra pessoa. Cada aluno que passava por eles comentava da mesma coisa.

“Você soube que uma aluna da outra turma foi esfaqueada ontem?”;

“Falaram que foi num assalto.”;

“Ela era bem bonita, acho que já conversei com ela.”;

“Que horror... Por causa disso, minha mãe não me deixa mais passar naquela rua.”;

“Sim, ela era da minha sala... Pobre Hiyori-san...”;

Yukine tremeu com as lágrimas nascendo em seus olhos.

— Yato... A Hiyori... Isso que estão falando...! – Yukine acabou picando Yato algumas vezes somente neste segundo.

Yato parou de andar e finalmente o respondeu com dor em cada palavra.

— A Hiyori morreu.

Yukine não conseguiu responder. Não sabia como agir e começou a chorar desesperadamente.

— A Nora... Matou a Hiyori. – Yato continuou a andar, dando a impressão que iria cair e chorar igual à Yukine a qualquer momento.

Yato não encontrou seu pai, que estava procurando há 1 hora, então foi para a casa dele. Estava ignorando os choros de Yukine até que encontrou um rosto familiar próximos das árvores.

— Yato. – Nora sorriu para ele.

Todo o ódio que cresceu no coração de Yato foi visto através de seus olhos e, antes que tomasse consciência o bastante para levantar armas contra Nora, ela começou a falar num tom calmo.

— Eu pedi para papai não te amaldiçoar, mas ele queria que você largasse a menina... Então eu a matei para que você parasse de sentir dor, Yato... Vamos para casa, essas pessoas só te trazem dor...

— Cale essa boca, vadia.

Yato saltou contra Nora com toda a fúria para mata-la usando Yukine, que mal estava entendendo o que estava prestes a fazer. Porém, algo bloqueou seu ataque: um enorme ayakashi, de formato de salamandra e com uma máscara, apareceu rapidamente em sua frente e o empurrou para trás. Nora estava assustada, pois não imaginava que Yato tentaria matá-la.

— Estou muito desapontado com você, Mizuchi. – Fujisaki apareceu segurando seu Koto no Ha, com alguns ayakashis próximos dele. – Você estragou totalmente a maldição e agora ela quebrou. Mas até que estou contente, afinal, o Yaboku amoleceu demais e certamente iria acabar virando humano por causa daquela pirralha.

Fujisaki fez com seu seus ayakashis segurassem Yato, mordendo-o com força e deixando ele imobilizado. Ele foi forçado a soltar suas lâminas.

— É uma pena, Yaboku... Um deus tão forte e tão destemido como você não ter coragem de abrir mão de uma vida humana. O mais engraçado é que... – Se aproximou dele, segurando seu rosto com uma das mãos -... Você sempre dependeu de um humano, não é?

 Fujisaki se afastou e controlou seus ayakashis para soltarem Yato, que não entendeu nada.

— Você quer me matar?

Yato rangia os dentes de ódio, segurando novamente suas espadas com força. Yukine, de certa forma, também estava furioso. Apesar disso, não queria matar ninguém e nem que Yato também fizesse isso.

— Yatogami, para trás!

Bishamon, acompanhada de Kazuha, Kazuma e suas outras shinkis, surgiu vindo do céu.

— Você perdeu o juízo querendo vingança? – Montada em Kazuha, em direção à Yato.

— Interessante, até mesmo a deusa da guerra mais poderosa veio ver você amarelar em me matar? – Zombou.

— Quieto, feiticeiro. – Desmontando do leão.

— Não se meta onde é chamada! – Yato a empurrou – Por que vocês estão aqui?!

— Está em todos os noticiários que a Hiyori-san morreu, já que ela é filha do dono do hospital... Yato, de cara notamos que você faria alguma besteira. – Kazuma falava no momento em que Bishamon o transformava em sua forma normal.

Fujisaki cantarolava enquanto sorria para a pequena discussão deles. Mizuchi (ou Nora, ou Hiiro) estava parada atrás de um ayakashi, com medo do que poderia acontecer. Estava com medo de seu pai, já que ele poderia puni-la a qualquer momento.

— Você é idiota? – Bishamon falava enquanto apontava suas pistolas para Fujisaki, que sorria – Ela vai virar um shinki, então é só encontra-la de novo e lhe dar um nome!

