A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 15
Dentes de sereia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, demorei mas estou aqui! Capítulo hoje é um pouco misterioso, ainda mais porque os deixei ansiosos. Enfim kkk agora vamos a sereia!



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Rivera estava tranquila, enquanto nós estávamos desesperados. Ela estava montando sua mochila com tudo que achava necessário. A esfera de sereia não estava ali, deixando nossa missão ainda mais difícil.

– Diferente de vocês com suas criaturas, nós não usamos sonares para atrair uma sereia. Como sou uma invocadora de sereia, uso uma coisa que vocês usam quando necessário, mas não sabem fazer um bom uso. Nós cantamos. Para controlar uma sereia, fazemos a mesma coisa, ela se dar por derrotada se cantar melhor. Espero que na hora não se intrometam. Por favor, Jasper, nem pense em atirar nela, uma sereia possui uma investida muito boa e dentro d’água são incrivelmente rápidas. Nem pensem em se aproximar dela quando não estiver totalmente controlada, sereias possuem veneno nos dentes. E não olhe nos olhos, ela enfeitiça e te arrasta pra água pra se alimentar. Vocês não tem ideia sobre o tamanho da sorte que temos por ela não estar caminhando sobre a terra. – explicou Rivera.

Estávamos prestando muita atenção em Rivera. Ela estava acostumada com aquilo e sabia que se nós nos intrometêssemos, coisas ruins poderiam acontecer.

– Por favor, façam tudo que eu disser. – disse Rivera. – Eu sou a invocadora de sereia, confiem em mim. – então ela se voltou para Rhodes. – Preparem um barco, vamos precisar.

– Podemos alugar. – disse Jasper. – Não se preocupe.

Corremos para a Kombi seguindo os passos de Rivera, ela se sentou no banco da frente e Jasper acelerou. Assim como o outro automóvel, este também corria sem as rodas tocarem o chão.

Não havia silêncio lá dentro. Gillis não parava de falar o quanto estava animado para ver uma sereia de verdade. Já Doc lia um livro e comentava toda a parte referente às sereias, todos pareciam prestar atenção e Rivera sempre corrigia algo.

Entramos numa estrada estreita e Jasper acelerava cada vez mais. Porém num certo momento, as rodas entraram em contato com o chão. Estávamos chegando. Jasper estacionou a Kombi e descemos perto do lago.

O lugar era enorme, tanto que eu nem me recordava de ter um lago daquele tamanho na nossa cidade. Haviam algumas pessoas fazendo piquenique e outras alugando barcos.

– Ótimo, tá cheio de humano. – disse Hiden. – E agora, o que fazemos? Transformamos todos em lacaios cinza?

– Melhor. – Rivera sorriu e se aproximou da água. – Sabe, nós invocadores de sereias, sabemos alguns truques. E temos alguns privilégios que vocês não têm. Nós mantemos um contato espiritual com nossa líder Iara.

Rivera colocou a mão na água e imediatamente o lago ficou agitado e nuvens começaram a se formar no céu. A encaramos admirados e ela apenas sorriu com confiança. Em seguida retirou a mão.

– Vamos alugar o barco. – disse Rivera.

O senhor que alugava os barcos olhava para o céu. Provavelmente tendo a confirmação que o dia não seria bom. E nós tínhamos essa certeza desde que saímos do casarão.

– Parece que vai chover. – disse o velho.

– Queremos um barco. – disse Jasper.

– O lago é fundo e logo vai escurecer, tem certeza disso? E vai chover também. Não sei se é uma boa ideia.

– Nós decidimos se é uma boa ideia ou não. – disse Rivera. – Queremos o barco e você alugará para nós.

De olhos parados e com uma expressão séria, o senhor parecia ter sido hipnotizado. E ele assentiu e preparou um barco para nós, era o maior que ele tinha e segundo Rivera, era perfeito.

Entramos no barco e o velho se ofereceu para pilotar, mas Rivera sorriu e ele se virou de costas. Rivera ensinou rapidamente Doc a navegar e ele parecia ter nascido para aquilo.

– O que está sentindo Hooper? – Yves perguntou.

– Acho que nada. – respondi.

– Pois é esse o efeito que uma sereia tem quando se aproxima. – Yves respondeu. – E depois vem o frio e quando mais perto estar, você sentirá medo.

– E quando olhar nos olhos dela. – disse Rivera. – Você não sentirá mais nada, pois estará morto. – ela olhou para água e sorriu. – Ela está perto. Espero que todos tenham prestado atenção no que eu falei. Não olhei nos olhos.

