O Deus disperso. escrita por Marzipan


Capítulo 8
Capítulo 08 - Coração de Vidro.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo, cara. Esse capítulo. Só falo isso.
Espero que gostem, morri escrevendo. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/658675/chapter/8

Hiyori foi da casa de Kofuku até a escola, mas não conseguiu prestar atenção na aula por causa de Yato. Enquanto ela não parava de pensar nele, ele também só pensava nela, mas isso lhe causava a estranha dor que já estava causando alguns hematomas. Parecia que estava sendo espancado. Estava se sentindo péssimo, então ficou na cama a manhã toda. Acabou dormindo e acordou seis da tarde.

– Que horas são? – apareceu na porta, caindo de sono, para Kofuku, Daikoku e Yukine.

– São quase sete da noite, você dormiu hein? – Daikoku enquanto preparava a janta.

– Estava cansado... E a Hiyori?

Ninguém respondeu.

– Ela não apareceu hoje, não. Ela deve tá ocupada. – Yukine, enquanto lia um livro.

– Ela não veio? – Yato arregalou os olhos.

– Relaxa, Yato-chaaaaan – Kofuku lia sua revista rindo – Tem algumas vezes que a Hiyorin não visita a gente.

– Dá pra ver seu coração batendo rápido daqui, relaxe. – Daikoku, enfezado.

Alguém chegou na porta um tempo depois.

– Oi! – Hiyori apareceu, coberta de neve em cima do casaco e do cachecol, além de uma mochila.

– Oh, Hiyori, estávamos falando de você neste momento. Chegou na hora da janta (Isso aqui não é um hotel...);

– Eu demorei porque fui buscar o resto das minhas coisas pra ficar aqui! – Sorria.

Ela também vai morar aqui?

– Aaaaah! Hiyoriiiiin dormindo na minha casaaaaa! – levantou correndo para abraçá-la.

Yato estava totalmente aliviado, não podendo esconder o sorriso em seu rosto.

– E eu trouxe um colchão agora – olhou feio para Yato, que corou.

– Ah... Que bom. – Desviou o olhar.

O celular de Hiyori começou a tocar.

– Alô?

Enquanto isso, todos conversavam enquanto jantavam, até que Hiyori parecia assustada.

– Minha amiga Ami foi assaltada! Ela acabou de me ligar!

– Oh, onde? A gente podia ir lá ver. – Yukine, a olhando enquanto comia.

– Deixa, é virando à esquina, ela quer ficar em algum lugar até a mãe dela chegar.

– Ela não vai ficar aqui, né?

– Daikoku, deixa de ser chato!

– Eu vou lá ver como ela está, ela parecia estar tremendo! – Hiyori estava preocupada e levantou, pegando seu cachecol.

– Me deixe ir com você. – Yato levantou também.

– Por quê? – Hiyori o olhou, com pressa.

– Não preciso te explicar de novo. – Fez cara feia.

Eles acabaram indo juntos para a esquina na noite de neve. Felizmente, as ruas eram bem iluminadas por causa dos postes e pela lua cheia brilhante. As chances de fantasmas aparecerem por ali eram bem baixas.

– Ami! – Hiyori gritou procurando sua amiga, mas não a achou – Que estranho, ela disse que estava aqui... Será que aconteceu alguma coisa?

– Melhor voltarmos. Isso está muito estranho. – Yato falava enquanto puxava ela pelo pulso.

Hiyori continuou procurando de um lado e Yato do outro, até que, de repente, ele ouviu uma risada. Era a voz de Nora e Yato, no mesmo segundo, percebeu que era realmente uma cilada. Hiyori corre perigo!

– Hiyori! A Nora! Ela...! -

Ele virou-se para trás e viu Hiyori caindo no chão.

Havia sangue se espalhando rapidamente pelo chão molhado.

Num gesto espontâneo, Yato correu em direção a ela. Não tinha voz e nem consciência alguma para gritar. Só ouvia seu coração batendo forte no peito e seus passos na água. Ele chegou até Hiyori, que estava no chão com uma expressão apavorada, apertando o seio esquerdo com força: o sangue vinha dali. Yato entrou em pânico, enchendo de lágrimas nos olhos rapidamente enquanto virava Hiyori. Ela estava com uma faca afiadíssima no peito, feita de gelo. A faca voou tão rápido que não foi vista e nem ouvida. A faca derreteu então, rapidamente, como se estivesse sido programada para atingir Hiyori.

Yato finalmente encontrou alguma voz no pânico para falar, tremendo sua fala e ficando sem fôlego.

– Hiyori! Hiyori, está me ouvindo? HIYORI! – Os olhos enchiam de lágrimas ao ver o rosto dela adormecendo aos poucos. - Não, não, não, não, não, não...! Não, Hiyori, por favor, isso não...!

