November Rain escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Continuação



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Seus nervos estavam entrando em colapso; estava suando, mesmo com o ar-condicionado no máximo; estava tremendo, mesmo se acalmando rapidamente, havia tomado três calmantes em menos de uma hora, mas ainda não era o suficiente, nunca era.

A cerimônia ainda o assustava levemente, e com ainda mais medo do que aconteceria depois dela. Sabia que iriam viajar depois da festa, mas era a longo prazo. Todos os pensamentos negativos que havia tentado subterrar na sua mente, estavam voltando com toda a força. Justamente o que seria desanimador o suficiente para ele desistir. Mas não iria.

Tinha que fazer isso, era mais pela Pepper e sua felicidade do que para ele e o seu conforto. Ela era mais importante, sempre foi, e sempre será. Ele a amava o suficiente para erradicar seu próprio conforto pelo conforto dela.

Por isso, corrigiu a gravata na frente do espelho, consertou os últimos fios teimosos, corrigiu o paletó e saiu do quarto descendo as escadas chegando a tempo ao carro dirigido por Happy que o levaria ao seu casamento.

Assim que chegaram, Pepper ainda não havia chegado, e só faltavam quinze minutos para começar. E enquanto isso, os convidados vinham cumprimentar Tony e parabeniza-lo. Rhodes foi o primeiro, dizendo o quanto estava surpreso por ter recebido um convite de casamento em nome de Tony Stark e Pepper Potts.

Depois vieram Bruce Banner, os membros do Quarteto Fantástico, a agente Sharon Carter, recém amiga de Tony, e até o Homem Aranha, com sua fantasia e um terno por cima, dizendo o quanto estava feliz por estar ali. Entre todos, o Aranha com certeza era o mais animado, pois o noivo estava apenas se forçando a estar ali, não por estar emocionado ou ansioso.

A pré-cerimonia estava caída, no sentido de fraca, triste, que por ironia, se assemelhava mais a um funeral do que um casamento. Alguns dos convidados também estavam somente para marcar presença, outros apenas porque eram amigos de Tony, como Sharon e Rhodes, e o resto, minoria, estava porque achou que Tony daria um baita de um casamento. Doce engano.

Toda a igreja foi decorada com flores, rosas laranjas e vermelhas, margaridas, lavandas, lírios brancos, tulipas azuis, tudo do gosto da ruiva, que ainda não havia chegado. Tony estava quase remoendo as próprias unhas, um hábito que começou logo cedo de manhã, quando percebeu que havia chegado o dia.

Quando o relógio bateu três e meia, Tony já terminava com o dedo mínimo da segunda mão, não teria mais unhas para roer. Steve tentava tranquiliza-lo, e Rhodes também tentava, e até Happy, mas ninguém conseguia convencer Tony de que ela estava chegando. Até tentavam falar com ela, mas nenhuma das amigas ou a noiva atendia o telefone.

–Se quiser, posso ir até lá – ofereceu Happy, complacente com a situação do amigo – Mulher pode demorar, mas daqui a pouco o padre vai meter o pé – avisou apontando discretamente para o padre no altar entediado, e o grupo de amigos sentado no canto da pequena escada.

–Não precisa Happy, obrigado – agradeceu Tony, um pouco seco demais, mas era o melhor que conseguia, não estava em clima de festa, e aquela espera interminável estava o matando por dentro de tédio, e aos convidados também.

–Calma Tony, vai estar tudo bem... – Rhodes tentou falar, mas o celular de Tony começou a tocar e vibrar como louco, alguém o estava ligando, e esse alguém só poderia ser Pepper. Pediu licença aos amigos e se distanciou com o celular na orelha tentando ser discreto.

–Pepper? Está chegando? – perguntou forçando um sorriso para o casal que passava por ali, amigos do moreno, que acenaram para ele.

Desculpa Tony... Mas a Pepper não está bem... – alguém no telefone tentou começar a explicar, mas foi interrompida por uma avalanche de soluços de choro. Alguma coisa aconteceu, e isso deixou o moreno em alerta. Sabia que se tratava de uma das amigas de Pepper que pegou o celular da amiga.

–Aonde vocês estão? O que aconteceu? – perguntou alarmado, chamando um pouco da atenção dos convidados, que também ficaram preocupados.

Ela passou mal.... E aí levamos para o hospital, mas ela está mal, Tony, ela está muito mal.... – contou com a voz chorosa e triste, entre uma fungada e outra. Tony congelou e quase largou o celular da orelha, e só se sentou quando Steve o empurrou calmamente até um dos bancos tentando falar com o moreno, que ainda meio atônico, não dizia nada.

Happy pegou o celular das mãos do amigo e falou com a tal da amiga, que explicou tudo para ele, e depois Happy aos convidados. Pepper havia sido internada às pressas. E segundo a amiga, estava mal, extremamente mal. Os médicos queriam conversar com Tony o mais rápido possível e tentar explicar o quadro.

