Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 40
Impureza, Ressentimentos e A Masmorra do Lobo


Notas iniciais do capítulo

Genteeeee, cheguei! A Potterparty foi maravilhosa! Nem tenho descrições! Foi divertida, foi deboas, foi fantástica e mágica! E eu confirmei que sim, temos a melhor fandom de todas!

Eeee o capítulo de hoje é mega especial porque comemoramos DOIS aniversários (tecnicamente foi onte, dia 2, mas vocês sabem que noite de segunda e madrugada de terça são a mesma coisa pra mim hehe)! Primeiro, da Batalha de Hogwarts, e segundo da bela Victoire Weasley. :D

E o presente é de vocês! Boa leitura!



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Os acontecimentos do dia anterior pareciam borrões na memória de Harry. Ele não se lembrava como haviam chegado em Hogsmeade, mas o som dos soluços de dor da senhora Weasley ao embalar o corpo de Gina estavam guardados na mente do garoto para sempre.

O velório foi organizado às pressas, e aconteceu naquela mesma tarde, mas Harry não compareceu. Parecia que a cada piscar de olhos alguém vinha lhe cumprimentar por ter exterminado grande parte da alcateia de lobisomens, e ele simplesmente não aguentava mais os olhares agradecidos para si quando ele não havia feito nada digno de agradecimentos.

Ele rumou para Hogwarts o mais rápido que pode, não esperou nem mesmo os testrálios, preferiu ir a pé. De novo, as pessoas por quem ele passava nos corredores de pedra o chamaram quando passava, mas ele prontamente mudava de direção, usando mão dos caminhos escondidos que aprendeu pelo mapa do maroto em seus anos de estudante.

Ele seguiu por um corredor escondido por algum tempo, até terminar em um outro corredor deserto que ele sabia que terminaria no banheiro dos monitores. Agora que dava aulas no Clube de Duelos, ele tinha conhecimento de todas as senhas, e ele precisava desesperadamente de um banho para tirar o sangue coagulado da pele.

Quando ele chegou na estátua de Boris, o Pasmo, ele encostou na porta de madeira escura e murmurou a senha, e assim que ela se abriu, adentrou no banheiro. Tudo permanecia do mesmo jeito que Harry se lembrava, desde as cem torneiras douradas encrustadas com pedras preciosas de cores diferentes até as longas cortinas de linho nas janelas, impedindo que o sol da tarde entrasse com força total no lugar. Até mesmo o único quadro com a sereia loura estava exatamente onde deveria estar, no entanto, ela estava acordada dessa vez, penteando os longos cabelos dourados.

Deixando a varinha na beira da piscina, Harry abriu a torneira engastada com uma enorme pérola negra, que soltava água perfumada e espuma branca e densa – que ele sabia ser a favorita da sua Gina, quando eles tomavam banhos juntos – e se despiu enquanto esperava a água ficar funda o suficiente para ele poder entrar.

A água estava quente e agradável, e o efeito furta-cor das bolhas se misturou com o vermelho do sangue que se dissolvia da pele branca dele, criando uma aura rosa em sua volta. Enojado com isso, Harry esvaziou a piscina com um feitiço, e ficou diretamente embaixo da torneira quando a reabriu, esfregando com uma esponja cada centímetro de pele que conseguia alcançar, mas não importava o quanto esfregasse, sua mão direita, a mão da varinha, ainda parecia suja, impura.

***

Harry perdeu a noção de quanto tempo havia ficado no banheiro dos monitores, esfregando o próprio braço, mas quando a lua se fez perceber entrando pelas janelas cobertas de cortinas de linho, ele se deu por vencido, e finalmente saiu da água em direção aos seus aposentos.

O braço ardia e doía em carne viva, mas ele ainda o via manchado de sangue, embora mal houvesse pele inteira protegendo seu antebraço. Com dificuldade, Harry abriu a porta do seu quarto com a mão esquerda, mas quando a abriu, uma figura enrolada perto da lareira indicou que ele não estava sozinho.

— Você não foi ao enterro. – Lottie estava enrolada em um cobertor, sentada em uma das poltronas em frente ao fogo, segurando uma grande caneca – É chocolate quente. Cookie preparou.

— Já acabou? – Harry perguntou, sem emoção, ao se encaminhar ao guarda roupas e pegar uma muda. Ele havia sugado o sangue do tecido, mas ainda conseguia sentir seu cheiro.

— Se você está falando do enterro, já acabou sim. – Lottie respondeu, ainda encolhida na cadeira – Se você se refere ao discurso que acha que eu vou dar... Eu nem comecei.

— E vai começar? – Perguntou Harry novamente, depois de já vestido, jogando as antigas roupas no fogo.

— Eu ia – Lottie esticou o dedo para Harry, as sobrancelhas unidas deixando um leve vinco na testa que desapareceu rapidamente – Mas não vou.

— Obrigado. – Harry disse com sinceridade, e finalmente aceitou a caneca que Lottie havia oferecido, e deu um gole. Estava muito bom. – Está me esperando a muito tempo?

