Uma Noite no Halloween. escrita por Ytsay


Capítulo 4
Sangue derramado.


Notas iniciais do capítulo

Novo capitulo! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656647/chapter/4

Caronte rapidamente arrastou a moça para o corredor do andar. Mas Angus os notou e com passos rápidos conseguiu fincar as unhas no ombro da garota e começou a puxa-la para si. O garoto deixou Tália escorregar quando sentiu o tranco e ela gritou com a nova dor, então encarou a criatura, agarrando a moça para que não caísse brutalmente de costas no chão. Caronte segurou o pulso do animal, apertando-o e diminuindo o puxão, até que as garras liberassem a jovem. Com a mão livre deferiu um socou na barriga do lobisomem e finalizou o empurrando para trás.

Ele pegou Tália do chão e a forçou se sustentar nas próprias pernas, mas ela parecia prestares a desmaiar pelos ferimentos abertos, baixa pressão e perda de sangue. Eles desceram as escadas e então ela murmurou o nome dele. Caronte a olhou agoniado, os olhos castanhos dela, antes brilhantes, pareciam se distanciar.

— Portia! — ele a chamou ainda a levando por um corredor do térreo, que seguia ao lado da escada, mas ela não reagiu. — Não! Você tem que ficar acordada! Sei que parece um pesadelo, mas precisa ficar! Portia! — Caronte resolveu parar e a encostou contra a parede, segurando o rosto frio da moça entre as mãos e procurando alguma expressão de perseverança. — Só estou lutando por você, você não pode morrer. Vamos! Não faz isso, Portia.

Do alto das escadas a criatura rosnava e estava se aproximando.

— Eu... não gosto desse nome... — ela sussurrou, ainda de olhos fechados, e sua expressão de dor dos cortes em seu corpo se misturava com o desgosto pelo nome estranho.

Ele não evitou um sorrir antes de voltar a arrasta-la. Abriu a porta do armário que ficava sob a escada e colocou-a lá dentro, sentada sobre o piso empoeirado e rodeada de vassouras e aspirador de pó. Na escuridão ele escutou os passos do lobisomem na escada, sobre eles. Sua visão era melhor que a de humanos, o que o permitiu vasculhar o ambiente e encontrar uma garrafa de desinfetante qualquer.

— Fique viva, e tente ficar em silêncio por alguns minutos. Eu volto para te ajudar. — Caronte sussurrou, apoiando a testa de Tália para ela olhá-lo.

Tália só notava a presença e poucas silhuetas naquela escuridão da madrugada, mas grunhiu concordando. Seu corpo estava tão frio, o coração ainda batia, mas parecia ficar preguiçoso a cada minuto, ou isso seria a mente dela que a cada momento ficava mais cansada e a se enublava. As feridas sangravam, ardiam, pinicavam e afligia com qualquer movimento, ao fim das escadas foi um ápice de dor que tomou seu corpo, por muito pouco conseguiu resistir ao desmaio. E pensar que antes daquilo ela nunca experimentara a sensação de um corte de verdade, agora ela tinha furos e rasgos em seu corpo.

Caronte abriu o vidro de desinfetante e o cheiro forte de pinho se espalhou rápido, principalmente quando ele virou todo o conteúdo ali na porta, antes de sair fechando o armário. Quando se pôs de pé no corredor, a criatura já estava quase no fim da escada e o encarou, então ele correu para a entrada da cozinha mais adiante. O homem lobo saltou rápido para o corredor e em poucos passos alcançou o batente por onde o rapaz entrou no cômodo.

O jovem rapidamente alcançou o porta-facas sobre um balcão, puxou a primeira lâmina e se virou para seu oponente, porém a criatura não estava na estrada e em lugar algum. Caronte imaginou que ele havia farejado a moça e correu de volta para o corredor. O lobisomem o pegou de surpresa por trás, vindo da escuridão, e o jogou contra uma cômoda estreita no espaço estreito. O rapaz ficou atordoado por sua cabeça atingir novamente na parede e sentiu suas forças se dissolvendo, mas por dentro sua outra metade formigava para colaborar.

