Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 20
Consequences - Parte 01


Notas iniciais do capítulo

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Elisabeth abriu os olhos vagarosamente para sentir a tonteira lhe tomar assim como o mal-estar. Estava exausta, como se uma manada de elefantes tivesse sapateado em suas costas e cabeça a noite inteira. Demorou horas até pegar no sono. Chorou tudo o que prendeu na casa dos Stormfields, mas nada era maior do que a dor da vergonha que sentia. Como pôde ser tão ingênua? Envergonhada era pouco para como se sentia por realmente ter pensando que Theodore correspondia a algum de seus sentimentos. A única explicação plausível era que mesmo depois de todos esses anos seu coração ainda batia dentro de si como o da Lisa de 15 anos de idade quando se apaixonou pela primeira vez. Se odiava por isso. Encarou o relógio e percebeu que estava mais cedo do que ela imaginava e do que precisava acordar realmente. Virou na cama. De um lado para o outro. Se cobria e descobria. Suspirava. De repente o barulho da porta se abrindo chamou sua atenção para a mesma. Jennifer sorriu.

—Ouvi o barulho da sua cama do meu quarto, e queria saber como você está... – Disse quase num sussurro. – Rose me contou o que houve. – Disse.

—Não me diga que me avisou, por favor. – Lisa implorou colocando o edredom sobre o rosto.

—Eu não faria isso. – A amiga respondeu fazendo Elisabeth se descobrir e logo começar a chorar. Jennifer suspirou e correu até a amiga para se sentar ao seu lado, permitindo que a mesma a abraçasse pela cintura, deitando em seu colo. – Amiga, eu sinto tanto por te ver assim... – Jennifer acariciou seus cabelos.

—Você realmente tinha razão. – Elisabeth resmungou. – Eu sou uma completa imbecil por não saber disso desde o início, ele sempre deixou tão claro. – Completou.

—Não, ele não deixou nada claro. – Jennifer retrucou. – Todo mundo falava sobre como ele olhava pra você, e por mais que eu tenha tido receio desde o início, eu tinha que admitir que ele parecia minimamente interessado. – Falou.

—Eu me iludi, porque a verdade é que ele nunca sequer tentou algo, mas mesmo assim eu sinto tanta raiva dele e de mim mesma por estar aqui chorando por isso. – Elisabeth fungou antes de passar a mão embaixo dos olhos a fim de secá-los.

—Então levanta, toma um banho e sai, tenha um tempo só pra você, peça uma folga. – Jennifer sugeriu. – Aliás, eu posso faltar minhas aulas de hoje e a gente sai juntas, só nós duas como não fazemos há meses. – Riu fazendo a amiga rir também.

—Eu não sei... Annabeth estava tão triste com essa notícia, e o Joshua não fica bem sozinho ainda mais no meio de toda aquela tensão... Greg também está mal. – Explicou.

—Lisa, sei que você ama aquelas crianças, mas você precisa de um tempo. – Jennifer disse. Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa o telefone de Elisabeth tocou e as duas leram o nome de Logan escrito na tela.

—Oi... – Elisabeth atendeu.

—Minha babá favorita. – Brincou Logan fazendo-a rir. – Estou ligando pra avisar que cheguei da conferência em Chicago e que eu não vou deixar você negar o meu pedido de jantar comigo hoje à noite. – Disse. Elisabeth suspirou com isso, mas logo Jennifer fez uma careta e começou a balançar as mãos falando pra amiga responder positivamente a isso.

—Ah eu ainda não sei se vou trabalhar... – Elisabeth disse recebendo um olhar incomodado de Jennifer.

—Lisa, por favor, eu sei que somos só amigos, mas eu to morrendo de saudades, mal conseguimos conversar nos últimos dias por causa da minha viagem, eu só quero ter uma noite agradável com você. – Ele disse fazendo Jennifer sorrir e Lisa corar.

—Tudo bem, eu também estou com saudades. – Ela sorriu. – Vou pedir uma folga... – Falou.

—Se o Stormfield negar eu mesmo ligo pra ele e o faço mudar de ideia. – Logan respondeu animado. – Te pego as oito, tudo bem? – Disse.

—Tudo bem... – Ela sorriu com as bochechas coradas. – Tchau, Logan... – Completou.

—Tchau, minha Lisa... – Ele falou carinhoso. Ela desligou em seguida.

—"Minha Lisa"- Zombou Jennifer recebendo um empurrão da amiga que gargalhou junto a ela. – Você tem que dar uma chance real pra esse cara. – Implorou Jenny.

