Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 39
Lobisomens


Notas iniciais do capítulo

Gente, e não é que eu quase esqueço de postar hoje! Por sorte sempre navego pelos meus blogs favoritos antes de dormir, daí eu pensei: "vou dar um pulo no nyah, ver como estão os coment....OMG!!!" ahahahha

Mas aqui está o capítulo prometido, e em tempo ;)



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O problema de se lutar com lobisomens é a distância que você tem que colocar entre si mesmo e seu oponente. Como o contato com o lobo pode acabar sendo contagioso, muitos bruxos preferem não enfrentar a fera quando transformada, e fugir ou se esconder até que a pessoa infectada esteja não-contagiosa. Lutar com apenas um lobisomem é altamente perigoso e muitas vezes fatal, mas enfrentar uma matilha inteira é olhar nos olhos da morte. E naquela noite, na pequena cidade de Killarney, na Irlanda, a morte estava de braços abertos.

Quando Harry, James e Lily desaparataram em um dos bairros mais afastados da cidadezinha, os choros e sangue espalhado pela rua denunciava que havia acontecido alguma coisa.

— Lily... – James chamou a esposa, que se adiantava em direção a uma mãe que chorava desesperadamente com o corpo ensanguentado de uma criança no colo.

— Não posso deixá-los, James – ela interrompeu o marido, os olhos no pequeno corpo desfalecido nos braços da mãe.

— Não tem nada que podemos fazer por eles agora – Harry colocou a mão no ombro da mãe, afastando-a gentilmente – Você não tem suas ervas e nem suas poções. Mas temos nossas varinhas, e a Ordem precisa de todos nós agora.

Relutantemente, Lily desviou o olhar do sofrimento da mulher e tomou a varinha em punho, seu gesto sendo repetido por Harry e por James. Gritos ecoavam pela madrugada, mas a lua cheia que iluminava o céu parecia um enorme holofote, deixando o chão coberto de neve bastante claro para mostrar o caminho branco e vermelho.

Seguindo o barulho de luta e uivos, Harry seguiu na frente, todos os pelos do corpo ouriçados, não só pelo frio da madrugada, mas principalmente pelo perigo que estavam correndo. No caminho que seguiram, não encontraram com mais ninguém. Embora ainda ouvissem vozes, gritos, choros, não cruzaram com vivalma enquanto seguiam o som da batalha e de rosnados.

— Cuidado! – James agarrou Harry pelo colarinho, impedindo que um grande lobo derrubasse Harry – Estupefaça! Estupefaça! Estupefaça! – A pele de um lobisomem transformado é grossa, deixando os feitiços menos eficazes do que em um bruxo comum. – Lobisomens não emitem ondas de magia, han?

— Emitem, mas... é fraco, confuso. – Harry confessou, agradecido pelos reflexos de James.

Com cuidado redobrado, Harry contornou o Hospital local até uma pequena rua deserta. De lá, ele conseguia ter uma boa visão da luta que acontecia em uma rua residencial alguns metros abaixo, em um pequeno vale. O ângulo de onde estava, somado à lua cheia acrescida dos postes permitiram que ele finalmente visse o que estariam enfrentando.

Os bruxos da Ordem pareciam ter conseguido encurralar pouco mais de três lobos em uma pequena praça, mas mantê-los presos estava sendo um grande problema. Os que estavam presos avançavam violentamente, e os que ainda estavam à solta pareciam muito determinados em soltar seus semelhantes cativos.

Harry seguiu o mais silenciosamente que pode pela rua, estudando o terreno em sua volta, procurando usar a topografia elevada em que se encontrava como vantagem. Com a varinha em punho, Harry se adiantou, em direção à batalha violenta que estava sendo travada.

— Impedimenta! – Harry gritou a plenos pulmões, mirando em um lobo particularmente peludo, que tentava arrancar a perna de um homem desacordado, que Harry não reconheceu. O lobo ganiu dolorosamente ao ser jogado vários metros para trás, batendo em uma placa, onde Harry pode ler “Marian Terracem”. – Não!

Mas antes que Harry pudesse reagir, um uivo fez-se ouvir na noite, e todos os lobos pararam o que estavam fazendo imediatamente para seguir esse som, seguindo diretamente para Marian Terracem, onde Harry se lembrava bem que ficava a casa da tia Muriel.

— Locomotorum Parceum! – Harry ainda tentou atingir algum membro da alcateia, mas seu feitiço não atingiu nenhum lobo, e ricocheteou no chão, tão forte que ele se desequilibrou e por pouco não caiu no chão.

Sentindo os sapatos derraparem nas pedras cobertas de neve, Harry correu o mais rápido que suas pernas deixavam, mas mesmo assim não era o suficiente para acompanhar os lobisomens. A respiração pesada dos bruxos atrás de si era intercalada com gritos de feitiços e azarações que tentavam acertar seus alvos à frente, mas por mais que atingissem os lobos, sua pele grossa tornava o abatimento muito complicado.

