Two Faces escrita por S W Lund, Hideki


Capítulo 1
Apenas Um Dia Normal


Notas iniciais do capítulo

Não sei se notaram, mas eu excluí os outros capítulos e reescrevi esse, rebootando assim tudo. Espero que gostem dessa nova versão!



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Era manhã, mais ou menos às seis. O sol já começava a brilhar, o galo cantava, uma suave brisa da manhã soprava folhas de cima de suas árvores. Podia-se ver que algumas casas abriam suas janelas, portas se abriam, pessoas saiam cedo e cumprimentavam uns aos outros enquanto caminhavam em direção ao trabalho, sendo ele na cidade próxima dali, ou então em suas lavouras e criações de animais.

Era apenas mais um amanhecer como qualquer outro na pacata vila Tucun, um pouco longe de Minami – uma das quatro cidades no interior de Térule, lugar que antes eram as fronteiras entre Pará, Maranhão e Roraima, estados do antigo país chamado Brasil.

Em uma casa relativamente grande em específico, havia um garoto ainda dormindo enquanto outros da sua idade estavam se levantando e preparando para ir até a escola, inclusive crianças que moravam ali nessa mesma casa com ele. Esse menino estava inquieto, mesmo adormecido, balbuciando alguma coisa como se estivesse tendo um sonho ruim.

Um corredor estreito e muito mal iluminado era tudo que conseguia ver olhando até o horizonte. Uma sensação estranha preenchia seu interior, como se o vazio daquele corredor o sufocasse de alguma maneira. Suava frio, seus batimentos aceleravam. Ele sentiu que de trás de seus ombros alguma coisa o espreitava e então olhou para trás apenas para deparar o mesmo que já viu olhando para frente – um corredor estreito e escuro, nada mais –, então começou a caminhar mesmo sem enxergar nada.

Algo por baixo da sua camisa de dormir começou a brilhar: era seu medalhão, brilhando como se fosse uma lanterna. Boa! Agora poderia enxergar por onde andava. Depois de alguns minutos andando como em loop pelo corredor, ele sentiu novamente a sensação de estar sendo observado. Ao olhar por trás de seus ombros, podia jurar que viu alguma coisa no escuro, de olhos vermelhos. Apressou o passo, e seu coração começou a acelerar mais uma vez.

A sensação só piorava e agora ele sentia que estava sendo seguido, mas hesitava olhar para trás, até que sua curiosidade foi maior e finalmente olhou, só para se deparar com alguma coisa gigante, de cabelos longos e extremamente magra, era possível ver os ossos de sua costela e peitos marcando sua pele toda negra, mesmo naquele escuro. Seus olhos brilhavam um vermelho intenso que se destacava no escuro e seu rosto era deformado, com um sorriso humanamente impossível que pode ser visto graças ao garoto que focou a luz de seu medalhão no rosto da criatura, como em um reflexo de medo, desnorteando-a por um momento.

O rapaz gritou espantado com o show de horrores ambulante e saiu correndo, só para ser seguido pela criatura, que era tão grande que não cabia no corredor, tendo que praticamente se espremer e se arrastar pelas paredes de uma maneira bizarra para tentar alcançar o garoto. Os esforços em meio ao pânico de sair correndo com o tempo pareceram ter surtido efeito, pois a criatura ficou para trás, pelo que pode observar o garoto olhando para trás enquanto ainda estava a correr.

Por conta de sua distração, o rapaz acabou esbarrando de cara em alguma coisa de vidro – pelo o que deu pra sentir no impacto do seu rosto ao objeto antes de cair no chão, devido à interrupção em sua pequena maratona pela própria vida –. Após juntar o adorno iluminado, que carregava no pescoço, do chão, e logo após se assustar com o próprio reflexo, percebeu estar de frente a um enorme espelho bloqueando a passagem. O medo aumentou, pois agora para onde iria fugir da criatura que logo, logo iria o alcançar?

O garoto entrou em desespero e tentou forçar os cantos do espelho, como se buscasse uma abertura ou um jeito de tirá-lo do caminho e até tentou o quebrar na base dos socos e chutes, tentativas essas todas falhas. Até que, ainda forçando as frestas do espelho, percebeu pelo reflexo que o monstro estava logo atrás dele, esperando para arrancar seu pescoço apenas com uma “patada".

— Esse é o fim, não há pra onde correr ou onde se esconder mais. Eu sempre acabo achando você… — disse a criatura com uma voz horrível, babando e dando com a língua entre seus dentes afiados.