—Eu e ele somos só amigos. – Retrucou ela.

—Você está vivendo uma mentira, Elisabeth Sullivan! – Jennifer se levantou caminhando em direção a porta.

—Falou a namorada do Harry. – Elisabeth disse fazendo uma careta esperta.

—Falou a que me dedurou pro Phillips! – Ela rolou os olhos. – Fez aquele imbecil aparecer aqui pra me pegar na mentira. – Rolou os olhos.

—Como eu ia imaginar que você e o Harry estavam aos beijos pra pregar uma peça no Nicholas? – Elisabeth riu.

—Deveria ter imaginado. – Jennifer retrucou. – Bom, já que você já arrumou um programa novo eu vou me arrumar pra ir pra faculdade. – Disse.

—Boa aula. – Elisabeth sorriu vendo a amiga saindo do seu quarto. Pegou o celular e discou o número da casa dos Stormfields. Não demorou muito para que Theodore atendesse o telefone. Ainda era cedo, ainda assim ela estranhou o ato, já que ele era normalmente o primeiro a passar rente pelo aparelho quando o mesmo tocava.

—Alô. – Ele disse um tanto afobado. Ela demorou a responder. – Lisa? – Theodore perguntou como se chutasse e esperasse que fosse ela, e na verdade realmente esperava.

—Bom dia, senhor Stormfield. – Ela respondeu firmemente. – Eu estou ligando para pedir a minha folga pra hoje, eu tenho um compromisso. – Explicou. Theodore suspirou vendo a frieza dela, mas ela tinha total razão em agir assim, então ele apenas relevou e voltou a responde-la.

—Tudo bem. – Respondeu. – As crianças vão sentir sua falta... – Falou calmamente.

—E eu delas, mas realmente preciso de uma folga hoje... – Ela sussurrou.

—Eu compreendo, e espero que tenha um bom dia, Lisa. – Ele disse tristonho.

—Tenha um bom dia também, senhor Stormfield. – Ela respondeu e rapidamente desligou. Theodore bufou. Só ele sabia a dor que estava sentindo dentro de si. Mas não teve muito tempo para pensar nisso, pois Victoria logo surgiu ali abraçando-o por trás. Ele se sentiu enrijecer com isso.

—Bom dia, meu amor. – Ela falou carinhosamente. – Quem era? – Perguntou.

—Elisabeth. – Ele respondeu um tanto seco se soltando dos braços dela e caminhando até a cozinha. Ela o seguiu.- Pediu o dia de folga. – Completou.

—Eu acho isso ótimo, quer dizer, vamos nos casar, eu preciso me integrar com as crianças e convenhamos que com ela aqui isso se torna impossível, ela os mima demais. – Reclamou antes de rolar os olhos. Theodore ignorou.

—Eu vou indo para a empresa. – Disse. Mas antes que pudesse mover um músculo um grito agudo vindo do quarto de Annabeth o fez arregalar os olhos e correr para alcançar o andar superior em questão de segundos. Victoria revirou os olhos, mas logo o seguiu fingindo preocupação. – Filha! – Ele chamou vendo-a chorar intensamente. – O que houve? – Perguntou pegando a menina em seus braços.

—Tive um pesadelo... – Ela choramingou ainda mais enquanto sentia o pai abraça-la.

—Está tudo bem... – Ele sussurrou. – Eu vou pegar um pouco de leite pra você se acalmar. – Theodore disse carinhosamente para logo sair as pressas do quarto. Victoria encarou fielmente a menina que apenas desviou o olhar, mas ela então caminhou até mais próximo da cama e se sentou ao lado da menina.

—Teve um pesadelo... – Disse e a pequena Annabeth apenas assentiu. – Olha só sua monstrinha, eu acho bom encerrar esse show de drama que está dando desde ontem quando soube do casamento. – Disse numa voz grosseira.

—Me deixa! – Annabeth retrucou, mas logo Victoria agarrou seu braço com força fazendo os olhos da pequena se arregalarem pelo ato inesperado.

