Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 19
Surprise!




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Elisabeth estava em seu apartamento ainda. Estava um pouco atrasada, mas não conseguia se importar. Não depois da maneira como ela viu Harry ir embora totalmente arrasado pela não reciprocidade de seus pensamentos. Queria poder retribuir, queria de verdade, afinal, quantas pessoas no mundo dão a sorte de se apaixonarem pelo seu melhor amigo? Seria especial e divertido se ela conseguisse se sentir da mesma maneira. Seria questão de sorte. Mas ao invés disso o olhar intenso de Theodore lotava seus pensamentos mais impróprios, e o sorriso dele parecia melodiar em sua mente lhe fazendo sorrir sem ao menos sentir. Deixou a escova percorrer pelos cabelos ainda molhados, mais uma vez se inundando em seu transe, mas de repente o barulho da porta do quarto se abrindo, dando lugar a Jennifer, a despertou.

—Bom dia! – Disse Jennifer animada. – Não achei que te encontraria aqui a essa hora. – Comentou.

—Pois é, eu estou atrasada. – Elisabeth respondeu desanimada enquanto dava mais uma olhada em seu relógio de pulso.

—O que você tem? Nunca se atrasa... – Jennifer sorriu para amiga.

—Digamos que tive uma noite um tanto agitada ontem. – Lisa rolou os olhos e se sentou na cama. Não demorou nada até que a amiga fizesse o mesmo se sentando de frente para ela. – Eu e o Theo saímos juntos para comprar o presente da Annabeth, jantamos e por mais que você odeie ouvir isso eu simplesmente não consigo tirá-lo da minha cabeça. – Suspirou. – Ele parece outra pessoa quando estamos a sós, ele sorri e me olha como se eu significasse algo. – Completou.

—Lisa, eu não quero que você se machuque. – Jennifer a encarou seriamente. – Sei que ele é tentador pra você e que te faz sentir coisas fortes, mas não confunda as coisas...Você ainda é apenas a babá. – Explicou.

—Como pode ter tanta certeza? – Questionou Elisabeth se levantando. – Você não viu como ele estava ontem, não viu como ele agiu e as coisas que falou, era como se não existisse barreira alguma entre nós. – Disse, agora pegando um casaco e colocando sobre o corpo para espantar o frio leve daquela manhã um tanto chuvosa.

—Tudo bem, mas se é assim por que está atrasada e com essa cara emburrada? – Perguntou espertamente.

—Eu e Harry tivemos uma conversa estranha, constrangedora e destrutiva. – Disse ironicamente.

—Nossa! – Bradou Jennifer. – Que conversa foi essa? – Perguntou curiosa.

—Ele se declarou pra mim. – Aquelas palavras logo fizeram os olhos de Jennifer se arregalarem como se pudessem saltar de seu rosto fino. Elizabeth por sua vez deixou suas mãos coçarem o rosto num ato agoniado.

—Como isso aconteceu? – Disse assustada.

—Eu não sei! – Respondeu Lisa. – Ele apareceu aqui do nada e disse que é apaixonado por mim! – Explicou.

—E o que você disse? – Perguntou Jennifer animada.

—Que não sinto o mesmo. – Ela bufou. – Eu não poderia dizer outra coisa e você sabe. – Falou enquanto via Jennifer deixar uma expressão tristonha tomar seu rosto. Ela então fez sinal para que Lisa se sentasse ao seu lado novamente e ela assim o fez.

—Lisa, sei que você nunca sentiu o mesmo pelo Hazz, mas já pensou em dar uma chance a ele? – Questionou.

—Não! – Rebateu rapidamente Elisabeth. – Eu não posso ficar com alguém que não amo, seria injusto com ele e comigo mesma. – Completou.

—E não é injusto consigo mesma ficar apaixonada por alguém que não te ama? – Disse.

—A questão não é o Theodore, Jennifer, e sim eu! – Retrucou irritada. – Eu amo o Harry como meu melhor amigo e eu não vou simplesmente usar ele pra não pensar no Theodore! Ele é uma pessoa com sentimentos reais que precisam ser respeitados. – Se levantou novamente agora pegando sua bolsa e colocando sobre ombro, já avisando a amiga que estava prestes a se retirar dali e daquela conversa nada confortável.

—Eu não digo pra usá-lo, só digo pra dar uma chance e quem sabe sentir o mesmo e viver um relacionamento de verdade! – Agora foi Jennifer quem se levantou, parando de frente para ela. – O que o Theodore tem a te oferecer? – Perguntou.

—Eu não sei e eu não ligo, eu só não quero e não vou me envolver com o Harry. – Explicou.

—Tudo bem, desculpa. – Jennifer disse sem graça fazendo Elisabeth respirar fundo antes de prosseguir em seu discurso. As duas se abraçaram prontamente, como uma trégua. – Você tem razão, não é justo ficar com o Harry sem sentir algo real por ele, isso pode destruir a amizade de vocês. – Concluiu.

—Pois é. – Lisa torceu os lábios.

—Mas se me permite perguntar... E o Logan? – Perguntou curiosa.

—Eu adoro o Logan e nos damos bem, nos falamos quase sempre, mas eu não sei... Theodore nunca mais esteve com a Victoria e eu e ele... estamos próximos... – Sorriu. – Sei que posso estar sendo boba, mas eu queria mesmo ver aonde isso vai dar antes de dar qualquer passo seja com quem for. – Explicou.