E em frações de segundos, o garoto percebeu que seu reflexo mudou para um espectro todo escuro, com olhos prateados. Apenas momentos antes do monstro mostrar suas garras com a intenção de cravá-las em sua cabeça, quando…

— YUKE, ACORDA!!! — exclamou uma garotinha loira e com cabelos lisos, puxando o garoto de suas cobertas, o fazendo cair no chão.

— AAAAAAAAH!!! Tá maluca, Isabelle?! Você me derrubou no chão, sua idiota!

— Você devia me agradecer por te acordar desse jeito todos os dias, já que anda dormindo demais e perdendo o horário da aula! — exclamou a garota.

— Humpf…

Yuke se levantou desnorteado, agarrando suas cobertas e as jogando na cama, dando as costas para Isabelle por um momento enquanto lembrava-se do sonho que acabou de ter.

— Inclusive… agora mesmo você está atrasado!

— O QUÊ? QUE HORAS SÃO? — gritou Yuke preocupado, procurando nas gavetas de sua cômoda a roupa para ir à escola.

— São sete horas. Sua aula começa as sete e trinta, esqueceu? Você parece esquecer isso todos os dias.

— Droga!!! Se bem que isso explica o fato de você ja está arrumada.

— Sim. A propósito… melhor se apressar a ir tomar banho antes que o pequeno Diogo entre no banheiro, ele estava procurando a toalha. Ainda mais você que demora no banho fazendo sei lá o quê…

— O que quer dizer com isso, Belle…??? — Pergunta o garoto, com o tom esquisito na voz.

— Ham.. nada não. — respondeu Isabelle, tentando disfarçar. — Vô Tesshin tá esperando a gente pra tomar café, então eu já vou indo. Hehe...

— Não, peraí! Me ajuda ao menos a achar minha farda ou minha toalha!!!

— Se vira! — Diz Isabelle, deixando o quarto.

— Tsc, garotas… — suspirou Yuke, tirando farda da escola toda amassada de dentro de uma das gavetas.

Depois da conversa amistosa das duas crianças, Yuke perdeu uns minutos esperando o garotinho Diogo de 8 anos sair do banheiro, para poder tomar banho e conseguiu se arrumar a tempo de o relógio da casa marcar 7:15. Logo após, ele se dirigiu a cozinha, onde havia outras crianças terminando o café da manhã e apanhando suas mochilas que estavam penduradas cuidadosamente perto da porta de saída. Na mesa havia um garoto loiro e de olhos azuis, que aparentava ser mais velho que Yuke e ser irmão de Isabelle – que também estava sentada a mesa –, e um homem alto de cabelos longos brancos, aparentava ter no minimo 50 anos de idade.

O garoto e Isabelle estavam vestidos a mesma farda escolar que Yuke, uma camisa branca com o bordado das mangas e gola de cor preta, com a diferença de que suas calças e sapatos eram diferentes.

Yuke estava com o cabelo, que é castanho muito escuro e ondulado, bem bagunçado. Calçavam tênis All Star preto e branco surrado e sujo como se não o lavasse desde o dia que foi comprado e vestia calça comprida azul toda amarrotada, o garoto mais velho na mesa estava com o cabelo, relativamente comprido, bem penteado. Calçava um tênis preto e vestia calça preta com uma corrente presa da cintura até um dos bolsos.

A garota estava com o cabelo amarrado de um dos lados, usava uma calça azul genérica com alguns detalhes nos bolsos e uma bota vermelha. O homem velho na mesa usava uma roupa ornamentada oriental branca, do tipo que se usa na china. Yuke chega perto da mesa, pega qualquer coisa e começa a comer com pressa.

— Wow, wow… Vai com calma, filho. — Disse o homem velho. — Não cai bem pra um garoto de 14 anos como você comer rápido desse jeito, Yusuke Myamoto. Vai acabar passando mal!

— Eu sei, Tesshin. Mas eu tô com pressa, tô extremamente atrasado!

— Pra variar… — Disse o garoto mais velho sentado a mesa, comendo uma fatia de bolo.

— Não enche, Noah. — indignou-se Yuke. — Você também já deveria ter ido acompanhar os garotinhos até a escola.

— Deveria… se fosse meu dia de fazer isso hoje. — Respondeu Noah, jogando um guardanapo, que usou para limpar a boca, na mesa. — Tô de saída, agora. Até mais, panaca.