—Você vai aprender a me respeitar numa boa ou do jeito ruim, garotinha. – Sorriu maldosa. – Eu vou me casar com o seu pai, eu vou mandar nessa casa, eu vou demitir a sua babá querida, e se você não quiser que eu arrume um jeito de seu pai te colocar num internato bem longe daqui acho melhor começar a sorrir e dizer pro seu papaizinho que está amando o fato dele se casar de novo e comigo. – Victoria falou agora soltando-a com certa violência, fazendo a menina cair sobre a cama novamente. Annabeth ainda assustada a encarou com os olhos molhados. – E vê se engole esse choro antes que seu pai chegue. – Disse. – Estamos entendidas? – Sorriu falsamente. Annabeth apenas assentiu e logo fungou a fim de se livrar das lágrimas. – E Annabeth... Aí de você se abrir a boca pro seu pai, pra Lisa ou para qualquer um. – Completou. A pequena abaixou a cabeça amedrontada. Nesse momento Theodore retornou ao quarto.

—Aqui, minha princesa. – Estendeu o copo de leite. – Não deve estar tão bom quanto o que a Lisa faz, mas acho que pode te ajudar a voltar a dormir... – Sorriu. Ela pegou o copo e vagarosamente começou a beber. – Agora descansa, porque eu vou pedir ao chofer pra te levar a escola hoje. – Explicou.

—Querido. – Victoria o chamou. – O que acha de eu leva-la? – Disse fazendo Annabeth encará-la com certo pavor. – Sabe que eu amo ficar com essa princesinha linda. – Sorriu agora deixando suas mãos acariciarem as bochechas grandes e coradas de Annabeth que forçou um sorriso. – O que você acha, Annabeth de eu levar você, vamos poder brincar e conversar muito, só nós duas... – Victoria disse num tom assustador para a pequena que encarou o pai que parecia aguardar por uma resposta sem perceber nada incomum ali.

—Acho... que vai ser legal... – Annabeth respondeu fazendo Victoria sorrir. Theodore sorriu suavemente também.

—Volte a dormir, ainda é muito cedo pra você ficar de pé. – Ele beijou o topo da cabeça da filha e caminhou até a porta. Victoria então se inclinou sobre a cama e depositou um beijo na bochecha de Annabeth, sem deixar um comentário maldoso escapar num sussurro no ouvido da pequena. – Muito bem, Annabeth. – Disse e sorriu pra menina antes de caminhar para fora do quarto também. Annabeth se permitiu chorar quando os dois a deixaram sozinha finalmente.

***

Gregory estava em seu quarto jogado sobre a cama. A noite tinha sido a pior que poderia imaginar. Não pregou os olhos. Apenas ligou para Laura inúmeras vezes sendo devidamente ignorado por ela que não atendia as ligações e sequer respondia alguma mensagem. Se sentia péssimo. Ser um Stormfield sempre o perseguiu em suas relações ao longo da vida, mas era a primeira vez que isso pesava tanto. Se perguntava agora porque ele também não havia dito nada em meio as palavras absurdas e sujas de Geórgia. Esperar pelo pai, quer dizer, já não era mais uma criança necessitada da defesa da figura paterna que sequer acreditava que tinha realmente. Mas no fundo sabia que tudo o que queria era que o pai pelo menos uma vez demonstrasse proteção a ele. Mas era pedir demais. Mais uma vez pegou o telefone e discou o número de Laura, mas caiu direto na caixa postal.

—Laura... – Sussurrou. – Sou eu de novo, pela milésima vez. – Disse. Theodore parou ao lado da porta para escutar o filho, sem coragem de entrar. – Eu sei que você odeia o meu mundo e que não quer fazer parte dele e quer saber tudo bem, porque a minha mãe também odiava e também se negava a ser parte disso tudo. – Ele completou fazendo Theodore respirar fundo por saber da veracidade daquelas palavras. – Foi por isso que ela morreu... Os Stormfield a sufocaram, sugaram tudo o que era bom nela. – Continuou. Theodore coçou os olhos em agonia. – Mas isso nunca aconteceria com você, porque diferentemente do Theodore eu não quero ficar nesse mundo também, e eu não vou te forçar nunca a ficar nele. É só você dizer que estamos bem e que me aceita e eu largo tudo isso aqui pra trás e vou ficar com você, porque sinceramente eu não quero viver nas sombras do meu sobrenome, cercado de mágoas, dores e infelicidade. Laura, eu só quero ficar com você. – Concluiu. – Espero que me ligue. – Disse antes de desligar. Suspirou. Theodore pensou em bater à porta e adentrar, mas desistiu e se retirou.

