War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 9
Capítulo 8 - Herdeiros: Origem


Notas iniciais do capítulo

Antes dos detalhes, eu gostaria de agradecer aos leitores que comentam todos os capítulos ♥ Jack Auten, Luxy Heartfilia, Carrie White, Unknown Writer e Ulisses Oliveira. Valeu!!! :D

Indo às novidades: Houve uma pequena alteração no título do capítulo, e devido aos 4 novos capítulos antes dos Fights da ilha (SPOILER), novos detalhes foram adicionados neste capítulo e alguns alterados no próximo.

Início do Arco: Herdeiros

#Supresas :3

Boa Leitura!!!



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~ Capítulo 8 – Herdeiros: Origem ~

Aquela noite de segunda-feira demorou a passar. Os gritos de agonia se perdiam em meio ao silêncio torturante causado pela falta de respostas naquele hospital. O vai e vem de macas com pacientes entre enfermarias e centros cirúrgicos, pessoas doentes em seus leitos dando os últimos suspiros, e a movimentação nos setores de urgência e emergência, tudo isso parecia um mundo paralelo para Rose e Shawn.

— Olhe, vem um médico ali. – Disse Rose ao levantar-se.

O médico aproximou-se do casal com um prontuário em mãos, tirou seus óculos, os pôs no bolso do jaleco e iniciou uma conversa com o casal.

— Bem, vocês são os pais da Lina, certo?

— Sim. – Responderam.

— Já realizamos todos os exames, estancamos os sangramentos externos e... - O médico parou por um instante. – Sabe o que me deixou curioso? Como uma menina de treze anos sofreu um corte tão profundo e violento? Ela estava com uma hemorragia interna e morreria em algumas horas se tivessem demorado um pouco mais. Como isso aconteceu?

— Fomos atacados, doutor. – Respondeu Shawn.

— Conseguiram ver o rosto do homicida?

— Quando chegamos ao quarto ele já havia fugido, mas acredito que Witc, meu filho mais velho, o viu... – Rose o interrompeu.

— Meu Deus! Deixamos ele sozinho. Precisamos voltar e busca-lo, mas alguém precisa ficar aqui com a Lina... – Rose foi interrompida pelas palavras de conforto do cirurgião Marcio, informando que a garota não corria risco, mas precisaria ficar um mês de repouso. Ela rapidamente abraçou seu marido. – Graças a Deus. Obrigada Doutor...

— Marcio. – Complementou.

— Muito obrigada, Dr. Marcio. Agora vá, querido. – Deu um beijo em sua testa e voltou a sentar-se. – Até mais. – Após as boas notícias, Shawn retornou para casa. Precisava descobrir o que havia acontecido. Ele sabia que aquele ferimento não poderia ser feito com armas humanas.

***

Agachado sobre o canto do quarto, totalmente coberto com o lençol, segurando Escófia com uma das mãos e com Joy deitado a sua frente, Witc ainda estava em estado de choque.

— Preciso salvá-la! Preciso salvá-la! Preciso salva... – De repente ele escuta o ranger da porta e ao olhar, vê algo a observá-lo. – Preciso salvá-la! Preciso salvá-la! – A velocidade com a qual pronunciava a frase foi acelerando, enquanto seu cachorro latia freneticamente em direção à porta que se abriu totalmente em seguida.

— Quem está aí? – Gritou Witc, mas obteve apenas um sussurro como resposta.

Joy correu até o local escuro e parou de latir ao sair do quarto. Segundos depois ele escuta o barulho de algo cair e viu alguma coisa sendo trazida por seu cachorro.

— O que é... Don? Por que você estava me assustando? – Murmurou Witc ao vê-lo sendo puxado pelo pé.

— Não foi culpa minha, amigão. Eu não estava vendo nada dali. Onde está Lina? – Pronunciou em voz de sono e arrumando o gorro em sua cabeça.

Joy grunhiu e deitou-se.

— Ela foi atacada, Don. Quando acordei havia uma grande poça de sangue entre minha cama e a janela, e Lina encontrava-se deitada próxima a mim. Como se tivesse me defendido de algo. Agora, a mamãe e o papai devem estar com ela no hospital.

