Two Faces escrita por S W Lund, Hideki


Capítulo 3
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Notas iniciais do capítulo

Como faz algum tempo desde minha última atualização, sugiro que releiam o capítulo anterior para entender o que acontece nesse.



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Cabana no antigo Cemitério Tucun, Bosque de Térule. 00:15 da madrugada. Um grupo composto de três rapazes e uma moça adentram na casa assombrada.

— Vocês perceberam que esse lugar parece maior por dentro? — Questiona Philip.

 — Já, você diz isso toda vez que botamos os pés aqui. — Diz Tiago. — Vamos logo pegar esse troço e dar o fora o quanto antes.

— Beleza, vamos nos separar. — Derek fala enquanto passa a câmera para Luíza. — Segura aqui pra mim.

— Tá, pra quê a gente vai gravar tudo mesmo? — Pergunta Philip.

— É só no caso de algo acontecer com a gente, nós vamos ter como provar dessa vez. — Responde Derek — E talvez consiga pegar aquele velho safado na câmera, ele machucou a Luísa da outra vez que viemos!

— Eu... E-eu já disse que não foi nada!

— Tanto faz, só vamos logo atrás dessa merda e ir pra casa! — Exclama Tiago.

— Ta, eu e a Luísa vamos procurar na cozinha. Vocês dois procuram nos quartos que ficam no segundo andar. — Diz o ruivo.

Tiago e Philip sobem as escadas e procuram por algo nos criados-mudos dos quartos e debaixo das camas, porém não acham nada além de poeira e teias de aranha. Derek e Luísa também não tiveram sucesso em sua busca pela cozinha, eles não encontram nada além de panelas vazias e enferrujadas e antigos talheres de prata.

— Nada aqui. — Avisa Derek, apontando com sua lanterna na direção dos seus amigos que desciam as escadas.

— Nada aqui também. — Informa Tiago, enquanto terminava de descer o ultimo degrau com Philip.

— Ei, Tiago. Pra quê a escopeta? — Questiona o moreno ao garoto de boné.

— Você é chato com essas suas perguntas, viu?! — Reclama Tiago.

— Isso é só porque ele não veio da ultima vez, pega leve com ele. — Fala Derek. — É só porque quando viemos aqui da outra vez nós esbarramos com coisas que não devíamos encontrar vindas do cemitério.

— Tipo gente viva? — Diz Philip.

O grupo fica em silêncio por alguns segundos até começarem a rir. Tiago começou a acenar negativamente com a cabeça.

— Vamos procurar na sala dessa vez. — Sugere Luísa contendo o riso, enquanto enquadra seus amigos na câmera filmadora.

A sala é composta de um sofá que dá de frente a uma televisão antiga, um tapete vermelho em formato oval bem no centro e uma poltrona acolchoada bem ao canto. Os quatro continuam sua busca na sala, quando um barulho de louças batendo vindo da cozinha começa a soar.

— Vocês ouviram isso? — Pergunta a garota morena, movendo a câmera em direção a cozinha.

— Provavelmente é o fantasma do velho querendo dizer "Está ficando quente". — Brinca Philip, fazendo referência a brincadeira "quente ou frio".

— *Tsc* Tu é muito sem graça, Philip, vai se foder! — Diz Derek, quase rindo.

Quando os quatro começam a procurar no chão ao redor do sofá, o barulho na cozinha fica mais agressivo.

— Quente, quente! — Exclama Philip.

— Cala essa boca, Philip! — Lança Tiago ao moreno, rindo de nervoso por conta do medo.

— Achei! — Exclama Luísa após retirar um livro vermelho, velho e empoeirado, debaixo da cadeira acolchoada no canto da sala. Logo ela enquadra o objeto, que tinha diversos símbolos estranhos inscritos na capa.

De repente, barulho que estava cada vez mais agressivo cessa abruptamente.

— Achou mesmo. — Confirma Philip, reagindo ao silêncio que ficou após a garota achar o objeto.

— Bem, então é isso. — Diz Tiago. — Vamos logo antes que...

Tiago é interrompido pelo barulho de estática da televisão que aparentemente ligou sozinha, o que assusta o restante de seus amigos. Luísa vira e começa a filmar a televisão.

— Ah, menos mal é só a TV. — Diz Philip aliviado.

— Pera, aqui não tem energia. Como que a TV...

— Mas que merda é aquela ali! — Assustado, Philip interrompe Tiago, apontando para um espectro humanoide com a aparência de um senhor idoso, que estava parado em frente as escadas no segundo andar.

— Porra! — Exclama Derek ao se assustar com o fantasma, que aparece bem no meio dos quatro e os lança a parede, fazendo com que os objetos nas mãos deles fossem derrubados no chão como resposta ao impacto.

