A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 17
Passagem secreta


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Boa tarde! O capítulo de hoje marca o início de uma nova fase da história, espero que gostem! Deixe seu comentário!



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Meu braço ainda estava um pouco inchado, mas segundo Yves já podia desfazer o curativo. Ela puxou as ataduras e parecia um tanto quanto nervosa. Foi quando vi aquela casca vermelha com pequenas manchas azuladas. O aspecto deixava claro que eu havia me recuperado de um envenenamento.

– Na casca ainda tem veneno. – disse Yves. – Mas nada no organismo, então relaxa curioso.

– Ainda não acredito que eu sou especial. – falei. – Como de uma hora pra outra eu me torno super dotado? Sempre fui o zero a esquerda com as pessoas, a única coisa que eu me dava bem era nas notas.

– Até eu aparecer. – Yves riu. – Suas notas caíram bastante. Podemos dizer que eu acabei e iniciei sua vida.

– E agora eu estou numa cama me recuperando de uma mordida de sereia. – comecei a rir. – Obrigado.

– Isso não é culpa minha. – Yves também riu. – Sem falar que eu me tornei sua enfermeira particular. Você em parte tem que me agradecer por estar bem. Sabia que não só especialista em mágica eu também sou em cuidados?

– Assim como Doc é em criaturas? – perguntei e ela assentiu. – Todos tem uma especialidade, né? Menos o Gillis.

– Ele ainda não encontrou. – Yves respondeu. – Mas vai encontrar. Mas a questão hoje não é essa. Doc e eu tivemos uma ideia e você precisa nos acompanhar. Certo, a ideia mesmo partiu da Rivera. Ela é meio doida e sinistra, mas tem boas intenções.

Yves parecia animada. Ela estava determinada e tinha uma ideia, não só dela, mas dos outros invocadores também. E eu não tinha escolha, tinha apenas que segui-la. A invocadora se levantou e eu a segui.

Na porta do quarto a nossa espera estava Doc, Rivera e Murphy. Segundo Yves os outros estavam em suas novas atividades. E estavam mesmo. Treinando no lado de fora do casarão estavam Rhodes e seus novos espadachins. Era para eu estar ali, mas o belo ferimento não permitia. E eu agradecia profundamente por isso.

Pelo passo que saímos do casarão, qualquer um que nos notasse saberia que estávamos saindo escondido. Na ponta dos pés e o mais rápido que conseguíamos.

Entramos na floresta e notei aos poucos o quanto Rivera estava arrumada. Cheia de maquiagem nos olhos e um salto enorme nos pés, sem falar da roupa curta e o enorme decote. Era uma garota fatal de olhos azuis penetrantes.

– Pra onde estamos indo? – perguntei.

– Para fazer algo que nunca fiz antes. – Murphy parecia animado, por mais que estivesse nervoso. – Nunca quebrei uma regra e já não estou gostando.

– Não ajudou muito com essa resposta. – falei.

– Deveriam ter trago o Hiden. – Murphy retrucou.

Rivera se colocou na minha frente e segurou meus ombros. Ela sorria e qualquer um notaria o excesso de batom vermelho que ela tinha nos lábios.

– Estamos fugindo um pouco desse estresse. – Rivera respondeu. – Depois de um machucado desses achamos que você precisa de distração. Na verdade todos nós precisamos.

– Vamos para uma festa! – Doc gritou enquanto girava pelas árvores. – Ou algo parecido.

Olhei para Yves e ela riu. E era de uma forma que eu havia visto poucas vezes e era nas vezes que eu não me lembrava. Na mão ela segurava a mesma lanterna de luz negra.

Continuamos correndo e correndo. E sem medo, apenas vivendo a juventude que estávamos perdendo. Naquele momento senti que aquela vida de invocador era muito melhor do que qualquer outra vida. Não só cheia de aventuras e momentos perigosos, mas também de momento típicos da adolescência. Correndo por uma floresta atrás de algo para distrair.

Ali estávamos nós. Dessa vez parados, mas não estávamos cansados. Apenas paramos porque algo estava para acontecer. Havia uma caverna a nossa frente e Yves deu um passo para frente.

– Nunca fiz isso antes, pelo menos não para esses fins. – disse Yves. – Já abri alguns portais para fazer missões em outros continentes. Nunca pra isso.

– É só um passeio. – disse Rivera indo até ela. – Vocês sabem que merecemos isso.

Yves olhou para mim, era como se ela estivesse fazendo isso por mim. Então apenas assenti. Ela caminhou para dentro da caverna e em seguida ligou a lanterna. Duas vezes houve um flash como de um relâmpago, mas por fim a luz se estabilizou e a nossa frente havia um portal.

Demos as mãos e um passo para frente. Rivera estava aos risos, enquanto Murphy suava frio. Quem diria que um brutamonte daquele seria tão certinho?

– Para aonde querem ir? – Rivera perguntou.

– Qualquer lugar. – Doc respondeu. – Não precisa ser uma festa. Só precisa ser longe daqui. Bem longe.

– Então já sei para onde vamos. – Rivera riu. – Há um lugar onde as pessoas são gentis e vivem a vida como se fosse a coisa mais bela do mundo. Espero que estejam com dinheiro nos bolsos, pois vamos precisar.