— Uma meia hora. Mantive-me ocupada – ela indicou um livro repousado na mesinha de café na frente dos dois. – Eles o trouxeram para cá.

— Quem? – Harry perguntou, por mais que ele tivesse certeza da resposta.

— Lupin, antigo amigo do papai. – Lottie falou, sombria – Eles o trancaram em uma das masmorras guardado por dois trasgos, mas ele não demonstrou nenhuma tentativa de fuga desde que acordou, apenas fica olhando para frente.

— Então porque os trasgos? – Harry disse, sentindo o braço direito doer.

— Sirius – Lottie respondeu, simplesmente – Papai está com medo que ele mate o Lupin. Ou que o machuque seriamente, no mínimo. O que houve com seu braço?

— Não consegui limpar – Harry não soube porque respondeu aquilo, por mais que fosse a verdade. – Por mais que eu esfregue... Ainda está sujo de sangue.

— É exatamente por isso que não segui em frente com o sermão – Lottie suspirou, mas sorriu logo em seguida – Você deveria tratar isso, tinha sangue de lobisomem, você pode se infectar. Vamos, eu te levo até a enfermaria.

Harry se deixou ser conduzido pela irmã pelos corredores de pedra. Ele não havia considerado a possibilidade de contaminação, na hora ele queria apenas limpar a pele o mais rápido possível.

Quando finalmente chegaram na enfermaria, ela estava completamente deserta. Nenhuma de suas camas estava ocupada, e o escritório da madame Pomfrey estava fechado, e aparentemente vazio, mas isso não intimidou Lottie, que mandou Harry se sentar em uma das camas e levantar a manga da blusa que estava usando.

— A gente acaba aprendendo alguma coisa quando se tem uma mãe medibruxa – Lottie sorriu, voltando do estoque de remédios com três potinhos pequenos. – Trouxe unguento para dor, mix de ervas para desinfetar e poção cicatrizante para a pele crescer como nova...

— Não – Harry interrompeu a irmã, que olhou para ele com dúvida nos olhos – Só desinfete e faça um curativo.

— Harry, sem o unguento você vai continuar sentindo dores, e a poção vai fazer sua pele nascer de novo, como se nada tivesse acontecido. Oh! – A compreensão chegou aos olhos extremamente verde de Lottie – Você não quer esquecer que aconteceu, não é?

— Você sabe que essa não é a primeira vez que eu perco o controle dos meus atos – Harry falou, envergonhado – Mas é a primeira vez que eu derramo sangue... desse jeito.

Lottie não respondeu nada, apenas abaixou os olhos e começou a trabalhar. Ela era boa no que fazia, suas mãos eram delicadas e leves, e ele quase não sentiu dor quando ela desinfetou o machucado com as ervas e água gelada. Mesmo a contragosto, ela não passou o unguento nem a poção para crescer pele, mas teve que passar uma pomada para que as faixas não grudassem na carne exposta do seu braço e mão. No final, o braço de Harry estava duro e dolorido, mas livre da possibilidade de uma infecção.

— Obrigado – Harry sussurrou, recolhendo o próprio braço e recostando em um dos leitos.

— Não há de que – respondeu Lottie no mesmo tom de voz, sentando-se ao lado de Harry no colchão – Você o conheceu, não foi? O Lupin. Em sua realidade...

— Sim. Ele foi um grande professor e amigo. – Harry suspirou mais uma vez, sentindo o braço formigar de dor, e se levantou da cama, inquieto pela agonia das ervas em contato com a carne.

— Não devia se martirizar tanto – Lottie falou baixinho, antes de deixarem a enfermaria – Não vou dizer que você não tem culpa de nada, nem que não foi nada demais... Mas como sua irmã, eu sei o quanto você está atormentado. Tente usar isso hoje, vai te fazer bem.

Rapidamente, Lottie depositou um leve beijo na bochecha de Harry depois de colocar alguma coisa gelada entre seus dedos. Harry ficou observando a menina andar em direção ao apartamento dos Potter, que era no corredor seguinte, até que ela desapareceu da sua vista. Pensando se talvez não devesse ter aceitado o unguento, Harry abriu a mão para ver um pequeno frasco contendo um líquido púrpura, uma poção para dormir sem sonhos.

Sorrindo tristemente, Harry enfiou o frasquinho no bolso da calça, mas seus pés não o levaram em direção aos seus aposentos, no lugar disso, caminhou em direção aos jardins. Embora seu corpo e mente estivessem desejosos de uma noite sem sonhos, parte de si ansiava por um pouco de ar frio. No entanto, assim que seus olhos encontraram com a enorme lua cheia iluminando o terreno, as lembranças do massacre que ele fez voltaram a sua mente com a velocidade e a força de um tiro de canhão.

— Harry? - Harry se virou bruscamente na direção da voz, a tempo de ver a professora McGonagall sair das sombras que as colunas estavam criando. – Não o vi no enterro da menina Weasley.

— Eu... – Harry começou, mas não sabia o que falar. Que ele estava envergonhado? Que não estava disposto? – Eu soube que trancaram Lupin em uma das masmorras.