****

Victoria sorria instintivamente enquanto seus dedos seguravam fielmente o celular. – Estou ótima também. – Disse para a pessoa do outro lado da linha. – Na verdade eu posso dizer que estou realizada, e acredito que você melhor do que ninguém sabe como é se sentir assim, então sabe do que estou falando! – Riu. – Ah, não, não fale isso, sabe que é verdade, você foi atrás do que sempre quis e conseguiu, é a minha inspiração! – Completou. – Me prometa que vai tirar essas coisas da sua cabeça, por favor, precisa ser feliz também, é um direito seu. – Falou maldosa. – Também sinto sua falta. – Sorriu e desligou o telefone em seguida. Theodore retornou à sala nesse momento e Victoria estava praticamente deitada sobre o sofá, numa pose tipicamente de madame. Nas mãos dela uma planilha bem-feita e em seu rosto um sorriso vitorioso.

—Eu estou indo para a empresa. – Ele avisou caminhando diretamente até a porta.

—Não antes de conversarmos sobre algo importante. – Victoria sorriu.

—Eu não posso mesmo deixar de ir agora, tenho uma reunião importante. – Explicou.

—E eu tenho o nosso casamento para planejar, meu amor, achei que isso era importante para nós dois, Theo. – Ela ralhou fazendo-o respirar fundo. Ele então caminhou até o outro sofá e se sentou de frente para ela. – Bom, eu estive pensando e quero falar sobre nossos padrinhos. – Disse.

—Não temos o que falar sobre isso, os padrinhos serão o Matt e o Nick. – Theodore respondeu pontualmente.

—Eu estava pensando em colocar meu irmão James e meu primo Nathan. – Victoria sugeriu fazendo-o franzir o cenho.

—Por que? – Ele questionou confuso.

—Porque eu quero padrinhos que estejam felizes pelo meu casamento e não que ao receberem a notícia preferiram te dar as costas, ou você acha que eu não percebi a infelicidade dos dois com a notícia? – Ela falou antes de rolar os olhos.

—Victoria, eles ficaram magoados por eu não ter contado, mas não pode me pedir para excluir meu irmão e meu melhor amigo disso. – Falou Theodore um tanto incomodado.

—E você não pode me pedir para excluir meu irmão e meu primo, Theo. – Ela retrucou fazendo-o virar os olhos.

—Você sabe como eles vão se sentir se eu disser que eles ficaram na plateia de tudo, como convidados quaisquer? – Indagou fazendo com que ela risse frouxo.

—Acha mesmo que eles querem participar disso? – Victoria arqueou a sobrancelha. – Acha que eles estão felizes por nós? – Riu. – Theodore, eles simplesmente me odeiam e você está prestes a se casar comigo e não consegue perceber que eles ficaram felizes se você casasse com qualquer uma que não fosse eu! – Victoria choramingou. – Eu só quero ter o casamento dos meus sonhos, você sabe que eu nunca casei. – Reclamou. Theodore suspirou com aquilo.

—Tudo bem, Victoria, faça como quiser, o casamento vai ser inteiro de decisão sua. – Falou antes de se levantar e caminhar até ela para depositar um beijo no topo de sua testa. Mas antes que ele pudesse voltar a caminhar, ela segurou firme em sua gravata e o puxou até ela, depositando um beijo intenso em seus lábios. Theodore sabia o quanto queria fugir daquilo, mas também sabia que isso era natural, afinal, ela em breve se tornaria sua esposa e por mais dolorido aquilo fosse, especialmente porque seu pensamento era inundado por Elisabeth vinte quatro horas por dia. Ela passou seus braços em torno do pescoço dele e o beijava com intensidade. Theodore a parou depois de um certo tempo e sorriu forçadamente. – Vamos sair pra jantar hoje. – Disse tentando interromper aquilo.

—Acho uma ideia ótima. – Ela sorriu.

—Agora eu tenho que ir, tudo bem? – Falou e ela assentiu. – Até mais tarde. – Completou e caminhou para fora do apartamento.

****

Matthew estava em sua sala. Normalmente não costumava chegar tão cedo na empresa, mas dessa vez havia dormido por lá mesmo. Brigara com Rose de uma maneira pesada e incomum para eles. Ela resolveu que seria o horário ideal para dar um sermão nele por seu comportamento diante da situação do casamento de Theodore. Sabia que ela até estava certa, afinal, Theodore é seu irmão e precisava de seu apoio ainda que ele não concordasse muito com sua escolha. Mas era difícil, mediante a toda a situação. Não queria ver o irmão ainda mais depressivo e retraído dentro de suas mágoas, mas agora só conseguia se sentir mal por Rose. Odiava brigar com ela, e especialmente dessa vez porque no auge de sua irritação ele saiu de casa e a deixou falando sozinha, sem contar o fato de ter resolvido dormir fora de casa. Ela certamente estava furiosa com isso. Se levantou do sofá e viu que haviam mensagens de voz em seu celular. Resolveu então escutá-las.