A criatura fantasmagórica caminha em direção a Luíza, sussurrando algo que não podia ser bem entendido por ninguém naquela sala. Derek, percebendo que o espectro estava próximo de sua namorada, saca sua arma do chão e se levanta, preparado para efetuar um disparo nas costas da coisa.

— Hoje não, seu merda! — Vocifera o ruivo, efetuando um disparo. A bala ricocheteia na parede e estoura, lançando um pó branco e cristalino bem no fantasma que, agonizando, some no ar.

— Ué... Mas como? — Questiona a morena de cabelos cacheados, levantando ao mesmo tempo que recobrava a consciência.

— Simples: Bala de sal grosso, Baby! — Responde Derek. — Depois do que houve da ultima vez, decidi vir mais bem preparado pra hoje.

— Ta, mas seja lá o efeito que isso fez nele, melhor nós pegarmos o livro e darmos o fora daqui o quanto antes. — Expôs o garoto de boné, enquanto levantava, sacando sua escopeta do chão.

— Ele tem razão. — Concorda Philip, sacando uma barra de ferro das costa que estava preso em sua mochila. Enquanto isso, Luísa recolhe do chão o livro e a câmera, sendo que o primeiro objeto ela guarda em sua bolsa.

— Uma barra de ferro, sério? — Questiona Tiago.

— O quê? foi a única coisa que consegui arranjar. Nem todo mundo tem gente casca grossa na família, sabia?

— Ah, que seja. Vamos logo antes que... PUTA MERDA!!! — Espanta-se Tiago com uma criatura humanoide alta, magra e toda negra, de olhos vermelhos e que se parece um pouco com o espectro fantasmagórico anterior. A criatura, que também tem o corpo como se estivesse em decomposição, está por detrás dos ombros do garoto moreno.

— Merda! — Exclama Philip, tentando golpear a criatura que estava em suas costas usando a barra de ferro, porém ela some no ar antes de que o objeto entrasse em atrito com sua pele.

Espantados, os quatro saem correndo até a saída da cabana. Em um descuido, Luísa tropeça em um arbusto e derruba a câmera na grama.

— Merda, a câmera! — Pragueja Luísa.

— Quem se importa com a câmera, outro dia a gente vem buscar! — Exclama Derek, puxando Luísa pelo braço.

Já um pouco distante da entrada do local, os quatro percebem que a criatura vem os seguindo, rastejando no chão. Ela segue em direção a Tiago, porém é recebida carinhosamente a tiros de escopeta, o que a deixa atordoada.

— Come bala, sua desgraça! — Lança o garoto de boné.

Após levar alguns tiros, o monstro fica para trás na escuridão. Tiago continua correndo e alcança os outros três que estavam na frente.

— Mas o quê caralhos foi aquilo? — Questiona Tiago.

— Eu não sei, mas eu é que não quero ficar pra trás e descobrir! — Responde Derek.

— Olha só, já estamos no meio do caminho. Falta só mais uns passos até o port... AAARRRGH!!!

Philip é interrompido pela criatura, que puxou pelos seus pés para longe. Derek para de correr e tenta efetuar alguns disparos no ser negro em decomposição, até que este desaparece no escuro junto do grito de socorro do seu amigo capturado.

— Philip!!! — Exclama o ruivo, enquanto recarrega sua pistola com munições que pegou da própria bolsa.

— Vamos, Derek. Ele já era! — Tiago lança.

Faltando mais ou menos a distância de um quarteirão e meio até os portões, a criatura reaparece rastejando no chão, vindo cada vez mais rápido na direção dos três que sobraram. De repente, outras criaturas idênticas a primeira começaram a brotar do solo gramado dos campos de Térule, como zumbis saindo de seus túmulos.

— Droga, devem ser as criaturas da noite. Nunca pensei que ia viver pra ver uma! — Disse Tiago desesperado.

— E muito menos eu, e não é só uma. — Derek acrescenta.

— E agora, o que vamos fazer? — Questiona Luísa.

— Nós já estamos chegando, então quem puder atirar, atira e quem puder correr, corre!

— Parece uma ideia muito boa. — Concorda Tiago, disparando contra uma criatura que estava a poucos metros dele.

— Essa é uma ideia horrível! — Exclama a garota morena, que corria desesperada. — A pior ideia que já tiveram!!!

O trio continua correndo até avistar o portão de Tucun, estando mais ou menos um quarteirão de distância agora.

— Ali está! Nós só temos que... NÃO!!! — Grita Tiago, no momento que é puxado para trás por duas criaturas que o levaram para as sombras. Barulhos de disparos de escopeta puderam ser ouvidos, mas logo silenciaram.