Logo em seguida, Tony se levantou de súbito assustando até Steve que pensava que o moreno estava em estado de choque. Mas ele esfregou o rosto com as mãos e foi para fora da igreja sem dizer uma palavra sequer. Alguns dos convidados souberam da notícia e foram para seus carros, poucos para acompanharem Tony ao hospital, o resto para ir embora.

Assim que Tony chegou, no carro dirigido por Happy, com Steve e Rhodes de carona, Pepper estava no quarto do hospital, já com a roupa hospitalar e quase transparente. As enfermeiras permitiram somente Tony entrar, ainda com o traje de casamento. E quase chorou de verdade ao ver a quantidade de fios e aparelhos conectada a ela. Assustava um pouco.

Ela parecia dormir, mas sabia que ela não estava, ela tinha o costume de olhar pela janela e imaginar coisas, e agora, com esse tédio absoluto, sabia que não era diferente. E além do mais, ela não dormiria com o rosto virado para a janela, a claridade não a permitiria dormir, sabia disso.

Respirou bem fundo antes de adentrar no quarto chamando a atenção da mulher, que apenas conseguiu virar o rosto levemente, pois o corpo doía e as forças estavam fracas, não conseguia se movimentar direito, os gestos eram lentos e pensados para economizar energia em outra coisa mais importante, como no moreno se sentando de frente para ela na poltrona.

–Hey Pep – Tony sussurrou com o rosto quase colado ao dela, sentindo a fraca respiração batendo no seu rosto. Ela sorriu, devagar fechando os olhos e aproveitando o tom de voz dele, que sempre amou escutar, era grave e firme, e na maioria das vezes carinhoso, como agora.

–Oi... – ela cumprimentou de volta com a voz cansada e gasta, como se tivesse cantado por horas e agora ficado rouca demais. Os médicos haviam instalado um canal que levaria oxigênio para os pulmões de Pepper, que deixaram de funcionar corretamente graças ao câncer, e talvez isso fosse a causa da falta de voz da ruiva, ela não tinha certeza.

–Como está? – perguntou virando o rosto com os braços em cima da cama, deitando a cabeça e observando a sua namorada, o que era para ser esposa, mas esse lamentável acontecimento ocorreu.

Pepper movimentou a mão direita com dois fios ligados a ela indicando um “mais ou menos”, fazendo Tony rir calmamente e baixinho com o bom-humor dela, que era praticamente inabalável, o que ele admirava e amava.

–Já tive dias melhores – respondeu dando de ombros e fitando os olhos castanhos do namorado, que a encarava com o olhar mais apaixonado que já havia dado. Mesmo naquela situação triste e lamentável, Tony ainda continuava apaixonado por ela, ou até mais ainda.

–Eu também – concordou tocando a pele branca do antebraço da ruiva, que sorriu recebendo aquele mais simples toque, e desejou que ele explorasse mais, mas sabia que não era hora e não estava fisicamente preparada para isso.

–Desculpa por fazer você... – ele a interrompeu tampando sua boca delicadamente com a ponta do dedo indicador pedindo silêncio. Para ele, não era necessário um pedido de desculpas por algo que não era culpa dela, por isso a interrompeu.

–A culpa não é sua, e não me obrigue a tampar sua boca com fita adesiva – brincou fazendo Pepper rir levemente com o bom humor que Stark demonstrava, mesmo ela sabendo que por dentro ele não estava bem.

–Tudo bem – ela confirmou risonha e tocando a mão livre do moreno, que enrolou contra a dela, e se juntaram tão bem como antes, como sempre foram, o encaixe perfeito. Ambos se encararam até ouvirem uma batida discreta na porta e o médico responsável pelo caso de Pepper entrar.

–Boa tarde – o doutor desejou, tentando ser menos depressivo possível. Tinha uma carreira de vinte anos, e sempre casos assim o emocionava profundamente, e por isso, cobrava-se ser o mais profissional possível, mas ao ver aquela cena, era quase impossível.

–Ah, olá doutor – cumprimentou Tony apertando a mão do médico num aperto firme. Pepper também apertaria, mas suas forças estavam focadas naquele aperto de mão que dava no Tony, que não havia soltado até agora.

–Está melhor, senhorita? – perguntou o médico, focando a atenção na paciente, que sorriu discretamente de lado ao ouvir aquela palavra, “senhorita”. Se não tivesse piorado, estaria sendo chamada de “senhora” agora. Sentiu raiva, mas aguardou apenas para si.

–Estou, um pouquinho – respondeu tentando ser o mais clara possível, mas ainda não havia se acostumado ao tanque de oxigênio a ajudando a respirar melhor.

–Ótimo, mas espero que agora possam ouvir o que tenho a dizer. Se não quiser, posso voltar...

–Está tudo bem, doutor, pode contar sobre o nosso caso – Tony o interrompeu tentando ser mais educado possível, mas não era algo que estava muito acostumado a tentar ser.

–Tudo bem então – afirmou com a cabeça respirando bem fundo. As notícias, não eram animadoras, nem um pouco. Era uma enxurrada de informações penosas, difíceis de explicar e contar a um casal tão apaixonado daquele jeito.

