Two Faces escrita por S W Lund, Hideki


Capítulo 2
A Cabana




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7:50 da manhã, Escola de Ensino Fundamental TimeDust, Vila Tucun. Yuke e Isabelle chegaram à sala de aula, sendo interceptados na porta por um homem com traços nativos da região amazônica, de mais ou menos 1,80 de altura, vestindo uma camisa polo, calças largas e um tênis comum.

— Muito bonito, senhor Yusuke. — disse o homem. — Chegando atrasado na minha aula pela terceira vez só essa semana. Você sabe que chegando a essa hora entraria somente no segundo horário, não é?

— Foi mal, professor Hélio. É que eu tive um pequeno problema hoje pela manhã, por isso só tô chegando agora. — Respondeu Yuke, desconcertado.

— Sei... — Retrucou Hélio, com tom irônico. — Toda vez uma desculpa diferente. Só me admiro de você, Belle, chegando atrasado junto com ele.

— Ele tava com diarreia, professor. — Disse Isabelle.

— Como é...??? Ai!!! — Questionou Yuke, que logo levou uma cotovelada no braço de Belle.

— Tava ajudando ele, sabe como é... Dando apoio. Vai que ele precisasse de ajuda no meio do caminho caso acontecesse um “desastre".

— É, é. — Concordou Yusuke, passando a mão sobre o local que foi golpeado, meio emburrado, olhando para Belle.

— Ah, sendo assim... Caso precise ir ao banheiro, só me falar. Não vou querer uma “bomba" dessa dentro da minha sala, ok?— Avisou Hélio.

— Ok. — Disseram Yuke e Belle em uníssono. Assim que Hélio virou de costas, Yusuke saudou Belle com seu dedo do meio, e esta logo lhe respondeu a altura mostrando a língua.

Yusuke e Belle tomaram seus lugares na classe, enquanto escutaram alguns garotos comentarem o fato de Yusuke chegar atrasado novamente na aula. Ambos, Yuke e Belle, sentaram perto desse mesmo grupo. Logo, Yuke foi saudado por um garoto de cabelos castanhos escuros, ele não tinha músculos, mas sim um corpo grande e forte para sua idade.

— Eaê, Animal. — Saudou o garoto, com um “toca aqui” de punhos fechados, como soquinhos. — Sente vergonha de chegar atrasado não, mano?

— Sinto, sim. Mas eu me aguento. — Respondeu Yusuke. Logo após se dirigir a outro garoto que também estava lá perto, com quase o mesmo porte físico do garoto anterior, porém mais baixo e um pouco acima do peso, de olhos castanhos e cabelo curto também. Yuke o cumprimentou da mesma maneira.

— Ele é um sem vergonha mesmo, Victor. — Disse Belle, antes de se sentar perto de umas duas garotas no canto da sala.

— Olha, acho que “vadio” seria a palavra mais certa pra se referir a ele. —Falou o garoto que Yuke acabou de cumprimentar. — Ou então vagabundo.

— Você fala como se alguém te levasse a sério, Roy. — Contestou Yusuke. — De nós todos você é o que carrega o título de “mais demente” do grupo.

— Se for pra mencionar os títulos do grupo, você fica com o de “homem que deita com outros homens" da turma. — Disse Noah, sentado um pouco mais ao fundo, mas ainda sim perto o suficiente para debochar de Yuke.

— Olha quem fala, o cara que parece o Ken da Barbie que se esqueceu de ir ao barbeiro. — Contestou Yuke.

— Idaí. O Ken é metrossexual, não gay. — Rebateu Noah. — E você também parece não ir visitar o barbeiro faz tempo, cabeça de capacete.

— Não é querendo me meter não, mas tem um pequeno detalhe do Ken que você pode tá esquecendo... Como algo faltando no meio das pernas. — Comentou Roy.

— Tirou as palavras da minha boca. — Disse Yuke, que sugeria a deficiência peniana de Noah mostrando seu dedo mindinho para ele. Seus amigos logo o imitaram, e todos riram enquanto Noah não soube o que responder.

— Muito bem, vocês desse grupinho aí no meio! — Exclamou Hélio, apontando para o grupo de amigos de Yuke, chamando atenção também do resto da sala. — Melhor começarem a fazer silêncio ou eu vou separar vocês.

A sala logo ficou em silêncio, e todos olharam para frente enquanto Hélio continuava a lecionar, escrevendo no quadro branco com um piloto de cor azul. O local onde estavam não era a maior referência em salas de aula, mas tinha o básico para se dar aula: Uma lousa, pilotos, livros e carteiras para alunos e professor sentarem.

