Um tempo depois, o verão chegou. Alguns médicos optavam por tirar suas férias nessa época e dessa vez Cameron conseguira.

Como em uma equipe não poderia ocorrer um desfalque grande, era cada um na sua vez. Dessa vez o mês livre começava com a doutora Alisson na equipe de diagnósticos.

–Pode me tirar dessa escala, House. Minhas férias começam na segunda. – ela disse entrando na sala quando o chefe distribuía alguns deveres para seus subordinados.

House arqueou as sobrancelhas.

–Quem te deu férias?

–A Cuddy. – ela disse sorrindo e sentando-se à mesa com os colegas. – E um de vocês vai ser o próximo.

–O Foreman. Eu prefiro ir pra Austrália mais tarde. – Chase disse sorrindo de canto.

–E qual vai ser seu cronograma agora? – Foreman perguntou para Cameron.

House e Chase permaneceram na mesa, desde que o chefe engatara um relacionamento com ela ficara mais participativo nas conversas deles.

–A próxima semana eu passo na casa dos meus pais, se não for vê-los eles podem mandar me sequestrar e me levam a força. E no dia oito eu embarco pra minha amada e adorada Londres! – ela disse com um suspiro de apaixonada.

–Vai turistar? – Chase perguntou.

–Não exatamente. Eu vou a Londres quase todos os anos desde que eu tinha 15. Sou apaixonada pela Inglaterra e tenho alguns amigos lá. Na sexta vai começar uma exposição de antiguidades egípcias no antiquário do meu amigo. Ele me mandou o convite e como eu não apareço lá há um pouco mais de um ano e meio, não tive como recusar!

–E quem vai cozinhar pra mim durante esse tempo todo? – House disse fazendo uma cara de pânico.

–Você está livre pra preparar o que quiser meu bem. Desde que não coloque fogo na vizinhança toda. E nada de assaltar a minha geladeira! – Cameron disse brava fazendo Chase e Foreman rirem.

–Agora fiquei sem cozinheiro. Wilson só pensa na Cuddy, você vai viajar... Qual de vocês dois se candidata ao cargo de substituto? – House disse perguntando para os dois homens.

–Eu poderia até pensar nisso, mas sinto que você vai acabar preferindo minha comida e aí a Cameron vai ficar bem puta comigo quando voltar! – Foreman disse desdenhando da amiga.

–Há. Muito engraçado Senhor Eu-vivo-das-sobras-da-vizinha. – ela disse fazendo todos rirem.

–Não! Foreman, você anda roubando comida além de carros agora? –House perguntou se fazendo de preocupado.

–Não engraçadinho. Não tenho culpa se minha vizinha de baixo sabe que eu sou um cara muito ocupado e leva algumas coisas pra mim. – Foreman disse se fazendo de rogado.

–Você tá aceitando bem mais do que a comida, né Foreman? – Chase perguntou deixando todos interessados.

–Não!

–Ah, está sim! – Cameron apontou.

–Porque você acha isso? – Foreman perguntou.

–Porque você fez aquela cara sua de “estou pegando ela, mas melhor não falar nada”. – a doutora disse.

–Merda. Eu tenho que parar de sair com você, Cameron. Já até sabe minhas manhas. – Foreman disse parecendo indignado.

–Se bem que agora a Cameron não sai muito mais com a gente, né – Chase reclamou e Foreman concordou olhando feio pra ela que levantou as mãos em rendição.

–Que culpa eu tenho se das dez vezes vocês saem oito são para caçar mulheres? Não tô a fim de fazer isso agora. – ela disse.

–Eu só não vou reclamar porque o motivo pra ter feito você parar de caçar homens é meu chefe. – Foreman disse fazendo Chase e House rirem. Cameron corou.

–Idiota. – ela disse tentando não olhá-lo nos olhos. House ainda achava fofo o jeito como Cameron ficava envergonhada quando o relacionamento deles era tema de alguma conversa em público.

Foram interrompidos pelo telefone tocando e Cameron se apressou em atender.

–House! Sua mãe quer falar você! – ela avisou e o chefe fez uma careta indo até o telefone.

–Por que não disse que eu não estava? – ele sussurrou.

–Porque é a sua mãe criatura! – ela disse entregando o telefone pra ele.

–Oi, mãe. – ele disse calmo.

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–Tudo pronto? – House perguntou para Cameron quando ela colocava a última mala em seu carro.

–Sim. Não devo ter esquecido nada e caso precise pego da minha mãe. – ela disse sorrindo.

–Você já comprou a passagem de avião pelo aeroporto de lá? – ele questionou.

–Sim. O voo pra Londres sai sexta a tarde, assim eu consigo chegar lá pro jantar.

–Vai ficar na casa do seu amigo? – House perguntou estreitando os olhos e Cameron revirou os seus.

–Não, porque seria muito incômodo pra eles que eu fique lá. Eu não vou pra lá só pra ver o Henry e o Abe, Greg. Tenho outros amigos e lugares pra ver, e tenho certeza de que três semanas vai ser muito pouco! – ela disse colocando sua bolsa no banco do passageiro.