Já não enxergava direito por causa das lágrimas, enquanto tentava parar o sangramento com suas mãos trêmulas.

– HIYORI, ISSO NÃO! Não, não, não! Tudo menos isso! – Chorava tentando falar. Hiyori já havia perdido o olhar: a faca voou direto em seu coração. Yato pegou seu corpo e abraço muito forte, trêmulo, não sabendo o que fazer para salvá-la.

Ela iria morrer.

[...]

– Vocês ouviram a voz do Yato? – Perguntou Kofuku, enquanto ia olhar fora de casa.

– Eu não ouvi nada.

[...]

Yato conseguiu forças para teleportar ao chegar no terreno de Kofuku para o hospital da família de Hiyori e correu até a emergência. Ficava fácil de nota-lo segurando ela, então os paramédicos correram em sua direção.

– Meu jovem, o que aconteceu aqui?! – Falaram uns médicos, segurando ela para por numa maca que já estava de prontidão.

– Ela... Foi esfaqueada...! – Falava com o máximo de força que tava, totalmente em pânico.

– Se acalme! Levem ela pra cirurgia, urgente!

– Ela é a filha... ! Do dono do hospital...! Não deixem ela morrer...!

– Vamos cuidar disso, respire antes! Você é o namorado dela? Um amigo?

– Não sei! – Parou de falar ao sentar, cobrindo o rosto com as mãos e não aguentando mais chorar.

(É minha culpa, é minha culpa, é minha culpa!);

(O que eu faço? Ela vai morrer. O que eu faço?);

(A Hiyori vai morrer);

Uma enfermeira tentou acalmar Yato, enquanto os outros médicos já estavam na sala e Yato estava do lado de fora. Pouco depois os pais de Hiyori apareceram quase tão desesperados quanto Yato.

– Senhor Iki, este rapaz trouxe sua filha nos braços pedindo socorro.

– Você, você salvou minha filha! – O pai de Hiyori chorava segurando os ombros de Yato.

–... Não. É minha culpa...!

Ele e a mãe de Hiyori abraçaram Yato com força, agradecendo várias vezes por ele tê-la trazido para o hospital.

Yato não conseguiu mudar sua expressão. Estava chorando sem parar, por horas.

Ficou sentado angustiado e aos prantos por 2h, 3h, 4h.

O cirurgião apareceu na porta, que estava longe de Yato. Ele não ouvia o que ele falava para os pais dela, mas tudo que pôde ver foi: seus pais caíram em choro, gritando “Não!”.

Os pais de Hiyori se aproximaram de Yato, que tinha uma expressão horrorizada no rosto, com os olhos arregalados, ainda com lágrimas. Tudo que fizeram foi abaixar a cabeça para ele.

A Hiyori não sobreviveu.

Yato permaneceu um tempo sentado onde estava sem se mexer. Não pensava em nada, não imaginava nada. Ele não entendeu o que aconteceu. Olhava fixamente para o chão, as sobrancelhas pressionadas e os olhos vermelhos e ardendo de tanta força que fizeram. As mãos ainda sujas de sangue. A roupa também. Seu rosto também. Desviou seus olhos úmidos para suas mãos, que ainda estavam trêmulas.

(A Hiyori... Não está em casa, me esperando...?);

(Ela não está indo dormir pra escola amanhã?);

(Ela prometeu que nunca ia me esquecer...);

(Mas cadê a Hiyori?);

(Ela... Está me esperando?);

Ele acabou deixando o hospital pela manhã. Passou a noite ao lado do corpo de Hiyori, que já não tinha mais vida.

Deu um último beijo em sua testa fria.

Foi caminhando até a casa de Kofuku, ainda sujo de sangue. Chegando lá, todos estavam surpresos. Estava sério, com o olhar mais sombrio que já teve. As olheiras estavam grandes e seus olhos, sem cor.

– Nossa, onde vocês dois se meteram? Se perderam no caminho? – Yukine, lendo a revista de Kofuku.

Sekki.

Yukine se transformou em espadas, mas não entendeu absolutamente nada, assim como Kofuku e Daikoku.

– Ei, o que aconteceu? Você tá super estranho e... Que sangue é esse nas suas mãos?! – Kofuku ficou nervosa.

Yato foi embora sem dizer nada, usado novamente o teleporte.

(Essa... Foi a última vez que você tirou alguém de mim.);

(Você nunca mais vai ver a luz do dia de novo.);


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou tremendo, meu deus, não acredito que fiz isso. APSKAOPSKA
Espero que tenham gostado! Obrigada por lerem ♥