Na classe havia alguns ventiladores de teto e janelas grandes com grades, nas paredes viradas para fora da sala, o que era muito útil em dias quentes. O clima local de Térule chegava a 30° graus Celsius em dias muito quentes, mas a vila era rodeada de árvores, resultado de ficar próximo ao bosque, deixando o ar mais ameno e agradável para os moradores de Tucun.

— Pois bem, na ultima aula nós aprendemos sobre o pós Guerra Fria e a globalização. Hoje nós vamos ver uma pequena introdução a Terceira Guerra Mundial, suas consequências e impactos históricos no nosso cotidiano. Como todos sabem, essa terrível guerra aconteceu há 30 anos, em 2017, quando os países...

O clima da manhã era realmente muito bom, especialmente para alguém que desejava retomar o sono perdido, como Yusuke. O garoto estava praticamente dormindo acordado em plena aula. Ele se espantava um pouco com pequenos barulhos da sala, inclusive com seu amigo o chamando.

— Mano, cê tá um trapo. — Comentou Victor. — Tá com umas olheiras horríveis.

— Horrível é essa tua cara. — Contestou Yuke. — E, aliás, você também tá com olheiras, tem espelho na tua casa, não?

— Eu sei que tô com olheiras, eu passei a noite toda jogando. E você, o que andou fazendo? — Questionou Victor.

— Só não consigo dormir. Aí agora tô com sono no meio da aula... E olha que eu gosto de história. — Respondeu o garoto, quase bocejando.

— Se bem que essa aula tá um saco mesmo. Na verdade a vida é um saco. Não acontece nada de interessante nessa vila. Seria legal se alguma coisa acontecesse de vez em quando.

— Tipo o quê? — Yuke perguntou.

— Sei lá... Um meteoro caísse na Terra e do nada a gente ganhasse uns poderes. Seria da hora.

— Cara, eu tenho quase certeza que tem algum anime com isso na história. Cê precisa parar de virar a noite assistindo animes, também. — Contou Yuke, e os dois riram. — Mas você tem razão. Seria bom se algo acontecesse de vez em quando.

Logo o um sinal tocou, e todos saíram para o intervalo. Yuke se dirigiu junto de seus amigos até uma área aberta, dentro das dependências de sua escola. Havia uma pequena parte de terreno em formato retangular com uma trave em cada canto, onde crianças jogavam futebol.

O local do refeitório era uma área coberta entre a pequena quadra de futebol e as salas de aula. Era grande o suficiente para abrigar pelo menos umas 300 crianças, mas havia apenas algumas no local, incluindo Yuke e seus amigos, que se sentaram em uma das mesas dispostas lá.

— Galera, vocês já ouviram falar da cabana abandonada nos bosques? — Perguntou Roy, enquanto mastigava uma barra de cereal que pegou na cantina ao lado.

— Aquela que fica perto do cemitério? — Indagou Yuke, tentando abrir um sachê de Ketchup que ganhou ao comprar uma coxinha na venda da cantina.

— Sim, essa mesmo. — Confirmou Roy. — Boatos pelos corredores dizem que o local é assombrado. Tem até uns caras que fazem o ensino médio na cidade que combinaram de ir lá hoje à meia-noite.

— Meia-noite? — Questionou Victor, enquanto tomava um suco de caixa sabor laranja — Pensei que os portões da vila fechavam perto desse horário por conta das coisas que aparecem à noite lá fora.

— E fecha. — Respondeu Roy, terminando de mastigar sua barra de cereal — Só que, pelo que eu soube, eles têm algum tipo de trato ou esquema com o filho do guarda do portão.

— Isso é loucura. Ir lá fora nesse horário é suicídio! — Exclamou Noah, enquanto comia da mesma barra de cereal que Roy. — Só um bando de idiotas iria naquele local abandonado fora dos portões da Vila, ainda mais a essa hora da noite!

— Ué, pensei que fosse do tipo cético em relação a essas coisas, Noah. — Disse Yuke, enquanto mastigava sua coxinha e com a boca toda suja de ketchup.

— Eu estava me referindo aos monstros que aparecem à noite lá fora. — Disse Noah, cruzando os braços. — Fantasmas e casas mal assombradas não é o tipo de coisa que eu acredito. Só acredito no que eu já vi.

— E você lá já viu algum monstro de lá de fora? — Indagou Roy, comendo uma segunda e última barra de cereal.

