O Deus disperso. escrita por Marzipan


Capítulo 10
[FINAL] Capítulo 10 - Flores de cerejeira


Notas iniciais do capítulo

É isso, capítulo final! Não sei surpreender, muito menos fazer finais bonitos, então espero que gostem! ♥



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Yukine estava pasmo, não acreditando no que acabou de fazer. Yato, por outro lado, estava aterrorizado com o fato de poder deixar de existir a qualquer instante. Nenhum dos dois falou uma palavra, até que de repente viram Bishamon voltando apenas com alguns arranhões.

— A Nora não era uma humana. Ela é um espírito da água. – Andou até eles com uma expressão de desgosto ao ver o Feiticeiro morto. – Você o matou, não foi?

Yato não respondeu.

— Nora fugiu. – disse pausadamente – Mas sem o Feiticeiro, ela não será uma ameaça pra nós.

Yato transformou Yukine de volta, sentando-se do lado do corpo de seu pai e apoiando o rosto nas mãos.

— Yukine – disse Kazuma, que voltou à forma humana – Mesmo sendo uma hafuri como eu, nós, às vezes, precisamos matar. Por mais que a sensação seja ruim.

Yukine estava realmente chateado com a situação, mas ele acabou concordando.

— Vamos procurar a Hiyori-san. – Disse Bishamon, estendendo sua mão para Yato se levantar. – A alma dela deve estar perto da casa da Kofuku.

Ele levantou, ainda arrasado. Bishamon deixou que Kazuma e suas shinkis dessem um jeito no corpo de Fujisaki e, se possível, avisarem caso encontrassem seu espírito. Ela iria dar-lhe um nome para garantir que ele não fizesse nenhum mal (já que shinkis não podem ser feiticeiros).

Caminharam até a casa de Kofuku, que tinha uma aura muito apagada. Bishamon começou a procurar por Hiyori de um lado, enquanto Yato procurou de outro. Yukine estava sentado, olhando o lago, totalmente desanimado.

[...]

(“Que dor de cabeça...”);

Levantou sem enxergar muito bem, quase caindo. Viu o corpo entupido de neve, sentindo frio e cansaço. Não parecia haver ninguém por perto, além dos pássaros que também pareciam sentir frio.

— Mas que droga aconteceu aqui?... – falava sozinha, olhando para o céu cinza – Ah! Cadê o meu corpo?!

Hiyori começou a se sentir melhor assim que viu sua cauda, mas ela parecia diferente de como lembrava. Dessa vez, estava mais opaca, como se fosse literalmente uma cauda. Até sua cor estava diferente, como se fosse um marrom rosado. De qualquer forma, foi em direção à casa de Kofuku saber que horas eram, mas não havia ninguém em casa. Começou a rodar pela rua até que viu alguém familiar à distância.

— Aquele ali não é o Yukine...? – Falou sozinha – Yukine-kun!

Yukine arregalou os olhos, virando-se para ela. Seus olhos encheram de lágrimas e correu em sua direção.

— Hiyori! – A abraçou com força, soluçando – Você está bem...!

— Ah... – O abraçou também, sorrindo, sem entender nada – Por que eu não estaria?

Yukine a olhou, assustado.

— Você... Você está viva?

Hiyori parou de sorrir, preocupada.

— Como assim “você está viva?”?

— O Yato disse... Que você tinha morrido... – a olhando, sem piscar.

Hiyori adquiriu uma expressão mais assustada do que a de Yukine. Deu uns passos para trás, olhando suas próprias mãos.

— M-Mas eu não morri! – Sorriu falsamente, porém estando prestes a ter um ataque de ansiedade – Se eu tivesse morrido, eu teria esquecido de tudo, né...?

Não pôde esconder a expressão de pânico ao lembrar de ter visto seu corpo cair no chão. A última coisa que lembra é de Yato correndo em direção ao seu corpo, mas não estando nele. Estava mais longe antes de apagar, um pouco atrás de um arbusto.

— Eu... vi meu corpo... – olhando as próprias mãos.

Hiyori explicou o que aconteceu e Yukine, que já havia parado de chorar, conseguiu entender. Logo, ele explicou o que houve nesse período que Hiyori estava desmaiada. Ambos pareciam pasmos com cada acontecimento. Antes que pudessem tirar conclusões, Yato apareceu para avisar Yukine que não encontrou Hiyori. Ironicamente.

Assim que viu Hiyori em pé na frente de Yukine, Yato congelou. Ela correu até ele sem saber como se sentir na hora. Parou em sua frente e ficaram se olhando. Quebrando o silêncio, Hiyori encheu-se de lágrimas.

— Yato... – Tentou sorrir, se não fosse seu rosto choroso.

Num ato impulsivo, Yato a abraçou com força e não a soltou mais. Não podia ver o rosto dele, mas sabia que estava chorando. Yukine se aproximou e Hiyori o puxou para perto, trazendo um abraço em grupo. Todos chorosos. Ficaram grudados por alguns minutos, sem dizer uma única palavra. Yato apertava a cintura de Hiyori no abraço enquanto fazia a mesma coisa com o cabelo de Yukine. Enfiou seu rosto no ombro de Hiyori, soluçante. Haveria um momento para discutir o porquê Hiyori ainda estava viva em sua forma de espírito ou o porquê Yato ainda estava existindo, mas não era esse. Bishamon apareceu e, ao ver os três, acabou abrindo um sorriso aliviado. Já imaginava o motivo de ambos estarem vivos, mas não tinha certeza. Saiu em busca de Tenjin para confirmar, deixando os três ali. Ficaram juntos por um tempo. Yato falava abafado “me desculpe” repetidas vezes, mas Hiyori acabou sorrindo e o abraçando mais forte.