—Quer saber, tem razão, total razão. – Jennifer sorriu. – Bom, agora eu tenho que ir pra faculdade. – Disse. – Me mande notícias ao longo do dia, tudo bem? – Pediu.

—Claro, vamos sair juntas. – Disse Elisabeth e as duas logo saíram de casa juntamente.

*******

Harry estava sentado na ponta do chafariz pouco movimentado no campus da faculdade. Suas mãos estavam fechadas, amarradas uma a outra, apoiando a cabeça que não conseguia esquecer a conversa do dia anterior com Lisa. Era deprimente pensar que finalmente quando a coragem lhe tomou a resposta fora negativa e dolorida. Queria poder ao menos voltar no tempo e se manter quieto, guardando pra si aquilo. De repente sentiu alguém se sentar ao seu lado, fazendo com que ele tivesse que levantar o rosto para encarar e descobrir quem era. Pra sua surpresa era Heather com o sorriso amigável de sempre.

—Oi... – Ela disse baixinho. – Você está bem? – Arqueou a sobrancelha.

—Sinceramente nem um pouco. – Harry bufou.

—Ah, eu imagino que queira ficar sozinho, eu vou indo... – Heather ia dizendo, mas antes que pudesse sair ele segurou suas mãos trazendo-a pra perto de si de novo.

—Não... – Disse rapidamente. – Fica aqui, gosto da sua companhia, você sempre sabe o que dizer. – Sorriu. As bochechas dela coraram quase que instantaneamente.

—Então... o que houve? – Perguntou Heather.

—Disse a Lisa o que eu sinto por ela e ela me rejeitou. – Riu irônico. – Era de se esperar, mas foi deprimente. – Completou.

—Sinto muito... – Heather disse sinceramente antes de torcer os lábios. – Como você está se sentindo? – Perguntou.

—Eu não sei... Pensei que me sentiria pior, mas ao mesmo tempo eu me sinto aliviado por finalmente ter falado e tirado esse peso de mim. – Explicou.

—Talvez isso seja realmente tudo o que precisava. – Heather riu frouxo fazendo-o rir também. – Dê tempo ao tempo, vai saber o que fazer e aposto que vai tudo ficar bem. – Disse.

—Obrigado por isso. – Harry sorriu e deixou sua mão tocar a dela acariciando-a levemente.

—Não há de que... – Heather respondeu rapidamente. – Eu tenho que ir agora... aula de história renascentista. – Fez uma careta que mais uma vez despertou uma risada em Harry. Heather se virou e começou a caminhar. Harry a encarou mais uma vez e mordeu os lábios enquanto sua mente processava algumas coisas.

—Heather! – Chamou fazendo-a virar pra ele novamente. – Eu vi que vai ter uma exposição no centro hoje sobre história da arte moderna... O que você acha de irmos juntos? Não me rejeite, eu preciso de uma noite divertida com uma amiga. – Brincou fazendo-a rir.

—Eu vou adorar! – Disse ela numa voz simpática fazendo Harry sorrir junto a ela.

******

Elisabeth adentrou a casa dos Stormfield para ver os preparativos da festa de Annabeth a todo vapor. No teto alguns balões de papel cor de rosa estavam armados e girando como numa sinfonia perfeita lado a lado. No centro da sala de jantar a mesa já recebia algumas bonecas e casa de madeira ilustrando o tema feminino jovial escolhido pela pequena e doce aniversariante. Com uma prancheta em mãos Christina caminhava calmamente pela casa e sua voz imponente ditava ordens a empregados que rapidamente arrumavam tudo em sua volta. Christina era uma mulher elegante e bela, mas Lisa não podia deixar de reparar como seu rosto era triste e abatido, como se cada dia fosse uma luta e cada passo uma dor profunda dentro de si. Não era novidade para ela que os Stormfield eram cheios de segredos e mágoas que ela sequer conseguia imaginar de tão bem guardados, mas todas as vezes em que via a mulher sentia a curiosidade lhe tomar, como um inteligente livro de suspense ou um romance policial tentador.

—Bom dia... – Disse despertando Christina que deixou rapidamente de fitar as folhas em suas mãos para encarar Elisabeth com certa surpresa.

—Ah então a senhorita resolveu aparecer para trabalhar... – Comentou ironicamente. – Espero que não esteja achando que isso é aceitável. – Completou.

—Desculpe, senhora Stormfield, eu tive um problema pessoal e acabei me atrasando, mas deixei um recado na secretária eletrônica do senhor Stormfield explicando tudo e estou pronta para ajudá-la no que for preciso. – Explicou calmamente Elisabeth da maneira mais educada que poderia.

—Não pago seu salário, então não precisa me dar explicações. – Christina disse com desdém. – Pra sua sorte eu já comecei a arrumar a maioria das coisas e está praticamente tudo pronto, mas preciso que fique atenta para receber o buffet e as flores. – Disse.

—Claro. – Respondeu Lisa. Sem responde-la Christina se sentou no sofá com certa dificuldade deixando escapar um gemido dolorido e involuntário. Elisabeth se atentando a isso rapidamente correu até ela e a ajudou a terminar o ato, segurando-a pelo braço para poder lhe apoiar. – A senhora está bem? – Perguntou preocupada. Christina rapidamente se soltou dela.

—Me solte! – Disse irritada. – Eu estou bem. Não preciso da sua ajuda! – Completou. Elisabeth engoliu a seco.