— Tchau, maninho!! — Se despediu Isabelle, com um tom doce na voz.

— Mas o quê…

— É o seu dia de levá-los a escola, Yuke.– Disse Tesshin. — Eu mesmo os levaria, mas tenho coisas a fazer em Minami.

— Era só que me faltava. Agora que eu me atraso mesmo… — Disse Yuke, sussurrando.

— Disse algo? — Tesshin, o homem velho, questionou.

— Ah… Não, não. Só disse que tenho que ir agora mesmo. Hehehe. Vem, Belle! — Respondeu Yuke, levantando da mesa e puxando Isabelle por um dos braços.

— PERAÍ, EU AINDA NÃO TERMINEI O CAF…

Perto da porta, Diogo de 8 anos, uma garotinha de 6 anos chamada Jin e Joe que aparentava ter 10 anos, irmão da garota já mencionada anteriormente, estavam esperando na porta de mochila e bem arrumados com suas fardas vermelho vivo e calças azuis.

— Ah, vocês estão aí. O Yuke já vai levar vocês junto comigo, ele devia ir sozinho, mas eu não confio muito nele por conta de ser um tapado e acabar perdendo um de vocês no caminho. — Zoou Belle.

— Mas fui eu quem te chamou pra vir... — Comentou Yusuke.

Já um pouco longe da casa, Tesshin observava da porta os garotos indo em direção a escola.

“Ah, crianças. E pensar que houve dias em que essas terras estavam em chamas e cada um de vocês estavam ao relento por aí” Pensou Tesshin. “Graças a Deus que estamos salvos por de trás dos portões da vila e que eu encontrei cada um de vocês sãos e salvos. Dependendo de mim ainda continuarão bem protegidos por baixo do teto desse orfanato. Em outra época, vocês estariam em perigo andando por aí sozinhos assim”

Um pouco longe dali, Yusuke e Isabelle deixam os garotos em um colégio para crianças de ensino infantil. Após se despedirem, foram a caminho de TimeDust, a escola de Ensino Fundamental que estudavam. Eram mais ou menos umas 7:35 AM.

— Não acredito que vou chegar atrasada por sua causa. — Reclamou Isabelle.

— Tsc, saindo de casa você disse que ia me acompanhar até a escola dos garotos porque eu “iria perder um deles". — Contestou Yuke.

— Eu sei o que eu disse, ok. Você devia me agradecer por isso igual ao fato de eu ter te acordado pela manhã!

— Você quis dizer “quase ter me matado me fazendo cair no chão daquele jeito”? — Questionou Yusuke com um tom irônico.

— Detalhes… apenas pequenos detalhes. — Debochou Belle.

— Aham, aham. Se bem que… eu devia te agradecer mesmo. Você me fez acordar de um sonho muito ruim.

— Ah… Aquele mesmo pesadelo de novo? — Perguntou a garota loura.

— Sim. Já faz tempo que venho tendo esse mesmo pesadelo. Por isso eu ando perdendo o horário da escola, eu não consigo dormir por conta desse sonho ruim.

— Entendi… Já disse que devia contar ao vovô.

— Não, deve ser só algo da minha cabeça. O velho Harley já tem muita coisa pra se preocupar, como as coisas que tão faltando pro orfanato… — Disse Yuke, com um semblante abatido.

— Ah. Tudo bem então. Posso ao menos dizer ao Noah?

— Eu já contei. Ele ficou me zoando, dizendo que ter pesadelos é coisa de criança. Como você que tem 13. Olha que ele só é um ano mais velho que eu.

— Ele é meio assim as vezes… — Respondeu Bella, um pouco abatida.

— Nem ligo, ele é um babaca. O ruim disso tudo é que eu sinto como se essa coisa que me persegue no sonho… estivesse me seguindo ou me observando pelos cantos escuros das ruas, na vida real.

Logo após a conversa, Belle pensou ter visto algo quando passaram em frente a um beco escuro já perto da escola, mas logo notou que não era nada. Quando os dois se afastaram, algo de formato humanoide e com olhos vermelhos ascendeu em meio a sombra da lata de lixo no local já citado, observando os dois entrarem na escola ao longe.


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Notas finais do capítulo

Bem, a minha intenção era deixar só esse capítulo por enquanto e focar em outra historia menor que eu também pretendo upar aqui mas, como as ideias vem surgindo, é bem provável eu atualizar os capítulos com frequência dessa história. Então não percam a continuação desse capítulo posteriormente!



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