A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 16
Invocador especial


Notas iniciais do capítulo

OII pessoal! Depois de um final de capítulo misterioso, um capítulo mais calmo. Espero que gostem e estou aguardando comentários!



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Você tem medo?

Medo de que?

Não existe amanhã.

Fique em silêncio.

Não lute contra a história.

Nós não vamos te machucar.

Não agora.

Vamos mudar sua vida.

A vida de todos.

E diga a eles que este é apenas o começo.

Eles darão dons.

Nós traremos a morte.

E não há fogo.

Não há água.

Nem terra.

Nada de ar.

Esqueça os raios.

Nós temos a magia antiga.

A magia do começo...

... e do fim.

Minha garganta coçava e eu acordei sufocado, tossindo como se algo estivesse preso. E aquelas palavras não faziam parte de uma visão, pois eu apenas escutava enquanto dormia.

Quando abri os olhos, Yves estava do meu lado. Ela nem havia notado que eu havia acordado. Anotava algo no caderno de visões, mas naquele momento acho que servia como outra coisa.

– Tudo bem com você ou estou atrapalhando? – perguntei com a voz rouca.

Yves olhou para mim e fechou o caderno imediatamente, como se fosse um segredo. Com os olhos arregalados ela sorriu.

– Como acorda assim de repente? – ela parecia surpresa. – Segundo Rivera você ficaria apagado por mais três dias.

– Por quanto tempo fiquei apagado? – perguntei.

– Dois dias. – Yves respondeu. – Mas relaxa, não aconteceu nada de anormal. Só dois vampiros e soubemos de um vampiro do outro lado do mundo. Nada de mais. E você? Dormiu bem?

– Eu acho que estou bem. – respondi ainda fraco. – E o que aconteceu comigo de verdade? Meu braço, ainda parece formigar.

Rivera entrou no quarto e se pôs tampando o sol que iluminava o local. De braços cruzados ela me observou.

– Olá, parece que alguém melhorou e quer saber o que houve. – disse Rivera com um leve tom de deboche. – Pois te digo invocador de vampiros. Você foi mordido por uma sereia e olhou nos olhos dela. E adivinha só, você não morreu. – ela respirou fundo. – Parabéns, invocador.

– Ela quis dizer que você é especial. – disse Doc na porta. – Porque você sobreviveu a uma criatura que estava descontrolada. Uma criatura que quebrou uma regra valiosa. Sem falar que essa criatura nem é a que você tem controle.

– Nunca se alimentar de humanos ou ataca-los, essa é uma das regras. – disse Yves. – Se quebrarem essa regra temos permissão para matar a criatura. E foi exatamente o que fizemos.

Olhei para os invocadores. Nós não protegíamos apenas as criaturas. Protegíamos qualquer forma de vida, para nenhuma se ferir ou ferir outra. E fazer um assassinato também fazia parte.

– Mas o que aconteceu comigo depois. – falei. – Com meu braço.

– Fiz um curativo. – disse Yves. – A sereia conseguiu arrancar um pedaço da sua pele, então o veneno conseguiu entrar na sua circulação sanguínea. Mas não me pergunte como, seu organismo fez o veneno sumir. E em apenas um dia. No outro você apenas ficou descansando.

– Como eu sumi com o veneno? – perguntei. – Meus anticorpos?

– Não. – disse Doc. – Você teria suado muito e isso não aconteceu, já que você praticamente não suou. O que aconteceu com você Hooper é um mistério. Você é diferente, nunca vimos alguém que se recuperasse tão rápido de um veneno de criatura tão perigosa. Rivera e nenhum de nós viu um invocador de outra criatura olhar para os olhos de uma sereia e não ser seduzido.

Todos ficaram em silêncio. Apenas uma pergunta soava em minha mente.

– O que eu sou? – sussurrei.

– Você é diferente. – disse Rhodes entrando no quarto. – Você sobreviveu a uma criatura e ao veneno dela. Não foi controlado e tem visões. Nunca vimos alguém como você.

Observei meus colegas e esperei que alguém dissesse mais algo. Eu queria saber o que era e o que estava acontecendo. Queria muito saber por que as coisas estavam acontecendo daquela forma e logo comigo. E por que eu escutei aquela voz. Sabia que tinha que contar, mas sabia também que isso deixaria aquelas pessoas ainda mais em pânico. Mas tinha que fazer isso.

– Eu escutei uma voz. – falei.

– Que voz? – perguntou Rhodes. – O que dizia? Uma visão?

– Não. – respondi. – Era como um aviso, um presságio. Um recado. Algo do tipo. Como se alguém estivesse falando comigo.

– Quem acha que era? – perguntou Rhodes.

Fiquei em silêncio. Não sabia o que era e não parecia coisa boa. Tentei mais uma vez me lembrar das palavras, das frases sussurradas. E aquilo me causava medo. Um medo diferente de qualquer outro. Um tipo de medo que trazia coragem de lutar. E eu soube o que era.

– As damas da noite. – respondi. – Era uma delas. A voz forte, sussurrada, que provoca medo. Com um tom de ameaça e ao mesmo tempo como se quisesse ajudar. É estranho, muito estranho.

– Lembra-se das palavras? – Rhodes perguntou.

Assenti e olhei para as pessoas dali. Não queria que se sentissem mal. Mas eu tinha que fazer algo e sabia que aquilo era um aviso.