—Desculpe. – Disse já pronta para começar a caminhar, mas rapidamente a voz soou atrás de si.

—Senhorita Sullivan! – Chamou Christina fazendo-a se virar novamente. – Desculpe, eu não estou tendo um bom dia, não deveria tê-la tratado dessa maneira. – Concluiu. Elisabeth respirou fundo e caminhou até ela para logo em seguida se sentar ao seu lado com um olhar quase maternal, o que era ligeiramente engraçado já que ela era muito mais nova que a mulher.

—Posso ver? – Perguntou encarando o local de onde acreditava vir a dor da mulher. Christina hesitou por um segundo, mas depois levantou parte de sua blusa para deixar à mostra na altura de sua cintura um hematoma roxo que fez Elisabeth arregalar os olhos de tão dolorido que parecia estar. – O que houve, senhora Stormfield? – Questionou mais preocupada que assustada.

—Eu caí. – Mentiu Christina. Sabia bem que aquilo era fruto de uma de suas brigas mais sérias e violentas com o marido Jonathan. Mais uma vez a discussão entre eles tomou níveis graves e preocupantes, mas isso não era novidade alguma pra ela, acontecia desde que se lembrava, e não conseguia fazer nada a respeito senão retribuir a dor causada por ele. Ainda assim era vergonhoso admitir, então mentia não apenas para os outros, mas para si mesma, forçando-se a acreditar que aquilo era uma situação normal entre qualquer casal. Afinal, eles brigaram, perderam o controle, ele a empurrou num momento de raiva e ela caiu batendo com as costas na cômoda. Não era tão grave, pelo menos ela acreditava que não. Fingia que não.

—Eu vou pegar uma pomada. – Disse Elisabeth se levantando rapidamente. Não demorou muito para voltar com o remédio em mãos e com todo o cuidado e delicadeza que tinha começar a passa-lo no local da lesão. Junto a isso colocou uma compressa de gelo.

—Você leva muito jeito para isso. – Comentou Christina vendo-a trabalhar com atenção.

—Eu fiz alguns períodos de medicina. – Explicou Elisabeth.

—E por que não terminou? – Perguntou a mulher.

—Pra ser sincera, comecei a me questionar se era exatamente isso o que eu queria, resolvi conhecer mais do mundo real antes, mas pretendo voltar um dia, só não sei quando ainda. – Riu de si mesma.

—Obrigada. – Christina a cortou. – É uma boa moça. – Completou.

—Espero que a senhora fique bem. – Elisabeth sorriu. – Vou pegar um analgésico para dor. – Disse. Christina apenas assentiu. Era estranho sentir-se confortável perto de Lisa, era como se a jovem pudesse despertar nela uma amizade que há muito não tinha. – Aqui está. – Disse.

—Obrigada pela ajuda, querida, mas agora eu tenho que ir, ainda preciso conferir as mesas e os lugares de todos, ainda mais depois que recebi o pedido de uma cadeira extra para o Greg. – Riu frouxo. – Quem diria que ele já está na fase de namoradas. – Falou agora mais carinhosa fazendo Elisabeth pela primeira vez enxerga-la como uma pessoa de verdade, uma avó carinhosa.

—Até eu me surpreendi, mas eles são lindos juntos, sei que vai adorá-la. – Elisabeth sorriu de volta.

—Tenho certeza que sim. – Respondeu. – Até mais tarde, Lisa. – Disse.

—Até mais, senhora Stormfield. – Disse Elisabeth simpática.

—Me chame de Christina. – Retrucou a mulher. – Lisa. – Completou com um sorriso em semblante. Elisabeth sorriu de volta e assentiu antes de ver Christina sair pela porta, batendo-a atrás de si.

***

Naquele mesmo dia mais tarde a casa já estava repleta de convidados da festa de Annabeth. A mesma estava linda dentro de um vestido xadrez vermelho e sapatilhas douradas e cumprimentava a todos com educação e animação, principalmente quando algum colega da escola aparecia alegrando um pouco mais a festa um tanto formal demais para a idade dela. Elisabeth sorria por vê-la feliz daquela maneira, mais ainda por Theodore ter deixado claro que ela estava ali como uma convidada, o que lhe permitiu colocar um vestido de meia manga azul marinho acompanhado de um sapato fechado de salto alto que a deixava ainda mais alta. Theodore ainda não havia chegado, para o estranhamento total de Elisabeth que não recebeu notícia alguma dele o dia todo. Não que tivesse que receber, afinal ele era seu patrão e nada mais que isso apesar da aproximação entre eles ser cada vez maior, mas era minimamente estranho ele se atrasar tanto para a festa de aniversário da própria filha. Além disso Gregory também estava atrasado, preso no trânsito, havia ido buscar Laura. Joshua por sua vez corria pela casa animado por vê-a tão cheia de crianças, algo totalmente incomum.

—Boa noite, senhorita. – A voz de Nicholas a despertou.

—Nicholas! – Elisabeth sorriu antes de cumprimenta-lo. – Como você está? – Perguntou.

—Eu não estou mal se é o que está pensando. – Riu ironicamente.

—Não entendi. – Lisa franziu o cenho.

—Aposto que a Jennifer está achando que eu estou me mordendo por conta do namoradinho novo dela, mas eu sou um cavalheiro, sei a hora de retirar meu time de campo. – Explicou.

—A Jennifer não está namorando. – Retrucou Lisa ainda confusa.

—Aquele tal de Harry, não precisa fingir, eu sei de tudo, vi os dois e ela me falou também. – Agora ele rolou os olhos.

