Abortion Magic escrita por Hot Stuff


Capítulo 2
Capítulo 1 - O ano deles


Notas iniciais do capítulo

Para essa Black Friday de descontos, um capítulo novo de graça!
Me desculpem ter sumido, rolou umas coisas...



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Abortion Magic – Capítulo 1: O ano deles

Faltava apenas um dia para o primeiro dia de aula, contestou Rose ao olhar para o calendário em cima do seu criado mudo. Sentou na cama e olhou fixamente todos os presentes recebidos há exatos trinta e um dias.

 — Que gasto desnecessário de dinheiro — resmungou com certo desgosto.

Desceu as escadas de sua casa devagar. Já havia chorado, esperneado, gritado, rolado no chão, entre tantas outras coisas, mas nada lhe trouxe sua carta de Hogwarts. Ao chegar à cozinha pode ver sua mãe e Hugo, a mesma tentava acalmar o menino que gritava em busca do pai.

— Hugo, por favor, faça silêncio! Seu pai foi ao Ministério, logo volta. Agora, fique quieto, e se arrume, vamos nos despedir de seus primos, e desejar um bom primeiro ano para Albus e Roxanne. — A castanha sorriu e beijou a testa do caçula.

— O que papai foi fazer de novo no Ministério? — perguntou a ruiva aproximando-se da mãe e do irmãozinho.

— Resolver alguns problemas da loja, sobre os artefatos vendidos — mentiu Hermione, ela sabia que o marido havia ido averiguar o motivo pelo qual sua filha não tinha recebido sua carta de Hogwarts, mas por enquanto, deixar esse assunto em segundo plano era o melhor para se fazer.

Mas não para Rose, ela queria uma resposta concreta do porquê não tinha sido aceita em Hogwarts. Não era pelas suas notas, a ruiva tinha as melhores; não era por mau comportamento, a garota nunca ficou de castigo e tão pouco recebeu alguma detenção. Se não era por isso, era por quê? A garota se queixava imensamente.

Pouco tempo depois a garota viu um homem alto e ruivo brotar no chão da sala, Rose não tinha certeza do que era aquilo, mas queria fazer o quanto antes. Porém, se lembrou do pequeno detalhe: ela não era bruxa.

— Hermione, precisamos conversar — disse, apenas, o homem ruivo e entrou em seu escritório. O Weasley estava claramente desgastado pelas semanas que foi ao Ministério, acompanhou de perto o processo para descobrir o porquê de sua filha mais velha não ser uma bruxa. Alguns curandeiros até vieram ver Rose. Nenhuma resposta.

Hermione viu seu marido entrar um tanto furioso, diga-se de passagem. Olhou seus filhos, Rose que olhava para o local onde o marido desaparatou e Hugo que brincava com um de seus carrinhos na mesa de jantar. Suspirou, derrotada, e disse calmamente:

— Rose, meu amor, ajude Hugo a se arrumar, e depois de arrume. Vamos par’ A Toca — a ruiva concordou e puxou seu irmão mais novo escada a cima, sob os protestos de Hugo dizendo que ele já era crescido e por isso não precisava de babá.

A castanha virou-se de costas, respirou fundo e seguiu até o escritório improvisado do esposo, onde ele cuidava das encomendas que chegavam e saiam da Gemialidades Weasley. Ronald nunca foi um homem fácil, tinha um caráter imprevisível e extremo, mas ao mesmo tempo podia ser carinhoso, Hermione não entendia muito bem como. Por fim, entrou na sala e olhou o marido em uma mistura de fúria e nervosismo.

— Hermione, você acredita nisso?! Rose é uma... — O homem pensou em como não ofender a garota que um dia lhe trouxe tanto orgulho. — Ela não tem magia, nem um pingo de magia no corpo! Deve ter puxado aos seus pais! Se com Hugo for à mesma coisa estamos perdidos! Imagina o quanto de bruxos vão rir da nossa cara! Vamos ser o assunto principal do Profeta Diário! Já estou até imaginando a manchete: “Ronald e Hermione Weasley tem filhos trouxas” — Ronald cuspiu as palavras, como se a culpa fosse totalmente de Hermione e sua família de trouxas.

