A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 47
Retorno à vida


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, capítulo novo chegando. E esse é super importante, vão ver o motivo. Pessoal, sei que vocês estão aí, se manifestem ok?! Enfim, boa leitura.



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Drácula mandou seus vampiros feridos de volta para sua dimensão. Ele fazia questão de ficar ali, com sua tropa sã pronta para a próxima batalha. Era preciso mais vampiros. Ele sabia disso.

Corea estava no seu quarto, se recuperando do que aconteceu de madrugada. Havia ficado sem ar graças a sua coragem de enfrentar uma bruxa sozinha. Ela valia por muitos ali, enfrentava a morte e mesmo assim saía viva.

Rhodes fez contato com as outras sociedades, queriam descobrir onde seria o próximo portal das bruxas, mas era impossível. Todos queriam distância das invocadoras de damas da noite. A morte caminhava com elas. Mesmo sendo fundamental saber quando agiriam, mas elas eram impossíveis de achar.

O dia havia chegado, mas não parecia. Uma espécie de nuvem cobria o dia. Nada de luz do sol. Havia uma camada em volta da Terra. Uma camada que impedia o sol de iluminar. O fogo de dia é mortal para uma bruxa, mas a noite não. Agora o que tínhamos era só a noite. O fogo não seria mortal para elas.

Agora estávamos em mais um ritual de passagem. Jules havia morrido. A primeira baixa oficial. Nosso grupo não interferiu em nenhuma parte do ritual. O grupo de Jules que tinha que fazer. Saímos dali e fomos para o cemitério dos invocadores. Uma dimensão neutra para invocadores repousarem. A Ordem do Obscuro ficou cuidando do casarão, eles não podiam entrar lá.

Cruzamos o portão com passos lentos. Lá não estava escuro. Era dia. Um dia melancólico. Mais um corpo para ser depositado. Menos um de nós. Perdemos Gillis, perdemos Hiden, agora Jules. Quem seria o próximo?

Drácula fitou a estátua com os três primeiros invocadores, das três primeiras sociedades. Vlad foi o primeiro a ser escolhido, o primeiro tocado pelas chamas. A primeira escolha de um vampiro. O grande mentor parecia orgulhoso daquela escolha.

Caminhamos para depositar o corpo. O velho veio até nós, mas somente a equipe de Jules foi até o túmulo guardado para ele. Caminhei até o de Gillis. Ele era bobo as vezes, nós tínhamos saudade disso. Agora tudo era escuro e frio, nada de risadas.

O túmulo de Gillis era igual os outros. Seu rosto estava esculpido em cima e havia um rubi preso. Fiquei de pé em frente. Rivera estava do meu lado, assim como Charlotte e Jasper. Coloquei as mãos nos bolsos e respirei fundo.

– Quem vai ser o próximo? – perguntou Jasper caminhando até a lápide.

– Espero que ninguém. – disse Charlotte. – Ele era muito amigo de vocês? Esse cara chamado Gillis Rubi?

– Era. – respondi. – Ele era bem legal. Diferente dos outros, entende? Gillis era o contrário das pessoas que nos deixaram na batalha. Ele tinha orgulho do que era. Em todos os sentidos. Estava ficando bom no arco e flecha.

– Ele tinha jeito. – disse Jasper sorrindo, estava orgulhoso. – Eu o treinava. Ele fazia umas piadinhas bobas de vez em quando, mas era legal. Gillis me deixava sem paciência várias vezes, mas era um amigo, companheiro de equipe. Tinha vezes que era até mais suportável do que Doc. Todos achavam que Gillis não tinha talento, quando na verdade, ele tinha sim, só que ninguém dava conta.

– Nunca mais vamos ver ele de novo. – disse Rivera.

Yves. Quando eu ia vê-la de novo? Ainda não compreendia porque ela havia se juntado as damas da noite. Não fazia sentido. Yves estava do nosso lado. Não podia nos deixar, logo agora. A dor que sentia no peito era intensa, o tipo de dor que eu nunca havia sentido, mas ela sim, quando se tornou invocadora.