[...]

— Então o corpo da Hiyori morreu, mas a alma dela não? – Yukine perguntou, confuso.

— Basicamente. – Tenjin analisava, enquanto alisava sua barba – Como o corpo dela morreu, a alma dela não tem pra onde voltar. Ou seja, ela vai ficar vagando para sempre até achar um corpo sem alma.

— Resumindo, a Hiyori vai ser fantasma pra sempre. – Tsuyu afirmou enquanto varria o resto de neve que havia no templo. – Pelo menos, até achar um corpo sem alma para poder entrar nele.

Yato, Hiyori, Kofuku, Daikoku, Bishamon e suas shinkis estavam reunidos no templo de Tenjin para entender isso. Yato e Hiyori estavam sentados juntos, enquanto o resto estava em pé.

— Reparou que sua cauda mudou, Hiyori-san? – Tenjin perguntou, olhando-a – Como você não tem mais corpo, ela não é mais a ligação de corpo-alma. É só uma cauda qualquer, como os fantasmas têm. – Ria.

— Eu morri mesmo... – Falava cabisbaixa, triste. – Então não posso mais ver meus amigos e família, né...?

— Na verdade você pode ver sua família – Yato falava, olhando pro céu – Sua família pode ver a gente, esqueceu?

— Oh? Então se eu falar pra eles, eles vão entender? – Esperançosa, mas ainda sim triste.

— Se ela aparecer assim do nada, eles vão se assustar. – Bishamon – E além do mais, a Hiyori agora é imortal que nem nós. Não será bom pra ela vê-los... Envelhecer.

Ficou silencioso.

— Ah, não custa tentar. – Yato levantou, puxando Hiyori pelas mãos. – Vamos até a sua casa.

Hiyori sorriu ao ver o sorriso de Yato, então ambos e Yukine foram até a casa de Hiyori. Ao chegar lá e ver a reação de seus pais e irmão, chorosos, precisaram de muita paciência para explicar tudo, desde o início.

— Entendi... – A mãe de Hiyori, enxugando as lágrimas – Bom, então de certa forma não te perdemos!

Abraçavam a filha, que também chorava.

— Vocês vão esquecer da gente com o tempo, se não mantivermos contato...

— Você mora aqui, esqueceu? – Seu irmão abriu um enorme sorriso – Você tá presa aqui, independente de não precisar mais ir à escola ou não.

Hiyori parou de sorrir ao pensar que não seguiria mais sua vida. Sem amigos, sem escola, sem faculdade, sem futuro algum. Mas lembrou que era assim que Yukine se sentia na vez que quase matou Yato e, então, reergueu a cabeça. Ela, na verdade, tinha um futuro. Um futuro ao lado dele. Pra sempre.

Após um glorioso jantar muito feliz, Yato parecia chateado. Saiu até a lagoa, próxima da casa de Hiyori, à noite. Tenjin apareceu, em uma roupa casual.

— E o que acontece comigo...? – Yato voltou a ficar desanimado, olhando para o lago.

— Sabe, Yatogami... A Hiyori-san não irá mais esquecer de você por agora ser do nosso mundo... Mas o jeito que ela morreu e o jeito que a alma dela se separou foram sobrenaturais a ponto de dar um basta no seu medo.

— Como assim, velho? – Yato olhou Tenjin, que se aproximou dele.

— Ela morreu como humana, então ela continua sendo uma meio-fantasma, apesar de ser uma fantasma. Bem confuso. Bom, enquanto ela existir existirá um humano que acredita fielmente em você. Em outras palavras...

—... Eu vivo enquanto ela viver? – Os olhos de Yato brilharam.

— Sim. – Sorriu – Mas você já deveria suspeitar. Um akai ito não é para qualquer um.

Yato admirou seu reflexo no lago, que logo esbanjou um enorme sorriso.

“Eu vivo pra sempre enquanto ela viver, e ela vive pra sempre enquanto não achar outro corpo...”

[...]

Yato contou tudo à Hiyori, que parecia muito contente. Yukine estava transbordando felicidade, apesar do fato trágico de que Hiyori morreu.

Mas no fim, acabou dando tudo certo: Yato agora dependia da pessoa que ele queria viver para sempre ao lado, Hiyori estava destinada ao mundo que queria e, ainda sim, pôde viver com sua família. Yukine não temia mais Nora, que desde aquele dia desapareceu. Bishamon, de fato, encontrou Fujisaki vagando pela cidade. Deu-lhe um nome, mas ele na verdade estava sendo uma boa pessoa. Bom, por via das dúvidas melhor não arriscar.

 

Mas até que foi um fato interessante.

 

No final, Yato sempre dependeu de humanos para sobreviver. Assim como todo deus.

 

Ele só precisava achar o humano certo.

 

Ou, no caso, a fantasma certa.

 

E assim, todos os invernos foram quentes, todos os verões foram refrescantes, todos os outonos foram aconchegantes e todas as primaveras tiveram as flores mais lindas já vistas.


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Notas finais do capítulo

Caboooou :(
Admito que bateu um vazio agora, porque não sei o que eu faço. Talvez eu faça outra fanfic porque Yatori é meu OTP.
Obrigada exclusivamente à você que leu tudo até aqui, que favoritou, comentou, acompanhou e, principalmente, que gostou da história! Nos vemos em breve! ♥