—"Matthew, pelo amor de Deus, aonde você está? Eu to preocupada, dá pra pelo menos ter a consideração de me ligar? " – A voz de Rose soou.

"Matthew, o que deu em você? Eu sei que está com raiva, e que tem tido dias estressantes na Stormfield, mas que isso, não somos assim, onde você está? Volta pra casa. " — Ela disse agora mais preocupada. Matthew coçou os olhos ouvindo o resto da mensagem e se culpando extremamente por ter exagerado tanto em sua reação. De repente a porta se abriu dando lugar para uma Hillary que sorria confiantemente.

—Nem pense nisso. – Ele disse logo. – Eu já disse pra você... – Ele ia falando, mas ela logo o interrompeu.

—Seu avô pediu para assinar esse documento para a liberação do caso Holkins contra Fox. – Ela sorriu. Matthew engoliu a seco.

—Me desculpe. – Pediu antes de coçar os olhos. – Eu não sei mesmo o que deu em mim hoje. – Resmungou. Hillary se aproximou e se sentou ao lado dele.

—Você está bem? – Perguntou.

—Ando estressado com a empresa, com coisas familiares... Acabo descontando em pessoas que não tem culpa de nada. – Ele torceu os lábios.

—Sabe, senhor Stormfield, as vezes precisa aprender a extravasar. – Hillary sorriu.

—Tem razão, alguma sugestão? – Perguntou.

—Que tal luta? – Ela sugeriu.

—Parece uma boa alternativa. – Ele riu fazendo-a rir junto a ele. – Obrigado pela ajuda, senhorita Clinton. – Disse fazendo-a sorrir. Nesse momento Rose apareceu ali, vendo os dois sentados sobre o sofá da sala, e a blusa amarrotada de Matt. Ela caminhou lentamente para dentro da sala sendo percebida somente após alguns segundos, por Matthew que assim que a avistou se levantou as pressas com os olhos um tanto arregalados ao avistar o cenho franzido de Rose e logo deduzir a suspeita da namorada. – Rose? – Ele disse fazendo Hillary se virar pra ela também.

—O que isso significa? – Rose questionou quase incrédula.

—Não é o que você tá pensando... – Matthew ia dizendo, mas ela, logo interrompeu suas palavras.

—Não? – Riu. – Quer dizer, a gente briga, você sai feito um furacão de casa, dorme fora, não retorna minhas ligações sequer pra dizer que está bem, aí eu chego aqui e você está com a camisa toda amassada e essa garota dos eu lado! – Rose falou irritada.

—Olha, eu só vim entregar uns papéis... – Hillary ia dizendo, mas Rose interrompeu.

—Cala a boca. – Rose disse grosseira.

—Rose, que isso, não precisa falar com ela desse jeito, você está entendendo tudo errado! – Matthew retrucou. Rose riu ironicamente e deu as costas pra ele. Nesse momento, Theodore apareceu na porta vendo Rose passar por ele feito um furacão.

—Que gritaria é essa? – Questionou num tom autoritário.

—Sinto muito, senhor Stormfield. – Disse Hillary caminhando para fora da sala.

—Senhorita Clinton, peça para que ninguém entre, por favor. – Disse Theodore e ela apenas assentiu. Ele encarou Matthew que arrumava as roupas agora, a fim de ir atrás de Rose. – Matthew, o que aconteceu aqui? – Questionou.

—Dormi aqui depois de uma briga com a Rose, a Hillary veio entregar uns papéis, me deu um conselho e a Rose viu tudo e achou que eu dormi aqui com ela! – Disse.

—E você dormiu? – Theodore perguntou fazendo Matthew encará-lo incrédulo.

—Eu não sou como você, Theodore, eu não faço uma garota achar que sou apaixonado por ela e depois peço outra em casamento. – Retrucou irritado. – Eu amo a Rose, brigamos, eu fui grosseiro e exagerei, mas amo aquela mulher e não vou nunca fazê-la mal. – Completou.

—Tudo bem, tem razão, me desculpe pela pergunta. – Theodore falou antes de inspirar profundamente. – Será que posso falar com você um minuto? – Perguntou.