— Minha amiguinha? – Berrou o pequeno lagarto com as patas no rosto.

— Acho que foram eles. Aquelas pessoas de capuz. Outro dia sonhei com eles roubando a Escófia e depois... A queimaram e... – As lembranças só pareciam deixar Witc mais irritado. – Juro que me vingarei. – Ele podia não perceber, mas o pequeno felino ao seu lado flutuava alguns poucos centímetros a cima do chão enquanto uma leve brisa balançava as cortinas do quarto. Ao ouvir a voz de seu pai, o garoto se acalmou e partiu em seu encontro.

— Witc? – Chamou.

— Oi pai. E a Lina?

— Ela está bem... – Witc o interrompeu.

— Pai, eu preciso conversar com o senhor. Na verdade, desde o dia que Joy chegou que desejo isso e sei que não pode passar de hoje.

Shawn pareceu surpreso com a atitude de seu filho. – Então você já sabe? Acredito que precisarei esclarecer muitos assuntos.

— Tudo bem.

— Ei, alguém poderia fazer chocolate quente para mim? Estou com fome. – Falou Don tentando disfarçar o barulho que sua barriga fazia. Eles foram até a cozinha, prepararam a bebida para todos e iniciaram a conversa.

— Desde quando você sabe, filho?

— Há alguns dias sonhei e no dia seguinte vi pessoas estranhas.

— Geralmente começa assim, depois conseguirá controla-las.

— Mas não quero controla-las, pai. Sei que foram aqueles homens de capuz que fizeram isso à Lina. – Se exaltou.

— Espera um momento. Do que você está falando? – Shawn ficou confuso.

— Dos membros da banda de rock que anualmente vem para esta cidade. Por que eles sempre vêm no mesmo mês. No mesmo dia?

— Pensei que estivesse falando de suas habilidades. Depois conversaremos sobre isso.

— “Habidulade”? Amigão, qual a sua?

Mais uma vez não deu atenção ao que eu queria falar. Pensou Witc. – É habilidade, Don, e não sei se tenho alguma.

— Claro que sim, filho, todos temos. Agora contarei por que isso aconteceu.

— Eba! Historinha. – Comemorou Don.

— Tudo começou assim: Por volta de 5 mil anos atrás houve uma batalha mortal pelo poder e título de Deus. Dois seres, um homem alto, forte, de cabelos longos e loiros, enormes asas com penas lilás, armadura dourada e uma espada que a tudo podia cortar lutou contra a mulher mais forte da história, Nefise. Ela era tão forte quanto ele. Possuía cabelos ruivos e tão longos que ultrapassavam seus pés durante seus voos. Possuía asas azuis e bem resistentes, e portava um arco sagrado, o dito, Arco Solar. Ambos com nível máximo de magia, 10.

— Eles lutaram apenas por esse poder? – Interrogou Witc.

— Não é apenas “esse poder”, mas O PODER. – Disse seu pai com grande ênfase. – Eles queriam a esfera de energia, a fonte que criou todo o universo que conhecemos e aceitada pelos humanos como Deus.

— Pai, o senhor está dizendo que eles lutaram para conseguir Deus? Como assim?

— Na verdade, nós cremos que o título de Deus é dado ao ser que possuir esse poder, pois a energia sozinha não seria capaz de fazer nada. A maioria crê que esta seja o Deus, pois não encontram explicação racional para muitas coisas que nos acontecem e atribuem esse fenômeno a uma divindade, mas o Deus é o ser que a possui.

— Acho que não entendi nada. – Comentou Don.

— Como disse antes, foi uma batalha mortal. Nefise, apesar de forte, perdeu a luta e foi banida para o submundo após sua traição para com o War Angel, como o guerreiro era chamado. Ela possuía planos de destruição em massa e tentou roubar a esfera de energia novamente. Nesta última não foi sozinha. Reuniu as quatro maiores bruxas e o dragão das sombras, todos detentores de magia nível 9. Eles destruíram dezenas de povoados por todo o mundo e ameaçaram extinguir todas as espécies vivas da galáxia caso ele não entregasse a esfera.

— Ela realmente poderia fazer isso, amigão?

— Não sei, Don.