Uma batida no casco. Um som agudo invadiu nossos ouvidos. Olhei para a água e Yves me puxou pela camisa. Em seguida todos nós nos abaixamos. E senti frio.

– Ela nos notou. – disse Rivera. – Sereias ficam paralisadas quando se olham no espelho, é uma forma de elas mesmas se hipnotizarem.

Da mochila ela retirou quatro espelhos, em seguida entregou para Yves, Gillis, Hiden e Delaware.

– Quero cada um em cada lado do barco. – disse Rivera. – E por favor, não olhem nos olhos dela.

Rivera caminhou pelo barco e todos se posicionaram. Jasper, Doc, Murphy e eu ficamos parados, abaixados. E a invocadora de sereias começou a contar.

– Um. – Rivera bateu o pé. – Dois. – bateu mais uma vez. – Três. – e de novo. – Quatro. – e com a última pisada, uma cauda azul esverdeada apareceu. – Essa é a parte que vocês sentem medo.

O lago ficou completamente calmo. Tudo em silêncio. E a cauda circulava pelo barco, de um lado para o outro. O frio havia sumido e o que sentia era vontade de me esconder. Era o medo.

– Olha, eu nunca fiz isso, mas já vi pessoas fazendo. – disse Rivera enquanto segurava o medalhão de safira. – Mas é a hora. E para se comunicar com uma sereia, é preciso cantar como uma, ser uma.

Rivera segurou o medalhão com as mãos em concha. Fechou os olhos e abriu um sorriso.

– Da água eu nasço. – disse Rivera. – Da água fui escolhida. Para proteger as sereias, para guardar os humanos. Com uma longa cauda e olhos de água. A sereia que verdadeiramente sou, a diva do mar do além.

Em sereia Rivera começou a se transformar. Mas nada de cauda, apenas mais nadadeiras na perna. No pescoço estavam as brânquias, nos braços as nadadeiras. A roupa havia ficado justa, mas ela não ligava. Não havia uma cauda para rasgar o short que usava. Ela se virou para nós e sorriu, mostrando a fileira de dentes.

– Quando eu cantar ela colocará a parte superior para fora da água, então não olhem para os olhos. – Rivera pediu novamente.

Assentimos e ela começou a cantar. A voz doce de Rivera não era hipnotizante, mas era agradável, muito agradável. A canção era um mesclado de notas agudas. Notas tão especiais que faziam nossas cabeças moverem-se de um lado para o outro. Até que outra voz se intrometeu e aquela voz era da sereia que estava na água.

Um duelo se iniciou. Na água, na superfície, notas agudas e uma sereia estava agora com metade do corpo para fora.

Eu tinha que lembrar apenas uma coisa. Não olhar nos olhos da sereia. Mas a melodia era incrível, porém a de Rivera nos impedia de mover na direção da criatura.

Fechei meus olhos e pensei em tudo que poderia pensar. Tentando lutar contra o desejo que tinha de olhar para a sereia. Tampei os ouvidos. Não podia me mover, não podia abrir os olhos. Mas eu queria e queria muito. Balançava o corpo de um lado para o outro. Queria vê-la, queria muito. Não. Não. Eu não podia. E meus ouvidos confusos não sabiam qual era a voz de quem. Pressionei ainda mais as mãos contra os ouvidos, mas ainda escutava. E ainda queria.

Foi então que contra minha vontade minhas pálpebras se abriram e meus olhos olharam fixamente para a criatura. E era nos olhos. Calmos como a água e azuis, imensamente azuis. Chamavam-me para ir de encontro. E contra minha vontade levantei. E alguém me puxou, mas eu não comandava meu corpo e corri em direção ao que seria minha morte.

Olhos azuis como a água. Que balançavam como ondas. Que hipnotizavam para se alimentar. Mas nos dentes daquela sereia já haviam sangue e pedaços de carne. Pois há alguns metros dali um corpo boiava. E eu soube que aquela sereia não queria se alimentar, mas ferir.

– Não hoje. – falei.

Os dentes encontraram minha pele e fincaram como dentes de um garfo, porém afiados. E o sangue escorreu, mas eu não estava enfeitiçado. Lutei para tirar meu braço da boca dela. Não ligava se deixaria marcas, o que importava era que aquela criatura não deveria me comer. Puxei meu braço e parte da pele ficou presa em seus dentes, mas havia me soltado.

– Eu disse que não seria hoje. – falei.

Caí totalmente tonto no barco. Tudo a minha volta girava, mas uma ultima frase pude escutar.

– Hooper, você é a primeira pessoa que não é um invocador de sereias que olha para uma sereia e não morre. – disse Rivera. – O que você é?


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Notas finais do capítulo

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