– Como era a vida de Gillis antes de se tornar invocador? – Charlotte perguntou.

– Ele era estudante do primeiro ano. – Jasper respondeu. – Morava com o pai que era alcoólatra. Ele regulava o pai e odiava tudo o que via. Queria que tudo fosse diferente e se tornou diferente. A casa pegou fogo, assim como acontece com todos os invocadores de vampiros. Gillis se tornou invocador. E era tudo o que ele queria. Sua vida mudou e agora ele tá aí. Morto. – o invocador tirou os óculos e limpou as lentes com os dedos, em seguida colocou novamente.

Tudo se tornou silencioso. A perda doía em todos. Dos vivos aos mortos. Jasper mesmo sendo um cara fechado, considerava de fato Gillis um amigo, um irmão. Assim como eu considerava Yves parte de mim.

Caminhei até a beirada do túmulo e coloquei as duas mãos em cima, me apoiando. As lágrimas começaram a descer. Era por Yves, a falta que ela fazia. Era por Gillis, a falta que ele também fazia. Era por tudo. Ser um invocador não trazia uma vida boa. Tínhamos que lutar. E eu não era um guerreiro. Era fraco. Todos eram.

Rivera veio até mim e colocou a mão em meu ombro. Ela era uma amiga que eu nunca pensei que teria. Mas ela não poderia me acalmar. Ninguém poderia.

– Há muitas coisas no mundo que ninguém pode explicar. – disse Charlotte com a mão sobre o túmulo. – Há várias profecias nesse mundo, envolvendo povos de vários lugares em vários tempos. Minha avó costumava contar uma história para mim, eu nunca compreendi, mas agora acho que entendo.

Charlotte colocou as duas mãos em cima do túmulo. Ergueu a cabeça e seus olhos ainda castanhos ficaram com a retina amarela. O que significava aquilo?

– Muitas pessoas nascem com dons no nosso mundo surreal. – disse Charlotte. – Ainda há heróis entre nós. Mas nós somos os dessa geração. E não podemos deixar as peças principais morrerem. Minha avó dizia que há pontos no tempo impossíveis de se ver, são pontos feitos para nós mudarmos. Uma vidente sabe disso e ela sabia que este é um desses pontos. Não nasci com o dom da vidência como minha avó, nasci com um muito maior, pois eu tinha destino de ser parte disso, uma das heroínas dessa história. Eu tenho um papel fundamental. Sou uma dessas profecias.

Drácula caminhou até nós. Charlotte permanecia com as mãos sobre o túmulo. O vampiro estava com as mãos para trás. Seus olhos cheios de fogo estavam focados em Charlotte. Ela ainda nem era um invocadora de verdade, não tinha o medalhão com o rubi. Mas qualquer um já podia ver que Charlotte seria uma grande invocadora.

– A descendente inca que fosse invocadora de vampiros, traria a vida a cinco peças fundamentais do futuro. Essa invocadora poderia mudar os acontecimentos. E sou eu. – Charlotte falava lentamente. – Minha avó disse que eu traria a vida cinco pessoas importantes do futuro. Ela colocou na minha mente os nomes em sequência, mas eu só posso saber quando chega a hora de trazê-los a vida. O primeiro veio na minha cabeça agora. Gillis Rubi.

Olhei para Jasper. Estava confuso. Como assim Gillis era alguém importante no futuro? Ele havia sido morto na primeira batalha. Como assim ele tinha que voltar a vida? Eu não compreendia, mas acreditava em Charlotte, acreditava em qualquer coisa que me trouxesse esperança.

O túmulo cinzento começou a ficar avermelhado. Pelo o que sabia, quando um invocador morria se transformava em cinza. O corpo de Gillis não estava ali. O que Charlotte ia trazer a vida então?

– Há muitas coisas que ainda são um mistério para vocês. – disse Drácula. – Mas eu pergunto, vocês estão prontos para o que vem pela frente?

– Estamos. – Rivera respondeu de imediato.