As casas não tinham portões altos, então os lobos conseguiam pula-los com facilidade, usando força bruta para quebrar janelas e arrombar portas, quando os próprios moradores não haviam deixado a segurança de seu lar para ver o que estava acontecendo.

Harry entrou em um dos quintais derrapando na grama congelada, atirando feitiço atrás de feitiço nas costas peludas do lobo que havia se preparado para atacar sobre um senhor aterrorizado que sua espingarda tivesse sido jogada longe por uma única patada. Depois de imobilizar o lobo do melhor jeito que pode, ele mergulhou a tempo de escapar de um feitiço errante, mas sentiu um cheiro de queimado indicando que alguns fios de cabelo foram atingidos.

À noite, banhada por sangue e cheia de gritos era um reino de caos, onde cada um tentava ao máximo proteger a si e ao próximo, mas a cada investida dos lobos, mais Harry via bruxos desaparatando. Ele não poderia julgá-los, uma simples mordida e a vida de um bruxo mudaria para sempre.

Disparando feitiços contra um lobo que arrastava uma menininha chorosa pelo roupão, Harry conseguiu fazer que o lobisomem soltasse o tecido, deixando a menina livre para sair correndo para os braços do pai, que entrou correndo com ela e a esposa dentro do carro prontos para fugir apenas com a roupa do corpo.

Harry mirou um feitiço bem no meio do tórax do lobo, assim que ele pulou para ataca-lo, e o lobisomem foi lançado quase do outro lado da praça que ficava no meio da pequena rua, logo em frente a uma casa com uma varanda grande e confortável, de decoração alegre. A casa, ao contrário do resto da cidade, estava intocada, e Harry sentiu um grande alívio ao reconhecê-la e perceber que o Feitiço Fidélius ainda estava funcionando.

Mais leve, mas sem deixar de lançar olhares à construção protegida pelo feitiço a cada chance que tinha, Harry voltou à batalha, ciente que agora que seus números diminuíram drasticamente, a chance de vitória caíra exponencialmente. Parecia que não importava que tipo de feitiço e azaração eles lançassem, os lobos voltavam a se levantar, independente de seus machucados. Com um arrepio na nuca, ele percebeu que nunca vira lobisomens se comportarem daquele modo.

Aos poucos, Harry sentiu ser acuado junto com os membros remanescentes da Ordem, e os lobos estavam chegando tão perto que ele conseguia ver os dentes ensanguentados sob os lábios encrespados. Os gritos que vinham de todos os lados eram perturbadores, mas em algum lugar da noite, Harry ouviu um grito crescente e angustiado, diferente dos gritos de dor e medo que eles haviam escutado até agora. E muito mais assustador, porque Harry reconheceu ser Gina quem gritava.

Sem realmente saber explicar o que estava acontecendo, Harry sentiu uma grande onda de energia sair de dentro da casa de varanda confortável, tão forte e súbita que as janelas do segundo andar explodiram, no mesmo momento em que o feitiço se desfez, indicando que o Fiel Segredo, a tia Muriel, havia morrido.

Desesperado com o destino da velha senhora e de Gina, Harry passou a lutar com forças que ele não sabia que ainda tinha, o objetivo de chegar até a casa destruída e ter certeza que a jovem estava salva tatuado em seu cérebro. Portanto, foi com um imensurável alívio que ele viu um pequeno vulto sair cambaleando da construção, em direção ao jardim. Pequenos objetos ainda flutuavam em volta da menina, mas assim que os olhos castanhos dela reconheceram Harry a poucos metros de distância, ela os soltou, e sorriu.

Ginevra deu pequenos passos cambaleantes até a praça, mas nunca chegou a pôr os pés para fora do jardim congelado. A explosão não chamou a atenção apenas dos bruxos, e Harry sentiu o mundo parar completamente enquanto ele via um enorme lobo jogar todo o seu peso para frente, impulsionado pelas patas fortes em um pulo em direção à garota.

— Salvio Hexia! – Harry gritou desesperado, apontando a varinha para Gina, tentando protegê-la, mas foi tarde demais. Harry viu o lobo derruba-la na grama ainda verde e cravar os enormes caninos em seu pescoço fino, quebrando-o instantaneamente.

Harry sentiu como se tivesse ingerido ácido, e agora seu corpo estava sendo dissolvido de dentro para fora. Ele conseguia sentir o próprio ódio fluir em si, e seus ouvidos captaram muito ao fundo a voz de Lily lhe gritando alguma coisa enquanto ele se aproximava perigosamente da alcateia que os havia encurralado, a ponto de conseguir olhar nas pupilas afiladas dos olhos amarelados.