— Claro que ela não podia, no entanto, todas as criaturas do submundo estavam ao seu lado. Diante disso, o War Angel também não podia ficar atrás, e escolheu a dedo os cinco maiores magos da superfície, também dominadores de magia nível 9. Uma guerra naquelas proporções poderia destruir toda forma de vida do planeta, e o poder da esfera não deveria ser usado para matar Nefise. Então, como último suspiro, ele decidiu usar sua própria energia vital para selar a esfera e aprisionar os rebeldes que conhecemos hoje como demônios. Desde então, nós, feiticeiros, magos e várias outras criaturas decidimos seguir o guerreiro e protegermos esse poder de todo o mal. Segundo a lenda, os magos receberam o título de imperadores e as bruxas, imperatrizes, e cada um deles, inclusive Nefise e o War Angel criaram uma arma para a guerra, as quais foram selados em seus respectivos santuários.

— Que incrível! E qual o meu poder afinal?

— Ainda não sei. Cada um desperta uma habilidade diferente ou a usa de uma forma diferente. Preciso que me siga. – Eles caminharam até o lado de fora da residência.

Shawn apontou para o lado esquerdo, onde se iniciava a floresta. – Está vendo aquele coqueiral?

— Sim, o que tem ele? – Questionou Witc.

— Preste bastante atenção. – Shawn levou uma das mãos à altura de seus olhos, apontou para o coqueiral que começou a brilhar em seguida. A luz azulada que cobriu a árvore parecia tomar uma nova moldura, e quando se apagou puderam avistar outra espécie no lugar.

— Pai, como o senhor fez isso?

— Simples: Esta é minha habilidade. O Domínio sobre a alquimia. Posso realizar transformações equivalentes mesmo sem o círculo mágico. Entretanto, temo que alguns demônios tenham escapado e estejam atrás dos filhos dos guardiões, pois eliminando a linhagem, eles não terão inimigos futuros, e o nosso poder diminui na medida que as habilidades dos herdeiros despertam. Por essa razão, partiremos para a ilha amanhã mesmo. Preciso que você fique forte e proteja sua mãe e sua irmã, pois minha magia logo começará a diminuir.

— Amigão, eu posso ir?

— Deixarei que o leve também, Don. – Respondeu.

— Pai... Preciso contar mais uma coisa. Quando despertei pude ver chamas azuis sumirem aos poucos no corpo da Lina.

Shawn indagou a Witc um pouco apreensivo: – Você tem certeza? – Ele olhou para o céu e sussurrou. – Então ela herdou a ferocidade das chamas azuis...

***

Enquanto Witc desvendava os segredos de sua família, Tsifer chegou repentinamente ao castelo no Vale das Sombras, com uma notícia inesperada para Ádrian. – Senhor, ele não é o único.

Interessado no que poderia ouvir, o lorde deixou seu trono e reapareceu próximo ao lacaio ferido, onde o interrogou. – O que você quis dizer com isso? – Ele notou os ferimentos de Tsifer. – E o que aconteceu com seus braços?

— Aquela menina de cabelos brancos... Ela também é uma bruxa, e não se deixe enganar por seus treze anos. Foi ela quem me fez isso. – Mostrou o fogo queimando sua carne e ossos. – Preciso que os cure rapidamente ou estas chamas irão me consumir por completo.

Suas ondas vasculharam as proximidades em busca de seus servos mais próximos, até que encontrou a arqueira. – Akira, chame a Senhora da Dor aqui, ela saberá o que fazer.

Sentada sobre uma das janelas no alto dos paredões do salão, ela acatou a ordem dada. – Sim senhor. – Saiu em sua forma de sombra.

— Então ela possui o fogo supremo, neste ritmo será necessária minha presença. Os herdeiros são mais fortes do que pensei. – Sorriu ironicamente. – Interessante.

— Senhor, meus...

— Cale-se, Tsifer. A senhora da Dor cuidará de você.

Poucos instantes depois, a demoníaca feiticeira, um ser híbrido formado por metade demônio e metade humana, chegou ao local acompanhada de Akira. Seu corpo feminino adotado em grande parte do tempo, com seios fartos, cabelos roxos, um par de cifres acima da testa, asas semelhantes às de um morcego e uma calda de fera assustava a maioria dos demais subordinados de Ádrian, e lhe garantiam uma magia de nível 7. – No que posso ser útil meu grande lorde?