–Sei. Vai me ligar pra contar como foi a viagem? – ele perguntou um pouco constrangido fazendo-a sorrir.

–Não. Vou ligar pra saber se você ainda não morreu de fome. – ela disse fazendo-o rir. Não que eles morassem juntos, mas passavam a maior parte do tempo ou na casa dele ou na casa dela. O que era bom porque quando não queriam se ver, tinham pra onde ir sem o outro.

–Tá. Eu não vou te ligar porque não sei quando você vai estar ocupada ou não, então... Fique a vontade pra me ligar uma vez por semana. – ela disse levando um tapa.

–Vou te ligar sempre que der. Ah, e você vai ver seus pais?

–Vou. Ou não. Você não vai estar aqui pra me obrigar! – ele disse.

–Mas o Wilson e a Cuddy vão. E eles já sabem o dia e o horário em que seus pais chegam, o hotel em que vão ficar e quantos dias. – ela disse piscando e o deixando com a boca aberta.

–Você não fez isso.

–Fiz sim, e a propósito sua mãe é um amor! –ela disse fazendo-o ficar mais atônito.

–Conheceu ela?

–Oh, infelizmente não. Falei com ela por telefone mesmo.

–Você... Falou sobre nós? – ele perguntou cauteloso.

–O que você acha? – ela perguntou agora séria.

Ele não soube o que responder.

–Greg, não falei não se preocupe. Eu nem sei se você vai querer contar isso pra ela. Eu disse que você queria saber os horários deles pra poder se organizar já que é muito ocupado. Foi só isso. – ela disse tranquilizando-o e ele suspirou.

Cameron era cada vez mais incrível. Tinha uma paciência enorme com ele, com toda aquela confusão de sentimentos que ele era. E esse era um motivo a mais pra ele a querer por perto sempre.

–Obrigado. – ele disse baixinho e ela lhe deu um abraço.

–Não precisa agradecer. E me dê tchau descentemente, porque é melhor eu ir logo. Não quero pegar aquele transito típico de um domingo a tarde! – ela disse e ela beijou.

–Boa viagem, Allie. Mande um oi pra sua mãe. – ele disse sabendo que a mulher havia contado para sua mãe sobre eles. Mas era só porque Cameron e a mãe eram bem ligadas e ela costumava dividir esse tipo de coisa com ela.

–Obrigada. Mando sim. E juízo hein! – ela disse com um olhar sério entrando no carro.

–Prometo não ligar pra nenhuma prostituta. Mas se eu morrer de abstinência a culpa será totalmente sua, doutora. – ele disse.

–Dou meu jeito nisso quando voltar. – ela disse piscando e fechando o vidro.

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–Você vai sim! – Wilson disse para o amigo quando ele pensou em não ir ao jantar com seus pais.

–A Allie nem tá aqui. O que custa você mentir pra ela dizendo que eu fui ao jantar? Você pode mentir pra Cuddy também. – House exclamava.

–Nada disso House! Você tem uma hora para estar naquele restaurante. E eu vou junto.

–Você não foi convidado.

–Fui sim. A Cameron perguntou pra sua mãe se eu poderia ir junto porque também queria vê-los e como sua mãe me adora ela deixou! Há! – Wilson exclamou em tom competitivo.

–Ela não fez isso! Que mente criminosa a Alisson está me saindo. – ele disse surpreso com a inteligente jogada que ela tinha feito.

–Pois trate de agradecer porque ela deu um jeito em você!

–Isso ela fez mesmo, Jimmy.

–Já vai fazer um ano que vocês estão juntos, não é? – Wilson perguntou.

–Sim. Vai ser logo depois que ela voltar de Londres.

–E você vai ser alguma coisa pra ela?

–Coisa? Que coisa Wilson?

–Um ano House. Os casais comemoram isso.

–Eu tenho mesmo que comemorar isso? Cameron está bem feliz com nossa relação. Já é uma coisa pública. Faz um ano. Quer coisa melhor? – ele disse procurando uma roupa para o tal jantar.

–E por isso mesmo você deve conhecer bem a sua namorada, não é?

–Namorada. Ainda acho estranho falarem assim. – House disse fazendo careta. – Sou meio velho pra isso não acha?

–Não, não acho. House, siga meus conselhos, você sabe que dão certo. Faça alguma coisa legal pra ela quando ela voltar.

–Isso se ela voltar, não é?

–Como assim?

–Ela foi toda animada pra encontrar o tal do Henry. – ela disse fazendo uma cara de nojo ao falar o nome do amigo britânico da Cameron.

Wilson explodiu em uma gargalhada.

–Você está com ciúmes? Céus, nunca achei que veria você tendo um ataque de ciúmes.

–Ninguém está tendo ataque aqui, Jimmy. Você já está pronto? Vamos logo. – House disse encerrando o assunto. Ninguém precisava saber que ele não via a hora de Cameron ligar pra saber como ela estava. Já fazia dois dias que ela estava na casa dos pais e tinha apenas mandando algumas mensagens.