– Gosto de você. – Drácula sorriu para a invocadora de sereia. – Você seria uma grande invocadora de vampiros, mas que bom que foi escolhida por uma sereia. Gosto de ver que é decidida.

Rivera sorriu. Ela adorava elogios e receber um de Drácula, era um tesouro para a invocadora. Ela podia ser uma invocadora de sereias, mas seu coração era dos vampiros, Rivera já era mais do que parte do grupo. Mas não estávamos ali para ver Rivera sorrindo. Algo estava acontecendo na nossa frente.

O rubi ficou vermelho, dele as borboletas de fogo começaram a sair. O animal símbolo da Sociedade Rubi. Eram muitas. Voavam apenas num lugar, dando voltas em círculos. Formavam um corpo humano.

– Um invocador de vampiros é tocado pelas chamas. – disse Drácula. – Quando ele morre se torna cinza. Mas ele pode renascer como uma fênix. E hoje Gillis é o primeiro a renascer.

Na nossa frente estava Gillis. Era ele. Com seu cabelo nos ombros, a camisa vermelha e calça de couro negro. Não carregava seu medalhão com o rubi. E eu não entendia nada. Charlotte tirou as mãos de cima e o túmulo voltou a ser cinzento.

– Oi. – a nova invocadora disse a Gillis, mas ele não respondeu, fitava as próprias mãos, estava confuso.

Gillis olhou para nós. Estava desconfiado. E nós estávamos tão confusos quanto ele.

– O que tá acontecendo? – ele fitou Drácula e arregalou os olhos. – Morri de novo?

– Idiota. – Jasper bufou e olhou para o chão. – Crianças.

– O que está acontecendo aqui? – Gillis olhava confuso para nós, levou as mãos na cabeça e caminhou até Drácula. – Você é o...? O Drácula? – ele abaixou a cabeça e soltou as mãos da cabeça, em seguida caminhou de um lado para o outro. – Eu estou mesmo vivo de novo?

Assentimos para ele. O invocador sorriu. E apertou a mão de Drácula. Mas o que havia mesmo acontecido? Gillis não cheirava como um invocador. Todos nós cheiramos pimenta e um pouco de fumaça. Ele era diferente. Algo estava diferente nele. Seus olhos continuavam iguais, mas a falta do medalhão indicava algo, mas o que?

– Eu não entendo. – disse Gillis.

– Nem nós. – falei também.

– Claro que não entendem. – disse Drácula. – Isso é algo velho com aspecto de novo. Gillis é parte de uma lenda. Uma ave que renasce das cinzas. Mas ele é um invocador, é humano. Charlotte não tem um poder qualquer. Ela renasce a pessoa, mas essas pessoas estão destinadas a terem um dom único. Gillis, você não tinha encontrado seu verdadeiro dom, mas hoje você recebeu ele. Porque Charlotte Rubi te trouxe das cinzas, te resgatou da morte. Você não possui mais o medalhão de invocador porque você não precisa, agora você é formado pelas borboletas de fogo. Ela te transformou em uma fênix.

Gillis encarou o líder dos vampiros. Seus olhos vermelhos brilhavam. Ele não acreditava no que ouviu, mas eu sim, todos ali sim. Gillis era imortal. Eu só não esperava que ele já fosse agir idiotamente na frente de Drácula.

– Quer dizer que agora eu sou uma ave? – Gillis perguntou animado. – E não uma ave qualquer, sou mascote do Dumbledore!

– Não. – Drácula respondeu sério, com uma expressão de que não acreditava no que Gillis havia falado.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal. Gillis de volta sim! Trocadilhos de volta também! Quero deixar agora um recado muito importante, preciso de sugestões, ideias pessoal, anoto todas as ideias que tenho, mas há partes que estou tendo dificuldades , preciso sair logo desse bloqueio criativo kk. Enfim, caso tenham alguma ideia, sugestão, criatura que goste e tal, podem falar. Com toda certeza vou escutá-los. Hora de comentar!