– Você tem medo? Medo de que? – comecei a repetir. - Não existe amanhã. Fique em silêncio. Não lute contra a história. Nós não vamos te machucar. Não agora. Vamos mudar sua vida. A vida de todos. E diga a eles que este é apenas o começo. Eles darão dons. Nós traremos a morte. E não há fogo. Não há água. Nem terra. Nada de ar. Esqueça os raios. Nós temos a magia antiga. A magia do começo e fim.

Eles ficaram em silêncio, esperando mais. Mas não havia mais nada e eu agradecia por isso. De verdade.

– Elas sabem da minha visão. – disse Yves com calma, mas ela estava em fúria por dentro. – Como podem?

– Elas são fortes. – disse Doc. – Nunca subestime o inimigo. Elas podem estar dormindo, mas o olho na Terra está aberto.

– Como fechar o olho? – perguntou Rivera. – Essa é a questão. O olho delas é a lua. Não tem como fechar a lua. Isso colocaria tudo em desiquilíbrio. Todos nós sabemos que as damas da noite fazem parte do equilíbrio, assim como vampiros, sereias, todas as criaturas.

– Tem algo ainda que ainda quero entender. – disse Rhodes caminhando pelo quarto. – Por que mandaram esse aviso por Hooper. Por que você? Um invocador despreparado, que acabou de ser invocado. Alguém que antes, nunca teve contato com o nosso mundo.

Yves olhou imediatamente para mim, como se houvesse um segredo. Olhei para ela e ela apenas abaixou o olhar.

– Não consigo compreender. – disse Rhodes. – Por que você Hooper?

– Porque ele é especial. – disse Rivera. – Talvez porque Drácula o escolheu, assim como escolheu todos vocês, talvez Drácula o escolheu para algo mais. Assim como Iara escolhe os seus invocadores.

– Ou talvez as damas da noite o escolheu. – disse Doc. – É uma hipótese estranha, mas temos que considerar. Já fizeram isso antes, podem ter feito de novo.

– Isso só ocorreu uma vez. – disse Rhodes. – Esqueça isso Doc. Escolheram Morgana uma vez e sabemos qual foi seu destino. Queimada numa fogueira durante a Inquisição. Elas sabem que ninguém pode ser invocador para elas. E se isso acontece sabemos que seria uma mulher.

– Talvez o destino de Hooper tenha em algum momento saído da linha que tinha que percorrer. – Rivera insistia. – Futuros são escolhidos assim como pessoas. O seu líder pode ter escolhido Hooper para algo maior. Todos nós sabemos que isso acontece. Aceite Rhodes que não foi com você.

– Então por que ele está recebendo mensagens de damas da noite? – Rhodes estava nervoso.

– Porque algo aconteceu quando ele ainda era um humano. – disse Yves. – E eu tenho haver com isso.

Todos ficaram em choque. Olhei para Yves e ela tremia. Seus olhos estavam contraídos e sentia sua pulsação. Segurei sua mão e pedi para ela ter calma. Mas ela se soltou.

– É hora de você lembrar algo que nunca poderia lembrar. – disse Yves com um sorriso. – Como sabem eu era muito amiga de Hooper antes de ser invocadora. E houve um dia em que um pedaço de pedra caiu do céu. Nós estávamos no jardim da minha casa comendo batata frita. – ela riu e eu estava me lembrando. – Vimos aquele pedaço de rocha cair como um meteoro, mas não formou uma cratera. Estava quente e frio ao mesmo tempo. Quando segurei estava frio, mas quando Hooper segurava, ficava quente.

– E queimou minha mão. – falei.

– No outro dia você não se lembrava de nada referente aquela pedra escura. – disse Yves. – Era magia de tempo. Ela apaga sua memória, mas em compensação, serve nos momentos certos como um canal de ligação. Para trocar mensagens.

– Magia antiga. – disse Rivera. – Mas isso não responde a questão de que Hooper é diferente de todos nós invocadores. Sabemos que outros invocadores foram tocados por magia do tempo, então não usem isso como resposta. Ele é diferente. Por quê?

– Será que só ele é? – Doc perguntou. – Pois algo me diz que não é só ele o diferente. Rivera você se aproximou de um vampiro e ele não te atacou, você ficou frente a frente com ele. E o vampiro tocou sua cabeça. Poderia ter te matado e não matou.

– O que quer dizer? – Rivera parecia intrigada.

– Acho que todos vocês são especiais. – Doc respondeu. – Acho que todos do dia daquela invocação são especiais.

– Eu ainda não consigo entender. – disse Rhodes. – Por que vocês? Despreparados e não sabem como agir.

– Talvez seja por isso. – disse Yves. – É uma pedra para lapidar. Algo que podem fazer como querem. Eles já sabem que algo maior está vindo. Talvez essa geração sejam as armas da minha visão.

Rhodes estava inconformado. Ele não aceitava que outras pessoas podiam ser mais especiais do que ele, que era o senhor do casarão. Na verdade, eu mesmo não estava compreendendo.

Segurei minha cabeça e me esforcei a entender. Tinha que perguntar. Tinha que saber.

– O que querem dizer? – perguntei. – O que vocês estão falando? Doc, Yves, me digam. O que acham que nós somos?

– Concordamos com Rivera. – disse Doc com um largo sorriso, ele parecia animado. – Vocês foram escolhidos pelos líderes.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo! Caro fantasma, se manifeste. Kkk Até os comentários!