O ar frio, que antes estava queimando os pulmões do garoto, não mais o machucava em comparação com a dor que ele estava sentindo, e para tentar aliviá-la, Harry gritou. Gritou palavrões, feitiços, azarações. Ele gritava e cortava o ar com a varinha, sentindo as bochechas se encharcarem de lágrimas, que chegavam salgadas até sua boca. Carne, couro e pelo eram cortados, queimados, fuzilados, em busca de diminuir o vazio que Harry estava sentindo.

Um, dois, três lobos caídos. Harry girava o corpo em torno do próprio eixo, atingindo e cortando quatro, cinco, seis enormes corpos peludos. As lágrimas pareciam que nunca iam acabar, deixando sua visão embaçada enquanto ele jorrava feitiços sobre sete, oito, nove lobisomens.

Harry viu que o que restou da matilha estava fugindo desesperada de sua fúria, entre eles o lobo que havia dilacerado o delicado pescoço de Ginevra. Harry não sabia que conseguia correr daquele modo, mas chegou perto o suficiente para atingi-lo com o mesmo feitiço de quebrar ossos que Belatriz havia lançado sobre ele. Foi com uma imensa satisfação que Harry ouviu o barulho de ossos se rachando sobre a pele, e o lobo caiu, ganindo sobre a grama de uma das casas atacadas.

Ainda com lágrimas escorrendo, Harry apenas observou o grande animal sob si agonizar lentamente. Ele estava encarando os olhos do lobo, o cérebro funcionando muito rápido devido ao fluxo sanguíneo, e essa pausa desanuviou seus olhos e ouvidos, para ele perceber que um lobo, maior que os outros, vinha em sua direção, alucinado. Harry levantou a varinha para o que era claramente o alfa da matilha, mas antes que ele tivesse tempo de mirar em seu alvo, o lobo foi ferozmente atacado por um veado de galhadas enormes, jogando-o contra um muro, e prendendo o lobo com seus chifres.

— Harry! – O garoto reconheceu a voz de Lily se aproximar de si e segurar seu braço. – Você está sangrando...

— O sangue não é meu – Harry respondeu simplesmente, tentando se livrar dos braços da mãe, para livrar a mão da varinha e terminar o que havia começado.

— Pior ainda, esse sangue é infectado...

Surpreso, Harry sentiu o cansaço cair em seus ombros quando os primeiros raios de sol se fizeram aparecer nas montanhas, anunciando a manhã. Um súbito esgotamento bateu forte em seus olhos e membros, e a voz de Lily parecia cada vez mais baixa aos ouvidos de Harry enquanto ele voltava sua a sua atenção de volta para o lobo preso, tentando sair desesperadamente da galhada onde estava.

No entanto, aquele não era mais um lobo completo. Os pelos estavam retornando rapidamente para a pele, e seus ombros estavam se estreitando e endireitando, juntamente com a coluna e as costelas, que faziam barulhos terríveis de ossos batendo. As garras compridas, deram lugar à dedos humanos cheios de terra e sangue, e por último, o focinho diminuiu e deu lugar à uma mandíbula masculina, exibindo uma série de cicatrizes. Assim que a transformação terminou, o cervo se transformou novamente em bruxo, e James pode aparar o corpo inerte de seu antigo amigo, Remus Lupin.

Harry se sentiu obrigado a esfregar os óculos, tentando se convencer ao máximo que ele havia enxergado coisas, que não era real, que a poucos segundos atrás ele não havia tentado matar seu antigo professor, seu grande amigo, o pai de seu afilhado. Com nojo de si mesmo, ele largou a varinha no chão, e encarou toda a rua. O chão, coberto de neve vermelha e restos de corpos de animais com suas vísceras espalhadas marcaram o interior de seus olhos como se fossem brasa.

Os bruxos da Ordem que tinham ficado até o fim no local, o olhavam admirados, mas o terror que ainda estava estampado em seus olhos fez que uma onda de sangue colorisse o rosto de Harry de vergonha. Procurando desviar o olhar dos bruxos e bruxas que se adiantavam para cumprimentá-lo, seus olhos caíram em um pequeno e indefeso corpo jogado a alguns metros dali.

Ignorando as pessoas chamando seu nome, Harry seguiu em direção ao pequeno corpo de Gina, e a pegou em seus braços. Sentindo novamente os olhos se encherem de lágrimas, ele se preparou para tentar ao máximo controlar a ira. Entretanto, tal raiva não veio, deixando-o apenas com o pesar, acompanhado da vergonha que sentia apertar seu íntimo.


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Notas finais do capítulo

Pobre Harry :( Autora má, não cansa de maltratar os outros?! Nooooop, canso não hehe (6)

Massssss, eu tenho uma pergunta pra galera do Rio. Quem vamos pra Potter Party? ♥ Vai ser essa sexta 29, lá na Praça Tiradentes! Se alguém for me avisa, quiçá a gente não se esbarra? hahah

:**



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