— Claro que não! Mas só porque eu nunca saí da vila à noite. E também as pessoas sempre nos alertam sobre não ir lá fora nesse horário.

— Aham. — Disse Yuke, com um tom de sarcasmo. — Fala mais sobre a cabana, Roy.

— Bem, as histórias sobre essa cabana já são meio antigas. Dizem que um velho senhor morava lá. O prefeito da vila o encarregou de zelar pelo cemitério, entregando um medalhão que o protegia das criaturas da noite que vagam lá fora, caso ele precisasse sair de casa. Como era um homem com uma idade meio avançada, ele acabou morrendo dormindo em sua cadeira enquanto assistia TV. Descobriram seu corpo quando ele não foi mais visto pela vila, como costumava sempre ir pela manhã. Desde aí dizem que ele ainda protege aqueles túmulos, assustando qualquer um que invadir o cemitério.

— Acho que devo ter lido sobre essa história na internet. — Victor comentou enquanto terminava o seu suco favorito. — Só que eu pensei que era uma Creppypasta ou algo assim, sabe. Essas lendas de internet, que teria sido escrito por alguém que more em Tucun.

— Eu escutei Belle me contando algo sobre o irmão mais velho de uma das amigas dela, Rose, ir a um lugar assombrado pra gravar uns vídeos só de zueira com uns amigos. — Citou Yuke. — Acho que devem ser os mesmos caras.

— Não faço ideia de quem seja. — Falou Noah.

— Como que você não nota com quem a sua irmã anda, mano? — Questionou Victor.

— Olha só, Noah. Aquela ruiva de cabelo curto perto da Belle, ela é a Rose. — Yuke Disse enquanto apontava com os dedos, visivelmente engordurados, para uma garota de cabelos vermelhos vivos, lisos e estilo Chanel, que conversava ao longe com Isabelle e mais outra garota de cabelos negros, também liso, e mechas da cor rosa.

Depois de notar que Yusuke e os outros estavam a olhando, suas bochechas ficaram rosadas.

— Ah. O que foi, Rose? — Perguntou Belle, ao ver que a garota desviou a atenção da conversa.

— Ah, nada não. — Respondeu Rose, desconcertada.

A outra garota, de cabelo com mechas rosadas, percebeu o motivo de sua desatenção.

— Era porque os garotos estavam olhando pra você, não é? — Questionou a terceira entre Rose e Isabelle.

— Quê???

— Qual é, vai negar mesmo? Se bem que se eu tivesse um garoto como o irmão da Belle olhando pra mim... — Disse a garota de cabelo colorido, admirando o cético. — Aquele cabelo dele e os lindos olhos azuis que tem...

— Que nojo, cê deve ter algum problema. — Disse Isabelle, com um tom de repulsa. — Não vai me dizer que você também fica babando pelo meu irmão, Rose!

— Não, não! — Exclamou a ruiva — Mas até que o Yuke é bonitinho...

— Então é o Yuke?! É dele de quem você gosta?

— N-NÃO É BEM ASSIM!!! — Lançou Rose, suas bochechas coraram ainda mais — EU SÓ DISSE TER ACHADO ELE BONITO.

Isabelle pareceu meio indiferente, mas as duas garotas não perceberam.

— Que coisa. O Yuke é um garoto estranho, igual o resto dos amigos dele. — Falou Ju. — Exceto o lindo do Noah, claro!

— Noah também é outro esquisito... — Disse baixinho Isabelle.

— Olha você não fala assim do meu futuro marido, tá?

— Eu falo dele como eu quiser, ele é meu irmão.

A briga das duas pôde ser percebida ao longe pelo grupo de Yuke. Rose ainda parecia envergonhada.

— Elas começaram a brigar depois que o Yuke apontou pra lá ou é impressão minha? — Questionou Noah.

— Eu acho que sim. Pelo que eu consigo entender daqui, elas parecem estar brigando por sua causa. — Respondeu Yuke.

— E como você pode dizer isso?

— Leitura labial. Coisas que se aprende vendo muito filme de espionagem.

— Era só o que faltava, as garotas tão brigando por conta do Ken humano. — Comentou Victor.

— Pois é né. Parece que ter cara de gay faz você ter mais sucesso com as garotas. — Zoou Roy.

— Nada a ver. — Defendeu-se Noah. — Se fosse por isso, o Yuke também tem cara e o sucesso dele com garotas é o mesmo sucesso que tem na prova de matemática, nulo.

— Ow. Isso não teve graça! — Exclamou Yusuke, revoltado.