— Você deveria estar agradecido, filho. – Fujisaki estava com um sorriso de orelha a orelha, olhando as próprias unhas.

Num ato rápido, Yato pegou uma das pistolas de Bishamon, que eram suas shinkis, e atirou em seu pai. O tiro parou no ombro e o sorriso de Fujisaki sumiu, sendo preenchido por uma mistura de medo e surpresa.

— Yato! – Gritou Kazuma, que na mesma hora foi chamado por Bishamon para se tornar seu brinco.

— Você perdeu o juízo?! – Tomou de volta sua shinki – Não ouse usar meus shinkis desse jeito, seu retardado!

Fujisaki caiu, com a mão em seu ombro, e começou a sussurrar para si mesmo.

— Yaboku tentou me matar...? Não... Ele não pode me matar...

— Papai! – Nora correu até ele, mesmo aterrorizada – Me use!

Fujisaki transformou Nora em lâmina e ela criou uma espécie de escudo de água, como quando Yato foi para o submundo.

— Você está doente! Se lutar assim, vai morrer! – Bishamon, irritada, gritava com Yato.

— Se ele ME matar ele vai morrer, senhora. – Fujisaki levantou, assustado, ainda não acreditando que Yato o atacou. - Eu não tô a fim de lutar. (Droga, meu ombro está piorando...);

— Eu não ligo mais pra isso! – Yato avançou para cima de Fujisaki, atingindo seu escudo.

Yukine não queria que Yato o usasse para matar alguém, mas na hora ele parou de pensar. Com a fúria dos dois, o escudo de Nora quebrou e Yukine acertou o outro ombro de Fujisaki. Yato estava em cima de um dos braços do seu pai, enquanto o outro braço estava paralisado por causa da espada em seu ombro. Com isso, ele acabou soltando Nora, que foi jogada para longe.

— Ah! – gritou com a dor, estando impossibilitado de fazer qualquer coisa – Você perdeu o juízo, Yaboku?!

— Sem ela e sem seu Koto no Há você é inútil! – Rangia os dentes, esmagando o corte com uma das espadas e deixando a outra encostada no pescoço de Fujisaki.

— Mizuchi! – Fujisaki gritou, transformando Nora em shinki de novo – Crie uma barreira...!

Antes que ela pudesse fazer algo, Bishamon a atacou e ela teve que recuar. Com isso, Bishamon a encurralou para longe dos três, os deixando sozinhos.

— Você não entende! – Fujisaki, tentando se mexer – Eu sou o seu pai! Fui eu quem te trouxe ao mundo! Você não devia...!

— Eu não devia?! – Irritado, pressionando sua lâmina no pescoço de seu pai – Você nem ao menos deveria estar vivo nessa época! Nem mesmo Izanami mereceria alguém como você perto dela!

— Ora, só porque matei sua namoradinha você resolveu me matar?  Não percebe que agora ela pode viver no seu mundo?!

— No qual você pode revelar o maior segredo de um deus! – Pressionava ainda mais Yukine, quase perfurando a garganta de Fujisaki.

Fez-se silêncio e Yato começou a chorar.

— Por que você... Nunca deixa eu me aproximar de quem eu gosto? – Foi perdendo as forças, já desencostando a espada de seu pai.

— É algo que um pai acaba fazendo, não acha? – Suspirou.

— É diferente. – O olhava com ódio – Você faz isso por gostar de me ver nessa situação!

— Está brincando? – Riu – Eu não te vejo chorar desde guri. E isso já faz um tempo.

— Se é pra viver em um mundo onde a Hiyori será minha shinki... Será longe o bastante de você.

— Ah, vai me matar? Vai se esquecer de que sem mim, quem morre é você? – Zombou novamente – Além do mais, se eu morrer, virarei um shinki também.

— Sim, virará, mas não vai ter memória alguma e vai esquecer do verdadeiro babaca que você é.

— Você teme a morte mais do que eu, Yaboku. – O olhava nos olhos, apesar de estar um pouco tonto pela perda de sangue.

Yato não respondeu. De repente, moveu Yukine através do pescoço de Fujisaki. Então, o silêncio tomou conta do local enquanto a cabeça de seu pai rolou alguns centímetros para o lado.