War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 7
Capítulo 6 - Sob o Véu


Notas iniciais do capítulo

Capítulo com acontecimentos inéditos e novos mistérios :3 :3 :3

E agradeço a leitora Luxy pela recomendação :D :D :D



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~ Capítulo 6 – Sob o Véu ~

 

Uma semana havia se passado após o surgimento de Don, e assim como Joy, um pequeno beagle, ele descobriu as maravilhas de cuidar das plantas com Rose.

O jardim da senhora Fahir era dividido em fileiras, com a maior parte ocupada por roseiras de diferentes cores, uma fileira de margaridas e mais uma que ela arava antes do plantio. – Don, querido, traga-me esse pacote de sementes que está ao seu lado. – Pediu Rose.

— Sim senhora. – Respondeu ainda da varanda.

Em sequência, Joy agarrou outro pacote com a boca e arriscou leva-lo também, entretanto, acabou rasgando e derrubando todas as sementes. Ele tentou empurrar o conteúdo para dentro do pacote com o focinho, mas viu que não funcionou, e olhou para Rose de cabeça baixa como se estivesse tentando pedir desculpa.

— Oh meu Deus. – Riu. – Não precisa de mais, Joy, o que Don trouxe já basta. – Ele logo se animou e respondeu com um latido e pulando com a língua para fora. – Eu sabia. – Sorriu. – Vamos lá. Ainda temos muitas sementes para plantar.

— É isso aí. – Don confirmou com contentamento.

Um pouco mais a frente estava Escófia, balançando a calda felpuda e deitada sobre o galho de uma árvore, de onde podia observar todos no jardim e alguns pássaros que voavam por ali. Apesar do instinto de predador dos felinos, ela era uma gata preguiçosa, e não movia um músculo para ir caçar.

— Mãe, o Don está aí? – Indagou Witc que acabara de chegar com sua irmã pela lateral da casa e parou próximo às roseiras.

— Estou aqui, amigão. – Pulando, ele acenou com a mão, mas acabou caindo, pois suas pernas eram pequenas demais para poder saltar e manter o equilíbrio. – Opa! Acho que caí. – Riu.

— Bom dia crianças! Vocês poderiam fazer um favor para mim?

— Sim, mamãe. – Respondeu Lina.

— Precisarei de um pouco mais de fertilizante e o que tenho aqui acabou. Vocês poderiam ir comprar mais? Ah, tragam-me sementes de girassóis também. Estou pensando em plantar alguns do outro lado da casa.

— Certo. – Responderam.

— Eu posso comprar sorvete na volta?

— Claro, Lina.

— Eu também quero sorvete. Posso ir? Posso ir? Posso ir? – Insistiu Don.

Witc assentiu. – Tudo bem. Vamos, pequeno guerreiro.

Ainda com dificuldade na pronuncia de algumas palavras, Don se empolgou em seu pedido. – Eu vou querer o “drobo” de soverte. – Brincou.

— É dobro, Don. Mas você progrediu bastante. – Lina o corrigiu enquanto saiam do jardim para comprar o material de Rose. Don sorriu com o elogio.

— Amigão, será que o Ayurik já está acordado?

— Não sei. Na volta passaremos lá.

—-

Saindo do mercado, Don tentou carregar o pacote, mas se esqueceu de que não teria tanta força para leva-lo até em casa. – Amigão, acho que essa sacola está muito pesada para mim. – Disse de forma desconsertada.

— E onde está o espirito de guerreiro? – Brincou Witc.

— Eu deixo você levar, porque já sou muito forte. – Mostrou os pequenos músculos do braço. Todos riram.

Prosseguiram pelas calçadas da rua até se aproximarem da casa de Ayurik, uma residência mais simples que a dos Rysers, porém, aconchegante. – Pronto! Estamos quase chegando. – Disse Lina. Nesse momento passam por eles duas pessoas: Um homem e uma mulher, ambos usando capa preta com capuz. Lina e Don continuaram falando, mas Witc não deu atenção ao diálogo. Ouve um momento de silêncio para ele. – Witc, o que você acha? Witc? Witc? Você está bem?

— Oi? Sim, estou bem. Sobre o que estavam falando mesmo?

— Você anda muito aéreo ultimamente.

Um homem usando um chapéu se aproximou deles com seu carrinho de sorvetes. – Qual sabor você prefere, amigão? Chocolate ou morango?

— Chocolate. – Respondeu rapidamente. – Vocês viram aqueles dois que passaram agora a pouco?

— Quem? Witc, a única pessoa que passou por nós foi aquele senhor com o carrinho.

Ele ficou pensativo. As imagens eram nítidas, mas apenas ele percebeu as duas pessoas de capuz. Será que estou ficando louco? Questionou-se. – Acho melhor voltarmos logo.

— Não vamos passar na casa do Ayurik? Você não quer ver Mylla?

— Talvez outra hora, Lina. Vamos.

Aquelas lembranças enigmáticas transbordavam em sua mente. Witc não conseguia entender o que estava acontecendo: Um grupo musical que ninguém conhecia, pessoas com capuz, sonhos bizarros e uma tumba amaldiçoada. Então, indagou a sua irmã a fim de descobrir soluções para esses problemas. – Lina, você já viu algo diferente depois do jardim da mamãe?