A castanha pensou por um momento, Rose era um aborto mágico, Rose era como um nascido-trouxa só que ao contrário, Rose irá trazer desgraça para família Wealsey, pensou como impulso, mas logo balançou a cabeça levemente, como pôde chamar sua filha de aborto?! A mesma que sempre tirou notas boas e sempre tinha as melhores recomendações dos professores trouxas, a mesma que sempre a fez sorrir, a mesma que ajudava ela quando Hugo era menor e Ronald não estava em casa, a mesma que um dia trouxe tanto orgulho para todos.

— Não coloque toda a culpa em mim, Ronald! Não tenho nenhuma culpa da nossa filha não ter nascido bruxa! — Hermione se segurou para não gritar.

— Tem sim! Se não fosse sua família trouxa, nós nunca teríamos de passar por esse problema, nós nunca teríamos um aborto! — gritou Ronald, a mulher olhou para cima, como se pudesse adivinhar se Rose ouvira ou não aquele comentário preconceituoso do ruivo.

— Bom, Ronald, pensava bem antes de casar comigo. E, por favor, não diga nada que vá magoar minha filha, estamos entendidos? — virou-se em direção a porta, Rose apressou seus passos para longe da porta onde ouvia tudo, bom, quase tudo.

Rose fechou a porta de seu quarto sem fazer o mínimo barulho, e olhou uma luzinha piscar e cima de sua cama, era o seu celular*. Havia ganhado de seu Tio Alfred e sua Tia Holly, o mesmo era primo de Hermione. E mesmo com todos os protestos de Ronald, a ruiva conseguiu ficar com o aparelho.

Pegou-o e viu uma nova mensagem, sorrio ao ver que era de sua amiga, Claire, as duas eram grandes amigas na escola trouxa onde Hermione colocou Rose, apenas para a ruiva não ser desprovida de conhecimento trouxa. Claire Agnoletto era uma linda bonequinha de porcelana. Tinha um cabelo longo e extremamente liso de cor castanha que contrastava com sua pele alva, olhos de um castanho estupidamente claro, e seus dentes brancos eram enfileirados perfeitamente, tinha também um irmão mais velho, Casper Agnoletto era um incógnito para Rose, ele era alto e com a pele alva assim como a irmã, tinha o cabelo castanho um tanto cacheado e um tanto liso em uma ‘bagunça arrumada’, por assim dizer, seus olhos, ao contrário dos da irmã, eram de um tom azul claro que faria qualquer tremer a base. Rose parou de enrolar e foi ver a mensagem da amiga.

Você vai mesmo sair de Saint Albans**, Rosie?

Não, Clair. Eu vou continuar em Saint Albans.

Que ótimo!!! Você pode sair de casa? Vou tomar sorvete com Casper, aproveitar os últimos raios de sol enquanto o outono não chega!

Eu vou ver se posso, não te dou certeza!

A ruiva largou o aparelho e se arrumou tão rápido que chegou a estranhar, mas não se importou. Desceu as escadas correndo e se deparou com Hugo e Hermione conversando animadamente, olhou ao redor em busca do pai, mas não o encontrou.

— Mãe, Claire me convidou para tomar soverte com ela e o irmão, posso ir? Por favor!

— Rose, querida, achei que ia gostar de se despedir de seus primos, e desejar um bom ano para Roxy e Albus.

— Por favor, Roxanne e Dominique não falam mais comigo desde meu aniversário, James, Fred, Louis e Albus estão me evitando também, até meus tios se afastaram de mim n’ A Toca! Os únicos que ainda falam comigo são Hugo, que é meu irmão e tenho certeza que foi ameaçado para não me ignorar, e Lily, que é nova demais para os assuntos de Dominique e Roxanne! Então, ajude-me, deixe-me viver com a minha ‘raça’, já que sou uma desgraça para a família perfeita de vocês, e se for para continuar me ignorando eu não vou pensar duas vezes para me mudar para casa de vovó e vovô Granger — Rose disse tudo num só fôlego, e forçou-se para segurar as lágrimas, não iria chorar, não agora e nem por eles.