—Jennifer e Harry? – Elisabeth deixou escapar uma gargalhada. – Eles não são namorados, somos todos amigos de longa data. – Explicou.

—Bom, aquele beijo na boate não parecia nada amigável. – Nicholas torceu os lábios.

—Beijo? – Ela quem franziu o cenho agora. – Olha eu não sei qual a doideira que esses dois fizeram, mas eles não são namorados e eu te garanto isso. – Riu.

—Ela me enganou! – Ele disse como se a ideia surgisse de repente em sua mente. – Ah Hunan, você não perde por esperar, obrigado, Lisa! – Disse caminhando rapidamente na direção de Matthew e Rose que conversavam com o pai e a avó.

—De nada? – Elisabeth riu. De repente seus olhos focaram a porta de entrada da casa para ver Theodore adentrando. Ela sorriu por vê-lo tão elegante dentro do terno preto e gravata rosa, provavelmente combinando com a decoração escolhida pela filha, mas seu sorriso logo se desfez quando viu a mão de uma Victoria sorridente e confiante tocando na dele e segurando-a firme. Elisabeth engoliu a seco. O que exatamente aquilo significava? Será que toda a aproximação entre eles não havia passado de sua imaginação fértil? De repente a mão de Joshua puxando a ponta de seu vestido lhe fez despertar.

—Lisa! – Chamou ele.

—Oi, querido! – Ela abaixou pra ficar na sua altura.

—Eu não to achando minha espada e eu quero brincar com ela. – Disse.

—Já olhou no seu baú? – Perguntou-o sorridente.

—Já! – Respondeu Joshua confiantemente fazendo-a rir.

—Eu vou procurar! – Elisabeth disse se pondo a caminhar rapidamente até o andar de cima da casa.

****

Matthew dava uma golada no champanhe enquanto Rose embalava uma conversa animada com Christina agora. Seu cenho logo se franziu ao ver Victoria ali. Isso só podia significar que Theodore estava decidido a permanecer com ela, algo que o surpreendia já que depois da última conversa com o irmão ele parecia fortemente decidido a dar uma chance a seus sentimentos por Elisabeth. Caminhou então até os dois.

—Theo. – Disse entre os dentes.- Victoria, quanto tempo. – Completou.

—Oi, Matthew! – Respondeu Victoria simpática. – Fico feliz por dizer que agora não vamos mais passar tanto tempo sem nos vermos. – Riu.

—Sério mesmo... – Comentou Matthew antes de encarar Theodore que permanecia sério. – Theo, será que posso falar com você um minuto? – Perguntou.

—Desculpe, Matt, agora não é uma boa hora, eu quero falar com a Annabeth e depois fazer um anúncio. – Disse se pondo a caminhar até a filha que brincava distraída com outras duas meninas. – Princesa! – Chamou.

—Papai! – Annabeth disse pulando em seus braços rapidamente. – Por que demorou? – Perguntou.

—Eu fui buscar a Victoria. – Explicou Theodore fazendo Victoria sair de trás dele. Annabeth prontamente arregalou os olhos ao encará-la.

—Querida! – Victoria disse carinhosamente se abaixando ao lado da menina. – Meus parabéns, eu trouxe essa boneca! – Disse entregando o embrulho nas mãos de Annabeth que o encarou com certo desdém. – Espero que goste, são caríssimas. – Riu. Nesse momento Elisabeth se aproximou deles ali.

—Eu prefiro as que a Lisa me deu! – Retrucou Annabeth se agarrando ao corpo de Elisabeth que arregalou os olhos com aquelas palavras.

—Annabeth, não é assim que se diz, onde está sua educação? – Perguntou Theodore um tanto incomodado, como se desse uma bronca na filha.

—Obrigada. – Disse quase num sussurro antes de sair correndo dali.

—Sinto muito. – Elisabeth disse encarando Victoria e em seguida Theodore que mal olhou em seus olhos, coisa que costumava fazer quase que periodicamente. Engoliu a seco com isso.

—Elisabeth, querida, será que pode pegar algumas taças de champanhe na cozinha? Precisamos para fazer um brinde. – Pediu Victoria num sorriso falso.

—Ela não está trabalhando, Victoria. – Theodore disse com irritação na voz como se isso fosse algo que ele já havia mencionado e Victoria fazia questão de ignorar.

—Eu estou apenas pedindo um favor, querido. – Victoria sorriu.

—Não tem problema algum, eu pego as taças. – Respondeu uma Elisabeth decepcionada e irritada por ter que aturar a falsidade de Victoria novamente.

—Acho que é a hora ideal. – Ela encarou Theodore que assentiu. Eles então caminharam em direção a mesa onde se encontrava o bolo de aniversário e logo o sorriso no rosto fino de Victoria parecia inundar a sala.