Ambos se mantiveram unidos, como foi no diagnóstico, com outro médico, mas a reação foi parecida, mãos unidas, nervosismo insistente, mas mantendo a cabeça erguida todo o tempo. Pepper iria morrer, mais cedo do que planejavam. Não iria dar tempo e nem forças para uma viagem, e na melhor das hipóteses, poderia andar sem ajuda, mas na pior...

O médico terminou com um aceno de cabeça, poucas recomendações e garantindo que voltaria sempre para ver como ela estava, mesmo na ausência de Tony. O casal agradeceu ao bom doutor, que acenou novamente e saiu do quarto.

O silêncio predominou o quarto, por alguns momentos depois que o médico havia saído. Tanto Pepper quanto Tony não sabiam o que dizer, e foi apenas Pepper encostar a cabeça no braço do moreno, e ele se unir a ela na cama sem dizer uma palavra, foi o suficiente para demonstrar tudo o que se passava na cabeça de cada um.

–Essa espera que acaba com a gente – reclamou Rhodes entediado sentado na sala de espera, com Happy e Steve ao seu lado, também ambos entediados. O paletó do casamento descansava na cadeira desconfortável onde estava que mais pareciam horas, apesar de estar somente a quinze minutos.

–Tony já volta, fica tranquilo aí – respondeu Happy, de braços cruzados e sem muita paciência para a impaciência do amigo. Esperava mais respeito vindo dele, a amiga dele, a futura esposa do melhor amigo dele estava internada com o tempo contado, esperava bem mais vindo de Rhodes.

–Eu vou buscar um café, alguém quer? – pergunta o moreno se pondo de pé. Ambos negam com a cabeça e ele segue para o corredor aonde sabia que haveria uma máquina de café expresso e comum.

–A gente deveria fazer alguma coisa... – comentou Steve pensativo, baixo, porém o suficiente para que Happy escutasse a uma cadeira de distância do loiro no silêncio quase absurdo que estava a sala de espera, com somente duas pessoas a mais, ambas dormindo tranquilamente.

–Fazer o quê? – perguntou o motorista, interessado.

–Nada não – Steve negou afastando a ideia que acabará de ter, talvez não fosse uma boa ideia na verdade, teria que consultar Tony primeiro, melhor que soltar a ideia aos quatro ventos.

–Diga logo – insistiu Happy, bastante curioso e interessado. Steve revirou os olhos, parecia que todas as pessoas ao redor de Tony Stark ficavam igual a ele, esperava que não acontecesse o mesmo com ele mesmo.

–E se realizássemos o casamento mesmo assim, no hospital. Os dois poderiam se casar, realizaria o desejo dos dois e não teria que tirar a Pepper daqui – contou Steve, em tom baixo, tentando ao máximo ser discreto – Mas é uma péssima ideia, Tony nunca concordaria, ele é excêntrico demais e....

–Não, Steve, é uma boa ideia sim – afirmou Happy se virando de frente para o loiro – Pepper não está nos seus melhores dias, e ela quer morrer casada ao Tony, o amor dos dois é algo que eu nunca tinha visto na minha vida – contou o moreno e Steve concordou cabisbaixo.

–Nem eu... – concordou com um leve sorriso – Irei falar com ele, se ele concordar, chamarei os preparativos para cá, falo com o diretor do hospital e pronto – o loiro se pôs de pé já animado com a expectativa.

–Faça isso logo, tenho que ligar para os convidados – Happy avisou, Steve assentiu caminhando para o corredor em direção ao quarto de Pepper, aonde Tony estaria também, cruzou com Rhodes que estranhou a pressa do Capitão.

–O que houve? – perguntou com um copo de café fumegante em mãos.

–Senta a bunda aí que te conto – respondeu Happy com a mesma paciência que Rhodes estava antes.

Steve bateu na porta devagar, e ouvindo a para entrar no quarto, abriu devagar a porta e entrou, sentindo o cheiro de álcool puro e odor típico de hospitais, que não o agradava em nada. Mas sorriu ao ver Pepper sorrindo para ele, feliz em reencontrar um amigo.

–Ei Cap – Pepper o saudou com um sorriso no rosto, com a voz baixa e calma, o máximo que conseguia.

–Oi Pepper, que bom te ver – Steve retribuiu se aproximando, ficando ao lado da cama enquanto Tony continuava a observar as frágeis mais da amada sentado na cama.

–Bom te ver também. Desculpa por não ter....

–Não precisa pedir desculpas, você não fez nada de errado – Steve negou, até um pouco surpreso por isso.

–Não é isso, desculpa por não ter falado com você antes, você estava em Malibu por tanto tempo... – ela respondeu risonha, fazendo o loiro rir junto.

–Como você sabe? – perguntou e viu o moreno sorrir também, respondendo sem uma palavra que havia contado toda a verdade – Percebi...

–Muito obrigada por ajuda-lo nisso tudo, obrigada por tudo – Pepper agradeceu estendendo a mão livre para que Steve a pegasse, ele o fez sorridente, refletindo por poucos segundos o quanto aquele simples gesto exigia dela.


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