— Lottie, com certeza. – A professora sorriu levemente, e Harry se sentiu muito agradecido que ela não persistisse na história do enterro de Ginevra Weasley, e só por isso a acompanhou em sua caminhada quando ela o convidou, com um leve toque em seu cotovelo – Sim, é verdade. James Potter inclusive pediu a guarda da masmorra com dois trasgos. Mas você também já deve estar inteirado disso. – Harry apenas assentiu, confirmando as suspeitas da professora.

— Pretendem soltá-lo? – Perguntou Harry, deixando-se ser conduzido no passeio noturno – Soube que ele não responde a nada, nem mesmo as ameaças de Sirius...

— Sirius Black é um grifinório até os últimos fios de cabelo – a professora balançou a mão no ar, como se tentasse afastar um inseto invisível – E por mais que eu admire as qualidades da minha Casa, sei que muita bravura e ousadia por vezes vem acompanhada de uma cabeça quente. Entende?

— Sim, senhora – Harry respondeu, incerto se aquela havia sido uma indireta para si próprio.

— Bom. - A professora balançou a cabeça positivamente, em aprovação, e guiou Harry até as escadas da ala leste do castelo. No entanto, ao invés de seguir até seu próprio escritório, como Harry estava esperando que a professora fizesse, ela tomou o caminho contrário, descendo os degraus de pedra em direção às masmorras.

Surpreso, Harry seguiu em silêncio os passos da professora pelos corredores cada vez mais profundos no castelo, até pararem em frente a dois trasgos que guardavam uma porta. O cheiro das criaturas chegou nas narinas de Harry vários metros antes, mas se intensificou assim que a professora parou em frente aos dois. Eram trasgos relativamente pequenos, deveriam ter pouco mais de dois metros e meio de altura, e sua pele cinzenta e baça não tinha tantos calombos como os trasgos maiores que Harry já havia cruzado na vida.

— O professor Dumbledore nos espera – a professora disse altivamente, e os trasgos arrastaram os pesados pés, liberando a porta para que entrassem na masmorra.

— Não sabia que Dumbledore havia voltado – disse Harry, com um pouco de rancor na voz. Onde estava o diretor no ataque à Killarney?

— Ele retornou ao castelo assim que a cerimônia do enterro da menina Weasley acabou – a professora respondeu severamente, certamente inconformada com a rispidez usada por Harry ao se dirigir à Dumbledore – E veio direto para cá, interrogar o senhor Lupin.

— Então porque a senhora me trouxe para cá? – Perguntou Harry, confuso.

— Dumbledore expressou a vontade de falar com você, quando a manhã chegasse – ela respondeu, com a porta aberta e a maçaneta de latão na mão, indicando que ele deveria entrar na masmorra – E já será de manhã quando ele terminar seu interrogatório.

Harry assentiu levemente, convencido que mesmo que ele fosse para seus aposentos agora, ele seria incapaz de dormir sem a poção que Lottie havia lhe dado, então adentrou na antecâmara da masmorra, e só se sentou depois que a porta havia sido fechada atrás de si.

Pelas suas lembranças do Mapa do Maroto, Harry tinha quase certeza que aquela não fazia parte das masmorras maiores, que eram quase do tamanho de um campo de Quadribol, mas ainda assim não era pequena como as masmorras da ala norte.

Tochas iluminavam as paredes geladas, mas o fogo aceso na lareira era convidativo, por isso Harry arrastou uma poltrona até que as chamas quase lambessem o tecido. Tirando o conjunto de poltronas e uma extremamente surrada mesa de madeira, a antecâmara da masmorra não tinha outros móveis, mas tinha uma enorme tapeçaria de bruxas fazendo poções, que manteve Harry ocupado por um tempo.

Embora lembranças do ataque na noite anterior ainda voltassem a aparecer na mente dele, Harry pode sentir os primeiros sinais do cansaço e do luto se abaterem sobre seu corpo, afundado como pedra no conforto da poltrona. Ele não sabia que horas deveriam ser, mas ele suspeitava que já havia completado quarenta e oito horas sem dormir, e o crepitar das chamas estava funcionando como uma canção de ninar em seus ouvidos, por mais que sua mente deprimida se recusasse a descansar. Depois de alguns minutos encarando a lareira, praticamente imóvel, Harry se convenceu que Dumbledore não viria ter com ele tão cedo, e a conselho de Lottie de usar a poção de dormir sem sonhar pareceu muito sábio para não ser ouvido, portanto ele tirou o pequeno frasco do bolso e bebeu-o em um gole só.

O gosto adocicado da bebida relaxou seus músculos em um instante, e aos poucos, Harry sentiu as pálpebras ficarem pesadas demais para mantê-las abertas, mas ele não lutou contra o sono que se apoderou de sua mente, e se deixou ser guiado pelo seu inconsciente até um comprido corredor, onde ela o esperava.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que não tem nenhuma ação nesse capítulo, mas ele é um capítulo pra preparar vocês. Brace yourselves, TRETA is coming!!!

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