Pegamos impulso e corremos contra o portal. Tudo ficou confuso e senti todo meu corpo se misturando. Era como se estivesse em todos os lados e de todas as formas. Mas de repente tudo acabou. Abri os olhos e notei que estávamos em outro lugar.

Era um beco vazio e um pouco escuro. Abandonado. Estávamos todos ali, em outro lugar. Provavelmente bem longe do casarão. Olhei para Yves e ela estava se levantando da queda que sofremos. Guardou a lanterna na mochila que carregava e sorriu. Rivera ajeitava o cabelo que havia ficado bagunçado. Já Doc estava maravilhado, olhando para todos os cantos. Enquanto Murphy vomitava sobre uma pilha de lixo.

– É aqui mesmo Rivera? – Yves perguntou. – Não parece tão limpo e calmo.

– Estamos num beco. – disse Rivera. – Vamos sair dele naturalmente como se nada tivesse acontecido. Lembrando, somos pessoas normais.

– Somos invocadores! – disse Doc.

– Hoje não. – Rivera corrigiu.

Saímos andando naturalmente, do jeito que Rivera havia dito. Como se nós andássemos de um jeito diferente... Mas foi quando saímos do beco que pude entender o que ela havia pedido.

Ser invocador proporcionava uma visão diferente do mundo. Com apenas alguns dias naquela vida, eu já via aquelas coisas normais como fantásticas. Doc e eu corremos desesperados para frente de uma confeitaria, como mortos de fome. Imediatamente os outros foram atrás de nós.

– É disso que eu estava falando. – disse Rivera irritada.

– Estou com fome! – disse Doc já entrando na confeitaria.

O seguimos e apenas naquela loja, Doc gastou todo o dinheiro que havia levado, não apenas com sua comida, mas com a de todos nós. E ele experimentava tudo que via pela frente. Cuspia as comidas que não gostava ou empurrava para nós. Saímos de lá por fim, com a barriga cheia e com Doc com dor de barriga.

Pior do que segurar Doc numa loja de doces, era segurar Rivera numa loja de roupas. Naquele momento todos nós víamos a diferença que havia entre as duas garotas ali. Yves olhava para aquele universo de uma forma desanimada, enquanto Rivera já havia sumido da vista.

– Compra algo Yves. – falei. – Acho que não é sempre que tem uma oportunidade dessas.

– Não mesmo! – Yves riu e cruzou os braços. – Deve saber que nós só usamos duas cores. Invocadores de vampiros usam apenas preto e vermelho. E eu não roupas curtas e decotes exagerados. Não sou Rivera.

– Posso fazer algo por você então? – perguntei surpreendendo a mim mesmo.

Ela riu. Poderia reagir mal, exatamente como eu imaginava, já que Yves era um pouco durona. Mas não. Ela reagiu com um sorriso afirmativo e eu me senti alegre. O problema é que não sabia ao certo o que fazer, só sabia que ia fazer algo.

Sumi assim como Rivera e a procurei por toda loja, que era enorme. Eu não fazia ideia sobre em que área ela estava. Caminhando confuso entre roupas e mais roupas, dei de frente com ela.

– Ei garoto! – ela riu e arrumou o cabelo. – Não quis ficar fazendo cara de paisagem como os outros lá na porta?

– Quero comprar algo pra Yves. – respondi me surpreendendo novamente.

– Um presente pra namoradinha? – Rivera provocou.

– Ela não é minha namorada! – corrigi. – Ela é minha amiga.

– Isso é o que você e ela dizem. – Rivera riu. – Vem, descobri uma parte da loja que é a cara de vocês invocadores de vampiros.

Rivera tinha um gosto sinceramente duvidoso. Era uma garota bonita, com um corpo bonito e com más intenções. A mulher perfeita para quem quer se divertir um pouco. Resumindo, como alguém como Rivera poderia me ajudar a comprar algo para Yves, uma garota incrível que eu conhecia e não conhecia.

Respirei fundo e a segui. Rivera me surpreendeu ao entregar um casaco negro de couro. Não era o tipo de coisa que ela gostava, mas era sem duvida o tipo d coisa que Yves gostaria de ganhar. Nas costas havia um desenho bordado, retratando uma rosa.

– É perfeito para ela. – falei.

Com o dinheiro que tinha nos bolsos consegui pagar o casaco. Era muito mais barato do que havia pensado.

Levei o presente para Yves e enquanto saíamos da loja, ela o abriu. Segurava o casaco com as duas mãos, era pesado e um pouco maior do que ela. Tamanho perfeito. Olhou para mim e sorriu pelo canto dos lábios.

– Obrigada Hooper. – ela agradeceu.

Retribuí o sorriso e Yves, provavelmente sem pensar, me abraçou. Quando nos demos conta do que estávamos fazendo, todos olhavam para nós.

– Desculpe interromper o momento feliz, mas temos que ir. – disse Rivera saindo da loja cheia de sacolas. – Já deu a hora e acho que preciso de tempo para esconder isso tudo no meu quartinho novo.

Caminhamos de volta para o beco. Tivemos um certo problema para tirar Doc da frente da vitrine da confeitaria de antes, mas nada demais. Porém, algo pior estava para acontecer. Ouvimos um grito e em seguida vimos dois homens correndo do beco.

– Tem algo errado. – disse Rivera. – Sinto uma energia forte por aqui. Algo aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Então?! Gostaram do capítulo? Deixe seu comentário e me faça feliz! Até o próximo capítulo!