—Não é uma boa hora, eu vou atrás da Rose. – Disse Matthew terminando de se arrumar.

—Victoria não acha uma boa ideia que você e Nicholas sejam nossos padrinhos. – Disse prontamente fazendo Matthew parar de executar suas tarefas para encará-lo com o cenho franzido.

—O que disse? – Falou incrédulo.

—Eu não quis bater de frente, sabe eu não quero mesmo começar tudo isso com brigas e estresse... – Theodore ia dizendo, mas a voz de Matthew o cortou.

—Por favor, diga que é uma piada de mal gosto, só pra me castigar por ter me irritado com você ontem. – Pediu com um sorriso irônico em semblante. Theodore desviou os olhos do irmão.

—Não. É verdade. – Respondeu. Matt riu sarcasticamente. – Olha, sabe que o que eu mais quero é você e o Nick ao meu lado nesse dia, mas eu sei e a Victoria também sabe, que vocês dois não estão nada a favor desse casamento e... – Ia dizendo.

—É Theodore, eu não estou a favor desse teatro ridículo que vai ser seu casamento, tem razão, mas você é meu irmão! – Retrucou. – Se eu não consigo sorrir sinceramente pra tudo isso é por um único motivo que é saber que isso não te faz feliz, porque sinceramente se me dissesse que ama aquela mulher e que ela te faz feliz mais do que qualquer coisa eu estaria totalmente feliz pelo meu irmão. – Completou. – Mas acha mesmo que eu não sei o que é isso? Acha que eu não sei que alguém foi cantar piada no seu ouvido e te fez ver no seu relacionamento com a Lisa seus erros no passado com a Summer? – Disse fazendo Theodore rolar os olhos. – É, eu sei, você odeia falar da Summer, odeia se lembrar de como tudo entre vocês estava mal, odeia se lembrar do que acha que você fez a ela, e quer saber, se quer viver assim o problema é seu, mas nunca pensei que me excluiria disso, por mais que estivesse ciente de que eu não concordava, porque somos irmãos, e tudo o que eu faço é pra ver você bem. – Concluiu. – Vou atrás da minha mulher. – Disse dando um esbarrão forte no ombro do irmão que cambaleou levemente para trás.

****

Jennifer andava tranquilamente pelo quarteirão da faculdade. Um livro distraía seus olhos e tinha sua total atenção agora. Os cabelos curtos esvoaçavam livremente devido a brisa que vinha sobre ela. De repente seus olhos se desviaram ao sentirem uma mão segurando-a pela cintura, fazendo-a tremer em susto pensando que sua distração teria sido maior do que deveria. Sua mão rapidamente se ergueu pronta pra dar um tapa àquele que ousava segurá-la com tamanha propriedade e desrespeito, mas seus olhos logo se tranquilizaram ao avistar um Nicholas com um sorriso maldoso encostado no muro da faculdade. Não deixou de dar o tapa.

—Ai... – Reclamou Nicholas sentindo a ardência que o mesmo causou ao seu braço.

—Qual o seu problema? Quer me matar do coração? – Ela disse irritada fazendo-o rir, mas não se soltou dos braços dele, assim como ele também não a soltou.

—E você o que pensa que estava fazendo andando distraída assim na rua? Podia ser atropelada, viu como atravessou aquela avenida? – Perguntou ele. Ela rolou os olhos, sem perceber que ainda estava presa ao corpo dele, mais próxima do que gostaria.

—Tenho um trabalho que vale metade da minha nota hoje e eu não terminei de ler o livro base, preciso de todo tempo necessário, o que significa que você está me atrapalhando! – Ela sorriu ironicamente.

—Então por que insiste em ficar abraçada comigo, Hunan? – Nicholas sorriu instintivamente. Ela franziu o cenho, até que seus olhos encararam os braços fortes dele rodeando sua cintura fina. Rapidamente se soltou dele.

—Estava distraída. – Disse em sua defesa.

—Estava gostando. – Corrigiu Nicholas recebendo um novo tapa. – Olha, eu não queria dizer esse clichê, mas quanto mais você me bate, mais eu fico na sua, Hunan! – Riu frouxo.

—Phillips, você não trabalha? – Ela ironizou.

—Sim, eu trabalho, mas diferentemente de você que não termina seus trabalhos eu estudei muito pra chegar onde cheguei então posso me dar ao luxo de chegar a hora que eu quero. – Zombou ele.