De repente, ouve-se um som de campainha elétrica.

— Droga, o intervalo acabou. — Disse Yuke. — Preciso de guardanapos pra limpar a mão.

— Outra hora a gente termina a conversa sobre o lance da cabana. — Comentou Roy.

Os rapazes recolheram o lixo de seus lanches, com exceção de Noah que jogou a embalagem da barra de cereal no chão. Logo após, se dirigiram até a sala de aula, no meio de outras crianças que faziam o mesmo. Depois de saírem da aula, Noah foi direto para o Orfanato, enquanto Yuke e Isabelle pararam no colégio de educação infantil para buscar o trio de crianças que haviam deixado lá pela manhã e retornaram com elas para o orfanato também.

Chegando em casa, Tesshin estava esperando-os, pois precisava da ajuda de Isabelle, que o ajudou a preparar o almoço, como de costume. Os outros apenas ajudaram a pôr a mesa e a limpar os pratos depois da refeição feita. Repetiram o mesmo na hora do jantar.

Quando o relógio da casa marcava 21 horas, estavam todos indo para os quartos. Noah, Yuke e Diogo dividiam o mesmo quarto, cada um em uma cama diferente, dispostas no lugar. Jin, Joe e Isabelle também dividiam o quarto da mesma maneira que os outros garotos. Havia mais dois quartos além desses, que eram divididos por um corredor, um deles era onde Tesshin repousava, o outro era o quarto de hóspedes. Este último não havia nada além de uma cama simples e uma cômoda, assim como nos outros quartos.

Jin, a garotinha que tinha os cabelos castanhos e de maria-chiquinha, corria pelo corredor com um lobo de pelúcia nos braços, que era quase do seu tamanho, até chegar à Yuke que estava em suas cobertas.

— Yuki, Yuki!! — Chamava Jin.

— Ah... É você, pequena Jin. — Disse Yuke, esfregando os olhos com as mãos — O que foi? Teve um pesadelo?

A pequena sorriu para ele e ofereceu seu bicho de pelúcia.

— Quê, você esta me dando o Coragem? — Questionou Yusuke. — Sem ele, quem você vai abraçar caso tenha um sonho ruim?

— Belle disse que você está tendo pesadelos... Você precisa dele mais do que eu! Eu não tô tendo mais pesadelos, e qualquer coisa eu vou pra cama dela.

— Ah... Mas eu não posso aceitar assim, ele é seu.

— Por favor!! Eu te empresto ele até conseguir dormir bem.

— Aaaah... Tá bom. — Yuke falou, suspirando. — Mas vá dormir, todos nós temos que acordar cedo de novo amanhã!

— Tá bom!

Jin sorriu enquanto deixava o quarto correndo. Yuke pegou o animal de pelúcia, encarou por alguns segundos, abraçou-o e tentou dormir. As luzes do orfanato se apagaram, luzes das casas vizinhas também foram apagando uma por uma. Com o tempo, o fluxo de pessoas diminuiu nas ruas, e apenas a iluminação pública e a lua clarearam as ruas da vila de Tucun. O único som que se ouvia era o silêncio ensurdecedor da noite.

Em meio à paz noturna, notava-se uma movimentação estranha para o horário: um grupo de adolescentes estavam andando pelas ruas, apesar de o relógio digital no pulso de um deles marcar 23:45, não pareciam se preocupar com assaltos ou coisa do tipo.

O grupo era composto de três rapazes e uma moça. Eles aparentavam ter entre 16 a 17 anos de idade. Um dos garotos era moreno, tinha os cabelos levemente cacheados e os olhos castanhos escuros, usava uma camisa preta com a logo de uma banda de rap em letras brancas, calça comprida azul e um tênis branco. O segundo rapaz tinha o cabelo preto e os olhos castanhos claros, usava um boné de cor azul dos lados e na aba branco, na parte da frente, uma camisa cinza com estampa de um cara andando de skate, calça azul rasgada e um sapato de cano longo preto.

O terceiro rapaz era ruivo, de olhos cor de mel, usava um casaco de moletom branco, calça preta e sapatos pretos também. A garota tinha os cabelos cacheados e cheios, os olhos verdes e era morena. Usava uma camisa de banda de rock toda preta, calça azul escura toda rasgada e uma bota preta. Com um piercing no septo, a garota parecia ser namorada do garoto ruivo ou coisa assim. Todos eles estavam de mochila e lanternas nas mãos, indo em direção ao portão sul de Tucun, que dá no caminho para os bosques.