— Cure-o.

— Sim, meu lorde. – Ela se aproximou de Tsifer e perfurou os dois membros com suas garras pontiagudas.

— Ahh! – Berrou. – O que é isto que você está injetando em mim?

Ela retirou suas unhas. – Não se preocupe. Eles estarão de volta em alguns dias, mas antes irão necrosar e cairão feito geleia. – Em seguida iniciou-se o processo. – Meu veneno regenera corpos de demônios, mas antes... Eles apodrecem por completo, causando grande dor e sofrimento.

— Sua maldita... Ahh! – Tsifer continuou gritando enquanto Akira o apoiou e o levou para seus aposentos.

— Cuidado com os braços! Não toque-os! – Ressaltou a feiticeira apontando para a parte superior do corpo dele. – Ou o mesmo acontecerá com você, queridinha. Arraste-o pelos pés.

Akira olhou para Ádrian, mas ele confirmou com a cabeça. – Leve-o daqui logo. Não quero meu salão sujo.

Sorrateiramente, um diabrete mensageiro chegou ao lado do lorde informando sobre as informações recebidas da outra missão. – Senhor, trago os relatórios dos demônios que estão ao Sul do continente.

Meu caro lorde, informo que 50% dos herdeiros do Sul do continente de Parlahir já foram eliminados. Houveram algumas resistências, mas nenhum caso especial de poder. Contudo, encontramos duas crianças diferentes. Não conseguimos mata-las, por isso, as levarei em minha próxima visita ao Vale das Sombras. Em breve, mais informações sobre a missão.

Demoxon.

— Interessante! Tudo está indo como planejei. Logo todos estarão mortos e terei o continente sob meu controle. – Em altas gargalhadas, o som da possível vitória se espalhava pelo submundo.

***

No dia Seguinte

O céu estava nublado naquela manhã, do jeito que o senhor Ryser gostava, com as nuvens escondendo o Sol. Ao terminar de colocar alguns materiais em cima da caminhonete, Shawn perguntou a seu filho se estava pronto, o qual respondeu positivamente. – São 10:30 h. Só irei checar se não estamos esquecendo nada e partiremos... – Ayurik os viu e os interrompeu.

— Ei! Ei! Witc! – Gritou enquanto vinha correndo. – Para onde vocês vão?

— Estamos indo para uma ilha. Irei treinar e descobrir qual a minha habilidade.

— Legal. Sempre pensei que eu tivesse um poder também, tipo aqueles super-heróis das histórias em quadrinhos. Acho que minha mãe não se importará se eu for com você.Sussurrou.

Um pouco ofegante, Mylla chegou logo em seguida. – Eu também... Vou. Ayurik, você...

— Como sabia que íamos viajar? – Witc ficou surpreso.

Aposto que ela estava te espiando. Pensou Ayurik. – É mesmo irmãzinha, como sabia da viagem?

— Eu estava...

***

Seis horas da manhã

Mylla foi até a casa dos Rysers e se escondeu atrás da cerca de madeira. – Vou fingir que estava passando aqui e coincidentemente esbarrei nele.

Oito horas da manhã

Algumas gotículas de suor já se formavam em sua face pálida. – Ele está atrasado para a escola, mas irei espera-lo aqui atrás do muro mesmo assim.

Dez horas da manhã

— Por que Witc não sai? – Disse Mylla inconformada. – Acho que ali é... Ele vai viajar e não ia me avisar? Que safado! Vou montar minha mochila e irei também. – Seus olhos brilharam ao pensar na possibilidade de uma viagem romântica.

***

— Eu estava... Só passando por aqui. – Sorriu para disfarçar.

— Então a equipe está montada. Vamos? – Discorreu Shawn.

— É isso aí, amigão. Em direção à ilha.

E assim, eles partiram. Shawn, um feiticeiro de magia nível 7, Witc, um aprendiz, Mylla e Ayurik, seus companheiros e o pequeno Don, o animalzinho de estimação com uma incrível capacidade de camuflagem.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Correr ou Morrer

Até breve!