— Merda, Tiago!!! — Exclama Derek.

— Droga, estão todos ficando para trás... — Diz Luíza, abalada e quase chorando.

— Escuta só, nada vai acontecer a você hoje, ok? Eu vou ficar pra trás e te proteger. — Fala Derek.

— Nem pensar, eu não vou deixar você morrer! — Lança Luísa, com lágrimas no rosto.

— Nem eu. Vamos, eu vou ficar bem! estou logo atrás de você.

Derek profere suas palavras enquanto enxuga as lágrimas de Luísa. Logo eles trocam olhares e se beijam.

— Agora vamos, o portão está bem ali! — Fala Derek, após o beijo.

— Certo!

O casal continua a correr. Derek está mais atrás, atirando nas criaturas que não param de brotar do chão. Quando chegam perto o suficiente do portão, Derek e Luísa começam a piscar suas lanternas em direção a torre de vigilância da vila, onde o garoto asiático está os aguardando. O ruivo faz uma pausa para recarregar a pistola enquanto a garota de cabelos cacheados continua piscando sua lanterna e chamando do lado de fora.

— Yuri, abre a droga do portão! Vamos, abre essa droga!!! — Luísa ficava repetindo várias vezes até que o portão foi suavemente se abrindo para ela entrar.

— Merda, vocês demoraram! — Yuri, o garoto asiático, saúda Luísa do lado de dentro. — Cadê o resto do pessoal? Todos precisam entrar ao mesmo tempo!

— Merda, Luísa! Entra logo ness... AAAAARRGHHH!!! — Derek acaba sofrendo do mesmo destino que seus amigos, sendo capturado e levado para as sombras.

— DEREK!!! — Vocifera Luísa, que logo é puxada para dentro por Yuri. Após isso, o asiático tenta empurrar o portão de volta para o lugar.

— Rápido, me ajuda a empurrar isso aqui!

— Mas o Derek... Ele...

— Não importa mais, ele se foi! Me ajuda a fechar essa merda antes que essas criaturas causem desgraças na vila!

— Derek... — Diz Luíza, caindo em lágrimas enquanto empurra o portão, fechando antes que qualquer coisa pudesse entrar.

O Sol começa a aparecer no horizonte e os primeiros raios da manhã começavam a irradiar sobre a vila Tucun, que ainda não tinha conhecimento sobre a madrugada horrível do lado de fora de seus portões.Os habitantes acordavam como se fosse novamente um dia normal – e como de costume – uma garota loura puxava as cobertas da cama de um garoto que dormia demais, não muito longe dali.

— Acorda, seu vadio! — Exclama Isabelle.

— Aiê! — Geme de dor Yusuke, caindo de cara no chão.

— Isso já tá virando rotina, vou te comprar um despertador! — Diz Belle enquanto Yuke se levantava do chão.

— Eu preferiria um despertador do que você que sempre me faz beijar o solo todas as manhãs... — Reclama Yuke, acariciando o seu rosto.

Em alguns minutos, Yuke fica pronto e senta na mesa para a primeira refeição do dia. Havia uma TV presa por uma haste no teto perto do local das refeições, que estava ligada no noticiário da manhã informando sobre as primeiras notícias do dia. Havia uma moça bela de cabelos compridos e castanhos informando sobre o desaparecimento de 3 garotos na madrugada do dia anterior para o atual.

— Que milagre você ter conseguido se arrumar mais cedo hoje, Yuke. — Fala Noah.

— É. Eu deixei tudo pronto pra hoje na noite passada. — Diz Yuke enquanto mastiga uma torrada.

— “... notícias superficiais dadas para a redação do programa relatam que três jovens e uma moça arranjaram um jeito de sair no portão a noite e apenas a garota retornou acidade...” — Fala a repórter na TV.

— Ei, espera. Aumenta o volume ai, vô! — Lança Isabelle para Tesshin, que pega o controle na mesa e aumenta o volume da televisão. Todos presentes tomam sua atenção a tela da TV.

— “... eram eles Philip Martin de 16 anos, Tiago Pereira de 17 anos e Derek Sugar de também 17. A polícia disse que irá investigar o caso, porém para começar as buscas é preciso esperar 24 horas sem ter notícias dos mesmos para que entrem em quadro de desaparecidos. A única que voltou para casa, Luísa Johnson, não quis falar sobre o assunto. Ela será interrogada esta manhã na Seccional de Tucun.” — Disse a repórter, enquanto fotos daqueles que ela estava descrevendo apareciam na tela.

— Ei, esse Derek... — Yuke fala depois de dar uma pausa ao tomar café.

— Será que... é o irmão da minha amiga, Rose? — Completa Bellle, que também parou de tomar seu café.


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