Chegando lá, se depararam com os portões fechados. Os portões pareciam ter um grande diamante ou cristal em formato mais parecido com losango bem no meio dele, de cor verde, e com umas inscrições tribais indecifráveis desenhadas.

Ao lado, havia uma guarita e um homem no topo dela, olhando por cima do portão. Da parte de baixo, saiu um garoto de mais ou menos a mesma idade que o grupo parado em frente ao portão. Ele tinha o cabelo curto e olhos castanhos, vestia uma camisa de manga comprida preta, uma calça de moletom cinza e tênis branco. Logo se aproximou dos outros adolescentes.

— Já é quase a hora. Você vai abrir o portão pra gente? — Perguntou o ruivo.

— Trouxeram o prometido? — Perguntou o garoto que saiu da guarita.

—75 pratas ao todo, 25 de cada. — Comentou o moreno.

— O combinado era 50 pratas cada um! — Protestou o garoto da guarita.

— Relaxa, o resto a gente dá amanhã quando voltar de lá. — Disse o garoto de boné.

— Não esquece que vamos trazer o seu precioso livro de lá também. — Comentou a garota do grupo.

— Ok. Eu peguei a chave do meu pai quando ele não estava vendo. Lembrem-se, só liguem a lanterna quando chegarem às árvores no começo do bosque, senão meu pai vai notar vocês.

O garoto da guarita, que tinha traços asiáticos, pegou uma enorme chave dos bolsos e pressionou contra uma fechadura no meio do portão, abrindo-o suavemente, que fez um ranger de metal bem baixo. Um por um, os quatro passaram pelo portão.

— Fica atento ao código pra abrir o portão rapidamente, caso a gente precise. — Disse o ruivo ao se afastar do portão, antes do garoto asiático o fechar da mesma maneira que abriu.

O grupo seguiu uns 100 metros por uma área gramada, com muita cautela, e passos curtos até chegarem a uma parte em que se notavam várias arvores, a entrada para o bosque.

— Cara, isso é muito sinistro. — Afirmou o garoto de boné.

— Acho melhor a gente ligar as lanternas agora. — Disse a garota morena.

Cada um ligou sua lanterna, e começaram andar mais uns metros para a esquerda no bosque, até avistarem um campo aberto, uma planície com grama um pouco alta e uma cabana aparentemente abandonada. Lápides eram notadas a esquerda e o local era iluminado apenas pela luz do luar.

— Olha lá, aí está o lugar onde a gente vai passar a noite. Hehehe. — comentou o garoto moreno, apontando para a cabana.

De repente, algo passou voando, muito rápido, por cima da cabeça dos garotos.

— AAAAAH... Mmmf. — Gritou a garota, mas logo teve sua boca tampada pelo ruivo.

— Relaxa, Luísa.—Disse o Ruivo. — Foi só um morcego.

— Melhor não fazer nenhum barulho até chegarmos a casa. — Disse o garoto de cabelos pretos. — Tivemos sorte de não ter encontrado com alguma criatura da noite até agora.

— O Philip tem razão. — Comentou o de boné. — Mas é pra isso que eu trouxe essa belezura aqui!

 O garoto tira uma 12 de suas costas, que estava escondida atrás da mochila, enrolado em uma manta.

— Você trouxe mesmo a escopeta do seu pai, Tiago? — Questionou o ruivo.

— Só por precaução, Derik. Não vou arranjar problemas se colocar no lugar quando chegar em casa. Você trouxe a câmera? Melhor começar a gravar.

— Eu trouxe até a pistola do meu tio. Espero não gastar nenhuma munição, essas coisas são difíceis de arranjar hoje em dia na vila. Já liguei a câmera.

Depois de andar mais alguns poucos metros novamente, o grupo parou em frente à casa abandonada. Os sinais de que ninguém vivia mais no local fazia algum tempo eram visíveis. A grama estava para aparar, a casa estava com a madeira visivelmente apodrecendo e tinha musgos para todo lado. Todos pareciam hesitar em entrar na casa, pelo clima pesado não ser muito bem receptivo.

— Bem, a gente vai ficar parado aqui ou vai entrar logo? — Questionou a Luísa.


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Notas finais do capítulo

Eu me empolguei legal nesse capítulo, chegando a mais de 3.000 palavras! Aliás eu queria deixar alguns agradecimentos a Luke Valmos, que também tem suas histórias na plataforna, que está me ajudando com a revisão e postagem enquanto to sem pc :"v. Visitem as fics dele! https://fanfiction.com.br/u/146116/



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