—Por favor, peço a atenção de todos! – A voz máscula de Theodore soou ali chamando a atenção de todos que rapidamente estavam encarando os dois. – Quero pedir para que Joshua, Annabeth e Gregory venham até aqui. – Pediu, mas logo constatou a ausência do primogênito. Não demorou muito para que os caçulas estivessem ali em frente a ele e Victoria. – Primeiramente em nome de toda a minha família quero agradecer por estarem aqui prestigiando o aniversário de Annabeth, é uma alegria pra todos nós ver como ela é tão amada por vocês, então obrigado. – Sorriu curtamente, deixando a seriedade anterior voltar para seu semblante em questão de segundos. – E em segundo lugar, quero fazer um anúncio. – Encarou Victoria. – Essa manhã eu resolvi que meus filhos precisavam de uma pessoa que eles não têm há muito tempo, e que eu também precisava de alguém que pudesse me fazer...sentir bem... Então, eu gostaria de anunciar a todos que eu e a senhorita Victoria Trumbell estamos oficialmente noivos! – Explicou. Um barulho estrondoso se fez presente ali quando Elisabeth ao ouvir aquelas palavras deixou a bandeja com as taças de champanhe caírem sobre o chão quebrando-se instantaneamente. De repente a festa estava dividida entre olhar para Lisa ou para o casal aparentemente feliz. Victoria sorriu maldosa pra uma Lisa em choque que permanecia encarando Theodore nos olhos sentindo que um nó sufocante se formava em sua garganta. Aos poucos as pessoas começavam a se aproximar de Victoria para lhes dar os parabéns pelo noivado, mas Theodore e Lisa permaneciam se encarando de longe, até que de repente Geórgia se aproximou de Elisabeth.

—Limpe já isso, sua desastrada! – Disse numa voz rude. Elisabeth acordando de seu transe logo se abaixou e começou a catar os cacos de vidro do chão e coloca-los sobre a bandeja. As lágrimas queriam tomar seus olhos, mas respirou fundo, não podia se deixar abater por isso, mas não podia negar o quão surpresa estava com isso. Annabeth saiu correndo em direção ao seu quarto chorando intensamente.

—Annabeth! – Chamou Theodore sem sucesso.

—Deixe ela. – Geórgia disse se aproximando. – Ela vai entender. – Disse.

—Ela estava chorando muito. – Theodore disse preocupado.

—Theodore, deixe de nutrir os caprichos de Annabeth pelo menos uma vez em sua vida. – Ralhou fazendo-o engolir a seco. – Agora deixe-me cumprimenta-lo, meu neto querido. – Disse Geórgia estendendo os braços fazendo com que o neto rapidamente a abraçasse rigidamente. – Fico feliz que tenha feito a coisa certa. – Ela cochichou em seu ouvido. Theodore não respondeu, apenas se soltou de seus braços para em seguida ver seus pais ali.

—Eu tenho que dizer que estou surpresa... – Comentou Christina. – Não sabia que planejava se casar novamente, querido. – Completou.

—Deixe ele, Christina! – Retrucou Jonathan. – Ele pescou uma sereia e está sendo esperto, coma até a espinha! – Brincou o pai.

—Quanta delicadeza, pai. – Comentou Matthew aparecendo atrás do pai. – Então, noivado era o grande anúncio. – Sorriu irônico. – Obrigado mesmo por falar comigo sobre isso. – Disse antes de se retirar. Theodore mordeu os lábios, sabia que se falasse com qualquer um sobre sua decisão acabaria por desistir totalmente dela, mas era necessário fazê-lo, precisava se manter longe dos sentimentos que Elisabeth lhe despertava com tanta intensidade. Rose se aproximou do cunhado e o abraçou fortemente.

—Espero que saiba o que está fazendo. – Disse baixinho antes de sorrir pra ele. – Victoria, parabéns. – Disse agora cumprimentando Victoria que radiantemente conversava com Geórgia e Christina. Nicholas se aproximou calmamente, e era a primeira vez que Theodore via o rosto do amigo tão franzido e confuso.

—Casamento? – Perguntou caminhando junto a Theodore para longe de Victoria e da multidão que a cercava. – Quando isso aconteceu? – Perguntou.

—Foi necessário. – Explicou Theodore.

—Necessário? – Riu ironicamente Nicholas. – É necessário respirar pra se manter vivo, se casar nunca foi algo necessário, é escolha e você nunca quis escolher isso. – Disse.

—Por favor, não faz isso, Annabeth saiu correndo e chorando, Matthew está totalmente indignado, não entre pro clube. – Pediu antes de coçar os olhos fortemente.

—Theo, eu não to aqui pra brigar com você ou pra te fazer desistir de nada, eu só quero saber por que fez isso e por que não comentou nada comigo e com o Matt, cara somos irmãos, melhores amigos, sabemos tudo uns dos outros. – Nicholas o encarou fielmente.

—Eu sei! – Retrucou Theodore. – Mas foi minha escolha, não era preciso avisar nada a ninguém, por isso a surpresa. – Sua voz era irritadiça.

—E você está feliz? – Questionou Nicholas com um sorriso falso. – Se estiver eu me calo, totalmente. – Explicou.

—Não se meta, Nicholas, a decisão está tomada. – Falou antes de sair rapidamente dali, caminhando em passos fortes, mas antes que pudesse prosseguir em sua caminhada topou com Elisabeth que continuava a catar as coisas que derrubara. Ele engoliu a seco, queria poder se abaixar ao lado dela e explicar que não queria fazer nada daquilo, mas não podia, tinha que se manter longe dela e de tudo que a envolvia, então ajeitou o paletó na frente do corpo e passou direto por ela. Elisabeth fechou os olhos, prendendo as lágrimas por isso, o nó agora apertava todo seu peito, e a falta de ar era inevitável. Como tudo aquilo simplesmente aconteceu? Não fazia sentido algum. Aquele mesmo Theodore estava dizendo o quanto ela era encantadora na noite anterior e fazendo-a sentir coisas que ela sempre se proibiu sentir por ele. As palavras de Jennifer lotavam sua mente e tudo o que conseguia fazer era se sentir uma completa idiota por ter realmente achado que algo real existia entre eles. Se levantou e carregou a bandeja em seus braços correndo para a cozinha. Rose correu atrás dela sem hesitar.