—Aposto que comprou seu diploma. – Jennifer retrucou.

—Assim você me ofende. – Disse ele fazendo-a expressar uma careta. – Tá, eu dormi com a coordenadora de curso. – Completou. Jennifer deixou uma gargalha sair ali.

—Você é um babaca em potencial, sério. – Respondeu.

—Então posso ver seu livrinho? – Perguntou. Ela o estendeu e entregou em suas mãos. – Ainda nos direitos humanos? Assim você me ofende, não me diga que minha entrevista naquele dia não foi o suficiente? – Bufou.

—Eu tirei nota máxima, mas preciso da outra metade da nota agora. – Suspirou.

—Tudo bem, não precisa ler isso, cite Evane Lopes, Leonora Brunetto, Mahatma Gandhi, Mandela e Nelson Mandela e está garantida. – Riu. – Esse livro fala de todos eles em detalhes, mas no final a didática é única: Nunca tente restringir um ser humano, todos tem seus direitos dentro de suas respectivas características. – Se gabou.

—Não me diga que você lê, Phillips. – Jennifer disse em falso discurso, ele riu.

—Mais que você, Hunan. – Brincou.

—Tudo bem, eu agradeço, mas sinceramente não posso palestrar algo que não li, e não consegui um palestrante que possa ao menos ocupar metade do meu tempo como a maioria da turma vai fazer. – Rolou os olhos.

—Hunan, sabe que eu posso ser um palestrante, não sabe? – Nicholas riu.

—Eu teria que ir pra cama com você pra fazer isso por mim? – Disse ela zombeteira.

—Não, mas pode ficar me devendo uma que seria um jantar. – Nicholas sorriu antes de colocar as mãos no bolso e parar em frente ao prédio principal do campus.

—Sem chances. – Jennifer riu.

—Hunan, qual é, é só um jantar, e eu posso mesmo te ajudar a tirar uma boa nota, eu trabalho com isso, sou realmente bom nisso. – Falou. Jennifer suspirou, pensando a respeito daquilo.

—Tudo bem, Phillips, mas só um jantar e só se eu tirar uma nota descente com sua apresentação.

—Combinado, Hunan. – Nicholas riu fazendo sinal para que ela adentrasse o prédio, e ela o fez para ser seguida por ele logo depois.

***

—Rose! – A voz agoniada de Matthew soou trêmula no meio da rua enquanto via a namorada caminhar em passos irritados e brutos do outro lado da calçada. Atravessou a rua sem muitos cuidados, ouvindo a buzina e os freios de alguns carros enquanto passava no meio deles com afobação. – Rose, espera! – Disse segurando em seu braço ao alcança-la. Ela rolou os olhos.

—Eu quero ir embora, Matthew. – Respondeu secamente.

—Não, você não pode ir embora assim, não pode ir embora achando que algo aconteceu ali! – Ele suspirou.

—Você simplesmente foi embora, não disse aonde ia e nem porquê de estar indo, não atende minhas ligações, nem da um sinal de vida, mas eu chego aqui e a secretária do seu irmão está no seu sofá sorrindo com você e sua camisa toda amarrotada! – Ela bufou em irritação. – Não acho que tenha nada a explicar. – Deu as costas, mas sentiu as mãos dele pegarem-na pela cintura.

—Você tem razão, eu fui um imbecil por ter brigado com você, por ter saído daquele jeito, por não ter dado notícias, mas meu amor, eu juro que não houve nada. Ela foi me entregar uns papéis, perguntou se eu estava bem, e eu apenas respondi, sabe que eu nunca faria nada pra magoar você. – Explicou sorrindo suavemente.

—Mas ontem você fez. – Retrucou Rose espertamente.

—É, tem razão, total razão. – Matthew riu frouxo. – Eu fiquei com mais raiva da situação do noivado do que esperava, mas isso porque me deixa decepcionado saber que meu irmão é incapaz de se dar uma nova chance a felicidade. – Suspirou. – Rose, eu amo você mais do que tudo, e o nosso relacionamento é a melhor coisa que me aconteceu nessa vida, é a minha maior felicidade. Só queria que ele tivesse a mesma chance, mas ele desperdiça e isso me dói muito. – Matthew inspirou profundamente.

—Eu sei que ama seu irmão, Matt e sabe que eu também amo, mas precisa deixar ele tomar as próprias decisões. – Rose rebateu.

—Eu sei, mas isso vai muito mais além do que você entende, tudo isso é por causa da Summer. – Ele rolou os olhos.

