A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 32
Aranhas pela casa


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como o prometido, cá estou eu! Hoje teremos um pouco de ação, pessoal não sei fazer cenas desse tipo direito, então me perdoem!



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Escuridão. Inerte. Preso. Jogado. Deixado. Caindo. Morrendo. A pior sensação do mundo. Pior que o medo. Pior que qualquer fobia.

Há pouco a dizer sobre aquele momento. Os segundos que ficamos no escuro, apenas com a luz dos medalhões indicando algo errado, eram desesperadores. A cada fleche de luz elas estavam lá. Enormes e assustadoras. Correndo para todos os lados com suas oito pernas ou mais.

Meu coração batia acelerado. Era como uma marcha no momento da carnificina. Sentia que iria morrer, que era o meu fim e dos outros. Não conseguia pensar direito.

A sensação de vai e vem dava ânsia de vômito. Estava totalmente zonzo, quase desmaiando. Mas a visão era nítida e ao mesmo tempo ficava embaçada. Podia vê-las caminhando, subindo nas paredes e espalhando o cheiro forte de bicho asqueroso. Depois tudo nublado, em seguida visível. Total desespero.

O som de cada um de nós pisando firme e caindo no chão, em seguida esbarrando em algo, fazia meus ouvidos tremerem. Deixavam-me ainda mais sem rumo.

Eu caía, levantava e respirava fundo. Mas não tinha forças suficientes. O batimento acelerado me deixava ainda mais confuso. Olhava para os lados, eram apenas fleches de luz de um pesadelo.

– Levanta Hooper. – alguém gritou. – Anda, anda, anda. – o som ficava cada vez mais alto.

– O que? – perguntei ainda desorientado.

– Anda, ou quer morrer? – perguntaram novamente.

Levantei novamente do chão. Agora havia luz e meus sentidos começavam a voltar completamente. Já estava nas escadas, correndo desesperadamente assim como as pessoas que estavam atrás e à frente.

– Ande logo Hooper. – Delaware gritou.

Quando a última pessoa passou fechamos a entrada com um pedaço de madeira que alguém trouxe no momento de desespero. Rhodes apareceu com a expressão de terror, seguido por Otan e seus cavaleiros. Todos com olheiras e assustados.

– O que está acontecendo? – Rhodes perguntou.

– Valentina era Hiden e ela levou o medalhão. – Yves respondeu imediatamente. – E há aranhas grandes lá embaixo. Muito grandes.

Os cavaleiros pareciam que dormiam já com a espada na cintura. Tiraram suas armas e pediram para nós buscarmos as nossas. Mas o arsenal inteiro ficava lá embaixo, pelo menos era o que eu imaginava.

Yves me puxou pela mão, subimos as escadas que levava para o dormitório. Caminhamos até o sótão, batendo em todas as portas que ainda estavam fechadas. Os invocadores nos seguiram assustados.

Entramos no sótão e Jasper assumiu liderança. Abriu um dos armários e começou a tirar espadas enferrujadas, em seguida Yves as entregava aos invocadores, no seu bolso a pedra de especial brilhava.

– Protejam o casarão. – os invocadores diziam uns aos outros.

Não haviam espadas suficientes para todos para o nosso azar. Corremos novamente e esbarramos em Corea, que trazia nas costas a mesma arma que usamos na batalha vermelha.

– Venham comigo. – a seguimos.

Seguimos Corea até seu quarto e descobrimos que ela possuía um arsenal de armas como a que usava, contendo até galões com munição. Não dividia o quarto, segundo Rhodes ela era desiquilibrada e espaçosa demais para isso.

– Não quero que morram. – disse Corea enquanto nos entregava as pistolas. – Então espero que usem bem isso.

Saímos do quarto da invocadora e já demos de cara com uma aranha de um metro de diâmetro. Era assustadora, os oito olhos que nos encaravam eram negros como a noite, mas brilhavam intensos.

– Bicho asqueroso. – disse Jasper atirando na cabeça do animal uma das facas que carregava no cinto. – Nunca gostei de matar bichos, mas essa é uma exceção nobre.

O aracnídeo gigante caiu para trás. Começou a se desmanchar, formando uma espécie de sombra em forma de cinza. Algo difícil de explicar. A matéria formada se juntou as sombras, nos deixando temerosos sobre o que vinha a seguir. Mas nada aconteceu.

Descemos as escadas correndo. Havia um pequeno tumulto. Elas estavam lá. Provavelmente a que Jasper matara era um filhote. As aranhas ali presentes eram enormes. Entre um meio e meio de diâmetro a dois metros.

– Alguém me acorde, estou tendo um pesadelo. – disse Rivera. – Nunca gostei de insetos, mas isso é um ataque a mim.

– É aracnídeo. – Yves corrigiu. – Agora vamos matar as invasoras.

– Monstros querida. – falei. – Estamos lidando com monstros e pesadelos se quiserem chamar assim.

Lá de cima atirei na gigantesca que avançava contra Murphy. Ele assentiu como agradecimento a aranha que eu paralisei e em seguida fincou a espada na cabeça da pernuda.

Descemos as escadas e avançamos contra as aranhas. Negras e de olhos vermelhos. O cheiro era forte e nos deixava um pouco desorientados. A arma disparou novamente. Estávamos confusos, mas sabíamos o que tínhamos que fazer.

O sangue negro das bichanas iam diretamente para as sombras, como se fossem feitas daquilo e eu não duvidava disso. As aranhas não diminuíam de quantidade como o esperado, parecia que o número aumentava cada vez mais. Era aterrorizante, agradeci pela primeira vez por não ter fobia a aranhas.