—Lisa! – Chamou fazendo-a se virar rapidamente. – Como você está? – Perguntou carinhosamente.

—Eu? – Elisabeth disse tentando desconversar. – Estou bem, eu não me cortei. – Explicou.

—Não falo disso. – Rose sorriu se aproximando. – Sei que isso tudo te magoou, eu te conheço. – Disse. Aquelas palavras fizeram Elisabeth caminhar até Rose e abraça-la fortemente. Precisava disso, de uma amiga que pudesse lhe fazer sentir aconchegada.

—Eu não sei o que pensar. – Elisabeth sussurrou.

—Ninguém sabe. – Rose riu. – Foi um choque total, nem mesmo Matt ou Nicholas sabiam disso. – Explicou.

—De qualquer maneira não importa. – Elisabeth sorriu. – Não temos absolutamente nada, na verdade mal nos conhecemos, e eles já eram namorados, isso ia acontecer em algum momento. Eu sou só a babá. – Completou.

—Sabe que isso é mentira, todo mundo via o modo como vocês dois se olhavam e como falavam um com o outro. – Rose torceu os lábios. – Eu realmente estava apostando minhas fichas em vocês. – Disse.

—Jennifer tinha toda a razão. – Bufou Lisa. – Eu sou uma idiota por ter me deixado encantar e depois me deixado levar pela nossa aproximação. – Rolou os olhos. – Talvez eu também deva parar de me prender a essa ilusão e dar uma chance pra quem realmente gosta de mim. – Encarou a amiga.

—Talvez sim. – Rose sorriu. – Agora vamos, Annabeth precisa de você. – Falou.

—Claro, vamos sim! – Elisabeth se levantou. Ela e Rose caminharam lado a lado, mas antes de prosseguirem o curso direcionado ao andar de cima da casa pararam ao avistar Gregory chegando de mãos dadas com Laura chamando a atenção de todos. – Eu não disse que eles formavam um belo casal? – Elisabeth sorriu.

—Pelo menos alguém. – Rose riu. – E formam mesmo, são lindos. – Disse. – Vamos até lá. – Ela agora puxou Elisabeth pelo braço fazendo-a caminhar em direção aos Stormfield que estavam reunidos em uma mesa. Gregory sorriu pra Laura a fim de acalmá-la e logo pigarreou chamando a atenção de todos ali na mesa, assim como Rose e Elisabeth que também estavam ali para presenciar esse grande momento.

—Família essa é a Laura, minha namorada... – Disse Gregory com as bochechas coradas. – E Laura essa é minha famí... – Ia dizendo, mas a voz grosseira e firme de Geórgia soou ali.

—Ela é negra? – Cortou a fala de Gregory. – Está me dizendo que meu bisneto está namorando uma neguinha? – Disse encarando Theodore que ficou totalmente sem reação. Os olhos de todos ali se arregalaram com isso. Ninguém sabia exatamente o que falar, mas logo as caretas em reprovação para aquilo surgiram ali, ainda em choque total com a grosseria, o preconceito e a indelicadeza da mulher que parecia segura do que estava falando.

—Não, na verdade eu sou verde! – Laura respondeu grosseiramente, no mesmo tom, deixando sua personalidade forte aparecer ali.

—Ora sua mal-educada! – Geórgia disse irritada.

—Eu? Mal-educada? Tem certeza, ou será que você é que não passa de uma racista? – Laura retrucou mais uma vez. – Desculpa, Greg, mas eu não posso ficar nem mais um minuto aqui. – A garota saiu correndo dali rapidamente.

—Você não vai dizer nada? – Gregory encarou o pai que parecia totalmente chocado com a situação. – Por que eu esperei que faria? Eu vou atrás dela. – Disse.

—Volte já aqui, Gregory, você vai se sentar com sua família e comemorar o noivado de seu pai! – Disse Geórgia.

—Noivado? – Gregory franziu o cenho encarando o dedo de Victoria que continha um anel de brilhantes. – Você é realmente incrível, Theodore Stormfield. – Disse irritado. – Cuidado, Victoria, não vai querer ter o mesmo fim que a minha mãe, já falou com ele sobre isso? – Sua voz saiu grosseira dando as costas para todos ali que pareciam ainda mais chocados agora. Geórgia por sua vez agia como se suas palavras tivessem sido as mais naturais possíveis.

—Como você pôde dizer aquilo? – Rose encarou Geórgia com irritação.

—Eu esperava tanto de você, vó, só não esperava que fosse uma racista em potencial. – Matthew se levantou irritado. – Vamos embora, Rose, essa família é vergonhosa demais. – Completou pegando na mão da namorada que apenas lançou um olhar irritado para Geórgia que parecia pouco se importar com tudo ao redor.

—Querida, eu te entendo. – Victoria a despertou. – Não quer seu bisneto ao lado de uma pobretona que não tem onde cair morta. – Disse. Elisabeth sentiu que poderia pegar as duas e jogá-las dentro de enormes lixeiras junto com suas respectivas futilidades.

—Já chega! – Theodore disse irritado. – Eu estou exausto, por favor, mande todos pra casa. – Disse agora para Christina que parecia totalmente incomodada com a situação ali instalada também.