— Está bem, está bem. — A castanha levantou e vasculhou a bolsa onde deixava a carteira com o dinheiro trouxa. — Aqui, não gaste tudo, não chegue tão tarde em casa, posso avisar para a vovó Granger que vai almoçar lá? E vou dizer que mandou lembranças para os seus primos.

Rose sorriu claramente animada, e pegou o dinheiro sorrindo e assentiu, sem nem se importar para o que a mãe disse sobre seus primos, e subiu correndo as escadas para avisar à amiga. Assim que avisou que poderia ir, ficou esperando ansiosamente pela amiga, afinal, se veria livre das obrigações que lhe eram impostas como fila de dois terços do Trio de Ouro. Com os trouxas, Rose poderia ser só Rose, aquela que só porque não possui magia é tachada de ‘aborto’, Rose sentiu um nó na garganta ao pensar nessa palavra.

***

Enquanto Rose brincava com as mangas longas de seu vestido azul, ouviu a voz de Casper:

— O que te fez mudar de ideia? Digo sobre a mudança de escola.

Rose virou o rosto para ele, sua testa bateu contra a testa de Claire, que virava para ver a reação da ruiva. As duas riram e se desculparam. E Claire fez o favor de relembrar a Weasley sobre a pergunta.

“Bom, acabou que eu não sou uma bruxa como eu sempre imaginei.” Rose pensou em dizer, mas acabou optando por uma resposta mais amena:

— Eu desisti, vi que rotulavam muito os alunos. — O que não era de todo uma mentira. Ela se lembrava das histórias que contavam para ela sobre as casas de Hogwarts. Corvinal é para os inteligentes. Grifinória para os corajosos. Sonserina para os astutos. Lufa-Lufa para os amigáveis. Rose sonhava com as vestes vermelhas, as mesmas que os pais usaram e ao mesmo tempo se imaginava usando as vestes azuis da Corvinal e, em segredo, pensava se o amarelo Lufano lhe cairia bem.

Os Agnoletto concordaram e juntos seguiram seu caminho. Chegando na sorveteria, a Weasley percebeu a falta que seus primos irão fazer. Não pensava muito nisso antes, pois tinha certeza ser uma bruxa, e agora a coisa toda foi ‘por água a baixo’, como os trouxas dizem.

Depois de um tempo, vovó Granger veio ao encontro da neta na sorveteria. Ao fim da tarde, Rose corria o jardim da casa dos avôs com Claire, enquanto Casper conversava com vovô Granger sobre alguma coisa de homens.

***

Era primeiro de setembro, contestou Rose ao ver ­o calendário no seu criado mudo. Ao contrário do que a maioria no seu lugar faria, Rose não chorou. Nem uma gota de lágrima escorreu pelo seu rosto naquela manhã.

A garota somente sentiu uma coisa nunca antes sentida. Sua mãe já tinha lhe dito sobre aquele sentimento e como ele era feio. E não era das mais inocentes, daquelas que você sente ao ver aquele vestido bonito com outra garota ou aquele livro que você tanto sonhou nas mãos de outra pessoa.

Rose Weasley sentiu inveja, a mais escura e sombria que poderia existir.


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Notas finais do capítulo

* Sim, a Rose tem um celular. Afinal, estamos no ano de 2017 (de acordo com a data de nascimento de Rose mais a idade para ir a Hogwarts [2006 + 11]).
** Para você que leu A Teoria de Tudo, sabe que Saint Albans é a escola em que Jane ex-Hawking estudou... Me inspirei nela para fazer a escola trouxa de Rose.
E me desculpem amantes do Rony, mas eu meio que tentei deixa-lo mais severo e ao mesmo tempo preocupado coma filha.
P.S.: Se você gosta de one-shots e música boa, eu tenho uma ficção que você vai amar, vejam no meu perfil, por favor!
Até mais ver!!