– O número delas está aumentando. – disse Jasper enquanto disparava sua flecha.

A munição já estava na metade nos quatro tanques que carregava nas costas. Aquele não era um bom sinal. Algo estava errado.

– As coisas não estão indo bem. – gritei para qualquer invocador que estivesse perto.

– Isso é o inferno. – gritou Delaware cortando a cabeça de uma aranha e subindo em outra, fazendo o mesmo movimento.

Não adiantava. Nenhum movimento nosso dava resultado. Por Drácula, por que isso estava acontecendo? O que aquele projeto de bruxa havia feito?

Delaware foi jogada contra a parede por uma aranha. Ela foi cercada por muitas outras. Não era possível ir até ela para salvá-la, estávamos ocupados tentando salvar nossas próprias vidas.

– Acorde Delaware! – Jasper gritou.

Ela não reagia. Estava no chão e a espada havia se quebrado. As aranhas estavam começando a tampá-la. Aquilo estava começando a me desesperar. Mas alguém, de alma corajosa e tomado pelo desespero, se jogou do degrau superior da escada, saltando e jogando a aranha que estava em cima de Delaware para o lado. Era uma garota de cabelos longos e negros, usando o uniforme dos cavaleiros do obscuro. A garota levantou Delaware e lhe entregou uma pistola.

– Tente usar isso. – a garota sorriu e Delaware assentiu, atirando em seguida nas aranhas que avançaram contra si.

Havia algo naquela garota. Era como se ela tivesse a chave de algo e ela irradiava uma sensação boa. O tipo de sensação de tranquilidade, confiança e acima de tudo força. O que fez com que Delaware se irradiasse também, devolvendo para as sombras todas as aranhas daquele local.

– Uau! – a garota estranha falou. – Sabia que era boa de espada, mas seu forte é o revolver garota.

– Quem é você? – Delaware perguntou.

– Sou Hazel Helsing. – ela respondeu. – Amazona do obscuro e você é Delaware Diamante. Sinto que te conheço a anos.

A invocadora de lobisomens observou a amazona. Pelo olhar, era fácil ver o que Delaware sentia, parecia mesmo conhecê-la. Mas ela mesma não sabia como.

Num piscar de olhos elas estavam ali, maiores do que antes. Aranhas ferozes que queriam nos consumir. Certo, elas eram reais. Não eram parte de Harry Potter ou O Hobbit. Elas estavam ali. Grandes e asquerosas. Destruindo a casa e nos atacando, mas estávamos ali, resistindo.

– Vamos ter que abandonar o casarão! – Jasper gritou. – Elas estão mais fortes e ferozes.

As aranhas babavam. Era uma gosma amarelada, lembrava um vômito gosmento. Cheira a mato, mas embrulhava o estômago. Agora estava em minha camisa, no chão, nas paredes, por todos os cantos. E aquilo era ácido.

Rhodes cruzou por nós, seguido por Doc, no qual o casaco estava corroído pelo ácido. Eles foram seguidos por alguns invocadores e cavaleiros. Do outro lado mais um grupo se juntava. Ambos carregavam mochilas cheias e pesadas.

– Vamos, deixem o casarão. – Rhodes estava nervoso e as lágrimas escorriam de seus olhos gradativamente. – Não podemos contra elas, cada vez mortas elas aumentam de quantidade e tamanho. É inútil.

Yves limpou os olhos. Ela não chorava por fora, mas estava por dentro. Aquela havia se tornado sua casa, a de todos nós. Qualquer um poderia ver e sentir o sofrimento da invocadora.

Deixamos o casarão as pressas. Correndo e esbarrando uns nos outros. Com um aperto no coração. Nós vimos nossas casas pegando fogo, vimos nossas famílias queimando nas chamas. O casarão era parte de nós, nossa morada. Mas e agora? O que restou?

– Sinto muito invocadores. – disse Rhodes caminhando até o rabecão dos invocadores. – Mas temos que admitir que o inimigo é mais forte do que nós. Muito mais forte.

– Não podemos desistir. – disse Gaspar. – Devemos melhorar, somos fortes também.

– Não podem desistir. – disse Otan. – Agora vejo que esta aliança deve ser muito mais fortalecida. Hoje vocês perderam sua casa e amanhã podemos perder a nossa. É um ciclo vicioso. Não sabemos o que pode acontecer amanhã, mas devemos estar preparados.

– Para aonde vamos? – Rivera perguntou. – O casarão também se tornou minha casa. Acho que de Murphy e Delaware também. E agora?

– Há um lugar para ir. – Rhodes respondeu. – Não é tão longe daqui. É uma pequena cidade, se chama Blackriver, vocês já conhecem lá, só não sabem que há um casarão nosso. É meio que reserva. Agora vamos, elas estão ocupada destruindo o casarão e não sei quando vão notar que saímos.

O rabecão havia se tornado um ônibus, com apenas o toque do cristal de Rhodes no capô. Era surpreendente, ainda tínhamos poder. Sorri para Yves e ela me abraçou. Naquele momento soube que não estávamos perdidos, estávamos caminhando para o destino.

Entramos no ônibus e ocupamos os lugares. Sentei em uma das poltronas do fundo e Yves sentou do meu lado, seguida por Rivera, Jasper e Doc.

– Saímos vivos, isso já é um prêmio. – Doc sorria, mas estava triste por dentro, apenas queria demonstrar força.

– Não Doc. – disse Jasper. – Agora que vamos começar a lutar.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo pessoal! O que acharam do capítulo? O que acham que irá acontecer? Comente!