—Theo, mas é a festa da... – Christina tentou melhorar a situação, mas logo a voz dele a cortou novamente.

—Mande todos pra casa AGORA, mãe! – Respondeu ainda mais grosseiro caminhando em direção a escadaria. Elisabeth engoliu a seco, e sentia que o nó na sua garganta havia aumentado depois da demonstração grátis de racismo que havia acabado de acontecer ali.

—Eu não entendo essa irritação. – Geórgia disse.

—Sabe, acredito que é porque a senhora já teve mais classe, vovó Stormfield. – Nicholas disse ironicamente demonstrando seu desagrado com aquilo também. – Mas os Stormfield sempre nos surpreendem, então meu boa noite. – Disse se retirando.

—Esse insolente já vai tarde. – Geórgia rolou os olhos.

—Sabe que eles têm razão, Geórgia. – Christina rebateu com irritação. – Estragou a noite de todos, principalmente a do Greg que finalmente estava feliz depois de todos esses anos! – A mulher jogou o guardanapo sobre o colo em cima da mesa e começou a caminhar para dispensar todos os convidados. Geórgia riu ironicamente e então encarou Elisabeth.

—O que está fazendo aí parada até agora, garota? Vá fazer seu trabalho. – Falou. Lisa suspirou e logo se virou para começar a caminhar, mas a voz de Victoria a despertou.

—Elisabeth! – Chamou ela fazendo a mesma sentir o corpo se enrijecer totalmente antes de virar para encará-la.

—Pois não? – A voz de Lisa era rude.

—Como os empregados estão dispensados eu queria pedir para você arrumar o quarto do senhor Stormfield, pois acho que vou dormir aqui hoje com meu noivo. – Victoria deixou sua voz mais provocante possível soar ali antes de sorrir maldosa. Lisa engoliu a seco suas palavras.

—Claro, senhorita Trumbell. – Respondeu.

—Que tal começar a me chamar de senhora Stormfield? – Sugeriu antes de rir. – Assim já vai treinando. – Completou. Elisabeth assentiu e logo deu as costas para sair dali. O choro não mais a dominava, mas a vontade de quebrar tudo a sua volta para não fazer isso com a própria Victoria. Correu então escadaria acima para chegar a porta do quarto de Annabeth e ver um Joshua sentado do lado de fora da porta fechada deixando sua mão correr pela mesma.

—Não chora, irmã... – Pedia o menino que consolava a irmã do outro lado do cômodo sem ao menos entender o que estava acontecendo. – Vai passar... – Completou. – Não vai, Lisa? – Perguntou. Elisabeth deixou então seus olhos se encherem de lágrimas.

—Vai sim, meu amor... – Ela disse pegando-o no colo e o abraçando fortemente. De repente então Annabeth abriu a porta e correu para agarrar a cintura de Lisa que logo correu seu braço em torno da menina que chorava intensamente em colo também. Nesse momento Theodore saiu de seu quarto para ver essa cena. Ele engoliu a seco, sentindo que toda a dor do mundo lotava seu peito agora. No entanto não se aproximou, apenas prendeu os sentimentos que queriam toma-lo e adentrou novamente a porta de seu quarto.

***

—Laura! – Greg chamou no meio da rua. – Laura, espera! – Pediu finalmente a alcançando e segurando seu braço.

—Me solta, Gregory! – Ela se soltou deixando as lágrimas escorrerem por seus olhos negros.

—Por favor, me desculpe por isso, aquela mulher é...- Ele ia dizendo, mas a voz dela logo o cortou.

—É sua bisavó. – Ela o encarou fielmente. – Parte da sua família, parte dos Stormfields e do seu mundo. – Secou uma lágrima. – Eu não quero fazer parte desse mundo podre. – Completou.

—Nem eu! – Ele segurou a mão dela. – Você tem toda a razão, é podre e eu não quero mais fazer parte dele. – Disse.

—Mas você faz. – Ela sussurrou. – Eu nunca fui tão humilhada na minha vida... – Seus olhos agora não focavam mais os dele.

—Laura, eu te amo, tá legal? – Gregory deixou sair aquilo fazendo-a encará-lo mais uma vez. – Eu não dou a mínima para o que eles falam, para o que eles pensam, porque pra mim você é perfeita. E eu não quero perder você por causa desse mundo idiota. – Concluiu. Laura suspirou com aquelas palavras, e sem dizer nada deixou sua mão acariciar o rosto dele.

—Também te amo. – Disse. – Mas acho que isso tudo comprovou que a gente foi rápido demais. – Choramingou. – Não to pronta pra essa batalha e sinceramente eu acho que nem você. Sua família tem muito o que resolver antes de colocar mais gente dentro das suas bolhas de mágoas. – Fungou.

—Onde você quer chegar? – Ele perguntou tristonho.

—Melhor a gente ficar um tempo longe. – Ela sorriu torto.

—Não. – Greg protestou. – Laura, eu acabei de dizer que eu amo você e você me pede isso? – Questionou incomodado. – Eu não sou como eles, você sabe disso! – Bradou.

—Eu sei disso, mas eles continuam sendo sua família e enquanto morar com eles eu não quero estar lá, porque não sou aceita. – Chorou. – Sinto muito por isso, Gregory... – Ela disse pulando nos braços dele e o abraçando fortemente, para logo depois se soltar e correr para dentro de um táxi para o qual fez sinal.