— Diferente como? – Terminou de tomar seu refresco, jogou o copinho em uma lixeira próxima de onde passava e insistiu com o olhar.

— Tipo uma tumba.

Ela riu quando ouviu as falas de seu irmão. – Sério? – Ele respondeu balançando a cabeça positivamente para sua surpresa. – Não, nunca.

Sem entender a situação, Don interrompeu Witc com seu comentário: – Meu sorvete está derretendo.

Alguns minutos se seguiram em silêncio até que chegaram à rua em frente ao museu. Não estava muito longe da igreja, então preferiram seguir aquele caminho, apesar de deserto, parecia ser o mais curto.

Witc rapidamente se recordou do sonho com Escófia. O horário não batia, mas o cenário era o mesmo.

— Amigão, você está bem? – Questionou o pequeno lagarto.

— Estou sim. É que esta rua me trás algumas lembranças que prefiro esquecer... – Ele avistou um rosto coberto com um véu negro. Pelos detalhes florados do tecido, parecia ser Zoe. – Aquela é a tia Zoe saindo da igreja?

Lina respondeu que sim. Ela era uma mulher de fé, e como um dever, diariamente ia fazer suas preces ao seu Deus. – Agora que lembrei, ela não tem filhos. É estranho para alguém de sua idade.

— Verdade. Vamos falar com ela. Talvez esteja indo para o mesmo destino que a gente.

Ao passarem pela última esquina antes da igreja, a pessoa seguiu por outro caminho, e saiu do campo de visão de seus sobrinhos.

— Ela parecia ir ver a mamãe, mas sumiu, Witc. – Assim como seu irmão que vasculhava as calçadas em busca da tia, seu olhar viajou pelo ambiente, mas não notou que alguém se aproximava por suas costas.

— Procurando alguém, crianças? – Indagou Zoe enquanto repousava suas mãos nos ombros de Witc e Lina, que deram um salto quando perceberam que a tia havia aparecido repentinamente. – Não foi a minha intenção assusta-los.

— A senhora saiu da igreja, seguiu pela rua da nossa casa, mas veio por aqui? – Pareceu confuso enquanto gesticulava.

— Não, querido. Na verdade, ainda estou indo fazer minhas orações. Talvez tenham visto alguém parecida comigo. Avise a sua mãe que irei vê-la mais tarde.

Eu podia jurar que era a tia Zoe saindo da igreja. O véu era o igualzinho. Pensou.

Eles concordaram e seguiram para casa.

À noite, em seu quarto, Lina ousava em alguns passos escondida de sua mãe. Rose sempre apoiava seus filhos, mas era amante de música clássica, e gostaria que sua filha compartilhasse o mesmo gosto, no entanto, assim como seu irmão e Ayurik, ela preferia sons um pouco mais pesados. Aos poucos, a garotinha mimada que sempre usava vestido florado ia dando lugar à personalidade rebelde de uma jovem no início da adolescência.

Enquanto tentava acompanhar a coreografa do vídeo, Rose bateu na porta do seu quarto. – Lina! Lina!

— Já vou. – Ela desligou a televisão rapidamente, ajustou a roupa, reposicionou a cama no centro do quarto e abriu a porta. – Pronto. – Sorriu tentando disfarçar.

Rose agarrou sua mão e a puxou até a cama. – Tenho novidades para você. Hoje, pela tarde, sua tia trouxe um panfleto que falava de aulas de balé... – Lina a interrompeu.

— De novo, mamãe? Já disse que não gosto de música clássica.

— Mas filha, é normal que jovens com uma mente como a sua tenham dúvidas sobre muitas coisas. Li em uma revista que falava sobre jovens gênios. Dizia que devido ao grande desenvolvimento do cérebro, os jovens com essas habilidades conseguem aprender quase tudo com extrema facilidade. Até citaram o exemplo de uma menina da região Norte de Parlahir. Ela consegue dominar cinco dos sete tipos de arte existentes no mundo com apenas 14 anos, e conseguiu tudo isso graças à música clássica.

Se exaltando, Lina levantou-se da cama e bradou: – Eu não sou ela!

— Tudo bem... – Rose a puxou pelo braço, mas notou algo estranho. – Filha, você está doente? Seu corpo está muito quente.

— Estou bem. Só queria que me entendesse. – Respondeu cabisbaixa.

— Eu entendo, filha, mas seria legal se soubesse mais um tipo de dança. Vamos, faça isso por mim. Eu prometo que cancelo as aulas se você não gostar. – Estendeu a mão como em um acordo.

— Tudo bem. – Lina aceitou.

Após deixar o quarto, Rose retornou. – Só voltei para avisar que você começa amanhã e para entregar esse CD com algumas músicas. Melhor ouvi-las. – Sorriu e saiu.

Não acredito! Pensou. Agarrando o travesseiro, ela cobriu seu rosto com indignação. Depois apanhou o CD sobre o rack próximo a porta. Acho que não terei escolha, então vamos ouvir isso.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: O cair da Rosa Azul