— Aonde a deixastes?! — questionou o animal, o pegando pela nuca e o içando do chão para encara-lo. O animal o farejou e grunhiu enojado. — Teu sangue és mesmo um lodo fedorento. Não serás nenhuma perda quando vosso coração parar.

O lobisomem posicionou suas garras sobre o peito do jovem, pronto parar arrancar aquele coração que pulsava tão intensamente, mas não desesperado para fugir.

O corpo de Caronte doída e parecia que estava todo quebrado por dentro. Naquele momento, ele estava fraquejando e com custo estava juntando sua força para evitar que a segunda metade contribuísse e para aliviar a mão ossuda que segurava seu pescoço. Mas ele não tinha muita opção, sua energia humana fora completamente gasta e o formigamento era intenso, então recorreu a sua segunda metade, herdada de um pai monstro.

A energia quente fluiu inesperadamente, a sensação de força infiltrou-se em todos os músculos e o fez se sentir melhor, mas a calda que lhe escapou atrás era o incomodo, balançando irritada, e as presas lhe feriram os lábios ao surgirem. Caronte puxou a faca que segurava, e, ainda com a atenção do lobisomem sobre sua transformação meio humana, ele esfaqueou os olhos do animal com um corte transversal rápido.

Com um grunhido irado Angus soltou-o, arrastando as garras no peito do mais jovem antes de ouvi-lo desabar no chão. O sangue negro de monstro escorria sobre sua face, fluindo entre os pelos junto com a explosão de dor que lhe consumia o cérebro, fazendo-o esquecendo-se até mesmo de onde estava e de quem lhe tinha feito aquilo. Cada tentativa de piscar os olhos e enxergar, era um jorro de sangue e dor aguda em Angus, que uivava, grunhia e xingava. O lobisomem amaldiçoou Caronte enquanto a dor não sumia e a noção de que seus olhos estavam arruinados se consolidavam.

O rapaz no chão engatinhou para longe do inimigo desorientado. A respiração estava mais alterada, seu próprio sangue fluía dos cortes no peito e as orelhas pontudas, no meio dos cabelos, estavam abaixadas, tensas e em alerta. As garras afiadas nos dedos tintinavam no piso e aquela calda balançava incomoda. Essas características o irritava.

— Ainda posso encontrá-lo! — Angus exclamou, parando aos poucos com a histeria da dor e da perda de visão. E ele farejou o ar fervorosamente. — Hahaha! Estais à beira da morte, Caronte. Não pode resistir muito mais. Bastará que o encontre mais uma vez!

Então, quando Caronte parou de engatinhar e sua breve transformação se desfez, a porta do armário sob a escada se abriu e a inocente garota saiu preocupada e não pensando direito.

Angus se silenciou, ouvindo o som das inspirações fortes e os ruídos dos pingos grossos de seu sangue que escorria pelo corte na face e ia ao chão. Ele notou o movimento, farejou o cheiro férreo do sangue humano e foi em direção da moça.

Caronte logo segurou a perna do animal e fincou a faca em sua coxa, para impedi-lo, enquanto gritava para que Tália subisse e se escondesse. Angus voltou a ataca-lo, mas Caronte conseguia se esquivar muito mais fácil agora que ele não o enxergava. O jovem retornou a cozinha atrás de mais armas e Angus ia segui-lo sedento por vingança, mas lembrou-se do liquido que sua presa vazava e o odor sedutor o atraiu para o andar de cima.

O jovem percebeu seu deslize e foi logo atrás do monstro, e conseguiu agarrar o animal no meio da escada e joga-lo para baixo.

No segundo andar da casa, ele seguiu as manchas de sangue fresco e achou Tália no banheiro, encolhida dentro da banheira. Quando se aproximou e segurou sua face, ela estava muito mais pálida, fria e inconsciente. Ele não quis acreditar que seu único objetivo de salvá-la tinha sido frustrado e teve a ideia de escondê-la, ou tentar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Apenas mais um capitulo e fim!