—Laura, não, por favor! – Ele pediu sem sucesso. – Laura! – Chamou uma última vez antes de ver o carro dar a partida. Gregory sentiu então seus olhos se encherem d'água. Num ato impensado se sentou ali mesmo no meio da calçada e encostou a cabeça nos joelhos se permitindo desabar.

***

Jennifer estava sentada sobre o sofá folheando um livro entretida. No corpo estava apenas uma regata que deixava sua barriga à mostra e um short de cor amarelo, já o cabelo estava solto e bagunçado devido ao encosto do sofá. De repente a campainha soou despertando-a. Ela então se levantou e correu até a porta que quando abriu se deixou surpreender ao ver Nicholas ali.

—Phillips? – Perguntou confusa.

—Esperava outra pessoa? – Ele perguntou sorrindo.

—Ah...O Harry na verdade. – Disse confiantemente.

—Engraçado, eu acabei de ver ele passando de carro com uma garota loira, pareciam se divertir, e mais engraçado ainda foi a sua melhor amiga me dizer que vocês dois não passam de amigos de longa data. – Ele disse espertamente.

—Não sei do que está falando.- Jennifer rolou os olhos.

—Tentou me enganar, Hunan, bela cartada, eu quase acreditei. – Nicholas riu.

—Você acreditou, só que a boca grande da Lisa estragou tudo. – Zombou ela.

—Fala a verdade... – Nicholas deixou sua mão segurar firme na cintura de Jennifer. – Sentiu minha falta... – Sorriu. Jennifer suspirou, mas logo se soltou de seus braços fortes.

—Da sua arrogância e da sua prepotência? – Fez careta. – Estava conseguindo viver sem. – Rolou os olhos.

—Eu só vim te avisar que eu voltei pro nosso jogo e com artilharia pesada. – Nick deu uma piscada que a fez rir.

—Não estamos jogando, Phillips, cai fora! – Ela o empurrou na direção da porta.

—Só queria dizer que andei escutando música popular brasileira e descobri uma música interessantíssima que me lembra muito você, ela diz assim "Eu mando um beijo e ela não pega, pisco o olho e ela se nega, faço pose e ela não vê. Jogo chame e ela ignora, chego junto e ela sai fora, eu escrevo e ela não lê. – Riu, mas não mais que Jennifer que deixou escapar uma gargalhada. – Esse tal de Seu Jorge deve ter se inspirado na minha vida. – Brincou.

—Você é sem igual, Nicholas. – Ela disse rindo.

—Me chamou de Nicholas, Hunan... – Ele sorriu. – Jennifer... – Completou agora deixando sua mão acariciar o rosto dela. Ela sentiu seu corpo se arrepiar num ato involuntário e fechou os olhos por um segundo. – Eu quero tanto te beijar, Jennifer... – Ele sussurrou, mas ela então logo voltou a si.

—Vai tentando, Phillips. – Disse rapidamente buscando sair do transe que ele a colocou e soando mais grosseiramente. Ele riu frouxo com isso. – Boa noite. – Jennifer falou fechando a porta atrás de si.

—Minha vênus, minha deusa, quero seu fascínio.... – Cantarolou ele zombeteiro fazendo-a rir atrás da porta.

****

Gregory adentrou sua casa para ver Theodore sentado sobre o sofá com a camisa aberta e um copo de uísque em mãos. Eles se encararam fielmente, mas tudo o que Greg fez foi ignorar sua presença ali e correr em direção a escadaria.

—Gregory! – Theodore o chamou.

—Eu não quero falar com você, Theodore. – Respondeu Gregory incomodado.

—Eu sinto muito pela... – Ia dizendo, mas logo fora interrompido.

—Sente muito? – Ele disse irônico. – O que acha que sentir muito resolve? – Perguntou desafiador. – Ela terminou comigo porque nunca foi tão humilhada em toda a vida dela e se quer saber ela tem toda a razão de me achar um merda como todos os Stormfields são. – Bradou fazendo Theodore suspirar. – Você não fez nada! Não falou nada, deixou ela falar aqueles absurdos e ficou em silêncio como se não fosse um problema. – Disse.

—Eu fiquei em choque. – Tentou se explicar.

—Eu sou seu filho! – Gregory disse. – Eu precisava do apoio do meu pai, mas quer saber a culpa é minha, porque eu esqueci que eu nunca tive um pai de verdade. – Falou grosseiramente dando as costas para o pai que apenas fechou os olhos sem conseguir dizer nada. Nesse mesmo momento Elisabeth desceu as escadas e encarou um Theodore que parecia abatido.

—Senhor Stormfield. – Chamou fazendo-o encará-la rapidamente e com total atenção. –Vim avisar que as crianças estão dormindo e eu estou indo embora. – Completou. – Boa noite. – Ela sussurrou passando por ele que fechou os olhos para controlar sua vontade de segurá-la.

—Elisabeth... – Ele disse, mas logo a voz dela o cortou.

—Não precisa dispensar as formalidades, sua noiva certamente prefere que elas sejam mantidas. – Disse curta e grossa. – Boa noite. – Concluiu fechando a porta atrás de si.

Theodore suspirou. Há anos não se sentia tão mal. Decepcionara Elisabeth, Matthew, Greg, Annabeth, Nicholas, todos no mesmo dia e de formas devastadoras. Sempre conviveu com sua dor, e vivia relativamente bem assim, mas sentir a dor das pessoas que mais amava no mundo era simplesmente torturante. 


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