—Ele precisará superar essa perda um dia. – Disse Rose.

—Quem dera fosse só a perda em si, meu amor. – Matthew agarrou fortemente suas mãos. – Espero um dia poder te contar mais do que sabe, e espero que quando esse dia chegue seja porque tudo isso foi superado. – Torceu os lábios.

—Eu também espero. – Rose sorriu. – Desculpa por sair daquele jeito, sem te deixar explicar, eu estava tão irritada... – Suspirou.

—Eu que peço perdão por ter agido com você daquele jeito. – Matthew sorriu. – Que tal eu tirar o dia de folga e ficar com a minha mulher pela cidade? – Sugeriu fazendo-a rir antes de pular em seus braços e beijá-lo intensamente. De longe, Hilary observava os dois com um olhar maldoso e cheio de ira.

****

As palmas lotavam o lugar agora e Nicholas não podia negar o quanto gostava daquilo, afinal, ter uma plateia era algo que certamente ele prezava e disso Jennifer tinha total certeza. Ela se aproximou dele para receber também os aplausos de todos os que assistiam atentamente a palestra.

—Senhorita Hunan, tenho que dizer que estou encantada com o palestrante que nos trouxe, é raro termos alguém do seu nível dando palestras gratuitas na graduação. – A professora ria de ponta a ponta.

—Obrigada. – Jennifer respondeu com as bochechas coradas.

—É sempre um enorme prazer ajudar a divulgar o conhecimento aos outros. – Nicholas disse cordialmente fazendo Jennifer encará-lo com desdém.

—Faz por menos, Phillips. – Sussurrou ainda sorridente, sem encará-lo.

—Eu preciso manter meu papel, Hunan. – Retrucou ele.

—Fico extremamente feliz em dizer que será aprovada com honras na matéria, senhorita, obteve nota máxima em ambos os testes! – As palavras da mulher fizeram os olhos de Jennifer brilharem, assim como seu sorriso que se abriu ali rapidamente. – Meus parabéns! – Disse a professora saindo da sala sendo acompanhada pelos alunos. Jennifer encarou Nicholas e pulou nos seus braços dando-lhe um abraço.

—Quantas palestras preciso dar pra esse abraço virar um beijo, Hunan? – Ele perguntou fazendo-a gargalhar.

—Muitas, Phillips. – Eles riram juntas. – Obrigada de verdade. – Completou.

—Não vem com essa, Hunan, você me deve um jantar... Hoje a noite, no Palace. – Disse.

—Tudo bem, eu cumpro minhas palavras. – Jennifer riu caminhando junto a ele para fora da sala. – Mas prometa se comportar, Phillips, eu não quero ser obrigada a te bater de novo. – Falou.

—Depois daquele abraço eu duvido muito que seja o que queira. – Ele se gabou.

—Algum problema aqui? – A voz de Harry soou atrás dos dois enquanto ele passava o braço em torno de Jennifer.

—Olha se não é o namorado de aluguel. – Nicholas zombou.

—Relaxa, Harry, ele descobriu. – Jennifer disse rindo.

—Tenho que admitir, aquele beijo foi uma encenação e tanto. – Nicholas brincou fazendo Harry rolar os olhos.

—Você não deixou de ser um babaca. – Riu frouxo.

—É sempre um prazer. – Respondeu Nicholas.

—Bom, se está a salvo ou condenada... – Brincou Harry. – Tenho que ir, eu tenho um encontro com a Heather. – Explicou.

—Heather então é a garota loira. – Jennifer sorriu. – Ela é um amor! – Vibrou.

—É, ela é, e sinceramente eu to adorando conhecer ela melhor, temos muito em comum e eu me divirto ao lado dela. – Falou. – Acho que estamos no caminho. – Completou.

—Fico feliz por vocês. – Jennifer falou antes de abraça-lo.

—Enfim, vou indo, tchau, Jenny e tchau, Phillips! – Cumprimentou Nicholas que sorriu pra ele antes de encarar Jennifer de novo.

—Te pego as seis. – Falou.

—Até mais, Phillips. – Jennifer respondeu vendo-o caminhar a frente dela no longo corredor em direção ao elevador. Ela ficou encarando-o andar. Sem saber o motivo exato se permitiu sorrir frouxo,mas quando ele adentrou no elevador e a encarou novamente, ela fez total questão de fechar o sorriso e retornar ao semblante sarcástico típico de quando estava perto dele.


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